Por Dorisvan Cunha
SER HUMANO
significa estar em constante busca por sentido. Dentro de cada um de nós existe
uma grande sede por felicidade. Somos passageiros! Nossa vida aqui é um
mero piscar de olhos, e enquanto viajantes nesta estação, precisamos encontrar
uma âncora definitiva onde possamos depositar os anelos de nossa
alma. Todos nascem com esse forte desejo e não podemos fingir que ele não
existe. Sim, ele está lá, nas profundezas do nosso ser. A eternidade está
dentro de nós.
O interessante é que, como observa C.S.Lewis,
“ninguém nasce com desejos que não possam ser satisfeitos. Por exemplo, um bebê
sente fome: existe o alimento. Um patinho gosta de nadar: existe a água. O
homem sente o desejo sexual: existe o sexo. Mas, e se descubro em mim um desejo
que nenhuma experiência deste mundo pode satisfazer, qual será a explicação? A
mais provável é que fui criado para um outro mundo.”[1] Essa
é a verdade sobre a humanidade: Fomos feitos para outro mundo e, é somente
quando tomamos consciência deste fato que encontramos o Sentido final da nossa
história.
Honestamente, se vivêssemos em um planeta sem a
mínima possibilidade de ingerência sobrenatural, eu não veria boas razões para
acordar de manhã. Sim! Se minha existência se limitasse a esta inquietante
dimensão de vida, eu já teria declarado falência existencial, e entre todos os
homens, seria o mais infeliz. Isso porque desde há muito constatei que não
há esperança na humanidade. Seus melhores projetos acabam e se extinguem. Suas
melhores expectativas tornam ao pó. Por isso o salmista nos adverte a não
colocar nossa esperança nos filhos dos homens, em quem não há
salvação. Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem
todos os seus desígnios.[2]
O salmista está nos ensinando que a fonte do nosso consolo deve estar para além dessa sôfrega contextura existencial. Por isso, creio plenamente que o que temos por aqui são apenas anúncios de uma realidade maior, daquela estrada superior, onde os rios celestiais de fato correm e onde o sol verdadeiramente brilha em todo o seu fulgor. É para lá que estamos indo.
O salmista está nos ensinando que a fonte do nosso consolo deve estar para além dessa sôfrega contextura existencial. Por isso, creio plenamente que o que temos por aqui são apenas anúncios de uma realidade maior, daquela estrada superior, onde os rios celestiais de fato correm e onde o sol verdadeiramente brilha em todo o seu fulgor. É para lá que estamos indo.
Mas, infelizmente, enquanto caminhamos, tentamos
fazer desta ordem aqui de baixo, o sentido último da existência. E, como disse
Agostinho, facilmente nos atiramos à beleza das formas que ELE criou,[3] nos esquecendo assim, que a formosura
das coisas criadas são apenas belas figuras daquilo que realmente almejamos.
Esse é o nosso dilema: trocamos O SENTIDO FINAL, pelos mecanismos que apontam
para Ele e, quando isso acontece, nos tornamos adoradores de ídolos que nos
decepcionam: e o resultado é o desespero.
Isso tudo me leva a crer que, se queremos encontrar
sentido para vida, devemos, primeiramente, tomar consciência da perecibilidade
desta dimensão e começar a mirar nos valores da eternidade. É olhando para lá
que nossa vida faz sentido.
Mas, antes de tudo, devemos saber que o que dá
sentido à eternidade, não é uma mera coisa ou uma poeira cósmica impessoal. É
antes uma Pessoa eterna, cheia de amor, que na plenitude do tempo invadiu nosso
planeta, tomou para si uma natureza humana e sentiu a nossa tragédia. Graças à
entranhável misericórdia de nosso Deus e Pai, pelo qual nos visitou o sol
nascente das alturas e alumiou este submundo escuridão, trazendo esperança e
paz duradoura aos que estavam na região da sombra da morte.[4]
Sim, nascido de uma jovem humilde, Ele veio
aqui “conhecer” nossa agonia e comunicar significado definitivo a um mundo
exausto e moribundo. Através de sua morte e ressurreição, fez raiar o Sol da
Justiça, iniciando assim uma nova era no desenrolar da história humana: a era
da paz e da esperança de um dia melhor. Nele nossa orfandade cósmica
morreu. Por meio Dele nossa trajetória humana não terminará em um túmulo
gelado, posto que Ele mesmo venceu a morte e nos deu a esperança da vida
eterna.”[5]
Cristo é o Sentido do mundo. Ele é a razão da nossa
vida.
Vivamos, pois e lutemos: nós temos esperança.
__________
[1] C. S. Lewis.
Cristianismo Puro e Simples, p. 77.
[2] Salmo 146.3-4
[3] Confissões,
p.103.
[4] Lucas 1.78-79
[5] 1 Co 15
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