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14 de jul. de 2015

O Princípio dos Relacionamentos

Por Thiago Oliveira

Introdução

Vivemos em um tempo onde a afetividade é a lei que rege os nossos relacionamentos. Afetividade seria o ato de se relacionar com algo ou alguém baseado em sentimentos, tais como o prazer. Se determinado relacionamento provoca uma sensação de bem-estar, segurança e deleite, então as pessoas se jogam nesses relacionamentos.  Caso esses sentimentos não estejam presentes, então não existe interação. Abandona-se o compromisso da relação. Assim vive o mundo.

Mas, seria a afetividade o princípio que pauta os relacionamentos dos cristãos? Ou melhor: Deveria ser? Esse texto visa dar uma resposta para esses questionamentos. Como povo de Deus, precisamos ter a resposta correta, pois relacionar-se com o Divino é coisa muito séria.  Para que a resposta seja convincente, precisamos consultar a Bíblia, pois ela é o nosso parâmetro.

Afetividade X Ética

No Antigo Testamento, Deus se relacionou com a nação de Israel de uma maneira especial.  Aquele povo foi graciosamente incluído no Pacto. O relacionamento tinha o próprio Deus como parâmetro, que exigia obediência aos seus mandamentos, pois o Santo dos Santos havia separado para si um povo santo. Assim lemos em Levítico 20. 7-8:

"Consagrem-se, porém, e sejam santos, porque eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Obedeçam aos meus decretos e pratiquem-nos. Eu sou o Senhor que os santifica.”

Fica claro que o princípio da relação estava ligado ao dever dos israelitas cumprirem os preceitos divinos. Desobedecer levaria Israel à expulsão das terras que o Senhor lhes havia presenteado: "Obedeçam a todos os meus decretos e leis e pratiquem-nos, para que a terra para onde os estou levando para habitarem não os vomite”. Levítico 20:22.

Obedecer é condição sine qua non para desfrutarmos da benção de um relacionamento com o Senhor. Portanto, é uma relação que tem como princípio a Ética. Isso quer dizer que temos o dever de andarmos segundo aquilo que está prescrito na Palavra, pois o autor da Palavra é Deus, e Ele zela pelo cumprimento dela. Muitas vezes, obedecer aos mandamentos divinos não nos dará uma sensação de bem-estar, muito pelo contrário. Em diversas ocasiões a obediência nos fará rejeitarmos muitos dos prazeres que o mundo nos oferece.

Nossa sociedade tem um lema: “Faça aquilo que seu coração mandar e seja feliz”. Mas, sabemos que o coração do homem é enganoso (Jeremias 17.9). Felicidade não é fazer o que se quer, passando por cima dos mandamentos. Já imaginou o apóstolo Paulo fazendo apenas o que lhe dava prazer e bem-estar? Ele nunca teria sido o homem que foi. Para se colocar no centro da vontade de Deus o apóstolo enfrentou perseguição, injúrias, foi açoitado, preso diversas vezes, viajou em precárias condições de higiene e passou por perigos, chegando a naufragar. Tudo isso para pregar o Evangelho e cumprir com o seu dever, pois havia sido comissionado por Deus para desempenhar tal função.

Já imaginou Paulo cantando: “Deus realiza meus sonhos”? Não, ele não correu atrás de seus sonhos e nem quis uma felicidade hedonista - pautada no prazer. Paulo era um judeu de estirpe. Tinha uma carreira brilhante como fariseu, podendo ser o grande expoente daquele grupo religioso-político que crescia em notabilidade dentre a comunidade judaica. Mas o apóstolo não se vangloriou disso. Ele assim escreve:

“Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo”.

Filipenses 3:7-8

Infelizmente a afetividade tem norteado muitos dos que se dizem cristãos. Eles querem servir a Deus tendo algo em troca. Eles querem comodidade. Querem sentir bem-estar através de experiências místicas. O sentir-se bem virou parâmetro. Lamentável! Agir assim é mudar aquilo que Deus estabeleceu como base para nos relacionarmos com Ele.

Não nego que exista afeto quando estamos envolvidos com o Senhor. É uma relação que também engloba a área sentimental. Existe amor nisso, todavia, a definição bíblica para o amor não é mero sentimentalismo, é atitude. Fazer o que é certo, o que está prescrito na Bíblia, mesmo que não nos cause deleite é amar ao Senhor. Em João 14:15 Cristo fala aos seus discípulos: "Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”.

Os Relacionamentos Humanos

Em Levítico 20 existe uma lista de pecados envolvendo relações íntimas. O adultério, o incesto, a sodomia, relações sexuais com parentes de primeiro grau e zoofilia são atos pecaminosos que desagradam a Deus. E aqui temos o mesmo parâmetro para os relacionarmos entre si: obediência a Palavra.

A sexualidade foi algo criado por Deus para o deleite do casamento. Adão e Eva foram criados para formar uma família, dando origem a outras famílias. Por isso que o sexo, algo que provoca prazer, não pode ser praticado como bem se quer em nome da felicidade. Pode ser bom como for, o sexo fora do casamento é pecaminoso e afronta a Deus.

Precisamos entender o que é o casamento. Ele é uma instituição moral, e não afetiva. Novamente ressalto que pode ter afeto, mas a sua base está no dever. Por isso que existe o juramento. Um casal diante do altar geralmente diz que vai ficar junto: na saúde, na doença, na alegria, na tristeza, na riqueza ou na pobreza, até que a morte os separe. Isso é dever e não mera afetividade.

O casamento, conforme o Senhor instituiu, é heterossexual, monogâmico e indissolúvel (leia Gênesis 1: 27-28 e 2: 21-25). O escritor de Gênesis vai dizer que o motivo dos homens deixarem pai e mãe para formarem novas famílias está atrelado ao fato de Deus ter criado homem e mulher e dando-lhes a ordem de serem fecundos e povoarem a terra. O sexo, abençoado por Deus, no casamento, faz com que o casal se torne uma só carne. Cristo corrobora esse texto ao ser indagado sobre o divórcio:

“Mas no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’.‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe”.

Marcos 10:6-9

Hoje o casamento vem sendo diluído. A desculpa de que o amor acabou é a principal razão para se pedir o divórcio. Isso fere os padrões bíblicos. Além da morte, apenas o adultério pode levar um casal a se separar, assim diz a Escritura (Mateus 5:32). Todavia, o melhor caminho nesses casos é o perdão. O divórcio foi concedido devido à dureza do coração humano, mas não deve ser a primeira solução. Mas alguém indaga: “não estou feliz com meu cônjuge, não posso me separar? Deus não quer minha felicidade?”. Se a felicidade quebra o dever matrimonial, então Deus não a quer. Felicidade, conforme a Bíblia está lá em provérbios 8:32: "Ouçam-me agora, meus filhos: Como são felizes os que guardam os meus caminhos”!

Por isso que a homossexualidade não pode ser defendida por cristãos. Ela muda o curso natural da sexualidade, criada para o usufruto de um homem com sua mulher. Não interessa se duas pessoas do mesmo sexo sentem afinidade e atração sexual uma pela outra. É moralmente errado. Diante disso, o conceito de “casamento homossexual” não tem nenhum respaldo bíblico. Nem mesmo a afetividade pode ser usada como argumento favorável.

Conclusão

Como cristãos, somos o povo de Deus: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” 1 Pedro 2:9. A obediência é o princípio que regula nosso relacionamento com o SENHOR e com as demais pessoas. Precisamos fazer o que é certo, independente do que sentiremos.

Para chamarmos Deus de “nosso”, precisamos seguir seus estatutos. Que o Senhor nos ajude a fazer a Sua vontade. Que nossas vidas glorifiquem o Criador que nos fez para termos intimidade com Ele.

Ao SENHOR toda a glória!

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