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12 de set. de 2014

A liberdade é um fantasma?


Por Sam Storms

O que dizer então da liberdade humana? Para responder essa pergunta, precisamos fazer distinção entre “liberdade de ação” e “livre-arbítrio”. Dizer apenas, sem qualquer qualificação, “que o homem é livre” ou “que o nome não é livre” é fazer uma afirmação simplista e enganosa. Mas dizer que o homem tem liberdade de ação é dizer que ele é livre para fazer o que quer. Se ele quiser rejeitar a Cristo, ele pode. Se ele quiser aceitar a Cristo, ele pode. Em resumo, a vontade humana é livre para escolher o que quer que o coração deseje. Entretanto, sem a interposição da graça divina, ninguém quer ou deseja ter Cristo em seu pensamento ou em sua vida.

Todas as pessoas rejeitam o evangelho de modo livre, voluntário e espontâneo, porque é o desejo de seu coração fazê-lo. A liberdade de uma pessoa consiste na capacidade de agir em conformidade com seus desejos e inclinações, sem que ela se sinta compelida a agir de outro modo por causa de pessoas ou fatores que não são inerentes a ela. Desde que sua escolha seja fruto voluntário do seu próprio desejo, a vontade é livre. Isso é o que tenho em mente quando digo: “Sim, todas as pessoas são agentes morais livres”.

Por outro lado, dizer que uma pessoa tem livre-arbítrio é dizer que ela tem essa mesma capacidade ou poder para aceitar ou rejeitar o Evangelho. É dizer que ela é tão capaz de crer como de descrer, e que essa capacidade brota dela mesma e nasce dela – ou é o resultado da graça proveniente – não obstante o seu estado caído e pecaminoso. Se é isso que você tem em mente quando me pergunta: “O homem é livre?”, minha resposta, ou melhor, a resposta da Bíblia, é “não”. A vontade de uma pessoa é a extensão e expressão invariável da sua natureza. Assim como ela é, ela deseja. A liberdade que uma pessoa tem para agir, desejar ou escolher de modo contrário a sua natureza não é maior do que a liberdade que uma macieira tem para produzir avelãs.

Mas não é fato que Deus dá a cada um de nós a oportunidade de crer? Não é verdade que ele nos confronta com o Evangelho e diz: “Creia para que você possa ter vida”? Sim, Ele o faz. Mas a humanidade sempre, invariável, inevitável e incessantemente, e também prontamente e de maneira voluntária diz “não”. Note bem. Não estou dizendo que, quando confrontada com o Evangelho, uma pessoa não possa exercer sua vontade. Todos nós temos uma vontade e todos somos capazes de exercê-la na tomada de decisões. O que estou dizendo é que, quando confrontados com o Evangelho, não conseguimos desejar corretamente. Não somos impedidos de crer indo contra as nossas vontades. “Quem vier a mim”, declara Jesus, “eu jamais rejeitarei” (João 6.37). O problema, porém, como Jesus diz em seguida, é que “ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair” (João 6.44; grifo do autor).

Porque ninguém pode vir a Jesus a menos que o Pai o atraia?  Será porque o Pai o impede de fazê-lo? Será porque o Pai ou o Filho ou o Espírito colocou um obstáculo ou uma barreira em seu caminho para impedi-lo de ir quando alguém deseja urgentemente fazê-lo? Deus nos livre! Também não é porque a pessoa não tem as faculdades volitivas e intelectuais necessárias pata fazer uma escolha positiva. Tampouco é por causa de algum defeito físico que ela repudia o Evangelho.

A razão pela qual ninguém pode ir até Jesus é que ir até Ele não está em nossa natureza. Nossa natureza e, portanto, nossa vontade, é fugir de Cristo, não ir até Ele. O fato – e um fato triste – é que não queremos ir. Nossa satisfação está em não irmos. Escolhemos permanecer em nosso pecado e incredulidade por nosso próprio desejo, liberdade e vontade, porque nada encontramos em Jesus que seja sedutor, atraente, verdadeiro ou represente de algum modo uma melhoria daquilo que já somos e temos por esforço próprio. Se um dia chegássemos ao ponto de querer ir a Cristo para obter vida, poderíamos fazê-lo. De fato, Jesus diz que, com toda certeza o faremos (João 6.37)! Mas esse “querer”, esse “ir”, não vem de nós mesmos, mas de Deus. Isso vem do Pai, que na eternidade passada nos “deu” ao Filho e, no tempo presente, nos “leva” a fé. Dizendo de maneira simples, ninguém, por si mesmo, quer ser salvo. Mas quem quer que, por intermédio do poder de Deus, se disponha a ser salvo, o será! 
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Extraído do livro Escolhidos: Uma Exposição da Doutrina da Eleição.
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