Páginas

10 de out. de 2014

Refutando os que são contrários à denúncia dos hereges

Por Thiago Oliveira

No começo da semana escrevi um texto que denunciava uma falsa profecia acerca da candidata à presidência, Marina Silva. Alguns tentaram defender a pessoa que proferiu a profetada, por se tratar de uma figura pop do cenário gospel. Outros, para glória de Deus, compreenderam que aquilo era algo antibíblico. Mas sempre tem aquela turma que reconhece que existe o erro, todavia, diz que não é necessário expor. Resolvi refutar os cinco argumentos mais comuns entre os que não só me censuram, mas que, de certa forma, criticam aqueles que denunciam os falsos pastores e artistas gospel (os que são hereges). Vamos então aos argumentos:

1. Só Deus pode julgar

Este é um argumento clássico de pessoas que acham que o julgamento é uma atribuição exclusivamente divina, pois, entendem que em Mateus 7:1, Jesus Cristo proibiu as pessoas de cometerem julgamento. Esse erro provém de uma leitura superficial do referido versículo, deslocado de seu contexto. Cristo está ali, condenando a postura farisaica de julgar as demais pessoas tendo a si mesmo como exemplo de conduta. Tais pessoas, acreditam ser tão boas, que mesmo tendo uma trave em seu olho, reparam no cisco que está no olho do outro (Mateus 7:3). É típico do farisaísmo enxergar com “lentes de aumento” os pecados das demais pessoas e minimizar os seus próprios pecados.

De modo algum, Jesus nos proíbe de discernir, avaliar e ponderar. Se fosse assim, como teria dito logo em seguida: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mateus 7:6)? Ora, para identificar quem são os cães e quem são os porcos, é necessário julgar. O julgamento é uma responsabilidade de todo crente, todavia, não deve ser feito de acordo com o mero achismo ou sem conhecimento de causa. O ato de julgar é respaldado pela Palavra. A própria Escritura é o parâmetro e não a nossa justiça própria (João 7:24). E se há condenação, quem condena é o próprio SENHOR, através da sua Lei registrada na Bíblia.

2. Atire a primeira pedra aquele que nunca pecou

De certo, uma das passagens bíblicas mais distorcidas da história. No registro de João 8, os fariseus vão até Jesus para acusa-lo e para isso levam uma mulher e perguntam: “Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” (João 8:4-5). Qual a questão aqui? Do que estes homens queriam acusar Jesus?

Os escribas e fariseus queriam acusar a Cristo de ser contrário a Lei, desqualificando seu ministério, pois nenhum judeu daria ouvidos a um messias que fosse contrário a Moisés, ou de ser um contraventor e desacatar a autoridade do Império Romano. Se Jesus perdoasse a mulher, estaria agindo contra Lei (ser contra a Lei é cometer pecado, Jesus nunca pecou) e para os judeus, contra Moisés, seu estimado profeta. Se condenasse a mulher, seria levado até as autoridades romanas, pois naquele contexto, só os romanos poderiam executar alguém.

Acontece que aquele “tribunal” ali criado era forjado. Em Deuteronômio 22:22 diz que em caso de adultério, homem e mulher devem morrer. Sendo assim, se aquela mulher tinha sido pega em flagrante, onde estava o homem? Ademais, toda a Justiça deveria ser aplicada por magistrados, segundo relata Deuteronômio 16:18-20. Alguém ali era magistrado? Não. Nem mesmo Jesus tinha este ofício em seu ministério terreno.

Quando é dito: “atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado”, é uma referência aquele pecado de forjar, ou melhor, torcer a justiça. Cristo não foi indulgente e nem suplantou a Lei. Ele foi justo e no fim deu ordens aquela mulher para que ela deixasse de pecar. Se fosse exigido das pessoas não pecarem para exercer julgamento, não haveriam mais tribunais e as disciplinas eclesiásticas não poderiam ser aplicadas, uma vez que todos pecam (1João 1:8). Mas, obviamente, este não é o caso.

3. Não mostre o errado, ensine apenas o certo

Um amigo me disse que eu não devo mostrar o errado e apenas mostrar o certo. Confesso que, apenas apontar os erros sem trazer à tona a verdade bíblica seria uma baita de uma idiotice. Porém, o outro extremo também é falso. Há situações em que é preciso mostrar o equívoco para em seguida ensinar a forma correta. Um exemplo claro disso é o Sermão do Monte: Por diversas vezes Jesus falou “ouvistes o que foi dito, eu porém vos digo”. Há quem pense que Jesus está revogando a Lei do Antigo Testamento, quando na verdade ele revoga a interpretação dos mestres da lei (escribas e fariseus). Fica tão claro que era o ensino farisaico que estava sendo atacado como falso, que a multidão chega à seguinte conclusão:

“E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas”. Mateus 7:28-29

4. A Bíblia já diz que surgirão os faltos profetas

Talvez, este seja o argumento mais desprovido de razão. Pois, não é o fato de a Bíblia já nos advertir que os falsos profetas surgirão e até proliferarão, que não podemos combate-los. Paulo, Pedro, João, e os pais da Igreja nos primeiros séculos nunca se omitiram por conta disso. Com certeza eles conheciam as profecias e mesmo assim foram combativos sempre que surgiam as heresias no meio do povo de Deus.

Observando os apóstolos veremos: João fala mal de Diótrefes (3 João 1:9). Paulo dizendo a Timóteo que entregou a Satanás os blasfemadores Himiteu e Alexandre (1 Timóteo 1:20). Possivelmente, o mesmo Alexandre é citado na segunda carta enviada a Timóteo. Paulo diz que ele foi causador de diversos males e roga para que Deus o julgue segundo as suas obras (2 Timóteo 4:14). Na mesma carta, cita Figelo e Hermógenes como líderes dissidentes da Ásia (2 Timóteo 1:15). E sobre os falsos profetas e hereges insubordinados, as recomendações são estas:

        a) Devemos nota-los e evita-los (Romanos 16:17)
        b) Devemos repreendê-los (Tito 1:9-13)
        c) Devemos nos apartar deles (2Tessalonicenses 3:6)
        d) Não devemos ter comunhão com eles (2João 9-11)
        e) Devemos rejeitá-los (Tito 3:10)

5. Não toqueis no ungido do Senhor

Deixei este argumento por último, pois assim como o primeiro, também é um clássico. Ele se baseia numa fala de Davi (1Samuel 24:6), quando teve a chance de matar o Rei Saul, que lhe perseguia com a intenção de tirar-lhe a vida. Também pode ser encontrado em 1Crônicas 16: 21-22 e Salmos 105:15. Como diz o Rev. Augustus Nicodemus, tal frase é desculpa de quem não tem argumento e nem exemplo para dar como resposta quando é confrontado por alguém à luz das Escrituras.

A unção a qual Davi se refere era a do Rei, para que este governasse debaixo da autoridade e da benção divina, não é unção de líder eclesiástico. E outra: Davi, não tocou no “ungido do Senhor”, por não querer matá-lo. Mas daí a dizer que ele não se opôs a Saul é pura enganação. Até quando as pessoas continuarão cegas e utilizarão argumentos tão pífios como este para justificar sua conduta omissa em relação a defesa da fé?

Encerro esse texto com uma palavra que se encontra na Epístola de Judas, verso 3: “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” (grifo meu).