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7 de jan. de 2015

Salmos e Hinos: O Pioneiro Esquecido


Por Luciana Barbosa

Às vezes questiono acerca da história do Salmos e Hinos no contexto que me encontro desde criança até os dias de hoje, onde esse belíssimo hinário é, e sempre foi esquecido e desvalorizado pelos cristãos, principalmente os que fazem parte das Igrejas Congregacionais do Brasil em suas diversas denominações. Acredito que isto aconteça por desconhecimento de sua história e origem. E para começar esse artigo gostaria de contar uma história sobre este hinário e os hinos que compõem essa coletânea tem contribuído para levar almas aos pés de Cristo.

Conta-se que certo missionário Evangélico quando se encontrava em Sião conheceu um descendente de certa tribo habitando nas montanhas, na maior selvageria e sem qualquer conhecimento da religião cristã. Sentiu desejo de ir até lá e ensinar-lhes o amor de Deus. Seus amigos tentaram dissuadi-lo da idéia. De joelhos, ele procurou a resposta e a obteve, ouvindo uma voz, como vinda do céu, que dizia: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura." Entendeu ser essa a vontade de Deus. Durante a viagem, sentiu-se encorajado com as palavras que ouvia em seu coração: "Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos." Depois de longa viagem, chegou ao lugar desejado. Viu-se cercado de uma multidão de selvagens aguerridos, ameaçadores, armados de flechas e lanças. O missionário não temeu. Tomando seu violino, afinou-o e começou a tocar e a cantar o belo hino que assim começa "Saudai o nome de Jesus!" número 231 do Salmos e Hinos. Enquanto cantava e tocava, mantinha-se de olhos cerrados. Ao chegar na última quadra do hino que diz: "Ó raças, tribos e nações, ao Rei divino honrai", abriu os olhos e viu, com grande alegria, que os selvagens haviam depositado suas armas no chão e permaneciam extasiados, comovidos com a música que ouviam. Fazendo-se entender, pediram ao missionário que permanecesse com eles, o que ele aceitou. Aprendeu-lhes a língua e começou a ensinar-lhes a Salvação em Jesus Cristo. E muitas vezes cantaram com profunda gratidão: Saudai o nome de Jesus!

Quando falamos do Salmos e Hinos somos levados automaticamente a associa-lo a figura de Robert Kalley e sua leal esposa Sarah Kalley os fundadores da primeira igreja evangélica em língua portuguesa fundada no Brasil no ano de 1855 na cidade do Rio de Janeiro, a igreja Fluminense que encontra-se lá até os dias de hoje. No inicio eram 50 salmos e hinos que foram usados pela primeira vez em 17 de novembro de 1861, seis dias após sua chegada ao Brasil. Desta maneira, "Salmos e Hinos" transformou-se na gênese de uma espécie de "teologia comum" às diversas denominações, servindo por décadas como único instrumento litúrgico em igrejas e congregações muitas vezes dirigidas dos diversos tipos de governo eclesiástico, bem como posições teológicas conflitantes (formas de batismo; predestinação x livre arbítrio; ceia memorialista x ceia com presença real;etc). Aqui abro um parênteses, onde destaco a IPB e Batistas, quando observamos a história do hinário das igrejas Presbiterianas (Novo cântico) e o das igrejas Batistas (Cantor Cristão) concluímos que estes hinários tiveram como base o Salmos e hinos.

A história do novo cântico nos conta que o hinário usado pela Igreja Presbiteriana do Brasil era o “Salmos e hinos”. Mas, por julgarem-no passível de correções, no aspecto lingüístico e doutrinário o concilio determinou a criação de um hinário que melhor servisse a IPB e outras igrejas de denominações irmãs. Foi criado um hinário provisório com hinos do reverendo Jerônimo Gueiros, Antônio Almeida e de outros autores, sendo utilizado nas igrejas do Norte e Nordeste. A preocupação e o zelo pela Escritura levaram estes reverendos a cristalizar no coração da IPB, uma de suas maiores necessidades, isto é, cantar com mais convicção e fidelidade às doutrinas bíblicas. Hoje a IPB tem seu hinário próprio, porém até esse dia chegar utilizava-se o Salmos e hinos. 

Já o cantor cristão não é muito diferente, foi o segundo hinário dos evangélicos brasileiros. Foi publicado em 1891 e sua primeira versão continha apenas 16 hinos; já em 1921 saiu a 17° edição com 571 hinos e nos diz a história dos batistas que esse valor, naturalmente deve ser dado também aos “Salmos e hinos”, pois, beberam dessa fonte durante anos.

Infelizmente hoje não é isso que acontece, a preferência é pelo que é dos outros e muitas vezes tais músicas professam aquilo que não professamos como nossa confissão de fé. Hoje mais de 150 anos, e com mais de 500 hinos próprios, um mais belo que o outro são negligenciados, busca-se outras fontes que muitas vezes derramam águas sujas. Até quando isso irá acontecer? Até quando o pioneiro ficará no esquecimento? E para concluir da melhor forma possível, deixo o hino que foi citado no inicio, que conduziu o povo ao arrependimento e a busca de Deus.

COROAI 231

1. Saudai o nome de Jesus! 
Arcanjos, adorai! 
Ao Filho do bendito Deus, 
Com glória coroai! 
2. Ó redimida geração 
Do bom e eterno Pai, 
Ao grande Autor da salvação 
Com glória coroai! 
3. Ó perdoados cujo amor 
Bem triunfante vai, 
Ao Deus varão, Conquistador, 
Com glória coroai! 
4. Ó raças, tribos e nações, 
Ao Rei divino honrai! 
A Quem quebrou os vis grilhões 
Com glória!

Salve o nosso Salmos e Hinos!

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