Por Thiago Azevedo
Imagine
que um grupo de pessoas começa um novo empreendimento na área alimentícia. A
produção vai de vento em poupa e os resultados financeiros que foram
programados em longo prazo começam a serem vistos em curto tempo. O grupo se encontra extasiado com o sucesso e
só falam em prosseguir com a produção e as vendas. Porém, um imprevisto ocorre.
Pessoas começam a adoecer ao ingerir aquele alimento produzido, elas passam mal
e muitos começam a dar entrada em hospitais diversos. O caos é notório. Qual
deveria ser o procedimento daquele referido grupo de empreendedores em relação
à sua produção? Temos três alternativas:
1) Continuar a todo vapor as vendas, mesmo
sabendo que seus clientes vão passar mal e correr risco de morte.
2)
Parar a produção e refletir sobre os ingredientes da receita, encontrar os
possíveis erros, pois antes não ocorria este tipo de problema, corrigi-los e
retornar às atividades de venda.
3)
Abandonar tudo e decretar falência.
Qual
você escolheria?
Nossa
opinião recai sobre a alternativa de número 2. Pois, a partir de uma base
reflexiva se encontraria o problema e este seria corrigido. Com isso as vendas
regressariam e consequentemente todo o sucesso anterior seria retomado.
A
grande pergunta que vos faço a partir desta pequena analogia é a seguinte: Por
que não se age assim em relação à prática do Evangelismo moderno? O produto
está sendo fornecido com algum erro na receita, o que tem levado muitos a
adoecerem. O Evangelismo contemporâneo tem sido muito marcado pelo aspecto
emocional e não pelo aspecto teológico-reflexivo. É preciso sentir menos a
presença de Deus e vivê-la mais. Quem sente, logo, logo não sente mais, é igual
a dor de dente, às vezes demora, mas passa. A presença de Deus precisa ser
vivida, pois viver é diferente de sentir. Os clichês e jargões têm permeado todo
o ambiente do evangelho brasileiro, com isso a prática do evangelismo moderno
também é afetada. Um dos clichês mais utilizados na evangelização moderna é
este: “Deus tem um grande plano para realizar na sua vida”. Meus
irmãos, bem possível seja que quem profira estas palavras em direção a alguém na
evangelização esteja repleto de boa vontade e até com o coração puro, bem
intencionado, porém, boa vontade, boa intenção e coração puro só são de bom
proveito no reino de Deus quando se coadunam com a vontade de Deus expressa nas
Sagradas Escrituras. Será que Davi não estava cheio de boas intenções e com o
coração puro quando carregou a Arca da Aliança sobre bois, em festejo pelo regresso
da Arca que estava sob domínio filisteu (1 Crônicas 13: 6-8)? Será que Uzá não
estava repleto de boa vontade e de coração puro quando tentou livrar da queda a
Arca da Aliança a segurando (1 Crônicas 13: 9-10)? A resposta é sim, mas a Arca
da Aliança não era nem para ser carregada por bois (e Davi conhecia o preceito
divino [1 Crônicas 15: 1-2]) nem muito menos ser tocada por mãos humanas. As
consequências destes atos foram trágicas, mesmo mediante a boa intenção, boa
vontade e coração puro dos personagens em questão. Parece-nos que o ambiente de
festa suprime todo e qualquer senso reflexivo, como já mencionamos. Davi e seu
séquito estava festejando o regresso da Arca do Senhor do domínio dos filisteus
para o domínio israelita, motivo suficiente para comemoração, mas comemorar não
significa deixar a emoção sobrepujar à razão, o que mais tem ocorrido. Não
quero aqui colocar a razão no trono e vê-la como a rainha soberana. Mas um bom
senso reflexivo em todas as áreas da vida, juntamente com canja de galinha, não
faz mal a ninguém – e isso faltou a Davi na ocasião mencionada.
O
Evangelismo moderno, sobretudo aquele que envolve os jovens, é marcado por uma
verdadeira festa nas ruas, mais parece um carnaval fora de época. Grupos de
jovens nos semáforos, muitos deles com a face pintada, outros até segurando
faixas com dizeres cristãos enquanto o semáforo está vermelho, outros
entregando literaturas etc. Sabe-se de igrejas que formam grupos e estipulam
metas evangelísticas para estes grupos; quem entregar mais panfletos e quem
conseguir maior número de conversões é o campeão, e no final do dia, ainda rola
um lanchinho para o grupo vencedor enquanto o grupo perdedor vai servir os
campeões. Deva ser por este ambiente festivo que envolve a evangelização moderna,
sobretudo a que se utiliza de pessoas jovens sem o devido treinamento, que
muitos pontos principais do evangelho em si, e a capacidade reflexiva, são
suprimidos. Se se erra no início, tudo mais que vier após isso, estará errado
também. Ou seja, aparentes conversões, aparentes novos cristãos e um aparente
“Evangelho” sendo alimentado. Um “Evangelho do Falso”: falsas conversões, que
geram falsos cristãos, que geram falsa adoração, que geram uma falsa
compreensão da genuína Fé Cristã. Como dizíamos anteriormente, o clichê que “Deus
tem um plano para realizar na sua vida” é grande prova disso. Está carregado
de emocionalismo de festejo, mas de pouco senso de reflexão Bíblico-teológico.
Na realidade, Deus não tem plano nenhum para realizar na vida de seu ninguém.
Sabe por quê? Porque Ele já realizou! O plano redentivo da salvação já fora
realizado por Deus na vida de sua igreja e esta notícia é muito mais atrativa
do que àquela anterior (de que o plano ainda estar por ser feito). É muito
melhor saber que alguém já fez algo de bom para nós do que saber que ainda vai
fazer.
Parafraseando
o professor Leadro Karnal, “o maior desafio dos cristãos modernos é
cristianizar os próprios cristãos”. Entendemos que é muito melhor propagar uma
fé bem digerida do que propagar uma fé inacabada ou com uma falha na receita
principal que adoece pessoas. Uma fé bem digerida, ruminada e processada gerará
frutos com sementes, e não frutos ocos sem conteúdos. Algumas alas cristãs de
nosso país precisam de fato cessar com a propagação de uma fé mal digerida, que
mais adoece do que faz bem. Parar com a propagação de um evangelho que se distingue
da receita principal. Precisam regressar ao ambiente interno, rever o que está
errado, corrigir, e depois voltar às ruas propagando uma fé bem digerida e que
gera saúde espiritual. Não se pode continuar fornecendo um alimento que faz mal
por tempo prolongado! Os consumidores correm risco eminente de morte! E em
muitos casos, o óbito já fora atestado!
Você está entendendo tudo errado. Em parte você tem razão. Mas será se o problema está realmente no evangelismo moderno ou nas igrejas conservadoras engessadas em formas que não dialogam com o homem contemporâneo? Jesus, em todo o seu ministério, foi simples. Absolutamente simples. Fazendo analogias e parábolas que dialogavam com a cultura daquele tempo e naquele lugar. Jesus não está dentro da Teologia. Jesus não está dentro dos dogmas. Jesus não está de forma alguma fechada em qualquer caixinha... Jesus era simples, andava nas ruas, dialogava com as pessoas nas ruas e de forma a se fazer compreendido por elas. O evangelismo moderno tenta, pelo menos até onde sei, apresentar Jesus de uma forma que as pessoas entendam.
ResponderExcluirEntenda que na sua analogia inicial sobre a empresa na área alimentícia, não é apenas o evangelismo que é o alimento, mas principalmente as igrejas as quais essas pessoas são encaminhadas. Todas devem funcionar de forma coerente para que não produza doenças...
Se dê ao luxo de se perguntar, onde está o problema?
Sempre tive dificuldade na frase Jesus te ama para pecadores não degenerados, pois em lugar nenhum da bíblia encontro tal afirmação, ao contrário ela mostra que a ira de Deus permanece sobre ele. Só é ler Jo.3 completo e Rm.1 por que é tão difícil entender... Deus não precisa amar ninguém, Ele ama o filho e o espírito e é totalmente satisfeito Nele.
ResponderExcluirLuciana Barbosa
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