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23 de dez. de 2016

O Exemplo de Amor e Humildade vistos na Encarnação de Cristo

Por Thiago Oliveira*

Introdução

Mesmo em decorrência da celebração do Natal, gostaria de continuar com a exposição de Filipenses que começamos em nossa igreja, dando início ao segundo capítulo, que não por acaso fala sobre a encarnação de Cristo, ou seja, do seu nascimento. Fiquemos atentos à palavra que o Senhor nos entregou e que toda meditação seja orientada pelo Santo Espírito, para que esta palavra se aplique em nossos corações.

A Deus toda glória!

Exposição (Filipenses 2.1-11)

1-4 Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.

O começo do capítulo 2 dá continuidade ao que foi dito anteriormente, no final no capítulo 1. O apóstolo Paulo continua exortando a igreja em Filipos a permanecer unida. A união fraternal em Cristo é um indicativo de que aquela igreja goza de saúde espiritual, pois, existe uma impossibilidade de se estar em Cristo e viver em desunião com nossos irmãos de fé. A motivação e a exortação em amor para que vivamos em unidade são procedentes do próprio Senhor. Ele encoraja cada crente a viverem as benesses da vida em comunidade, exercitando conjuntamente a fé que temos nele. E o Espírito Santo, que habita dentro de todo aquele que por Deus foi salvo em Cristo Jesus é o condutor da comunhão entre os membros da igreja.

Notem que a Trindade é responsável para que o amor fraterno seja vivenciado. O encorajamento que Cristo oferece para vivermos juntos, somado ao agir do Espírito na Igreja, é o que torna possível a comunhão, isto é, o amor de uns para com os outros. Paulo ainda menciona que este amor deve ser experimentado em profunda afeição e misericórdia. O termo profundo remete as entranhas, algo que os filipenses, por terem uma cultura helênica, conheciam. Nós costumamos dizer que amamos do fundo do coração, os gregos diziam amar do fundo de suas entranhas. Já o termo misericórdia (ou compaixão - como traduz a NVI) remete a nos colocarmos no lugar de outrem e sentir as suas dores e aflições como se fossem nossas dores e nossas aflições.

Então, se estamos em Cristo, como raciocina o apóstolo, devemos ter uma unidade de pensamento e atitude. Pois, estamos ligados no mesmo amor e no mesmo Espírito. Na prática, isso deveria extirpar todo egoísmo e vaidade do meio do povo de Deus. Paulo afirma que o correto é considerar os outros acima de nós mesmos e assim, pautar a nossa vida para não focar apenas na busca das realizações pessoais. Uma vida cristã genuína e saudável é altruísta. O cuidado com o próximo e o interesse do seu bem estar devem ser uma prioridade.

Mas aí vêm os queixumes: “é difícil proceder dessa maneira. Como faremos isso?”. O modelo a quem Paulo vai apelar é o de Cristo, e aqui veremos como que o Senhor dos Senhores se humilhou, e o fez por amar a sua Igreja e zelar por sua unidade.

5-8 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!

Paulo sempre apela para figura de Cristo ao nos exortar sobre o que devemos fazer. E aqui ele insta para que a nossa atitude seja a mesma do nosso Redentor. Devemos imitá-lo, não na sua tarefa redentiva e vicária, apenas o Cristo foi imbuído com esta missão salvadora. Todavia, devemos imitar o espírito de humildade e abnegação que levaram o Filho de Deus a abrir mão de seu estado de glória para se fazer o servo sofredor que pagaria pelos nossos pecados.

Cristo, nesse maravilhoso texto doutrinário, é apresentado como Deus. Antes de sua encarnação ele já era divino, igual ao Pai, desde a eternidade. A sua forma, isto é, a sua essência, é de um ser não-criado. Na verdade, ele é o Criador de todas as coisas e por meio dele e para ele, tudo subsistindo nele (Cl 1.16-17). Mas, Cristo não se valeu desta condição de uma maneira egoísta. Ele não se apega ao fato de que por ser Deus tinha muitos privilégios para gozar, satisfazendo a si mesmo. O esvaziamento do Filho de Deus, termo usado por Paulo para deixar claro o grande referencial de humildade significa que Cristo abdicou, não de sua essência, mas da glória e dos privilégios correspondentes à sua divindade. Ele se fez servo e assumiu uma forma humana. Não trocou a divindade pela humanidade, mas aderiu a sua natureza divina, uma natureza humana e dentro de um útero se desenvolveu como qualquer criança. Isto é assombrosamente lindo!

Outro fator importante é que Jesus não veio ao mundo como alguém que pertenceu à elite de sua época. Não foi um homem que viveu em palácios e se valeu de poder temporal. Cristo foi pobre, sem ter onde reclinar a cabeça. Nasceu num estábulo que não era dele e nem de sua família terrena. E assim foi até seu sepultamento, quando o túmulo que recebeu seu corpo também era emprestado. Ele veio a este mundo para morrer na cruz, e foi obediente a este plano.

Logo, notemos que tendo todo o direito de desfrutar da sua majestade celestial, servido e venerado pelos anjos, Cristo abre mão desta condição, pois não é egoísta. Para salvar os seus eleitos, Cristo não podia salvar a si mesmo e não experimentar do cálice da ira divina. Ele foi para cruz e se entregou sacrificialmente num ato de amor. Este deve ser o nosso parâmetro ético. Ao invés de nos inflamarmos vaidosamente, devemos nos despojar de tudo que nos torna orgulhosos. Devemos nos esvaziar de nós mesmos, sacrificando o nosso ego. Viver só para si não é a vida que Cristo viveu e nem é a que ele quer que vivamos.

9-11 Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.

Após ter se humilhado, Cristo não ficou relegado a uma posição de pobre coitado. Sua breve vida terrena e sua morte considerada vexatória na cruz não consistiram num fim trágico de um homem bom. Cristo não foi derrotado na cruz e o sepulcro não o segurou. O que se seguiu após ter sido crucificado foi a demonstração da maior de todas as vitórias e conquistas. Cristo venceu sobre os principados e potestades e foi exaltado por Deus Pai, colocado acima de tudo e de todos. Seu nome ganha proeminência e toda a humanidade, até mesmo os governantes desta terra, são seus súditos, estando debaixo de seu poderio.

Quando Cristo for visto entre as nuvens, no advento de sua vinda definitiva, todos verão um ser distintamente glorioso. Seu aspecto será inigualavelmente majestoso e diante de toda demonstração visível de seu estado de glória, toda a humanidade se curvará reconhecendo que ele é o soberano Senhor. Alguns farão este reconhecimento para sua própria condenação, pois não creram em sua mensagem e zombaram do Evangelho. Outros - os que foram remidos - professarão com alegria o que já diziam antes pela fé, pois, não apenas falavam, mas viviam como servos do Senhor dos Senhores. Quem tem ouvidos ouça: em Cristo está a salvação para vossas almas! É preciso crer e confessar que ele detém o senhorio de todas as coisas. Se esta confissão não for feita antes de sua vinda, depois dela será feita de todo jeito, mas a aplicação da confissão não será para a vida, será (de maneira justa) para a morte.

Conclusão/Aplicação

Gostaria de concluir, e ao mesmo tempo, aplicar esta mensagem elencando alguns pontos:

1. Em meio a um estilo de vida materialista, buscamos satisfazer os apelos midiáticos e consumistas. E nisso, a vaidade e o orgulho são fisgados pelas propagandas que estimulam a competitividade. Mas será que esta vida esta é conformidade com o que Cristo nos ensinou? O que você tem feito com seus dias? Tem corrido atrás de realizar seus sonhos materiais e esqueceu de que importar-se com o próximo é seu dever como cristão? Cuidado com a ganância, os que ambicionam riquezas caem em muitas tentações e podem se desviar da fé (1 Tm 6.9-10).

2. Ter a atitude de Cristo e ser humilde é algo que precisa ser demonstrado na prática. Quando Paulo afirma que devemos considerar os outros superiores a nós mesmos, isso remete a honrarmos essas pessoas. Ora, você não pode honrar a ninguém de um modo secreto. Você tem demonstrado amor na prática? Tem buscado a auto-glorificação ou busca honrar os outros? Aproveite esse tempo de festas de fim de ano para honrar alguém fazendo-lhe uma visita especial, convidando para cear em sua casa, dando-lhe algum singelo presente ou até mesmo um cartão, externando o quanto essa pessoa é importante para você.

3. Considerando que Jesus Cristo é o Senhor, que possamos conduzir as nossas vidas debaixo de seu senhorio. Como isso pode ser feito? Buscando viver em conformidade com a sua Palavra. E como dito pelo apóstolo Paulo, buscando a unidade fraternal da igreja. Invista seu tempo em estudar a Bíblia, doutrina é importante e toda ela tem sua aplicação prática. Hoje mesmo vimos que Paulo através de um tratado teológico sobre a divindade e a encarnação de Cristo aplicou estas verdades para exortar a igreja a viver em plena união.


4. Agora me direciono aqueles que não professaram a fé em Cristo. Gostaria de dizer que a mensagem foi clara o suficiente para que vocês saibam que quem não crê no Filho de Deus está condenado (Jo 3.18). Dobrem agora, não apenas os vossos joelhos, mas também os vossos corações para que Cristo reine e os salvem da ira vindoura. Se hoje ele nascer dentro de vocês, confessem isso publicamente. Saibam que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. (Ro10.13). Um novo nascimento é uma bela forma de se celebrar o natal. 

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* Esse texto foi base do sermão pregado por Thiago Oliveira na igreja em que pastoreia: Ig. Evangélica Livre em Itapuama -PE. 

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