Por Thiago Oliveira
Texto Base 1 João 3:1-10
1. Vejam como é grande o amor que o
Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos!
Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.
2. Amados, agora somos filhos de
Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando
ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é.
3. Todo aquele que nele tem esta
esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.
4. Todo aquele que pratica o pecado
transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei.
5. Vocês sabem que ele se manifestou
para tirar os nossos pecados, e nele não há pecado.
6. Todo aquele que nele permanece não
está no pecado. Todo aquele que está no pecado não o viu nem o conheceu.
7. Filhinhos, não deixem que ninguém
os engane. Aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.
8. Aquele que pratica o pecado é do
diabo, porque o diabo vem pecando desde o princípio. Para isso o Filho de Deus
se manifestou: para destruir as obras do diabo.
9. Todo aquele que é nascido de Deus
não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode
estar no pecado, porque é nascido de Deus.
10. Desta forma sabemos quem são os
filhos de Deus e quem são os filhos do diabo: quem não pratica a justiça não
procede de Deus; e também quem não ama seu irmão.
Introdução
O capítulo 3 da carta fala sobre a
filiação que herdamos através de Cristo. Aqueles que são membros da igreja do
Senhor ostentam a graça de serem chamados filhos de Deus. É a partir daí que o
apóstolo vai tratar acerca de nossos deveres, pois, ser filho não redunda
apenas em privilégios, existem também as obrigações. Vejamos a partir de agora
quais são nossos deveres filiais.
Gerados do Alto (1-2)
A benção de sermos chamados “filhos
de Deus” é enfatizada por João como sendo uma evidência do tamanho do amor que
Deus tem por nós. É como se diante de uma coisa assombrosamente grande alguém
começasse a exclamar “Uau! Venham ver, olhem o tamanho disso!”. De fato, ter a
filiação divina é algo que nos deixa maravilhados e perplexos, pois, como nos
diz o apóstolo Paulo, éramos filhos da ira, da desobediência (Ef 2). Passamos a
ser filhos, graças ao sacrifício de Cristo feito em nosso favor. Por causa dele
fomos não apenas adotados, mas gerados, o que expressa o novo nascimento que só
o sacrifício na cruz foi capaz de operar. A palavra no original não traz a
ideia de filhos adotados, mas sim gerados. Poderia ser traduzida como “crianças
nascidas de Deus”. Isso não anula a ideia da adoção tão presente nos escritos
paulinos, apenas demonstra que a adoção divina é tão eficaz que não apenas
legitima a filiação, mas também transforma o filho adotado em filho gerado.
Isso é um verdadeiro milagre e uma prova incontestável do amor que Deus tem por
nós. Podemos experimentar desse amor e vivenciar tamanha benção em nosso dia a
dia.
Contudo, o mundo não reconhecerá essa
benção e nos desprezará. O apóstolo João afirma que de igual modo não
reconheceram ao Senhor. Mas não devemos ficar chateados por não termos o
reconhecimento mundano. O que vale para nós é saber que Deus nos conhece e nos
chama de filhos. Este é o nosso tesouro e também a nossa esperança. João fala
que ainda que a realidade da filiação seja concreta, ela não foi devidamente
manifesta. Este é o famoso paradoxo do “já, ainda não” que todo o cristão vive.
A manifestação da nossa filiação se dará quando Jesus retornar para julgar os
vivos e os mortos. É no cenário escatológico do dia do Juízo que todos verão
nossa real identidade que temos em Cristo. Da forma como o veremos,
glorificado, também seremos.
A Pureza Requerida (3-6)
É a esperança na glorificação que nos
move a um viver puro. Sabemos que no céu, teremos uma natureza incorruptível,
diferente do que somos na atualidade, no céu não pecaremos, pois, o nosso
estado será de pureza total e irreversível. Mas, os que anseiam viver assim já
dão os primeiros passos ainda no lado de cá. Todo o crente que almeja viver na
presença de Deus atenta para um viver santo. Se o Deus que nos chama e nos
regenera é puro, e se nós somos seus filhos, devemos nos purificar também.
Pecar é transgredir a lei, é ir de encontro com a vontade soberana do nosso Pai
celestial. Logo, todo transgressor da lei é alguém que desonra o seu Pai e o
entristece.
Devemos ter o conhecimento da pureza
divina, e também atentarmos que desde a eternidade Ele articulou um plano para
nos purificar de nosso pecado ao entregar Jesus para morrer em nosso lugar, não
deixando impune a ofensa do pecado. Todo aquele que peca de maneira deliberada
não conhece a Deus e nem é conhecido por Ele. Por isso, os filhos devem ter uma
aparência distinta, eles são separados para refletir o caráter do Pai.
Pratiquemos a Justiça (7-10)
Se nosso interior for puro, nossas
ações serão justas, isto é, retas. A noção de justiça extraída em toda a
Escritura remonta a relacionamentos corretos. Ser justo é proceder corretamente
para com Deus e para com meu próximo, observando as ordenanças bíblicas. João
novamente vai trabalhar os contrastes. De um lado estão os praticantes da
justiça, que agem conforme o caráter justo de seu Pai. Do outro estão os
pecadores depravados que tem o diabo como pai. Não existe um meio termo entre
os polos, ou se está na família de Deus ou na família de Satanás.
Cristo foi manifesto para derrotar as
obras do diabo. Foi na cruz que ele teve sua grande vitória e apenas consumará
quando retornar entre as nuvens. Já existe uma sentença contra Satanás e os que
a ele pertencem. Enquanto isso não acontece, os filhos de Deus seguem firmes na
caminhada, afastando-se do pecado que outrora os escravizava. O nascido de novo
é alguém que não mais caminha de maneira desordenada procurando atender os seus
desejos carnais. Dessa forma, um paralelo é traçado para identificar quem é
filho de Deus e quem não é. Os que são justos são de Deus, e os justos, os que
se relacionam de maneira correta, amam seus irmãos.
Aplicações
1. Tenho noção da benção que é ser
filho de Deus? Sou grato por isso? Como venho demonstrando minha gratidão de
maneira prática?
2. Como venho encarado a questão da
pureza? Será que tenho relativizado as exigências que Deus faz para que o seu
povo seja santo?
3. Como venho me relacionando com
Deus e com as pessoas que são do meu convívio? Será que meus relacionamentos
estão corretos?
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