Páginas

24 de out. de 2016

Como saber se eu sou um Reformimion?

Por Thiago Oliveira

"Alguns se desviaram dessas coisas e se entregaram a discussões sem propósito algum, querendo ser mestres da lei, embora não entendam nem o que dizem nem o que afirmam com tanta confiança."

I Timóteo 1:6-7

Tem crescido na internet o interesse pela teologia reformada e todo o arcabouço prático-doutrinário que corresponde à mesma. É legal ver que mais pessoas estão buscando uma sólida compreensão das Escrituras através de uma tradição que nos legou excelentes expositores. Mas existe um lado não muito legal: são os Reformimions. Não sabe do que se trata? São seres bastante chatos que se acham os baluartes do calvinismo e que possuem a pretensão de anunciar quem merece ou não receber a alcunha de reformado. Geralmente, tais seres são prejudiciais à propagação da ortodoxia, pois, eles a divorciam da ortopraxia e da ortopatia, isto é, advogam a doutrina correta, porém estão longe da prática e das afeições corretas.

Como o evangelho não é um caminho de apontamento alheio, e sim de autoexame e constante vigilância de si mesmo, vamos fazer um teste rápido para saber se você pode ser considerado um Reformimion. Podemos começar?

Pergunta 1: Você já leu a Bíblia toda?

Esta é uma pergunta importante, pois, reformimions gostam de ensinar teologia através das redes sociais. Mas a teologia tem por base o livro da revelação, isto é, a Bíblia. Para estar apto a ensinar doutrinas bíblicas, o mais prudente seria ler a Bíblia com frequência e em sua totalidade. Logo, se você anda “teologando por aí”, mas a sua Bíblia anda empoeirada, possa ser um forte indício de que você pertence a categoria dos reformimions.

Pergunta 2: Qual a motivação do seu coração ao entrar em debates?

Seja sincero ao responder, pois, se a tua motivação for a de querer demonstrar conhecimento, e assim ganhar likes e mais likes, isso é típico de reformimions, que buscam a autoglorificação ao invés de glorificar ao Senhor e buscar a edificação - em unidade - da Igreja. Debates podem nos enriquecer em conhecimento, mas há uma linha muito tênue entre o enriquecer-se e o embriagar-se. O primeiro visa crescimento que pode ser aplicado no Reino, o segundo é vaidoso e ególatra.

Pergunta 3: Quando e onde você se converteu?

Esta pergunta é importante por dois motivos: Se tratando de tempo, neófitos não são as pessoas indicadas para distribuírem conteúdo doutrinário. Logo, se sua conversão é bem recente, você deve buscar aprender, aprender e aprender. Ensinar, talvez mais para frente, também vai depender se tiver vocação para o ensino. A questão do local importa pelo fato de muitos terem se convertido em igrejas pentecostais, e atualmente falam horrores das mesmas, chegando ao cúmulo de dizer que não existe nada de bom nesse meio. Uma coisa é reconhecer equívocos e evidenciar determinados desvios doutrinários de uma corrente, outra bem diferente é achincalhar com ela. Reformimions - via de regra - possuem linguagem grosseira e venenosa, pois, estão longe da piedade.

Pergunta 4: Qual o seu envolvimento com a igreja local?

Muitos reformimions que moderam grupos e páginas do Facebook não são envolvidos em igrejas locais, são desigrejados. E os que são membros de alguma congregação não costumam se envolver nos ministérios locais, limitando-se ao papel de expectadores (e avaliadores) de sermões. Este é um grande problema!

Pergunta 5: Quem te pastoreia?

Se há pouco ou nenhum envolvimento com a igreja local, então como é a relação de um reformimion com um pastor? Ora, Deus deu pastores a sua igreja e devemos nos submeter a tais líderes, com disposição para sermos pastoreados. Logo, se você não tem sido apascentado, você anda distante do plano que Deus traçou para seu povo. Você acha que é mais sábio do que o próprio Senhor para recusar o pastoreio em sua vida?

Pergunta 6: Qual o seu conhecimento da História eclesiástica?

Ler a História da Igreja e o desenvolvimento da doutrina cristã nesses dois milênios é um forte indício de que você não é um reformimion ou está deixando de ser, pois estes geralmente desconhecem os pais da Igreja, os credos e confissões, é por isso que muitas vezes passam vergonha ao chamar de hereges pessoas que estão bem fundamentadas na tradição. Por desconhecerem a tradição e terem um reduzido conhecimento das doutrinas da graça, acabam produzindo uma cristologia  e uma eclesiologia equivocada.

Pergunta 7: Já leu Calvino ou algum reformador?

A maioria dos reformimions se diz calvinista sem sequer terem lido um capítulo das Institutas ou outra obra do reformador de Genebra. Lutero então?Xiiiiiiii...Vai entender essa turma!

...

Pronto, chegamos ao fim do nosso teste. Se você chegou a conclusão de que age de acordo com o modus operandi dos reformimions, não perca as esperanças. Muitos conseguiram deixar para trás esse passado obscuro e hoje são pessoas mais lúcidas, mais conhecedoras do pensamento reformado e mais úteis para edificação do corpo de Cristo. Você também pode sair dessa furada, basta se arrepender desse mau caminho e pedir ao Senhor Jesus sabedoria e domínio próprio. Siga estudando, congregue numa igreja biblicamente saudável e tenha disposição para ser pastoreado e prestar conta pelos seus atos.

P.S. O nome reformimions faz alusão aos Minions, todavia, repeti o "M" duas vezes remetendo ao "mimimi" destes personagens denunciados no texto. Ok?

5 comentários:

  1. Muito bom. É o que eu tenho chamado também de Faceteólogos! Parabéns pelo excelente texto!

    ResponderExcluir
  2. excelente, me edificou muito o artigo, tendo em vista que sou novo na doutrina reformada.

    ResponderExcluir
  3. Franklin Ferreira, gosto muito das suas postagens, artigos e textos. Sou "nascido" em uma igreja pentecostal e já estou me enveredando na teologoa reformada já algum tempo. Aprendo muito lendo e escutando reformados. Apesar de acreditar nas 5 solas, na depravação total do gênero humano, não creio na perda da salvação e tão pouco na expiação limitada. Porém, apesar de me confessar protestante reformado, me incomoda ser tachado de calvinista por irmãos arminianos e não ser considerado como reformado por reformados tradicionais. Essa dilema tenho encontrado em outros irmãos que se encontra nesta mesma situação.

    ResponderExcluir
  4. Muito bom o texto. Deus te abençoe irmão.

    ResponderExcluir