Por Kevin DeYoung
Primamos muito pela doutrina da suficiência das Escrituras. Mas, que diferença faz a suficiência das Escrituras na sua vida cristã? Deixe-me propor quatro maneiras que deveriam fazer uma enorme diferença.
Primeiro, com a suficiência das Escrituras mantemos a tradição em seu lugar. A tradição certamente tem um lugar na compreensão da palavra de Deus e na formulação da convicções doutrinárias da Igreja. A diversidade mais facilmente esquecida hoje é a diversidade dos mortos. Devemos aprender com os grandes mestres que vieram antes de nós.Devemos permanecer firmes sobre os credos ecumênicos da igreja. E, para aqueles de nós em tradições confessionais – como luteranos, anglicanos, presbiterianos e reformados – temos que nos comprometer a apoiar nossos padrões confessionais de forma séria, cuidadosa e com integridade. Mas mesmo esses grandes credos, catecismos e confissões são valiosos apenas enquanto resumem o que é ensinado nasEscrituras. Nenhum texto secundário e feito pelo homem pode substituir ou ser autorizado a subverter a nossa lealdade e conhecimento da Bíblia.
A suficiência das Escrituras fortalece o grito da Reforma de sola Scriptura, ou “Somente a Escritura”. Isso não significa que devemos tentar abordar a Bíblia sem a ajuda de bons professores, recursos escolares e fórmulas doutrinárias testadas. “Somente” não significa “por si só” (nuda Scriptura), mas que a Escritura somente é a autoridade final. Tudo deve ser testado contra a palavra de Deus. A tradição não tem um papel de igualdade com a Bíblia em saber a verdade. Em vez disso, a tradição tem um papel de confirmação, iluminação e apoio. Não podemos aceitar inovações doutrinárias, como a infalibilidade papal, o purgatório, a concepção imaculada ou a veneração de Maria, porque essas doutrinas não podem ser encontradas na Palavra de Deus e contradizem o que é revelado nas Escrituras. Embora possamos respeitar os nossos amigos católicos e ser gratos por muitos aspectos da sua fé e testemunho social, não devemos vacilar em nossa fidelidade à sola Scriptura. Está implícito na compreensão bíblica da sua própria suficiência.
Segundo, porque a Escritura é suficiente, não acrescentaremos ou retiraremos da palavra de Deus. Ao nos achegarmos àBíblia, devemos sempre lembrar que estamos lendo um livro pactual. E documentos pactuais normalmente concluem comum a maldição de inscrição pactual. Vemos essa maldição em Deuteronômio 4:2 e 12:32, onde os israelitas são advertidos contra acrescentar à lei mosaica ou retirar qualquer coisa dela(cf. Provérbios 30.5-6). Da mesma forma, vemos o mesmo tipos de maldição na conclusão do Novo Testamento em Apocalipse22.18-19 – “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”. Esta forte admoestação, no final de toda a Bíblia, é um lembrete forte de que não devemos acrescentar nada à Escritura – para torná-la melhor, mais segura ou mais de acordo com as nossas suposições – e não devemos retirar nada dela, mesmo se a experiência, revistas acadêmicas ou o humor da cultura insistir que devemos.
Terceiro, visto que a Bíblia é suficiente, podemos esperar que a palavra de Deus seja relevante em todos os aspectos da vida. Deus nos deu tudo o que precisamos para a vida e a piedade (2 Pedro1.3) porque a Escritura é suficiente para nos tornar sábios para a salvação e santos para o Senhor (2 Timóteo 3.14-17). Se aprendermos a ler a Bíblia para baixo (em nossos corações), do outro lado (o enredo da Escritura), para fora (para o fim da história)e para cima (para a glória de Deus, na face de Cristo), descobriremos que cada parte da Bíblia é proveitosa para nós. Afirmar a suficiência das Escrituras não é sugerir que a Bíblia nos diz tudo o que queremos saber sobre tudo, mas que ela nos diz tudo o que precisamos saber sobre o que mais importa. A Escritura não oferece informações completas sobre todos os assuntos, mas em todas as disciplinas que ela trata, só diz o que é verdadeiro. E, em sua verdade, temos conhecimento suficiente para abandonar o pecado, encontrar o Salvador, tomar boas decisões, se Deus quiser,e chegar à raiz dos nossos problemas mais profundos.
Quarto, a doutrina da suficiência das Escrituras nos convida a abrir nossas Bíblias para ouvir a voz de Deus. Não muito tempo atrás, eu estava em um grupo de aconselhamento da denominação onde nos foi dito para encontrarmos nossas “normas”como uma comunidade. Quando sugeri que a nossa primeira norma deveria ser testar tudo à luz da palavra de Deus, foi-medito – e isto é uma citação exata – que “não estamos aqui para abrir nossas Bíblias”. O objetivo do grupo, aparentemente, era que nós ouvíssemos nossos corações e uns aos outros, mas nem tanto de forma que ouvíssemos a Deus. Mais tarde, na mesma reunião denominacional, um pastor da América do Sul abordou todo o corpo. Ao perceber uma propaganda na parte de trás sobre um evento em que iríamos “descobrir” a visão deDeus para a nossa denominação, o homem disse: “Descobrir? Espero que vocês encontrem o que estão procurando. E tentem não demorar muito”. Foi uma alfinetada bem colocada em relação à tendência na Igreja Americana de planejar, e sonhar,e esquematizar, e projetar uma visão, e se envolver em discernimento mútuo, tudo enquanto, ao mesmo tempo, a clara voz de Deus permanece negligenciada em nosso colo.
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Fonte: Voltemos Ao Evangelho
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