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7 de jun. de 2015

Cristianismo e Música (1/4)

Por Hans Rookmaaker

Deveríamos almejar ser uma subcultura?

Implícita na palestra Rock e Protesto estava a questão: “O que nós, como cristãos, vamos fazer com o Rock?” Quero tratar desta questão de um modo explícito, apesar de me ater somente ao Rock.”

O tópico “Cristianismo e Música” é parte de um tema mais abrangente, “cristianismo e cultura”, o qual pode ser dividido em duas partes: nossas próprias formas culturais e o nosso relacionamento com a cultura que nos cerca.

Primeiramente, nossas próprias formas culturais. Ser humano é ser cultural. Não há outra possibilidade. Se você decidir viver em uma caverna sem roupas quentes e comer apenas sopa e pão, então você poderia dizer que fugiu da cultura. Eu lhe diria que você criou o seu próprio tipo de cultura, uma cultura muito ascética, mas, ainda assim, uma cultura (um estilo particular de viver). Cultura é um estilo de vida: o modo pelo qual fazemos as coisas, as coisas que observamos, as coisas que amamos, as coisas que não amamos e colocamos fora da nossa órbita. Não podemos escapar da cultura, pois somos humanos.

Muitos evangélicos olham para a cultura com total negatividade. Essa é a cultura deles: serem negativos para com a cultura. Por esta razão, nós do L’Abri sentimos que precisamos dar uma pequena contribuição para que isso mude. Por essa razão, temos um concerto como parte desta conferência do L’Abri nos EUA. Não vemos esse concerto como um anexo supérfluo ou de menor importância. Muito menos o vemos como um simples ornamento ou diversão. Não, ele é algo central em relação a mensagem que defendemos. Fui abordado por alguém que perguntou: “Por que vocês incluíram um concerto nessa conferência? O que um concerto tem a ver com cristianismo?” Eu respondi: “Tudo! É o nosso estilo de vida!.”

Outro argumento importante a se fazer quando pensamos em cristianismo e cultura é que nunca deveríamos almejar ser uma subcultura. De certo modo é inevitável tornar-se uma subcultura. Tão logo você tenha um grupo de pessoas reunidas e que têm seus próprios costumes, nasce certo tipo de subcultura. Isso em si não é algo ruim. Mas acho que não deveríamos fazer disso nossa meta, pois a tarefa do cristão é ser parte da cultura como um todo. Nossa missão não é apenas para nossos amigos, mas para o mundo,  a nação e a cultura na qual estamos inseridos. Cristo disse: “Vocês são o sal do mundo.” Ele quer que sejamos “o sal que salga” de modo que combatamos a corrupção. Lutamos contra a corrupção buscando manter as coisas saudáveis e dar-lhes sabor. Não fazemos isso apenas para o nosso pequeno círculo, mas para o mundo inteiro. Lutamos por retidão e justiça no mundo à nossa volta. Pode ser que fazendo isso nos tornemos uma subcultura. Se sentirmos que todo mundo à nossa volta está agindo errado e por isso tentarmos fazer as coisas de um modo melhor ainda que ninguém queira ouvir, então isso obviamente significa que somos diferentes. Não devemos ter medo disso. Não devemos ter medo de ser uma subcultura, mas jamais deveríamos buscar ser uma.

Cerca de seis ou sete anos atrás testemunhamos a chegada da minissaia. Dois meses depois, todas as garotas cristãs já as usavam. Na minha percepção, isso ocorreu de maneira muito fácil. Não acho que as garotas cristãs devam sempre estar dois anos atrasadas em relação à moda. Não é isso que estou dizendo. Contudo, naqueles dias, usar minissaia  significava que a mulher estava disponível. Isto foi declarado abertamente pelas pessoas que a desenharam. Então não é por puritanismo que estou dizendo isso, mas por causa do contexto. Quem não quisesse parecer “disponível”, deveria se perguntar se deveria vestir tal peça de roupa. Não podemos simplesmente seguir as tendências. Nem devemos tentar. Na verdade, deveríamos tentar sermos nós mesmos.

Durante um longo período da história ocidental, os cristãos deram o tom trabalhando para o bem-estar de todos. Os princípios morais que existem na Europa Ocidental, Canadá e Estados Unidos da América têm suas raízes no cristianismo. Talvez não somente no cristianismo, mas o cristianismo indubitavelmente deu-lhes uma imensa contribuição. De certo modo, todas essas foram nações cristãs. Claro que nunca o foram perfeitamente e não significa que todas as pessoas eram cristãs. Porém, se a monogamia está presente nas leis de todos os países ocidentais, podemos dizer que esse fato veio do cristianismo. Todavia hoje as coisas estão mudando. Os cristãos estão se tornando uma pequena minoria, isto é, os cristãos que realmente creem na Bíblia.

Otimismo Equivocado

Sendo uma pequena minoria, como deveríamos agir? Mais do que nunca, devemos ler o Antigo Testamento, particularmente os profetas, pois eles falam de uma situação parecida: uma nação que originalmente era temente a Deus estava O renegando o Criador. Havia um pequeno grupo que ainda acreditava: 7000 pessoas que não se curvaram. Eles confrontaram os outros: “Retornem ao Senhor e sejam abençoados.” Creio que deveríamos fazer o mesmo. Nosso primeiro chamado não é evangelizar, mas sermos profetas e dizer: “Voltem-se para o Senhor. Se não, Deus virá com o seu julgamento.” Sofonias declarou: “Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juizo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura sereis escondidos no dia da ira do Senhor.” (Sofonias 2:3).

Primeiramente, busque retidão (justiça). É muito difícil para os jovens de hoje terem um estilo de vida diferente de todos à sua volta. As pressões sociais são muito grandes. Mas, ainda assim, isto é o que somos chamados a fazer: sermos retos (justos). Isso não significa que devamos ser antiquados; podemos ser retos de uma forma nova. Em segundo lugar, Sofonias nos invoca a buscar a humildade. Isso implica  aceitarmos que somos minoria e que não mudaremos o mundo. Não podemos simplesmente dizer: “Sigam-nos e tudo vai dar certo.” Isso seria um otimismo equivocado. Precisamos compreender que, mesmo que amanhã o mundo se arrependa e se torne cristão, ainda precisaremos de pelo menos duas gerações ou mais para reerguer o que foi derrubado.

No Novo Testamento, a primeira carta de Pedro também se dirige a pessoas crentes vivendo em um mundo descrente. Os cristãos daquela época também eram uma minoria muito pequena. Pedro diz a eles que era provável que acabassem na cadeia, mas que não tivessem medo. No L’Abri holandês, sempre dizemos às pessoas que querem se tornar cristãs: “Você compreende que dentro de dez anos você pode estar na cadeia ou em um campo de concentração?” Na maior parte do mundo a situação é essa. Até mesmo muito perto daqui, na Espanha, até bem pouco tempo, rapazes de 18 anos de idade entravam compulsoriamente no Exército por um ou dois anos e tinham que ir à Missa todo domingo pela manhã. No momento da transubstanciação, eles tinham que apresentar armas. Se você fosse protestante, não poderia fazer tal coisa e, consequentemente teria que passar seu período de serviço militar na cadeia. Assim,  estamos em uma situação excepcional em que ainda podemos falar livremente em nossos países. Contudo isto pode não durar muito tempo. Sejamos humildes.

 Fonte:L'abrarte

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