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19 de dez. de 2014

Sintomas de uma igreja que abandonou a suficiência das Escrituras

Por Jackson Amorim

Paulo Anglada em seu livro Sola Scriptura diz: “Uma igreja sem confissão é semelhante a um partido sem ideologia, a uma sociedade sem estatuto, ou a um país sem constituição. Não há coerência, nem unidade, nem estabilidade, nem fidelidade, nem disciplina”. Diante desta afirmação o que dizer de uma igreja sem as Escrituras? Quando falamos “sem as Escrituras” nos referimos à importância da mesma dentro da igreja como a única regra de fé, prática e conduta.

Quando uma igreja abandona as Escrituras ela torna-se incoerente, desunida, instável, infiel e sem disciplina. Antes de falarmos sobre essas características, faz-se necessária uma compreensão da origem da Escritura, sua autoridade e, consequentemente, sua suficiência.

1. Origem das Escrituras

A Escritura tem sua origem em Deus, logo sua natureza é divino-humana. Divino porque Deus quis revelar-se em palavras ao homem, e ao mesmo tempo humano, porque Deus falou por intermédio de homens. Homens estes separados e preparados por Deus para registrar todo o seu conselho, suficiente para o conhecimento da condição de pecador em que se encontra a humanidade, ao mesmo tempo que se faz necessária para que o homem seja salvo.

Hermisten Maia em um artigo intitulado “Introdução à Cosmovisão Reformada: anotações quase aleatórias (2)”, publicado na revista eletrônica Teologia Brasileira, faz uma citação de Gerard Van Groningen sobre a ação do Espírito Santo no processo revelacional das Escrituras:

“O Espírito Santo habitou em certos homens, inspirou-os, e assim dirigiu-os que eles, em plena consciência, expressaram-se na sua singular maneira pessoal. O Espírito capacitou homens a conhecer e expressar a verdade de Deus. Ele impediu-os de incluir qualquer coisa que fosse contrária a essa verdade de Deus. Ele também impediu-os de escrever coisas que não eram necessárias. Assim, homens escreveram como homens, mas, ao mesmo tempo, comunicaram a mensagem de Deus, não a do homem”. Sendo as Escrituras a mensagem de Deus para o homem, logo, ela é autoritativa.

2. Autoridade das Escrituras

Existem verdades fundamentais da fé cristã, tais como: Inspiração e Inerrância Bíblica, das quais toda formulação teológica dependem delas, desta forma são pressupostos essenciais na teologia. John MacArthur afirmar que uma compreensão certa da inspiração e da revelação é essencial para se distinguir entre a voz de Deus e a voz do homem.

A inerrância e a infalibilidade da Escritura são decorrentes da sua inspiração. O Espírito Santo inspirou homens para registrar a revelação de Deus livre de erros, sendo pois, uma revelação infalível, porque a revelação tem sua origem no próprio Deus, logo, ela possui autoridade. “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver; a fim de que todo homem de Deus tenha a capacidade e pleno preparo para realizar todas as boas ações” 2Tm 3:16,17.

3. A Suficiência das Escrituras

“Embora as Escrituras não sejam exaustivas, elas são suficientes em matéria de fé e prática. Nelas o homem encontra tudo o que deve crer e tudo o que Deus requer dele para que seja salvo, sirva-o, adore-e e viva de modo que lhe seja agradável”. Paulo Anglada na página 189 do livro SOLA SCRIPTURA.

A história tem mostrado que a Palavra de Deus foi alvo de ataques, dentre os quais, a suposição de sua falibilidade. Hermisten Maia no artigo citado acima coloca que um ataque mais sutil permeou boa parte da história da Igreja, que é a concepção de que as Escrituras não são suficientes para nos dirigir e orientar.

Se as Escrituras têm sua natureza divino-humana, e sua autoridade está na inspiração, que é divina, logo tudo que o homem necessita em matéria de fé, prática e conduta, pode ser logicamente inferido.

Voltando ao ponto inicial, quando a igreja negligencia esses três aspectos: origem, autoridade e suficiência das Escrituras, aos quais está inter-relacionada, ela passa a apresentar os seguintes aspectos: não há coerência, nem unidade, nem estabilidade, nem fidelidade, nem disciplina.

A coerência da Igreja está na Escritura, nos ensinamentos dos profetas e no fundamento dos Apóstolos. “Porque ninguém pode colocar outro fundamento além do que está posto, o qual é Jesus Cristo!” 1Co 3:11. Uma igreja incoerente não está em conformidade com as Escrituras. Nos últimos dias tem-se observado nas igrejas brasileiras práticas exotéricas, místicas, que não condizem com o verdadeiro Evangelho. Isto ocorre quando a Palavra é colocada em segundo plano, onde as “experiências místicas” são colocadas acima das Escrituras, tornando-as autoritativas.

A unidade da Igreja está no fundamento, Jesus Cristo, o verbo encarnado. “Deus foi manifestado em carne, foi justificado no Espírito, contemplado pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo e recebido acima na glória” 1Tm. 3:16. Se a Igreja não tem a Escritura por suficiente, está sujeita a heresias.

Estabilidade se obtém quando se está bem fundamentado, e o fundamento já foi posto, Cristo Jesus. Em 1Tm 3:15, Paulo utiliza o termo coluna, que vem do grego stylos, como a coluna tem por finalidade sustentar o teto de um edifício, assim a igreja tem que sustenta a verdade. O outro termo utilizado pelo apóstolo é baluarte, expressa a idéia de estabilidade e permanência.

No Sl 119:9, o salmista faz uma pergunta vital aos jovens, mas que pode ser estendido a todos, “Como pode um jovem conservar-se puro o seu caminho?”. Podemos fazer outra pergunta: como pode um cristão ser fiel a Deus? O salmista dá uma resposta infalível que serve para essas duas perguntas, “...Vivendo-o de acordo com a Tua Palavra”. Quando a Palavra de Deus não é suficiente, não há como ser fiel, pois como nos orientaremos acerca dos preceitos de Deus?

 “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver” 2Tm 3:16. A disciplina é um ato de amor. Para exercer a disciplina é preciso ter um aferidor, e este aferidor é a Palavra.

Se a igreja possui ou adota outros meios de medida de conduta cristã, logo ela tem as Escrituras como insuficiente, incorrendo no perigo de proceder de forma não escriturística. É o que temos vivenciado no meio dito evangélico brasileiro. Práticas místicas, esoterismo, sincretismo religioso, dentre outras aberrações.

Nunca se cantou tanto e pouco se leu a Escritura. Vivemos em uma superficialidade teológica nunca vivenciada no Brasil. A pregação Cristocêntrica deixou de ser atrativa para muitos pastores. A mensagem da Cruz é muito dura para o homem hodierno segundo alguns ministros da Palavra. Precisamos resgatar a mensagem da Cruz. Precisamos colocar Cristo no centro das mensagens. É urgente o retorno as Escrituras, porém mais urgentes são homens comprometidos com Deus e com sua Palavra. Sola Escriptura.
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REFERENCIAS:

ANGLANDA, P.R.B., Sola Scriptura – A Doutrina Reformada das Escrituras / São Paulo – Ananindeua: Knox Publicações, 2013.
MACARTHUR, J. F., Os Carismáticos, São Paulo: Fiel, 1981.
COSTA, H.M.P., Artigo: Introdução à Cosmovisão Reformada: anotações quase aleatórias (2). Revista Teologia Brasileira.
BIBLIA King James (KJA), São Paulo – Abba Press

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