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12 de mai. de 2015

Pregando Cristo e proclamando Sua Graça a partir de Sofonias

Por Morgana Mendonça dos Santos

O livro de Sofonias é pouco ensinado em nossos púlpitos, com três capítulos apenas, a ênfase é no Juízo Divino sobre a humanidade (1.2-3)  e sobre o Seu próprio povo (1.4-6). Esse dia está próximo (1.7,14) e o profeta oferece detalhes na descrição (1.15). Sofonias aponta outras peculiaridades diante dos 16 livros proféticos a começar por sua genealogia. 

"Palavra do Senhor que veio a Sofonias, filho de Cuchi, neto de Gedalias, bisneto de Amarias e trineto de Ezequias, durante o reinado de Josias, filho de Amom, rei de Judá:" Sofonias‬ ‭1‬:‭1‬

Identificamos primeiro que a Palavra é do Senhor e Sofonias é o receptor. O livro tem no primeiro e último verso a ênfase da palavra do Senhor (1.1; 3.20). Mostrando assim sua fonte autoritativa inquestionável. Diferente de muitos profetas é observado algo importante, isto é, Sofonias é trineto do rei Ezequias, uma descendência monarca fiel ao Senhor. Um israelita, não um etíope. Sua nacionalidade é clara, pois todos os nomes da sua genealogia incluindo o seu contém o sufixo "Yah" (proveniente de Yahweh), que é uma forma do nome do Deus de Israel. Em português o sufixo é "ias". A genealogia mais detalhada de um profeta do AT. A Palavra do Senhor veio no reinado de Josias, filho de Amom. Notamos que Josias (640-609 a.C.) é um rei fiel ao Senhor, com apenas oito anos de idade foi declarado autoridade em Israel e reinou para o bem do seu povo. Foi aquele que ao encontrar o livro da Torá começou uma grande reforma em Israel, restaurando a aliança com IAVÉ. (2 Rs 21.26-23.30; 2 Cr 33.25-35.27) 

Sofonias significa "IAVÉ escondeu/protegeu", ele é um auxílio profético da parte do Senhor logo após o rei Josias encontrar o livro da lei aproximadamente em 622 a.C. A ira de um Deus todo poderoso e o amor de um Deus todo gracioso é o que encontramos nesses três capítulos. A justa ira de Deus sendo revelada no capítulo um, definindo assim a temática do livro em o "grande Dia do Senhor". E no final do livro é revelado a graça poderosa e incondicional do Senhor, Criador de todo o universo. É dito que o capítulo 3, verso 17 de Sofonias é o João 3.16 do AT. 

"O Senhor teu Deus está no meio de ti, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo." Sofonias 3.17

O termo herói poderoso (gibbôr) frequentemente se refere a um guerreiro que domina seus inimigos. Ou seja, o nosso Rei é poderoso para nos salvar, como um guerreiro que domina sobre seus inimigos e fará isso por aqueles que assim aprouve escolher. Esse enfático "Ti" no verso 17 não significa todos os homens da terra, e sim aqueles que Ele preservou, trazendo conversão e purificação (3.9). Esse "ti" do profeta obviamente contém a limitação da definição contextual. Segundo Palmer Robertson [1], "esse é o 'ti' que denomina-se 'Jerusalém', 'Sião', 'Israel' (14-16). Ninguém, a não ser os eleitos de Deus, são os objetos desse amor todo-consumidor. A razão do amor de Deus por eles não reside neles mesmos, nem em algo que porventura exista neles. É na natureza do próprio Deus que se pode descobrir a única explicação para tal amor. (1Jo 4.8) O convite desse amor: alcança a amplitude que se estende 'dalém dos rios de Cuxe' (3.10), este incompreensível amor de Deus abraça a todos os 'seus suplicantes' (3.10), não importando a sua origem étnica ou moral, onde estiverem, esse amor imutável de Deus alcança todos os que 'invoquem o nome do Senhor' (3.9).

E sobre isso Sofonias deixa bem claro, que do Senhor é a salvação. 

"Pois então darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, e o sirvam com o mesmo espírito". Sofonias 3.9

O tema sobre o Dia do Senhor é tratado por vários profetas, no entanto, Sofonias centraliza bem essa temática, tornando o livro um tratado sobre a justa ira de Deus. Para Sofonias o Dia do Senhor será o último dia, sua perspectiva é apresentada logo nos primeiros versos, declarando a destruição total da humanidade. Diante dos primeiros versos encontramos a ênfase universal, então, como conciliar ao tempo de Noé em que Deus disse não mais destruir a terra? Gn 6.7 - 8.21 - Como é possível, porém, que Deus viesse a violar as provisões do solene aliança pactual que fez com Noé? Porventura Deus não dissera que não mais haveria de destruir toda a carne da face da terra? É provável que na mente de Sofonias a solução poderia estar no conceito que ele tinha desse grande dia de destruição, como sendo o dia final. A promessa de Deus só era válida "enquanto durar a terra". (Gn 8.22)

O capítulo derradeiro do livro revela a graça soberana de Deus, Ele - o Rei que está no meio de ti - preservou um remanescente (3.13), um povo eleito para escondê-lo no grande dia. "O Dia do Senhor trará não só destruição a quem não se arrepender, mas purificação ao remanescente (9-13). Esta feliz ocorrência ocasionará regozijo mútuo entre Deus e seu povo (14-20)". [2]

Cristo e a Sua graça nesse livro, como um Rei, um guerreiro que domina sobre seus inimigos e é Aquele que se regozija em amar os seus eleitos. Eis um poema de amor pessoal no verso 17, os verbos deleitar; renovar: regozijar transmitem essa ideia de amor incondicional. A presença de Deus no meio do Seu povo, de forma imanente e transcendente, revelando o Emanuel - Deus Conosco (Is 7.14). Concluímos, portanto, que Deus em Cristo ama seu povo escolhido. 

Eis um trecho que transmite graça da parte de Deus...

"Cante, ó cidade de Sião; exulte, ó Israel! Alegre-se, regozije-se de todo o coração, ó cidade de Jerusalém! O Senhor anulou a sentença contra você, ele fez retroceder os seus inimigos. O Senhor, o Rei de Israel, está em seu meio; nunca mais você temerá perigo algum. Naquele dia, dirão a Jerusalém: “Não tema, ó Sião; não deixe suas mãos enfraquecerem. O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar. Ele se regozijará em você; com o seu amor a renovará, ele se regozijará em você com brados de alegria". Sofonias‬ ‭3‬:‭14-17‬

A Deus toda Glória.
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NOTAS:
[1] ROBERTSON, Palmer. Comentário do Antigo Testamenro: Naum, Habacuque, Sofonias. Editora Cultura Cristã, p. 425-426.
[2] ROBERTSON, Palmer. Comentário do Antigo Testamenro: Naum, Habacuque, Sofonias. Editora Cultura Cristã, p. 393.

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