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31 de out. de 2014

Perseverança dos Santos


Por Fred Lins 

"Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade." 

II Tm 2.19

“Uma vez salvos, salvos para sempre!”. A máxima mais conhecida entre os reformados define em poucas palavras, mas essencialmente a Doutrina da Perseverança dos Santos. O texto Bíblico citado chama-nos atenção para uma doutrina que se encontra dentro da TULIP (cinco pontos calvinistas). A perseverança dos santos é uma doutrina que nos transmite segurança e produz alento em meio às incertezas e adversidades deste mundo (II Tim 1.12). Então alguns que andam em uma vida libertina podem achar precedente para continuar em uma vida pecaminosa? Jamais! Como diz Paulo “De modo algum. Agora, porém transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim, a vida eterna...” (Rm 6.15,22).

A verdadeira Doutrina da Perseverança dos santos também nos incita e desafia à fidelidade, e à consagração pessoal por meio da palavra, da oração, da comunhão do exercício da disciplina cristã, enfim, todos os meio cooperam para que o fins sejam indubitavelmente alcançados (apresentados diante de Deus íntegros e irrepreensíveis).

Em razão de profundo amor e Justiça em Cristo temos este decreto fundamental e tão amplamente difundido nas Escrituras Sagradas. Trata-se da união inseparável dos remidos em Cristo, da contínua intercessão de Cristo por tais, e do Espírito e da semente da Deus habitando nos eleitos, jamais poderão de maneira definitiva, cair deste estado, mas conservados em Deus por meio de Cristo, mediante a Fé para salvação.

- Perguntas mais frequentes acerca da doutrina da Perseverança dos santos: 

É muito comum entre os cristãos das mais diferentes linhas doutrinárias e de confessionalidade fazerem determinados comentários ou despertarem algum tipo de dúvida em relação ao tema. Pensando nisso tentaremos responder a algumas das mais frequentes perguntas entre os cristãos e embasaremos todas as respostas em textos que fundamentam tal Doutrina.

1) A quem é garantida a conservação (perseverança dos santos) por meio de Deus em Cristo Jesus?

É garantida a todos e somente aqueles que foram eficazmente:

Chamados por Deus e em Cristo santificados. Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo(Fil. 1.6).

E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
Fiel é o que vos chama, o qual também o fará. (I Tes. 5.23-24). 

2) O eleito pode cair do estado de Graça?

É impossível para aqueles que um dia foram eleitos em Deus na Eternidade e chamados segundo a sua boa vontade cair do estado de Graça:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós, Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo, Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas. (I Pe.1:3-9)

E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. (Jo. 10.28-29) 

3) Qual o papel da Trindade no desenvolvimento da conservação dos eleitos? 

A ação da trindade na conservação dos eleitos é evidente, a saber:

O livre e imutável amor de Deus o pai 

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade. (Ef 1.4-5) 

Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno. E confiamos quanto a vós no Senhor, que não só fazeis como fareis o que vos mandamos. Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo.(II Tes. 3.3-5) 

A eficácia do mérito de Jesus Cristo e a sua intercessão 

Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. (Hb 7.25)

Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. (Hb 9.12-15) 

A permanência do Espírito e da semente de Deus neles. 

Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. (I Jo 3.9)

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. (Jo. 14.16-17) 

4) A perseverança dos santos é coerente com a natureza do pacto e da Graça? 

À medida que somos completamente passivos para a salvação e entendemos que é fruto da Graça de Deus e da sua misericórdia, por conseguinte modo todos os demais processos envolvidos na obtenção da salvação também é fruto da Graça. Somente um Deus que é capaz de salvar, também é capaz de conservar em salvação, logo tanto a salvação quanto a sua conservação são produtos da Graça. 

E farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim.
(Jr. 32.40) 

Porque esta é a aliança que depois daqueles dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo; E não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. (Hb. 8.10-12) 

5) O salvo pode ser tentado? 

O Eleito não pode cair totalmente e nem finalmente da Graça, ou seja, voltar ao estado de não-regenerado, mas poderá a medida que negligencia as disciplinas eclesiásticas se submeter a um estado temporário de pecado, o salvo até pode pecar, mas, jamais o pecado terá domínio sobre a vida dele. 

Pelas tentações de Satanás e do mundo, pela força da corrupção neles restante e pela negligência dos meios de preservação, podem cair em graves pecados e por algum tempo continuar neles; incorrem assim no desagrado de Deus, entristecem o seu Santo Espírito e de algum modo vêm a ser privados das suas graças e confortos; têm os seus corações endurecidos e as suas consciências feridas; prejudicam e escandalizam ou outros e atraem sobre si juízos temporais. (confissão de Fé de Westminster 17:3)

6) Caso o salvo ceda a tentação o que acontece com o mesmo? 

Ele não perde a salvação, mas com certeza sofrerá as consequências temporais do deslize, tais como: 

- Desagrada a Deus (Is. 64.19).
- Entristecem o Espírito Santo (Ef. 4.30).
- Privados da Graça e do conforto de Deus (Sl 51. 8,10,12)
- Experimentam o sofrimento (Sl 32.3, 4; 51.8)
- Prejudica e escandalizam outros (II Sm 12.14)
- Atraem sobre si Juízos temporários ( II Sm 12.10, 14, 15; Sl 89.30-33) 
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Bibliografia utilizada: 

Calvinismo – As antigas Doutrinas da Graça – Paulo Anglada.
Teologia sistemática – Wayne Grudem.
Estudos Doutrinários – Eneziel Peixoto de Andrade – Cultura Cristã.



Marcas da Oração Verdadeira

Por Joel Beeke

1.A oração verdadeira faz o céu descer para a alma e eleva a alma para o céu.

2.A oração verdadeira é o principal exercício da fé, onde todas as graças salvadoras convergem para o clímax na maior expressão de gratidão (a Deus), na mais profunda expressão de humildade (com referência a nós mesmos) e na mais ampla expressão de amor (aos outros).

3.A oração verdadeira é vida sincera. “É a alma soprando a si mesma no seio do Pai celeste (Thomas Watson)”.

4.A oração verdadeira é a resposta do pecador à voz de Deus. A oração do quebrantado é um presente a Deus em resposta ao presente de Deus que é o quebrantamento daquele que está orando.

5.A oração verdadeira é uma arte santa ensinada por um Espírito gemente e lutador que frequentemente usa as impossibilidades, e evidente “falta de arte” da vida enredada e manchada pelo pecado do crente, para esboçar sobre ele a imagem do seu digno Mestre.

6.A oração verdadeira é ar espiritual para pulmões espirituais. Quando a oração vazia toma o lugar da oração contrita, o verdadeiro crente se degenera, se torna indiferente.

7.A oração verdadeira é o fruto do Deus Trino, O Pai como o Provedor e Decretador? O Filho como Merecedor e Perfeito, o Espírito como Aquele que Reivindica? E Aquele que Habita?

8.A oração verdadeira tem um inexplicável modo de aumentar tanto a dignidade de Cristo quanto a indignidade do pecador, consequentemente, ambas são partes principais da gratidão e da humildade (d. Heid. Cat., Q 116).

9.A oração verdadeira é a maior arma do crente no arsenal de Deus. O puritano Thomas Lye confessou: “Eu prefiro estar em oposição às leis dos perversos a estar em oposição às orações dos justos”.

10.A verdadeira oração não prega para Deus. Não é conduzida pela mão, mas alcança a mão direcionadora d’Ele.

11.A verdadeira oração tem mais a ver com Deus do que com o homem. Está envolvida na aflição santa pela glória e o reino Deus.

12.A oração verdadeira anseia por avivamento. A sua esperança está unicamente no Senhor. Quando Adoniram Judson havia trabalhado por oito anos sem nenhum convertido autêntico, sua junta de missões perguntou-lhe se ainda tinha alguma esperança. Judson respondeu: “Minha esperança é tão grande quanto as promessas de Deus”.

13.A verdadeira oração não está focada em si mesma ou no suplicante. Não se volta para o interior para uma introspecção mórbida, mas se volta para o interior para trazer toda a incapacidade e depravação do pecador, para fora e para cima, para o Deus Todo Poderoso da graça.

14. A verdadeira oração deixa Deus ser Deus. Ela esvazia as mãos e o coração perante o acessível trono de Deus. A verdadeira oração não é explanação, mas petição. Não diz ao Senhor como converter um pecador, mas pede a Ele para fazer isto, confiando que Ele sabe mais do que qualquer suplicante.

15.A verdadeira oração expõe tudo diante do Senhor como se Ele não soubesse nada sobre a condição do pecador, mesmo sabendo que o Senhor sabe de tudo.

16.A oração verdadeira une a reverência santa e intimidade santa com uma ousadia reverente.

17.A verdadeira oração não é auto-congratulatória, mas auto-condenatória e Cristo-congratulatória.

18.A verdadeira oração reconhece que não muda Deus nem as coisas, enquanto simultaneamente compreende que Deus frequentemente se agrada de realizar Seus propósitos por meio da oração.

19.A verdadeira oração é comunhão com Deus. É uma leve indicação da conversa eterna no céu.

20.A verdadeira oração não é uma tempestade de palavras em uma elevação de voz cada vez maior, mas é uma questão do coração em uma meditação cada vez mais profunda diante de Deus.

21.A oração verdadeira sempre sente que não é suficientemente verdadeira, profunda, terminada e completa.

22.A oração verdadeira, quando negligenciada, é como um cabo de força sem eletricidade, um computador desligado, uma falha no sistema. As informações valiosas não descem nem sobem.

23.A oração verdadeira é ornada em palavras, mas seu corpo é sem palavras. É um trabalho do coração. Por isso, Bunyan acertadamente recomenda: “Quando orares prefira deixar que teu coração fique sem palavras, do que tuas palavras ficarem sem coração”.  

24.A oração verdadeira não mede necessidades muito grandes ou muito pequenas. Não aceita probabilidade humana, nem recua diante da impossibilidade humana.

25.A oração verdadeira agrada a Deus. Mostra a Ele a divina escrita da Bíblia e a divina assinatura das Suas promessas do pacto da aliança.

26.A oração verdadeira sente profundamente que só pode ser validada pela oração do Sumo Sacerdote, Cristo Jesus, aquele que salga as petições imperfeitas com o sal dos Seus sofrimentos meritórios antes de apresentar as orações da igreja, sem mancha ou ruga, à vista do Seu santo Pai.

27.A oração verdadeira traz petições específicas e espera por respostas específicas. E elas serão respondidas, talvez não imediatamente, mas a demora de Deus não é a Sua recusa. “Deus nunca recusou nada àquela alma que chegou tão longe quanto o céu para pedir” (John Trapp).

28.A oração verdadeira é banhada na fé. A oração incrédula é uma oração infrutífera, não importa quão sincera possa ser.

29.A oração verdadeira pelos outros também colhe grandes benefícios para o suplicante no sentido de se sentir mais íntimo com Deus. A oração verdadeira não pode interceder explicitamente pelos outros sem estar orando implicitamente por si próprio.

30.A oração verdadeira é uma alegria em si mesma, mesmo quando a resposta pareça contradizer as muitas petições oferecidas.

A Audácia de Martinho Lutero

 Por Thiago Oliveira 


A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.

Lutero falou isso na Dieta de Worms, em resposta ao pedido de retratação. O clero o pressionava diante do Imperador, dos príncipes e senhores feudais. Ele deveria renegar seus escritos, todo o ataque proferido a uma Igreja rica politica-sócio e economicamente, mas que à luz das Escrituras era miserável, cega e nua. Sua resposta curta e objetiva deixava claro a todos os presentes que os valores da Bíblia são inegociáveis e se fosse necessário pagar com a própria vida, aquele audacioso monge agostiniano teria se sacrificado.

O sangue de Martinho Lutero não banhou o solo e seu corpo não foi consumido pelas chamas da inquisição. Recebeu guarida de um príncipe alemão e na sua clausura dedicou-se a fazer algo precioso: traduziu a Bíblia para um idioma nacional, no caso o germânico. Queria que o povo se libertasse através da Palavra. Foi assim com ele. Lendo os evangelhos e as cartas paulinas, deu-se conta de que a Igreja estava mergulhada em heresia. Era preciso fazer algo, e com certa urgência.

Ao fixar as 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, Lutero não tinha a intenção de provocar mais um grande cisma. O objetivo era renovar a Sé de Roma e não sair dela. Mas quem estava na lama decidiu se sujar ainda mais. Como não se teve um acordo, um dos efeitos da Reforma Protestante foi o racha com o catolicismo romano. O valente Lutero não retrocedeu. Sabia que Deus estava à frente desse processo e não o abandonaria a própria sorte. Homens como Wicliff e Huss tentaram, todavia, coube ao monge alemão a árdua e honrosa tarefa de reconduzir a adoração a Cristo no seio da igreja eleita.

Não era apenas um ataque as práticas católicas. Atacava-se uma teologia falaciosa que reduzia o sacrifício vicário de nosso Senhor Jesus Cristo à uma transação financeira. Bastava pagar pela indulgencia, assinada pelo próprio Papa. Vendia-se a salvação a preço de banana. Taí o grande mal: ensino errado, desembocando na ignorância de boa parte dos cristãos que por comprarem aquele pedaço de papel, achavam que um ente querido teria seus dias de sofrimento abreviados no purgatório.

Só a Escritura: Lutero defendeu que o único ensino é o que tem base bíblica. Se lá está escrito, então há respaldo. Só a Graça: Na Bíblia, a doutrina da graça expressava que nenhuma obra leva o homem a Deus. A salvação é imerecida, pois todos estavam debaixo do domínio do pecado. Só a fé: Este é o meio escolhido por Deus para salvar a humanidade. O justo viverá pela fé, essa foi a palavra que abriu a mente de Lutero. Só Cristo: Ele é o único mediador, o Papa não tinha o poder de perdoar pecados. Só a Deus, glória: A Reforma tira os holofotes da Igreja e exalta a Trindade. Deus elege os seus, Cristo os redime e o Espírito Santo sela. Não há espaço para vanglória humana.

Quase quinhentos anos se passaram, 497 para ser mais exato. Muita coisa aconteceu. A Igreja institucional passou por momentos de avivamento e pureza e depois mergulhou novamente em práticas e ensinamentos asquerosos. Por isso devemos atentar para o lema: “Igreja Reformada sempre reformando.” É certo que nem todos que dizem “Senhor, Senhor” entrarão no Reino dos Céus. É certo que o joio cresce com o trigo. É certo que Ele virá e fará a separação. Estarão com Ele aqueles que perseveraram como Igreja. Lá estarão os reformadores, que não mais precisarão reformar coisa alguma, apenas descansarão eternamente, e a luz de Cristo resplandecerá entre todos. Amém.

30 de out. de 2014

Graça Irresistível

Por Luciana Barbosa

Você algum dia deve ter pensado e se perguntado: Nem todos os que ouvem o convite do evangelho, aceitam e chegam à salvação, Por que? A princípio destacaremos duas correntes de pensamento que respondem a esse questionamento.

Uma corrente vai dizer: O Espírito chama internamente todos aqueles que são externamente chamados pelo convite do Evangelho. Ele faz tudo que pode para trazer cada pecador à salvação. Sendo o homem livre, pode resistir de modo efetivo a essa chamada do Espírito. O Espírito não pode regenerar o pecador antes que ele creia. A fé (que é a contribuição do homem para a salvação) precede e torna possível o novo nascimento. Desta forma, o livre arbítrio limita o Espírito na aplicação da obra salvadora de Cristo. O Espírito Santo só pode atrair a Cristo aqueles que O permitem atuar neles. Até que o pecador responda, o Espírito não pode dar a vida. A graça de Deus, portanto, não é invencível; ela pode ser, e de fato é, frequentemente, resistida e impedida pelo homem (Arminianismo ou semipelagianismo).

A outra corrente vai dizer: Além da chamada externa à salvação, que é feita de modo geral a todos que ouvem o evangelho, o Espírito Santo estende aos eleitos uma chamada especial interna, a qual inevitavelmente os traz à salvação. A chamada externa (que é feita indistintamente a todos) pode ser, e, comumente é, rejeitada; ao passo que a chamada interna (que é feita somente aos eleitos) não pode ser rejeitada. Ela sempre resulta na conversão. Por meio desta chamada especial o Espírito atrai irresistivelmente pecadores a Cristo. Ele não é limitado em Sua obra de aplicação da salvação pela vontade do homem, nem depende, para o Seu sucesso, da cooperação humana. O Espírito graciosamente leva o pecador eleito a cooperar, a crer, a arrepender-se, a vir livre e voluntariamente a Cristo. A graça de Deus, portanto, é invencível. Nunca deixa de resultar na salvação daqueles a quem ela é estendida, ou seja, graça irresistível (Calvinismo).

Vejamos algumas razões porque devemos concordar com a graça irresistível:

Antes de tudo é importante saber o que se entende por “graça irresistível”. Existem pessoas – equivocadas - que acreditam que essa “graça irresistível” é como se Deus não desse outra escolha e o obrigasse, mesmo contra sua vontade, ao arrependimento. Entretanto, na verdade, graça irresistível não significa isso. Graça Irresistível significa que Deus, através da Sua graça, retira as escamas dos nossos olhos, retira os tampões dos nossos ouvidos, e assim conseguindo ver a maravilhosa, excelente, excelsa, magnífica graça e amor de Deus e podemos ouvir o maravilhoso evangelho do Seu filho, a saber, Jesus Cristo, e desse modo, não temos outra escolha a não ser abraçar esse Deus que é maravilhoso e agora viver para sempre glorificando. Isso é o que significa graça irresistível.

Imagine comigo um cego e um morto. Ambos num encontro com Jesus. O cego sendo curado passa a ver. Ele não fez nada, não mereceu e não comprou a cura. Simplesmente Jesus venceu sua doença e incapacidade física. Ele não teve como resistir a cura. Tudo agora que ele podia fazer era ver e se alegrar nisso. Agora ele poderia ver a verdade e contemplar Jesus. Duvido que ele pedisse para ser cego novamente. Agora vamos ao morto. Esse mais semelhante a nós. Ele não faz absolutamente nada para viver. Não percebe Jesus chegando. Nada. E de repente está de pé, respirando e com sangue correndo nas veias. Nova vida, nova chance. Sem merecer, pedir e muito menos querer. Jesus simplesmente venceu a morte e o trouxe a vida. Graça! Não o imagino triste ou pedindo para ser um morto de volta.

Para Deus e sobre nossa salvação graça não é somente aquilo que recebemos sem comprar. É aquilo que recebemos sem comprar, merecer, conseguir, roubar ou achar. Ela faz tudo! Ela me achou, me alcançou, me chamou e salvou. Graça não é um evento isolado, é uma corrente diária que flui do alto para nós. Ela continua me achando, alcançando, chamando, salvando, sustentando, consolando, alegrando, fortificando e amando. Não por mim, mas para a glória de Deus que decidiu concedê-la a mim. A graça vence todos os meus problemas e pecados porque ela me venceu primeiro.

ALGUMAS BASES BÍBLICAS DA GRAÇA IRRESISTÍVEL

A condição dos seres humanos naturais é descrita com palavras devastadoras em Efésios 2.1-2: “ Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência”. Nossa condição natural não é somente enfermidade espiritual- uma doença que pode ser curada com algum esforço nosso. Não, nossa condição é de morte espiritual. E como um morto pode responder favoravelmente a um chamado ou convite do evangelho?

João 1.12-13: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus."

João 3.3-8: "Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito."

João 5.21,25: "Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer [...] Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão."

João 6.37,44,45: "Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora [...] Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim."

Romanos 9.18-24: "Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?1 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?"

I Coríntios 4.7: "Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?"

II Coríntios 3.5-6: "Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica."

Permita-me uma ilustração. Suponhamos que você esteja se afogando e seus amigos estejam na praia a uma distância em que você possa ser ouvido. Você não sabe nadar. Desejando respeitar sua integridade pessoal, e querendo capacitá-lo a ajudar-se o máximo possível, um de seus amigos na praia, um excelente nadador, grita dizendo que você nade imediatamente para a praia. O conselho, mesmo que dado com boa intenção, é mais que inútil, uma vez que você não sabe nadar. O que você precisa desesperadamente é que seu amigo se lance às águas e leve-o a praia com poderosas braçadas, para que sua vida seja salva. O que você precisa nesse instante não é só de um conselho, um bom conselho, você precisa ser resgatado!

Essa é nossa condição natural; somos pecadores perdidos, mortos no pecado e não podemos reviver a nós mesmos. Nossos ouvidos estão surdos ao convite do evangelho, nossos olhos estão cegos à sua luz, precisamos de um milagre que só o Espirito Santo tem o poder para nos conceder tão maravilhosa graça.

Diante de tudo isso que foi dito, o que pensarmos então sobre o APELO após as pregações:

A prática do Apelo afronta a incapacidade do homem de ir a Deus

A doutrina da depravação total é inequívoca. Efésios 2.1 nos ensina que o homem está “morto em seus delitos e pecados”. Isto é, um homem morto espiritualmente não possui a capacidade de ir a Deus ou até manifestar desejo por Deus, a não ser que este o queira e o convença mediante o Espírito Santo do pecado do juízo e da justiça. Além disso, as Escrituras também ensinam que “Ninguém pode ir a Cristo se o Pai, não o enviar.” Em outras palavras isso significa que nenhum homem pode ou tem poder para ir até Cristo por vontade própria.

A prática do apelo geralmente é feita num clima sensacionalista, manipulativo e extremamente emocional

É comum ao final dos sermões encontrarmos os pregadores num clima extremamente emotivo convidando os ouvintes a decidirem por Cristo. Em momentos como esses, o que importa é sensibilizar o pecador levando-o a decidir por Cristo.

Caro leitor, uma decisão movida por emoções não aponta de forma efetiva para uma conversão a Cristo. Na verdade, a maioria daqueles que responderam um apelo para aceitar Jesus, não permaneceram na Igreja, na verdade, acredita-se que 90% daqueles que com lágrimas disseram sim a Cristo, não continuaram a trilhar a estrada da fé.

O apelo contradiz o que a Bíblia dá como a ordem na salvação

João 3.3 nos ensina que se o homem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Regeneração antecipa conversão. É o novo nascimento que habilita o homem a confiar e crer em Cristo, portanto, querer que o homem decida por Cristo antes de ser convencido pelo Espírito Santo dos seus pecados, bem como regenerado pelo Senhor afronta as verdades bíblicas.

Sola Gratia, Soli deo gloria!
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Referências:

Piper, John; Graça Irresistível.
Hoekema, Anthony; Salvos Pela Graça 3°edição.
Vargens, Renato; 3 Motivos Básicos Porque Não faço Apelo para Salvação.

Reforma na Escócia

Por Dorisvan Cunha

Antes do estabelecimento da Fé Reformada na Escócia, a Igreja Católica Romana estava totalmente corrompida e pervertida em sua maneira de cultuar a Deus e em sua forma de governar a igreja. Nada muito diferente dos movimentos neo-pentecostais de nossos dias.

Os estudiosos nos contam que naqueles dias as pessoas se curvavam diante de imagens de esculturas e adoravam inúmeros objetos de culto, abominados pela palavra de Deus. Os mártires, os apóstolos e a virgem Maria também eram cultuados. 

A igreja estava abarrotada de invenções de homens, e, portanto, completamente fora dos padrões que os apóstolos nos legaram. A igreja na Escócia estava no caos e precisava urgentemente de uma intervenção verdadeiramente reformada.

E nesse ambiente de total apostasia, aprouve ao Senhor Deus levantar um corajoso e destemido homem chamado John Knox. Knox era Discípulo de João Calvino, e veio com a finalidade de trazer o povo de volta ao Testemunho dos apóstolos. Knox era homem corajoso e ousado, muito diferente de alguns líderes covardes de nossos dias. Por sua coragem e bravura, enfrentou as corrupções do catolicismo Romano, e lutou incansavelmente para purificar a igreja e a nação das corrupções da falsa adoração.

A história foi mais ou menos assim:

Por conta da severa perseguição aos Protestantes na Escócia, Knox foi forçado a fugir do seu país. Nesse período ele foi para Genebra onde João Calvino estava balançando a cidade com a obra da reforma. Como aluno de Calvino, John Knox aprendeu acerca do verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, em especial sobre a forma de governo bíblico e os princípios básicos da adoração cristã.

Pelo fato de ter percebido que eram ideais absolutamente apostólicos, e, portanto, validados pela Palavra de Deus, Knox abraçou tais ideais e decidiu lutar por eles. Dezembro de 1557 foi um período importante, pois foi nesta época que os nobres escoceses fizeram um pacto de usar suas vidas e bens para estabelecer "a Palavra de Deus" na Escócia. E nessa conjuntura, Knox iria voltar para implantar o calvinismo e fundar a igreja presbiteriana escocesa.

Em 1559 ele retornou e no ano seguinte, o parlamento escocês estabelecia a Igreja da Escócia, a igreja Presbiteriana. John Knox fez severa oposição à rainha católica Maria Stuart (1542-1587), que era prima de Elizabete. Isso de tal maneira que alguns anos mais tarde, Maria teve de fugir e buscar refúgio na Inglaterra, onde acabou sendo executada por ordem da própria Elizabete, em 1587.

Da obra de Knox, gostaria de destacar dois pontos importantíssimos:

1 – Primeiro: Foi então na Escócia de John Knox que surgiu o conceito de “presbiterianismo” que diz respeito à forma de governo da igreja. Obviamente, os reis ingleses e escoceses não eram simpatizantes desta forma de governo, pois sempre defenderam o episcopalismo.

O episcopalismo é aquele forma de governo onde a igreja é governada por bispos, e os reis ingleses amavam essa idéia, uma vez que os bispos eram nomeados pelos reis, e com isso, a Igreja seria mais facilmente controlada pelo estado e serviria aos interesses da Coorte. Porém, fundamentado no testemunho dos apóstolos, e com uma mentalidade agora verdadeiramente reformada, Knox insistiu que a forma de governo do Novo Testamento é Presbiteriana, o que significa que a igreja deve ser governada por oficiais eleitos pela comunidade, e não pelo estado.

Como era de se esperar, portanto, o estabelecimento do modelo Presbiteriano de governo não foi fácil. Foi somente após um longo e tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-se definitivamente na Escócia.

2 – Em segundo lugar, destaco os esforços de Knox em relação à pureza do culto público. Knox condenou abertamente as práticas da igreja e mostrou ao povo os erros grotesco da igreja em relação à adoração. Knox acreditava que Somente a Escritura deve ser o guia para a adoração pública. Sendo assim, todas as práticas que não são validadas pela Palavra de Deus, devem ser repudiadas e abolidas. Assim, Knox apresentou à igreja uma forma de adoração totalmente bíblica.

O culto passou a ser então, uma atividade corporativa, onde as pessoas de fato estavam envolvidas. O latim foi substituído pelo inglês, de modo que todos podiam entender o que estava acontecendo na celebração. A Bíblia foi traduzia e entregue nas mãos do povo. Agora todas as igrejas tinham uma Bíblia em inglês e a expunham regularmente para que até mesmo aqueles que não podiam ler, pudessem se fossem beneficiados. A mensagem da cruz passou a ser uma mensagem simples, sem a implementação de aparatos papista. Os Salmos passaram a ser cantados e a igreja se tornou totalmente comprometida com Palavra de Deus.

Estou convencido de que hoje, no século 21, precisamos urgentemente de uma nova reforma. Isso porque, infelizmente, a grande ênfase é naquela forma de culto ditada pelo gosto do freguês e não pela autoridade da Palavra, o que leva muitas denominações introduzem elementos estranhos na adoração do Senhor.

Em nossos dias, Deus se transformou em um objeto de manipulação dos adoradores extravagantes.

Vemos nos cultos de hoje campanhas políticas, distribuição de amuletos da sorte e muitos outros aparatos pagãos repudiados pela Palavra de Deus. A fiel pregação foi substituída por piadas motivacionais e o resultado é que a igreja se paganizou e se afastou totalmente do ideal da Reforma protestante.

Mas, com Knox aprendemos que o homem por si mesmo não pode decidir como Deus deve ser adorado. Somente Deus pode determinar isto. E se isso é verdade, então, as práticas pagãs dos movimentos neo-pentecostais, precisam ser condenadas e abandonadas urgentemente. Como disse Paulo, “é preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância”. Somente o que Deus ordenou em sua palavra deve ser levado a sério e defendido como parte da adoração de Deus.

Permaneçamos firmes e não negociemos o que recebemos a preço do sangue de milhares de mártires.

Cinco Solas da Reforma Protestante

Por Denis Monteiro


Os reformadores lutaram contra o sistema católico em vista à Sagrada Escritura. A igreja católica crê que a Escritura é a Palavra de Deus, mas ela também acredita que as decisões nos concílios e o papado falam oficialmente em matéria de fé e moral. Ou seja, a Escritura não é a voz definitiva para a igreja católica, mas a tradição e o Papa têm a mesma autoridade. 

Para os reformadores, somente a Escritura tem a voz definitiva no que concerne a moralidade e fé. E a forma que os reformadores creem na Escritura, foi expressa naConfissão de Fé de Westminster:
Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento,... todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática... A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus... O Velho Testamento em Hebraico... e o Novo Testamento em Grego..., sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal... O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura. (I, 2,4,8,10).

Aplicação

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” II Timóteo 3:16, 17

Somente por meio das Escrituras - a revelação tanto da Pessoa quanto da vontade de Deus - o homem pode conhecê-Lo, ser salvo e habilitado para a boa obra do Senhor. Entretanto, cresce em nossos dias uma visão da irrelevância das Escrituras onde ela não é mais a autoridade final em questões espirituais entre o Homem e Deus, mas apenas uma dentre muitas fontes de autoridade a respeito de Deus e a prática cristã.

Quando iremos tomar qualquer decisão, quem fala mais alto: A nossa concepção baseado em “achismos” ou a Sagrada Escritura é quem dita o nosso viver? Em sua busca por santificação, a Bíblia tem tomado um lugar de destaque? Você tem resistido à tentação com suas próprias forças ou usando a Palavra de Deus, assim como Jesus?

Solus Christus – Somente Cristo

Em 431 d.C o catolicismo instituiu o culto a Maria, em 787 foi instituído o culto às imagens e em 933 foi instituído a canonização dos santos. Também foi instituído que a figura do sacerdote (líder religioso) como um representante de Cristo na terra, onde que, os pecados a ele deveriam ser confessados. 

O catolicismo crê da mesma forma que nós cremos: Que Cristo nasceu sem pecado e de uma virgem. Mas o catolicismo colocou Maria como co-redentora e os santos com o mérito de intercessão. 

Certamente esse não é o ensino da Escritura, pois ela declara: há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (1Tm 2:5) e que por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles (Hb 7:25) e que não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (At 4:12).

A Reforma trouxe à Igreja o Evangelho simples dos apóstolos, centrado na suficiência e exclusividade da obra de Cristo para a salvação. A velha confissão de Paulo foi de novo a confissão dos reformadores: Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado (1Co 2:2). 

Aplicação

Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos, e não temais! Então eles, levantando os olhos a ninguém viram senão só a Jesus.” Mateus 17:5-8

Numa época onde muitos ídolos estão aparecendo no meio evangélico, numa época onde a atitude de muitos seria de montar uma tenda para Jesus e outras para os pastores e cantores famosos, temos aqui um direcionamento dado por Deus sobre quem devemos buscar ouvir e ver: Somente a Cristo. Somente em Cristo, e apenas nEle a satisfação de Deus está depositada. O Senhor disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Não há nada e nem ninguém fora de Cristo e nem além dEle que possa satisfazer a Deus. O Senhor se compraz em Seu filho, apenas. Unicamente por imputar a justiça de Cristo sobre seu povo que Deus se alegra em nós.

Quando você prega, conversa, se relaciona, etc, você tem Cristo como o centro, tentando sempre expor Sua encarnação, vida, morte, sacrifício, exaltação e Soberania?

Sola Gratia – Somente a graça

Para a Igreja Católica todo aquele que permanecia fora da Igreja Católica estaria perdido, os quais padeceriam no fogo eterno. O único modo para que esses que estão fora da igreja poderiam ser salvos seria: Se unindo à Igreja Católica, participando dos sacramentos, jejuns, esmolas, outros trabalhos piedosos os quais proporcionarão recompensas eternas e até alguns sacrifícios estabelecidos pela igreja. 

Dizer que a salvação é pela graça não é só afirmar o caráter sobrenatural da salvação, mas excluir todo e qualquer esforço humano para que o mesmo seja salvo. A Reforma insistia nesse conceito teocêntrico, exaltando a eleição divina. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece... Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.  

Aplicação

Quando reconhecemos a graça de Deus em nossas vidas, essa graça não nos deve levar a pensar que somos super-crentes, que possamos reivindicar algo de Deus ou decretar algo. Mas reconhecer que antes éramos por natureza filhos da ira, que desde o ventre nascemos alienados de Deus merecedores da ira Divina. Mas Deus, por sua infinita graça, nos elegeu derramando a Sua ira sobre Seu Santo Filho. 

Será que reconhecemos que a cada dia é em Deus que nós vivemos, nos movemos e existimos? O teólogo John Newton, compôs, dizendo sobre a graça de Deus: 

          Graça Maravilhosa, como é doce o som.
          Que salvou um miserável como eu!
          Eu estava perdido, mas agora fui achado,
          Era cego, mas agora eu vejo.
          Foi a graça que ensinou meu coração a temer. 
          E a graça aliviou meus medos; 
          Como preciosa essa graça apareceu, 
          A hora em que eu acreditei!
          Através de muitos perigos, labutas e armadilhas, Eu cheguei; 
          É a graça que me trouxe em segurança até o momento, 
          E graça vai me levar para casa.


Sola Fide - Somente a Fé

A igreja Católica dizia, sobre as indulgências, que ao som de cada moeda que cai neste cofre, uma alma se desprende do purgatório e voa até o paraíso. Hoje existem as “novas indulgências”, onde que há alguns trabalhos para que as penas no purgatório fossem aliviadas, por exemplo: um dia sem fumar, rezar com o Papa em frente à televisão, ajudar refugiados, orar mentalmente com surdos-mudos, não comer carne, etc. Assim como as obras de caridade faziam com que a pessoa fosse salva, assim também o era as indulgências. 

Logo, não são as nossas obras que nos salva da ira de Deus. Mas a graça de Deus em nossas vidas e uma fé única e sincera em Cristo Jesus e em Sua obra consumada na cruz. Nós não precisamos fazer algo diante de Deus para nos justificar, a fé dada por Deus que Ele mesmo nos justifica. 

Por isso, quando Lutero leu “O justo viverá pela fé” ele entendeu que o meio pelo qual o pecador vive diante de Deus é pela fé, a qual é dada pelo próprio Deus. 

A única obra que nos salvou foi à obra de Cristo feito na cruz do calvário. 

Aplicação

As obras são resultados de uma fé sincera. Será que você descansa unicamente na obra de Cristo? 

A justificação pela fé somente é o progresso para a santificação. Toda e qualquer obra que façamos para sermos aceitos diante de Deus é um pecado. Faça obras que reflita a sua fé em Cristo Jesus, pois fomos salvos pela fé e para as boas obras as quais Deus de antemão nos preparou. 

Que oremos como Augustus M. Toplady: 

          Nada trago em minhas mãos, 
          Apenas me agarro à tua cruz;
          Nu, venho a ti para me vestir,
          Dependente, busco graça em ti;
          À tua fonte vou correr. 
          Lava-me, Senhor, ou vou morrer!
          Rocha Eterna, partida por mim, 
          Deixa-me esconder em ti. 


Soli Deo Gloria – Somente a Deus a glória

Coroando estes temas da Reforma que vimos, este é o Somente Deus a Glória. Dar glória a Deus é entender e confessar que não há nada neste mundo que possa ocupar o lugar que pertence a Deus. 

Assim, quando o catolicismo colocava santos, papas, relíquias e sacerdotes no lugar de Deus desobedecia o princípio Bíblico que Deus não divide sua glória com outra coisa qualquer. 

No entanto, os reformadores partiram de uma visão teocêntrica (Deus no centro) para falar da salvação do pecador, o qual o próprio Paulo expõe e conclui dizendo: Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Rm 11.33-36)

Assim como Paulo louva a Deus por tão grande obra, assim são os reformadores em expor as doutrinas bíblicas para a igreja. Eles colocaram, novamente na agenda da igreja, um culto voltado somente para Deus, reconhecendo que a criação inteira vem de Deus, por Deus e para Deus. Uma vida voltada para Deus, porque “dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas”, e glorificando a Deus em tudo que venhamos fazer. 

Aplicação

Será que a nossa única satisfação está em Deus? 

Será que, como parte da criação, nós proclamamos a glória de Deus juntamente com as Suas obras? 

Será que o nosso fim, é como diz a Bíblia, assim como, o catecismo, de glorificar a Deus e alegramos nEle para sempre? 

Fonte: Bereianos