Por
Thomas Magnum
"Deus Chama seu povo
para participar de Sua Missão".
Christopher Wright
Gosto muito de acompanhar
pesquisas, sejam elas no campo científico, estudantil, comportamental, mercado
etc. No entanto quando acompanho pesquisas de cunho missiológico não o faço por
mera curiosidade, mas pela grande importância e urgência do trabalho missionário.
As pesquisas servem para nortear o trabalho missionário no que se refere a
carência dos povos, e considero muito importante a catalogação de povos não
alcançados para que as denominações evangélicas e agências missionárias
envolvidas na causa do mestre possam ter de forma palpável material de
comparação e dados importantes para o campo de pesquisa dos missiólogos.
No Brasil temos também
muito trabalho pela frente na obra missionária, embora tenhamos grande parte de
cristãos no país, ainda temos povos não alcançados em vários pontos por aqui. O
que nos envergonha é que muitas denominações e igrejas apelam em abrir novas
congregações em lugares onde a presença de evangélicos já é reconhecida. O
trabalho de pioneirismo tem sido esquecido pelas igrejas e muitas vezes somente
o que é observado para a abertura de um novo trabalho é a localidade, os
privilégios demográficos e a condição financeira da população em redor, esses
dados são importantes para a pesquisa de campo, mas não devem ser a força motriz
de missões, a força motriz é a glória de Deus.
Na realidade do nordeste brasileiro, por
exemplo, temos poucas igrejas reformadas em bairros de pobreza gritante, vemos
comumente igrejas pentecostais e neopentecostais e igrejas reformadas em
bairros mais elitizados. Entendo que muitas vezes a igreja está em um bairro
desses serve como uma Antioquia que distribuirá para as demais localidades, é
um centro missionário. Mas na prática não é o que vemos. Outro fator
interessante é que as igrejas transformaram sua missão em uma guerra
dicotômica; só se tem interesse na quantidade de “almas salvas” e não na vida
dessas pessoas que abraçam a fé. Trabalhos educacionais precisam ser feitos,
abertura de escolas confessionais precisam ocupar nossa agenda, um trabalho social
mais intenso também deve ser considerado. Ao lembrarmo-nos dos mandatos:
espiritual, social e cultural, não devemos somente apreciá-los em nossa leitura
e reflexão, mas empregar o que as Escrituras nos dizem e na nossa missão quanto
igreja.
Ao termos um avanço
desenfreado do neopentecostalismo nos centros urbanos no Brasil e em minha
realidade geográfica no nordeste do país, observo que não há tamanha urgência
em muitas denominações, na verdade o que ocupa a agenda de muitas igrejas é sua
reforma do templo, a compra de aparelhagem de som top de linha e bons
instrumentos musicais. Tudo isso é importante, mas, não mais importante do que
a pregação do Evangelho. Enquanto estamos aqui em nosso narcisismo eclesiástico
pessoas estão precisando ouvir a mensagem de salvação e a forma que Deus
determinou para que essas pessoas sejam salvas é a pregação do Evangelho de
Cristo. Devemos reformar nossos templos e termos na medida do possível uma boa
aparelhagem de som, no entanto muitas vezes igrejas muito preocupadas com isso
tem uma contribuição ínfima com missões. Minha crítica não é a termos zelo pelo
templo, devemos ter, mas o trabalho de pregação da igreja não deve estar
restrito aos cultos, devemos ir como Jesus ensinou.
Como disse no início do
artigo, dados são importantes para que de certa forma visualizemos a realidade
da urgência da missão para igreja brasileira e o incrível que os dados que
passarei aqui não são de povos distantes de nós, pelo contrário.
Temos oito principais
grupos a serem alcançados no Brasil, a saber:
- Os indígenas, com 117
etnias sem presença missionária;
- Os ribeirinhos, cerca de
10.000 das 37.000 comunidades ribeirinhas da bacia amazônica sem a presença de
igrejas evangélicas;
- Os Ciganos,
principalmente da etnia Calon, com apenas 1.000 crentes professos dos 700.000
Ciganos Calon no Brasil;
- Os Sertanejos, com
aproximadamente 6.000 assentamentos rurais que não tem uma igreja evangélica;
- Os Quilombolas, com uma
estimativa de 2.000 comunidades sem igrejas;
- Os Imigrantes, com uma
população de quase 300.000 de mais de 100 países, inclusive 27 países com
restrições para a entrada de missionários;
- Surdos, temos pouco mais
de 90.000 crentes confessos, no entanto temos uma população de surdos de
aproximadamente 9 milhões de pessoas;
- Os mais ricos e os mais
pobres, as taxas de presença evangélica nesses grupos é muito pequena.*
Diante de dados assim
devemos parar e refletir o quanto temos que fazer e que não podemos ficar de
braços cruzados, devemos orar, contribuir, enviar. Devemos fazer os três e não
um só, devemos ir, contribuir e orar. Centros urbanos têm muitos imigrantes que
podem ser evangelizados e estes serem os missionários do seu povo, precisamos
atentar para o que Deus tem posto em nossas mãos. Deus é quem salva, Deus não
depende da igreja, mas o imperativo foi dado a nós “indo e fazendo discípulos”.
Muitos jovens tem saído dos seminários teológicos e poucos destes tem interesse
por missões. Muitos pensam em pastorear grandes igrejas e ganhar bons salários
como pastores ou dar aulas em seminários, mas não se preocupam com os não
alcançados, essa não era a realidade do Apóstolo Paulo:
Mas em nada tenho a minha
vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o
ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da
graça de Deus. (Atos 20 : 24)
Gostaria de finalizar com
alguns pedidos de oração:
- Ore para que Deus
desperte igrejas para a urgência do trabalho missionário;
- Ore para que os
seminários teológicos desenvolvam um bom treinamento missiológico para futuros
pastores e missionários;
- Ore para que Deus
levante os vocacionados;
- Ore para que tenhamos um
maior material missiológico no Brasil no que se refere à literatura
missiológica das nossas realidades socioeconômicas e antropológicas;
- Ore para um maior
comprometimento das igrejas tanto financeiro quanto de apoio e cuidado pastoral
para com os missionários que estão no campo;
- Ore para que os
missionários enviados sejam fieis a sã doutrina e não se deixem governar por
modismos ou experiências, e tenham seu trabalho dirigido pela Escritura
Sagrada.
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*Revista Aliança
Missionária, ano V, Nº7.
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