Recentemente li uma pesquisa
feita pela sociedade bíblica estadunidense, e apontava que mais de 50% dos
pastores daquele país nunca leram toda a Bíblia, e estamos falando de uma
pesquisa que se baseia unicamente na resposta dada pelo entrevistado, isto é,
este número, pode e deve ser muito maior. Uma outra pesquisa aponta que pelo
menos 85% dos pastores em serviço hoje no Brasil não possuem formação teológica
alguma... Ok, são pesquisas feitas em duas nações diferentes, mas acredito ser
possível traçar algum paralelo.
Nos EUA o percentual de pastores
formados ou com alguma formação teológica supera 65% segundo alguns dados da
Convenção Batista daquela nação. Agora tracemos o seguinte paralelo: Se em uma
nação tradicionalmente protestante, onde pelo menos 65% dos pastores possuem
algum tipo de formação teológica, mais de 50% dos pastores nunca leram toda a
Bíblia, como fica a situação em um país onde o número de pastores sem nenhuma formação é
a esmagadora maioria?
Primeiro, preciso explicar que não
creio que a formação teológica é que faz o pastor. Não creio que um bom pastor
é aquele que fez graduação, mestrado e doutorado em Teologia. Entendo que
formação não é o principal, mas pelo menos, é o básico. Ao verificar na maioria
das denominações que não exigem nenhuma formação (nem mesmo no nível básico,
como Escola Bíblica Dominical), o nível da Palavra é levado ao extremo da
especulação, confusão e distorção. O alimento saudável que é a Palavra é
transformado em um pasto insosso e pisoteado sem nenhum valor nutritivo espiritual
para a igreja.
É sabido que a não exigência de
formação teológica está ligada a denominações que visaram um crescimento
rápido. Inicialmente, explicou-se essa expansão com a urgência da pregação da
Palavra de Deus. Veja, a intensão era boa, não quero levantar nenhum tipo de
acusação a pastores nas décadas de 1970 ou 1980 que fizeram isso, acontece
que essa prática acabou por ser usada para a expansão comercial do Evangelho.
Hoje, a urgência é um crescimento econômico da igreja. Se em anos anteriores
essa prática levava em conta homens que dedicavam-se ao Reino e por isso, mesmo
sem formação, eram consagrados pastores, hoje, essa prática consagra homens
comprometidos com a denominação. Muitos administradores e gestores, animadores de
palco e comediantes.
Recentemente a formação teológica
voltou à moda no Brasil, mas como era de se esperar em um pseudo-cristianismo
que despenca ladeira abaixo, surgem seminários e cursos de Teologia EAD sem
nenhuma estrutura, sem nenhuma referência e sem nenhum compromisso com o
ensino, apenas como mais uma forma de arrecadação para ministérios de líderes
neopentecostais. Uma farra na venda de diplomas de graduação e pós-graduação,
que são chancelados por personalidades do universo gospel brasileiro, como
cantores e pastores que igualmente não possuem nenhuma formação.
A igreja institucional paga pela
incompetência espiritual de pastores que são extremamente competentes em seus
próprios desígnios. Seus objetivos são claros, não há necessidade de formação
teológica para eles, mas de conhecerem funções financeiras no Excel e oratória
para usar o microfone.
Maranata!
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