Por Samanta Gama Oliveira
“E ao anjo da igreja de Laodicéia
escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da
criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera
foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei
da minha boca”.
Apocalipse 3:14-16
Este é um trecho da carta escrita
para a igreja de Laodiceia, situada na Ásia Menor, atualmente região da
Turquia. Laodiceia foi a única das sete igrejas que recebeu apenas críticas do SENHOR
da Igreja. Através desses três versículos Jesus usa um fantástico elemento que surpreendeu os laodicenses. Ele contextualizou as suas
críticas fazendo referências ao que eles mais tinham orgulho: a sua rica cidade.
Para entendermos melhor o que
Jesus quis dizer chamando-os de mornos, vou citar algumas informações
importantes sobre a cidade. A cidade era bem localizada, visível e vivia os
seus tempos de ostentação devido a:
a) Grande centro comercial –
Estava localizada dentro da rota de comércio da Ásia Menor, que favorecia uma grande
movimentação financeira.
b) Grande centro bancário e
financeiro: Conhecida como uma das cidade mais ricas da época dominada por Roma.
c) Grande centro industrial de
tecidos: Conhecida por produzir uma lã de cor negra resistente e macia.
d) Centro médico de importância:
Tinha uma das melhores escolas de medicina e era famosa por produzir um colírio
que curava diversas enfermidades dos olhos.
A cidade era destaque em
praticamente tudo, no entanto, perdia no que diz respeito a sua rede de
abastecimento, que era de águas mornas. A
cidade estava entre Hierápolis e Colossos, conhecidas respectivamente pelas
águas quentes medicinais e águas frias que refrescavam as populações vizinhas,
principalmente os laodicenses.
Começamos a entender o contexto que
Jesus utilizou para criticar a igreja de Laodiceia. Ele estava fazendo
referências as duas cidades vizinhas . Infelizmente as fontes de Laodiceia não
eram de grande utilidade, Nem eram terapêuticas e nem serviam para refrescar no
calor. A população ao beber das fontes da cidade, sentia vontade de vomitar
pelo simples fato de ingerirem águas mornas.
A igreja de Laodiceia tinha o mesmo perfil da cidade:
a) Membros ricos e opulentos.
b) Tinha uma aparência de igreja
perfeita, segundo os comentários vindos dos próprios membros.
c) Membros inertes em relação à
Obra de Deus e proativos nas atividades pessoais que moviam a cidade.
d) Se achava autossuficiente por
ter tudo que precisava.
e) Era motivada pelo dinheiro que
possuía.
f) Estava satisfeita com sua vida
espiritual.
A crítica que Jesus faz a igreja
de Laodiceia não foi relacionada ao combate de heresias, desunião, adoração a
outros deuses, mas é uma crítica sobre a igreja ser morna. Nada fazia, não se
tinha amor e nem ódio, era indiferente ao servir a Deus. Ela acreditava em Deus, mas não sentia a
necessidade de tornar-se dependente, pois, tudo tinha em mãos.
Voltando os nossos olhos para os
dias de hoje. Será que existe crentes mornos ou melhor dizendo, será que a
minha vida espiritual está morna? Quantos jovens se dizem crentes, muito embora,
em suas vidas ainda insistem em voltar a velha natureza, praticando coisas
movidos pelo seu coração, buscando satisfazer apenas seus próprios interesses. Há
tantos jovens que estão indiferentes com o amor de Deus e ao próximo abastecendo
o seu egoísmo. O pior sentimento que existe não é o ódio. É a indiferença. EXEMPLO: É impossível um relacionamento
sobreviver em meio à indiferença. Mas o que significa ser indiferente com a
obra de Deus?
A igreja de Laodiceia estava
indiferente em relação ao seu posicionamento cristão. Eles estavam curtindo as
maravilhas dos bens materiais e fazendo as coisas para sua glória. Tanto que se
esqueceram do real sentido cristão de fazer tudo para glória de Deus. Estavam
esquecidos da graça divina, esquecidos de que o Pai deu seu único filho para
perdoar nossos pecados. Esqueceram o bem mais precioso: a salvação. Estavam
mornos, sem posicionamento, sem vida, inúteis como as águas de Laodicéia,
causando náuseas em Cristo.
Para se vomitar, é necessário
algo ruim que deva ser lançado fora. Foi a ideia que Cristo quis passar para a
igreja. Sua indiferença com Deus significa a perda da comunhão com Cristo, a
perda de uma vida de oração, da meditação da Palavra, do amor ao próximo, de
usar seus talentos e dons para glorificar ao Criador e de participar de forma
verdadeira dos sacramentos de Deus. Laodiceia estava sendo amante de si, como Narciso
que não consegue ver nada, apenas a sua imagem.
E nós? Como estamos diante de tanta
coisa que o mundo oferece para nos ocupar? Estamos ocupados demais para ter
comunhão com Deus ou estamos deixando para se envolver com Cristo de forma
verdadeira e contínua quando ficarmos mais velhos? Quem sabe quando conseguir
passar na faculdade, ter um emprego que não seja desgastante, casar...
É notável o crescimento da igreja
evangélica no Brasil, mas é preocupante o grande número de pessoas que só
querem as bênçãos de Deus. Poucos estão solícitos para desfrutar do cálice do
sofrimento, do renunciar suas vontades e procurar glorificar a Deus com todo
seu ser. Não estou falando para todos os jovens virarem missionários, abandonar
suas casas e praticar o ide nas regiões onde os cristãos são perseguidos.
Infelizmente é mais fácil ser crente onde não há liberdade religiosa do que no
ambiente em que você é livre para adorar a Deus. É mais fácil ter uma vida de
oração quando não se sabe se estará vivo amanhã, por viver na tensão de ser
perseguido, do que viver pensando e ocupando a mente com coisas terrenas e
viver na tensão se será bem sucedido amanhã ou será um homem frustrado sem
grandes realizações.
Vejo muitos jovens começando a
carreira como cristãos, com fervor, ânimo, todavia, ao passar do tempo encontram-se desgastados
por várias tentativas sem sucesso, seja
em ministérios, seja tentando evangelizar amigos e parentes. Não quero aqui
apenas apontar que existem pessoas mornas, quero conduzir a análise: estou me
encaixando nesse perfil.
Existem 3 pontos para melhorarmos
nosso posicionamento, e esses pontos nós já sabemos, só que muitas vezes nos
falta coragem e ânimo para executá-los. São eles:
1. Ter uma vida de oração: Na bíblia, desde o Antigo Testamento,
vemos que a oração era costume. O próprio Jesus foi o maior exemplo, mesmo
sendo Deus, mostrou aos seus discípulos que era obediente a voz do Pai e tinha
uma vida de oração, até nos presenteou com o modelo de oração que está no livro
de Mateus (capítulo 6). É na oração que
dizemos o quanto somos dependentes de Deus. É a partir dela que exaltamos quem
Deus é, que conversamos sobre nosso dia, apresentamos um coração grato,
confiante e sedento de Deus.
2. Ler a Palavra de Deus: Nada melhor que conhecermos a Deus, lendo
as escrituras. João 17.17 diz: “Santifica-os
na tua verdade; a tua palavra é a verdade”. São palavras de Jesus quando
orava pelos seus discípulos.
3. Procurar a comunhão entre os irmãos em Cristo: É importante que
você pratique o amar ao próximo, suportar os outros em amor. Somos o corpo de
Cristo, não existe alguém mais importante que o outro. Todos são importantes
quando trabalham em conjunto. A autossuficiência dos Laodicenses reflete também
nisso, precisamos ajudar a Igreja de Cristo, cientes que precisamos do Cabeça
do corpo. E se somos membros desse corpo não podemos viver isolados. Se envolva mais nas programações da igreja,
seja membro deste grande corpo, use seus dons para edificação da igreja e não
enterre seus talentos, use para glorificar a Deus.
Kevin DeYoung diz:
“A pessoa que tenta viver o cristianismo sem igreja está dando tiro no
próprio pé, dando tiro na perna de seus filhos, e dando tiro no coração de seus
netos”.
(Brecha em nossa Santidade. Pag.188)
E em 1 João 4.15 lemos: “Qualquer
que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele e ele em Deus”.
Podemos resumir esses três pontos
em Comunhão com Cristo. O que faltava na igreja de Laodiceia era a comunhão com
Jesus. Aquelas pessoas não oravam mais, não liam, não contemplavam e nem
praticavam as Escrituras. Elas pouco se envolviam em assuntos de interesse da
igreja, estavam ocupadas demais com suas vidas. Para elas tudo estava indo bem.
Eram ricos, mas miseráveis por não ter como pagar pelo perdão de seus pecados .
Produziam e vendiam a melhor lã, porém, estavam nus, sem roupas adequadas para
apresentar-se diante do Rei dos reis. Tinham o melhor colírio, mas estavam cegos
por não enxergarem a sua pobreza espiritual (3.17).
No versículo seguinte (v.18)
Jesus continua utilizando de sua contextualização e se coloca como um vendedor.
Como já citado, Laodiceia estava no centro das grandes rotas comerciais e nada
mais interessante que um comerciante diferente dos demais. Jesus estava
oferecendo mercadorias que nem os mais ricos da igreja poderiam comprar: Ouro - Fé sólida (1 Pd 1.7) Vestiduras brancas
como símbolo da justiça. Fomos justificados diante de Deus através do sangue do
cordeiro (Ap 7.14). Colírio – O Espírito Santo que abre nossos olhos
espirituais, nos dando entendimento (Jo 16.13).
Precisamos dessas mercadorias
para sair da zona morna. Adquiramos já!
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