Por Thiago Oliveira
Quando
circulou - recentemente - o vídeo de um grupo de cristãos sendo degolado por integrantes do
Estado Islâmico, um sentimento de raiva tomou todo cristão que assistiu aquela
brutalidade. Chegamos a desejar a morte daqueles homens. Este sentimento é
natural e legítimo. Os salmos imprecatórios legitimam esse pensamento. Todavia,
o legítimo não quer dizer ideal. Após o furacão da ira passar, devemos refletir
sobre a postura que Cristo requer de nós. E embora isso seja difícil de
assimilar, embora lutemos contra nós mesmos, o que devemos fazer é amar aqueles
que perseguem a Igreja do Senhor.
Em
Mateus 5.44, no sermão da montanha, Jesus nos diz que devemos amar os nossos
inimigos e orar por aqueles que nos perseguem. E não é só isso: Jesus nos diz que
esse amor para com os nossos inimigos é condicional a nossa filiação divina. A
ideia é a de que devemos amá-los para nos tornarmos filhos de Deus. Difícil de
engolir, né? Os seus ouvintes também custaram a aceitar este ensinamento. Naquele
contexto, Jesus estava se referindo aos romanos que subjugavam a nação de
Israel. Foi duro o golpe.
Mas
é isso que o cristianismo requer de nós. Jesus vai dizer que se apenas amarmos
os que nos amam e nos tratam bem, não somos diferentes e nem receberemos recompensa
alguma. Ele diz que devemos amar quem nos odeia e nos faz mal. É algo elevado
por demais, pode reclamar alguém. No entanto, Jesus não alivia e diz que o alvo
é a perfeição: ”Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai
celestial (Mateus 5:48)”.
O
próprio Cristo nos deixou o exemplo. Ali na cruz, sendo humilhado, agredido
fisicamente e ouvindo uma turba de homens e mulheres zombando da sua divindade,
ele faz um tremendo esforço corporal para emitir a seguinte frase: “Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lucas 23:34)”. A Bíblia nos ensina
que devemos ser imitadores de Cristo, portanto, devemos nos portar assim diante
de nossos algozes. Todavia, há quem retruque que isso é utópico e que Jesus só
foi capaz de tal benevolência por conta de sua natureza divina. Isso não é verdade,
temos um exemplo que faz essa tese cair por terra.
Estevão
foi o primeiro mártir da Igreja. Foi dele o sangue que primeiro escorreu e
banhou a terra por ele ter sido cristão. Tendo sido falsamente acusado de
pregar contra o ensino mosaico, Estevão foi apedrejado por judeus enfurecidos.
Ali temos o início de uma perseguição mais feroz e a Igreja se dispersa. Só que
antes de morrer, Estevão disse palavras semelhantes à de Jesus: “Senhor, não
lhes imputes este pecado (Atos 7:60)”. Em outras palavras, Estevão pediu para
que Deus não considerasse aqueles homens culpados, ele rogou pelo perdão de seus
executores.
Dentre
os que se envolveram na morte de Estevão, estava aquele que depois viria se
tornar o maior teólogo e missionário da história da Cristandade. Paulo também
tinha as mãos sujas de sangue. Ele consentiu com a morte de Estevão (Atos 7:1).
E mais, ele respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor e pediu
ao sinédrio autorização para perseguir os cristãos que estavam em Damasco (Atos
9:1 e 2). Mas foi nessa viagem que Cristo o encontrou e o perseguidor acabou
sendo um dos homens mais vilipendiados por amor a Jesus. Aquele antigo inimigo
da Igreja tornou-se um grande cooperador dela. Se antes o seu objetivo era
dizimá-la, depois fez o trabalho possível para que a Igreja crescesse. Por
conta disso passou fome, sede, foi preso, espancado, passou por um naufrágio e
foi picado por uma cobra. Segundo nos fala a tradição, foi decapitado por ordem
de Nero César.
Amados
irmãos, há algo que precisamos fazer: Temos que orar pelos cristãos que estão
padecendo, mas também devemos orar para que os perseguidores se arrependam de
seus atos e sejam usados, como Paulo, para proclamar o Reino de Deus. A
vingança pertence ao SENHOR ela não é nossa (Romanos 12:19). Esse é o desafio. Esse
é o dever do cristão. Fácil não é, por isso que nós precisamos do auxílio do
Espírito Santo.
Gostaria
de terminar esse texto com uma breve oração. Você pode fazer dela a sua oração
também:
“Senhor Jesus, sei que eu não sou capaz de
abençoar alguém que é adversário do Evangelho e inimigo da Igreja. Mas a tua
palavra ordena que eu bendiga tais homens (Romanos 12:14). Eu não sou capaz de
fazer isso, mas entendo que é meu dever como teu seguidor. Portanto, rogo para
que o teu poder faça com que eu venha orar, abençoar e amar os perseguidores da
Igreja. Sei que o Senhor é justo e nenhum ímpio irresoluto ficará sem a justa
punição que lhe cabe. Entrego a Ti todo o juízo e me coloco em subordinação as
Escrituras. Em teu nome poderoso, amém”.
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