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11 de nov. de 2014

O Cristão e a Política Pós-Eleitoral

Por Thiago Oliveira

As eleições terminaram há mais de um mês (contando o primeiro turno) e todos os candidatos eleitos, pela maioria dos votos dos cidadãos, irão exercer um mandato que durará quatro anos. Durante a disputa pelas vagas nos poderes executivo e legislativo, diversas pessoas manifestaram a sua preferência e o seu entusiasmo com o candidato A ou B. Todavia, passada a eleição, a paixão política permanecerá?

Temos uma responsabilidade inerente ao exercício da nossa cidadania, que é a fiscalização do mandato de quem contribuímos para que se elegesse. Nossa tarefa é acompanhar o político que recebeu o nosso voto. Será que ele tem desempenhado bem o seu ofício? É triste saber que muitos sequer recordam dos candidatos que votaram. Uns foram influenciados pela boca de urna ou por uma sugestão de um amigo ou irmão que disseram: “vote no meu candidato, pois eu o conheço”. Uma grande fatia da população – infelizmente – procede assim e acaba votando às cegas, como se desse um tiro no escuro.

Na Grécia antiga, quando os cidadãos participavam da Pólis (Cidade-Estado), uma pessoa que não se interessasse por assuntos políticos recebia a alcunha de idiota (gr. idiótes). Pois bem, o idiota era alguém que em oposição ao público, concentrava-se apenas em seus interesses, isto é, na sua vida privada. Com relação a isso, existe um poema atribuído a Bertold Brecht onde ele teria dito que o pior tipo de analfabeto é o analfabeto político, pois, “o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, dos sapatos e do remédio dependem das decisões políticas”. O que é uma grande verdade.

Por isso, precisamos estar atentos e – de certa forma – seguir os passos de nossos políticos, cobrando os mesmos para gerirem o patrimônio público em prol do bem estar social. Não é novidade para ninguém, que nossos homens públicos, muitas vezes, exercem os seus mandatos voltados para os seus próprios interesses, e fazem da política um fim para o seu enriquecimento. E se isto acontece, a culpa também é dos cidadãos inertes as questões políticas. A idiotice (desprezo pela vida pública) é quem alimenta a corrupção.

Mas e quanto a nós, cristãos? Temos que nos envolver com a política? Não somos cidadãos do céu? Claro que somos! No entanto, continuamos na terra e temos que exercer o que a teologia reformada chama de “mandato cultural”.  Entendamos isto como sendo a vice-gerência do mundo. Deus, lá no Éden, deu ordens a Adão (Gn 2:15) para que este cuidasse bem do Jardim. Devido a esta ordenança divina, toda a humanidade descendente de Adão, deve zelar para que o planeta seja bem cuidado em todas as esferas. Só que como nascemos pecadores e degenerados, acabamos por gerir mal a obra da criação. Por isso que os cristãos, pessoas regeneradas por Deus, precisam influenciar positivamente a sociedade e toda a atividade inerente a convivência humano versus humano e humano versus outras criaturas.

Tal pensamento ressoa fortemente no coração daqueles que entendem a condição de ser cidadão do céu, mas que, concomitantemente, se enxergam como cidadãos na terra. Tim Keller, no livro Igreja Centrada, revela-nos o conceito de “encarnação cultural”. Ele diz, que a exemplo de Cristo, a Igreja precisa adentrar na cultura para depois julgá-la e remi-la. Pois, o Evangelho transforma tudo, até mesmo o modo de se fazer política. Certa feita, o maior pregador batista de todos os tempos assim falou: “Eu tenho ouvido, ‘Não traga a religião para a política’. É precisamente para este lugar que ela deveria ser trazida e colocada ali na frente de todos os homens como um candelabro”. Quando Cristo nos diz que somos a luz do mundo, nosso brilho deve iluminar toda e qualquer área de nossas vidas terrenas.

Mediante o que foi dito, exorto os queridos irmãos, a se envolverem em assuntos políticos não apenas no período eleitoral, mas, acima de tudo, no momento em que o político não fica “beijando crianças” e “abraçando idosos”. Cobrem os prefeitos, os governadores, os presidentes, os vereadores, os senadores e os deputados. Fiscalizem cada mandato. E se quiser saber como devem proceder os governantes, segundo a Bíblia, aqui vai uma série de versículos: Deuteronômio 1.16-17, Deuteronômio 16.19, Deuteronômio 17. 16-18, Provérbios 24.24, Jeremias 22.1-3, Romanos 13.4, 1 Pedro 2.14.

Política não se faz visando interesses privados. João Calvino, comentando o texto de Romanos 13.4, salienta que a administração dos governantes não deve ser feita em função de si próprios, e limita o poder governamental restringindo a sua autoridade ao bem estar do povo. Esta é uma cosmovisão (forma de enxergar o mundo) coerentemente bíblica.

Para concluir este breve artigo, gostaria de elencar três pontos que considero essenciais para o cristão, no que tange a ação política:

1. Antes de mais nada, ore pelos governantes. Independentemente de você ser favorável a gestão que está exercendo poder. Paulo exorta Timóteo a orar pelas autoridades, num contexto em que tais homens perseguiam os servos de Deus (1 Tm 2. 1-6).

2. Acompanhe mais de perto a atividade política de quem recebeu o seu voto nas últimas eleições.

3. Caso você queira pleitear um cargo na gestão pública ou apoiar algum candidato; Lembre-se que seus interesses não podem se sobressair ao interesse coletivo.

Que possamos fazer política para a Glória de Deus. Louvado seja o Senhor!

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