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27 de jan. de 2017

Os Símbolos Cristãos e sua Finalidade Histórica

Por Thomas Magnum

Acho interessante - e porque não dizer curioso - o evangelicismo brasileiro se afastou da simbólica cristã. De fato como diria o filósofo Mário Ferreira dos Santos, o símbolo faz parte do processo comunicativo normal do homem.

Obviamente temos inúmeras explicações históricas, por exemplo, o motivo dos evangélicos no Brasil não serem próximos a simbologia cristã, como o uso da cruz - por exemplo, o colarinho clerical, a falta de prédios de igrejas que possuam de fato uma arquitetura cristã. Em relação aos prédios é facilmente reconhecido que hoje em dia a praticidade para plantar uma igreja e ali funcionar os cultos não necessita de um prédio bonito, mas, de pessoas regeneradas. Isso é um fato que eu concordo, obviamente. No entanto, a questão é que os símbolos cristãos como cristogramas, a cruz, a pomba, o peixe, a âncora e as vestes pastorais comunicam algo.

Entendo que muitos evangélicos rejeitaram por exemplo a cruz nos templos por julgarem ser isso "católico". E se é católico não nos pertence, é maldito. Não esqueçamos que a igreja é católica. Ela está em todo mundo, ela é universal. Engraçado é que quando ocorre alguma apropriação indevida da simbologia cristã muitos então julgam que o correto é abandonar o símbolo. Por exemplo: palavras como promessa, bênção, maldição e decreto. Estas, são empregadas abusadamente e indevidamente por grupos neopentecostais heréticos. Mas, essas palavras carregam enorme significado teológico.

Os símbolos na história do cristianismo não tem como função a superstição, mas, o testemunho. A cruz vazia testemunha da morte do salvador, mas nos diz que a morte não o deteve. A gola clerical, simboliza que o ministro é um escravo da palavra. Sua garganta é um instrumento divino para pregação, ensino, aconselhamento e cuidado com o rebanho de Deus. A arte sacra em templos cristãos através de uma arquitetura ou outro meio que demonstre aos fiéis e aos infiéis a graça e glória de Deus são poderosos meios de testemunho. Não esqueçamos que a simbólica está presente na revelação de Deus, pois é um meio cognitivo. A sarça ardente, as colunas de fogo e a nuvem. A arca da aliança, o candelabro, o véu, a mesa, etc., claro que o significado completo destes símbolos foram cumpridos em Cristo. Mas veja que eles testemunhavam. A mística cristã histórica não ignorou a simbólica, mas, é verdade que houve abusos.

Não temos mais preocupação com templos arquitetonicamente cristãos, eu lamento por isso. Não digo que é norma, mas, é uma perca de oportunidade para o testemunho. Minha reflexão obviamente não é dogmática e tenho ciência da opinião por exemplo dos puritanos sobre a simbólica precedente no cristianismo. Meu objetivo não é desdizer o que os puritanos disseram. Mas nos lembrar que havia cristianismo antes da reforma. Algumas manifestações, mais puras e outras menos puras. A teologia não começa com Calvino. Foi ele de fato para mim o grande exegeta e teólogo da reforma. Mas, creio na catolicidade da igreja.

Não tenho a intensão - como disse - de normatizar nada, mas, de trazer a consciência de alguns que porventura gastaram tempo lendo esse texto, que nosso uso histórico da simbólica cristã tem valor testemunhal. Obviamente filtrando o que é bom.

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