Por Pedro Pamplona*
O
vocábulo “Lulopetismo” está em grande uso no Brasil. Há tempos ele foi criado,
mas diante dos fatos recentes a palavra ganhou notoriedade. Já está, inclusive,
na Wikipédia. A junção dos nomes de Lula e do Partido dos Trabalhadores traz a
ideia de uma devoção ao partido por meio do seu principal representante. E é
isso mesmo que acontece em nosso país. Hoje vemos um grande dualismo. Os
petistas estão cada vez mais envolvidos pelo lulopetismo, enquanto o resto dos
brasileiros estão cada vez mais enojados disso. Mas o que falar de nós que
fomos salvos, ou melhor, regenerados para uma nova vida, coração e cosmovisão?
Sim, cristãos regenerados estão se deixando envolver por esse culto
político-religioso. A pergunta enfim é essa: o que minha salvação tem a ver com
o lulopetismo?
O lulopetismo não é só uma opção
política
Infelizmente
essa visão ultrapassa as urnas. A devoção ao partido através de Lula transcende
o ambiente eleitoral. Ele está impresso nos corações dos adeptos. O PT é
tratado como uma religião e Lula como o salvador. Algumas semelhanças são
nítidas e não podem ser negadas. Primeiro, as palavras de Lula são tratadas
como verdades quase que absolutas. Para os lulopetistas não importa o que diz a
justiça, a polícia, o povo, a mídia ou a oposição, Lula é infalível. Segundo,
as promessas de Lula são objeto de uma fé extremamente forte por parte dos
adeptos. Os lulopetistas creem de toda alma, mente e coração que o mundo será
melhor através dele e de suas promessas. E terceiro, os lulopetistas são
apologetas incríveis. Estão prontos a defender todos os argumentos contrários e
incrédulos. Eles realmente construíram uma religião social. E o pior, uma
religião cega, carente de verdades e bases racionais e históricas. Uma religião
construída pelo culto marxista à personalidade. O que isso tem a ver com a fé
para qual fomos regenerados? Nada!
O lulopetismo parte de uma
antropologia mentirosa
Como
eu citei, o lulopetismo é um culto marxista. E assim tem sua base filosófica no
marxismo cultural. O que diz essa base sobre o homem e a religião? Vou deixar
meu amigo Thiago Oliveira responder:
o
marxismo tem características de religião. Uma religião secularizada – é bem
verdade – pois tem sua base no materialismo. Marx era estudioso e admirador do
materialismo de Epicuro. Este filósofo grego acreditava que o mundo era composto
de átomos que do vazio (espaço) se movem verticalmente para baixo. É o desvio
do movimento dos átomos que dá origem as coisas. O homem, fruto desse desvio, é
um combinado de átomos pesados e leves, que formam respectivamente o corpo e a
alma. Os epicuristas entendiam que a alma é mortal e não eterna, uma vez que
todo composto atômico é dissolúvel. Epicuro rejeitava a ideia da eternidade dos
corpos celestes, e pretendia livrar os homens das amarras da superstição
religiosa. Embora não seja um determinismo, pois o desvio dos átomos aponta
para uma gama de possibilidades não determinadas, o atomismo epicureu mantém as
suas bases mecanicistas, sendo o homem e toda realidade material fruto da
casualidade do movimento atômico. O jovem Marx manteve essa base ontológica
para fundamentar o seu materialismo histórico. André Bieler esclarece assim o
conceito materialista marxiano: “[...] conforme as suas concepções, é o
material que precede e determina o espiritual, e não o contrário, como o ensina
a ética cristã. [1]
Em
outras palavras, o homem é fruto do acaso e busca sua realização e religião a
partir do materialismo. O que isso tema ver com a fé para qual fomos
regenerados? Nada!
O lulopetismo chega a uma soteriologia
mentirosa
O
Marxismo assume que o homem cria a religião para consolar a si mesmo diante das
situações sociais opressoras. De novo, o materialismo é a gênese da religião.
Isso é exatamente o que Marx fez e Gramsci melhorou. Eles criaram uma
soterilogia (salvação) baseada no materialismo e na fuga dessa opressão social.
Para eles a salvação está no fim da luta de classes e da relação opressor x
oprimidos. E claro, eles definiram quem está de cada lado. E claro, eles querem
acabar com a classe opressora. Mais uma vez Thiago Oliveira comenta muito bem:
Marx,
junto com Engels, criou uma soteriologia ao anunciar o fim da opressão quando o
proletariado se rebelar contra a burguesia e tomar o poder político e
econômico, controlando os modos de produção e a máquina estatal. É um enredo
religioso-escatológico […] Ora, isso frustra os marxistas que pregam o Reino
dos Céus na terra, algo que não funcionará enquanto o pecado dominar o coração
humano. [2]
Se
pararmos para pensar, todo cristão lulopetisma está numa situação de
soteriologias incompatíveis. Ele crê no reino de Deus descrito nas Escrituras e
partindo do princípio do “já e ainda não” ou crê no ideal terreno do marxismo?
Pergunto de novo: o que isso tem a ver com a fé para qual fomos regenerados?
Nada!
Nem
as manifestações de ontem [DOMINGO] me impressionaram mais do que a cegueira
ideológica dos crentes da seita Lulopetista, esforçando-se com textões,
comentários a torto e a direito e memes mentirosos para desqualificar a
movimentação popular. Pior ainda, cristãos fazendo isso e igualando-se, na
teimosia, aos “fascistas” que tanto temem (e com isso, dando infelizmente uma
bela e inadvertida mãozinha a eles). Uma vergonha. [3]
Nossa regeneração é para uma renovação
da mente
Romanos
12:2 nos lembra que a salvação, através da regeneração, é uma mudança de mente.
Crer em Deus é crer de acordo com a cosmovisão revelada por Deus. E isso exclui
o lulopetismo. As promessas de Deus a respeito da regeneração no antigo
testamento falam que Deus imprimirá suas leis (intelectuais e práticas) na
mente e nos corações do seu povo (DT 30:6, Jr 31:33, Ez 36:26-27). Fomos
regenerados para uma antropologia e soteriologia cristãs. O lulopetismo não faz
parte da agenda da nossa salvação. Ele não se encontra em lugar nenhum na
pós-regeneração da ordo salutis. Um
culto cego marxista ao PT por meio de Lula é uma religião idólatra. E para que
não haja reclamações. Termino ampliando essa afirmação. O culto cego de
qualquer ideologia secular a qualquer partido político por meio de qualquer
personalidade divinizada é uma religião idólatra. Deixemos isso em nome de
Jesus, o único pelo qual fomos regenerados para uma viva esperança eterna.
“Se
sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido
dele.”
1 João 2:29
P.S. Estou dizendo que
todos o que se dizem crentes e que apresentam marcas do lulopetismo não são
regenerados? Não. Estou dizendo que esse regenerados estão em pecado nessa
área. E como todos os outros pecado há esperança no arrependimento por meio de
Jesus.
________
* Via Vida de Graça
[2]Ibid
[3]Perfil
no Facebook do Guilherme de Carvalho
É bom enfatizar que o pecado não está em possuir e defender uma tese política, e sim em "idolatrar" um partido ou figura política, seja Lula ou qualquer outra figura. Ser Cristãos não nos proíbe de nos envolver com o tema, ao contrário, nos convoca a utilizar nosso ´poder voto e governos para estabelecer justiça e verdade em nossa nação. Ou seja, pecado é idolatrar e não pensar criticamente sobre nosso sistema político. Excelente texto!
ResponderExcluirExcelente análise expressa nesse texto! Parabéns Deus abençoe!
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