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15 de nov. de 2014

Sobre a Sexualidade, Cristianismo e Liberalismo Hipermoderno

Por Thomas Magnum

Ao tratarmos desse tema infelizmente não estamos falando de algo irreal. Na verdade o assunto é bem atual e abrangente por vários motivos. A industrialização do sexo, a facilidade de se obter material de cunho sexual, a rapidez da internet em fornecer informações pornográficas em segundos através dos milhões de sites pornográficos na rede, da cultura relativista e hegemonicamente comercial, da figura de mulheres e homens que vendem sensualidade e prazer; basicamente a questão do sexo hoje pode ser facilmente apontada como nicho de mercado.

Depois de termos essa visão social/industrial/mercadológica, não podemos deixar de falar sobre questão antiga em relação ao sexo. Em muitos povos antigos o sexo era parte do culto, no antigo Egito por exemplo. Vemos que a sexualidade não somente apontava para uma tendência natural do ser humano, mas fazia parte de uma cultura ritualística no culto aos deuses. Desde então vemos a mesma questão da corrupção sexual na Grécia antiga, e o culto voltado também à promiscuidade não somente no relacionamento de homens mais velhos com mais novos, mas também na ilha de Lesbos, onde mulheres mantinham relações sexuais, foi dali surgiu a palavra lésbica.

Por isso no mundo antigo tinham as prostitutas cultuais. Nos casos de prostituição do antigo Israel relatadas no antigo testamento não era somente prostituição espiritual, mas física também. O prazer sexual vendido pelas religiões foi mais uma consequência da queda de Adão e Eva e do engano de Satanás. A sexualidade do ser humano foi inevitavelmente afetada pelo pecado. Sob o prisma da depravação total temos um correto entendimento de que as faculdades do homem foram escravizadas pelo pecado, nisso a sua vontade também, por isso temos paixões lascivas como diz Paulo:

"Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; Nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas."

Colossenses 3:5-7

E o Senhor também advertiu:

"Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela."

 Mateus 5:28

Ao chegarmos a nossos ares modernos, temos grandes problemas no que se refere a compreensão do propósito do sexo na vida dos seres humanos. A Bíblia diz que o sexo é uma bênção de Deus e sua finalidade é ser desfrutado não somente para procriação, mas, para o prazer dos cônjuges como lemos no livro de Cantares. Ainda sim, soa estranho para muita gente na igreja ouvir isso. Muitos perguntam – mas o que é que tem se eu transar com minha namorada? Somos maiores de idade e podemos fazer nossas escolhas. Outro argumento é, nós iremos nos casar, então podemos manter relações sexuais. Já houveram casos de casais de namorados cristãos até orarem antes da relação sexual.

O fato é que a juventude cristã é bombardeada com liberalismo sexual diariamente, da mesma forma que o liberalismo político versa sobre o individualismo quase divinizado do homem o liberalismo sexual segue a mesma linha de raciocínio de que o homem é soberano sobre suas escolhas. Diante disso temos algumas situações; porque sexo antes do casamento é errado e se alguém manteve uma vida sexual antes da conversão como lidar com isso?

Ao falarmos sobre sexualidade cristã, falamos de indivíduos dotados de inclinações sexuais naturais, mas, falamos também que essas inclinações não necessariamente precisam ou devem ser supridas, pois, a sexualidade é restrita ao casamento. Para relações extraconjugais a bíblia denomina isso de fornicação entre solteiros e adultério para pessoas casadas que obtiveram outro parceiro sexual. Esses valores têm sido tratados por muitos dentro do cristianismo como algo ultrapassado e que agora vivemos na geração fast food, o que importa é a satisfação pessoal, como comumente ouvirmos – o importante é ser feliz. Os impulsos sexuais devem ser imediatamente saciados porque o que importa é a satisfação. Essa atmosfera que vigora sobre a sociedade moderna é fruto de uma cosmovisão hedonista, egoísta, pluralista e relativista. E esse gás tem sido distribuído no meio cristão.

Em primeiro lugar devemos pensar sobre a questão, se somos adultos o que nos impede de transarmos? Vale lembrar que estamos trabalhando nesse texto em um contexto cristão, embora o princípio bíblico é válido a todas as pessoas. A bíblia nos diz o seguinte:

"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam."

1 Coríntios 10:23

A liberdade para pecar todos tem, essa livre agencia é dada aos homens, mas a grande questão é, isso tem a aprovação de Deus? Vemos na Palavra que o casamento foi criado por Deus e o sexo foi criado para o casamento. O sexo entre homens e mulheres é uma bênção de Deus, mas, não podemos esquecer que esse relacionamento íntimo está enquadrado dentro de uma aliança, a aliança do casamento. Foi assim desde o início com Adão e Eva. Em Mateus 25 lemos a parábola das dez virgens que esperavam o noivo para as bodas, veja que elas eram virgens. A bíblia defende a virgindade, porque o sexo foi criado para o casamento. Ao iniciar uma vida sexual fora do casamento o jovem em primeiro plano está pecando contra Deus e seu propósito para sua sexualidade. Da mesma maneira quando falamos sobre a masturbação, pelo fato que tais práticas sexuais estarem fora da aliança conjugal.

Um outro problema é quando um jovem ou qualquer pessoa que não é casada se torna cristã e antes tinha uma vida sexualmente ativa, o que fazer agora? Numa primeira palavra digo que você agora é cristão e deve ser corajoso para viver como tal, deve negar-se como Jesus ensinou e deve submeter sua vontade ao Cristo Senhor. Lembre-se que a tentação vai passar, por mais dura que seja, mas o peso do pecado nos envergonha e nos afasta de Deus. Deve-se entender que agora como cristão os padrões são os da palavra de Deus e não os do mundo. Corre sempre uma história de que ficar sem sexo faz mal ao homem, onde foi provado isso cientificamente? Temos na bíblia pessoas que nunca se casaram, viveram como celibatários.

De fato sob essa pressão social, midiática erotizada que empurra novos padrões sexuais que são fruto não só de ideias pagãs antigas, mas também de que o sexo quando usado fora dos propósitos de Deus está ligado a idolatria, o sexo pode ser um ídolo e tem sido na sociedade moderna tanto quanto foi nas antigas. A diferença é que não temos mais a personificação do ídolo, mas, ele continua vivo nos corações dos homens.  A grande questão é que na nossa cultura ocidental os ídolos físicos não são comuns a todos, no entanto os ídolos ideológicos estão presentes aqui tanto quanto estiveram lá.

Uma outra questão levantada pela mídia voltada para o entretenimento é a figura erotizada da mulher, que deve se vestir sensualmente (afirmando que isso enfatiza feminilidade o que não é), humilhando a figura feminina que foi criada a imagem de Deus, colocando padrões de beleza que são estranhos as escrituras. No Brasil temos uma infeliz imagem figurada pelo carnaval, mostrando mulheres quase sem roupa, essa é uma das imagens vendidas para o exterior. Em seu clássico Casa Grande e Senzala, o antropólogo Gilberto Freire diz que nos tempos coloniais as mulheres brancas eram para casar, as índias para trabalhar e as negras para servir sexualmente seus senhores. De fato sabemos que essa cultura da mulher como objeto sexual no Brasil é fortalecida a cada dia. E o que mais impressiona é que tais mulheres se orgulham disso, esse comportamento da sexualidade humana é derivado da queda. Da mesma forma os homens que tem sua virilidade relacionada a serem garanhões e serem adúlteros, isso é motivo de orgulho para muitos (infelizmente até quem se chame cristão). Quando vemos que tais comportamentos liberais também estão relacionados à depravação total.

Gostaria de citar aqui um trecho do artigo do pastor Guilherme de Carvalho que tem por título Ideologia liberal e promiscuidade sexual: cúmplices? Ao falar de liberdade muitas vezes nem compreendemos o que é e quais são as consequências de um entendimento errado sobre isso, ao falar desse liberalismo diz Carvalho:

Mas o que significa “liberdade” numa sociedade utilitarista e consumista, que destrói sistematicamente a capacidade humana de resistir a seus desejos e sonhos de felicidade? O indivíduo hipermoderno é um fraco, incapaz de amar o que deve amar e de odiar o que deve odiar, treinado desde a infância a investir todas as suas energias na busca da satisfação emocional. É um indivíduo dependente do consumo e do entretenimento, buscando a felicidade sem virtude. Poucos colocam o problema tão bem quanto Lipovetsky:

O relaxamento dos controles coletivos, as normas hedonistas, a escolha da primeira qualidade, a educação liberal, tudo isso contribuiu para compor um indivíduo desligado dos fins comuns e que, reduzido tão-só às suas forças, se mostra muitas vezes incapaz de resistir tanto às solicitações externas quanto aos impulsos internos. [...] Por toda parte, a tendência ao desregramento de si acompanha a cultura de livre disposição dos indivíduos entregues à vertigem de si próprios no supermercado contemporâneo dos modos de vida. À medida que se amplia o princípio de pleno poder sobre a direção da própria vida, as manifestações de dependência e de impotência subjetivas se desenvolvem num ritmo crescente. O que se representa na cena contemporânea do consumo é tanto Narciso libertado quanto Narciso acorrentado.” (Lipovetsky, 2008, p. 127)".*

Com isso vale dizer que aqueles que se acham livres para viverem como querem, ao fim das contas quem dera enxerguem que o homem que vive a seu bel prazer não vive, mas está morto. Que ao sabermos que o sexo é parte da aliança do matrimônio consideremos que o que estiver fora disso é abominável diante de Deus e sua palavra (Romanos cap.1 e 1Corintios cap.6).
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*http://ultimato.com.br/sites/guilhermedecarvalho/2013/10/29/ideologia-liberal-e-promiscuidade-sexual-cumplices/

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