Por Paulo Júnior*
Querido Ed Renné Kivitz;
Sempre tive imensa admiração a
sua pessoa, já cheguei a afirmar que você é um dos melhores oradores dos nossos
dias. Sua capacidade de organizar e transmitir ideias, sem consultar esboço,
rascunho ou resenhas, sempre foi, por mim, apreciada. Contudo, nos últimos anos
tenho observado uma mudança significativa em seu discurso, sobretudo através de
textos e vídeos na internet. Há tempo queria escrever-lhe, mas me sentia
preocupado em você não entender minhas motivações e preferi me conter. Por isso,
gostaria de iniciar essa resposta afirmando que tudo que escreverei aqui é com
amor, temor e responsabilidade.
No dia 05 de agosto, o senhor
publicou em sua página do Facebook uma nota denominada Divórcios,
utilizando inicialmente o texto do profeta Amós: “Duas pessoas andarão juntas se não estiverem de acordo?”.
Desnecessário dizer que o texto
está fora de seu contexto, pois o profeta não está falando sobre casamento e
divórcio. Amós enxerga a podridão social e moral de Israel e Judá e seu
relacionamento estreito com o povo pagão, mas meu objetivo, por hora, não é
fazer uma exegese do texto bíblico, seria muita pretensão e arrogância de minha
parte querer ensinar um Mestre em Ciências da Religião, como o Senhor. Quero me
ater ao seu texto, onde você inicia dizendo que “a deterioração de um relacionamento de amor é responsabilidade do
casal”.
Concordo com a frase, no
entanto, devemos considerar o conceito de casamento a luz das Sagradas
Escrituras. O Senhor Jesus define casamento do seguinte modo, quando diz, em
Mateus 19.5-6, "Portanto, deixará o
homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne. Assim,
não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe
o homem?”.
Como é possível observar, o
casamento não é um relacionamento puramente baseado no amor, antes é um pacto
entre duas partes (homem e mulher), um compromisso instituído por Deus e
reconhecido legal, social e religiosamente. Em todos os textos bíblicos onde se
fala a respeito do casamento, a ênfase é sempre que o casamento deve ser
permanente. Ele (o casamento) deve durar até a morte de um dos cônjuges ou em
caso de adultério de uma das partes, todavia, para este segundo caso
recomenda-se que o perdão seja oferecido. Portanto, não é exagero dizer que o
matrimônio deve ser mantido a todo custo.
Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje, quase 140 mil casamentos
são cancelados por ano no Brasil. Em 2006, o número não chegava a 80 mil. Esse
é o resultado de nossa cultura.
Ao que me parece, muitos
pastores e igrejas estão se adaptando e se amoldando a essa cultura pós-moderna,
contudo, o apóstolo Paulo exortando os irmãos em Roma escreveu o seguinte: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de
experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
No fim de seu texto, o Senhor
diz que o divórcio é como uma amputação, mas a vida seguirá seu caminho.
Parece-me que a única alternativa encontrada para a deterioração de um relacionamento de amor é a dissolução da relação
de matrimônio, estabelecida uma vez, diante de si, do cônjuge, de Deus e de
algumas testemunhas.
Seria mais sensato, que, como
pastor, o Senhor ensinasse sobre as dificuldades que há em um casamento, e que
neste compromisso, deve haver sofrimento, benignidade, não ter espaço para
inveja, leviandade, soberba, indecência. Ao contrário do divórcio que é cada um
buscando seus próprios interesses. No casamento deve-se antes buscar os
interesses do outro. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Infelizmente Kivitz , centenas
de pessoas lerão seu texto. Algumas, inclusive, passando dificuldades em seus
casamentos e se sentirão encorajadas a buscar o divórcio. Espero, de coração,
que você reveja seus conceitos, lembre-se de onde caiu e retorne ao primeiro
amor, começando por considerar as Escrituras Sagradas como a infalível Palavra
de Deus.
Em Cristo,
Paulo Júnior
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Paulo Júnior é estudante de Teologia pelo Seminário Martin Bucer, graduado em Análise de Sistemas com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos. É casado e pai de três filhos.
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Paulo Júnior é estudante de Teologia pelo Seminário Martin Bucer, graduado em Análise de Sistemas com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos. É casado e pai de três filhos.
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