Páginas

29 de set. de 2014

A doce Providência


Por Samuel Alves 

Alguém já falou que as doutrinas não devem ser apenas ensinadas, mas vividas. A doce providência divina nos ensina como conciliar os decretos de Deus e a nossa responsabilidade humana. A providência trata da questão da sobrevivência do mundo e revela um Deus soberano que o governa na palma de suas mãos, como Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17). O mundo não está nas mãos do deus do deísmo “o deus relojoeiro” que deu corda no mundo e foi embora. Deus continua trabalhando no mundo. A isto chamamos de Providência. Uma boa definição de Providência pode ser: “O permanente exercício da energia divina, pelo qual o Criador preserva todas as Suas criaturas, opera em tudo que se passa no mundo e dirige todas as coisas para o seu determinado fim”. 

A palavra “providência” era denominada pelos gregos pronoia, porque proteron noei (como diz Favorinus, Dicitiarium Varini Phavorini [1538], pp. 1569-70) abarca especialmente três coisas: prognõsin, prothesin e dioikêsin o conhecimento da mente, o decreto da vontade e a administração eficaz das coisas decretadas; conhecimento que dirige, vontade que ordena e poder que cumpre, como o expressa Hugo de São Vitor. A primeira prevê, a segunda provê e a terceira executa ou realiza. Daí a providência pode ser vista no decreto antecedente ou na execução subseqüente. Aquele é a eterna destinação de todas as coisas a seus fins; este é o governo temporal de todas as coisas consoante aquele decreto. Aquele é um ato imanente em Deus; esta é uma ação transitiva fora de Deus. 

É uma pena que muitos cristãos vivem como se fossem seres autônomos, onde planejam e fazem seus planos vaidosos. Numa leitura apurada das Escrituras Sagradas, veremos que o homem pode fazer seus planos, mas, o Senhor tem a palavra final. Outros acusam a doutrina da providencia de determinismo, muitos homens com o coração ensoberbado pelo humanismo acham que são o centro do universo e que tudo gira ao redor de si, acham que podem mudar os decretos eternos de Deus. Precisamos entender: há uma providência no mundo, Deus controla todas as coisas pelo poder de sua Palavra, Ele é o Deus todo poderoso e soberano. Como já disse o Salmista “os céus Declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra de suas mãos”. Salmos 19:1, mostra o controle absoluto de Deus sobre a natureza que Ele mesmo criou, também podemos ver a providência divina revelada em outras partes das Escrituras que descrevem Deus, não apenas como criador, mas, mantenedor de sua obra, através do Plano da Salvação (Criação, queda e redenção).

Vemos a total e divina providência constantemente. Deus nutre e sustenta sua criação, podemos consultar Jó 12, 38, 39, 40, 41; Salmos 19, 91, 103, 107, 136; Provérbios 16, 20; Jeremias 10; Mateus 6, 10; Atos 14,17. Cristo o expressa assim: “Meu Pai trabalha até agora” (Jo 5.17), não como se estivesse a criar novas coisas, mas conservando e governando aquelas já criadas. Assim “nem sequer um pardal pode voar sem a vontade de nosso Pai celestial, e os próprios cabelos de nossa cabeça estão todos contados” (Lc 12.6, 7). E Paulo diz: “Deus não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuva e estações frutíferas, enchendo vosso coração de fartura e de alegria” (At 14.17). Através da Revelação Especial (Bíblia) podemos ver que Deus nos dá a vida, respiração e tudo mais, pois, nele vivemos, nos movemos e existimos, como alguns de vossos poetas têm dito: 

Porque dele também somos geração” (At 17.25, 28).

E em outra parte ele ensina que Deus “faz todas as cousas conforme o conselho da sua vontade” (E f 1.11); “o Filho sustenta todas as coisas pela palavra de seu poder” (Hb 1.3); e “por ele todas as coisas subsistem” (Cl 1.17) e assim em inúmeras passagens. De Genesis a Apocalipse podemos contemplar o Senhor criando e sustentando todas as coisas, a luz das Escrituras Deus se revela aos homens e mostra sua soberania a sustentar o mundo e tudo que nele existe. Negar a doutrina da providência é um ato de um coração rebelde e obstinado, como homens temos responsabilidade de viver em humildade e responsabilidade. Portanto embora Deus seja criador e sustentador, somos responsáveis pelas decisões de nossa livre agência.
Soli Deo Glória.