Por Thiago Azevedo
“Muito embora um só Jesus exista, nem todos
sabem vê-lo como é, filósofo, poeta ou comunista, ou mesmo hippie já se disse
até”.
Esta
é uma pequena porção da música cantada pelo grupo Vencedores por Cristo no álbum
“Nada Melhor” (1973). A pequena porção da letra nos mostra a complexidade hermenêutica que
gira em torno desta personagem histórica e divina chamada Jesus de Nazaré. Jesus
já foi narrado como sendo apenas um profeta, um filósofo, um comunista, e até
mesmo um hippie. Existe uma corrente que mostra Jesus como sendo um mero
andarilho que, fugindo da morte da cruz, foi em direção à índia e lá viveu e
morreu. Neste local, existe não só seguidores deste “Cristo”, mas a cama em que
Jesus morreu e a casa em que viveu etc. Aqui temos um “Cristo” que renuncia sua
morte para viver uma vida eremita, nesse tipo de cristianismo não há o
principal fundamento doutrinário da morte na cruz do Salvador do mundo.
Outros
contam a história de uma forma mais distinta, estes têm por base um período da
vida de Cristo que os próprios estudiosos classificam como obscuro, isso pela
carência documental, período este que vai dos 13 aos 29 anos da vida de Jesus.
O que nos chama atenção em tudo isso é como estes pensadores, mesmo
reconhecendo que se trata de um período obscuro pela falta de material
literário, fundam tantas teses a partir deste. No mínimo, deve-se ter cuidado
com tais conclusões. Neste período, segundo os teóricos, Jesus teria andado por
diversos lugares no Oriente: havia um homem que era curandeiro misterioso de
nome Yus Asaf, que visitou a Caxemira no século I, segundo muitos historiadores
(ou seriam estoriadores?) este era a pessoa do Cristo. Outro nome forte na
tentativa de tomar o lugar de Cristo está presente na lenda de Issa, andarilho
que estudou com sábios na Índia e no Tibete por muitos anos. Este buscava, em
grupo, uma espécie de iluminação. Mais uma vez, segundo alguns, este seria o
verdadeiro Jesus. Mas não para por ai, existiu um homem por estas regiões
chamado Apolônio e outro que era um budista, onde suas respectivas histórias se
afeiçoam com a de Cristo. A estes homens, alguns também atribuem o tão desejado
título de messias prometido.
A
hermenêutica em torno do principal nome da história mundial – Jesus – piorou
muito com o surgimento da Alta crítica que desprestigiou o caráter
inspiracional das Escrituras e a colocou no âmbito puramente humano. Com isso,
tanto os milagres concretizados por Deus e contidos na literatura veterotestamentária,
como os textos que prediziam milagres futuros e que viriam a ser confirmados no
Novo Testamento, como os milagres realizados por Cristo, e aqueles principais
milagres em torno do próprio Cristo – encarnação, ressurreição etc., passaram à
esfera da explicação humanista e racional. A crítica das fontes: a hipótese
documentária que cria nas fontes eloístas, javistas, deuteronomista e do quarto
documento do antigo testamento, a fonte Q etc. Esses estudos deram início com
um Médico Francês chamado Jean Austruc em 1753 e continha no seu bojo toda
influência do iluminismo. Este médico apontou o livro de Gênesis contendo estas
duas fontes, eloísta e javista. Isso culminou numa acachapante pesquisa que
resultou em teses liberais em torno da Bíblia, sobretudo que o caráter
monoteísta do texto seria mais tardio do que se pensava, datando do século 8
a.C., o que causaria muito problema com as respectivas datações dos livros dos
profetas do Antigo Testamento. Porém, tudo se resolvia com a simples alteração
destas datas pelos críticos céticos. Eles só não viam que se tratava de uma
bola de neve, que mexendo em pontos específicos das Escrituras Sagradas
tradicionalmente aceitos, teria que se mexer em todos os outros. E até os dias
atuais eles estão mexendo, basta ver a pluralidade interpretativa em torno da
pessoa de Jesus, como estamos abordando. O objetivo não era outro que não fosse
minar o edifício do cristianismo primitivo pautado nas Escrituras
judaico-cristãs. Vale salientar que tudo isso surge em uma época de escassez de
estudos arqueológicos. A arqueologia ainda não era uma ciência explorada em
evidência como viria a ser posteriormente; assim nos diz John Ankerberg, John
Weldon e Dillon Burroughs no Livro “Os fatos sobre a Bíblia” por meio do relato
do Erudito E. M Blaiklock:
A arqueologia recente tem destruído muita tolice e continuará a
fazê-lo. E faço uso do termo “tolice” de maneira deliberada, pois as teorias e
especulações são usadas de tal forma no estudo da bíblia que não seriam
toleradas por um só momento em qualquer outro ramo da literatura ou da crítica
histórica.
Muito
do que a alta crítica produziu está fincado em princípios tendenciosos sem
fundamentos históricos, literários e hermenêuticos e puro subjetivismo de seus
representantes. Por exemplo, a tentativa de interpretar a Bíblia aplicando o
mesmo princípio interpretativo para todas as formas literárias presentes no
livro sagrado é sem dúvida, comprometedor. Aliado a isso, posteriormente, começa-se a
surgir uma produção literária que tenta aproximar seitas do evangelho descrito
na bíblia, como é o caso dos livros “Pode um cristão ser budista?” “Pode um
cristão ser maçom?”, “Jesus e Buda”, “Jesus e Buda irmãos” etc. A imaginação de
alguns consegue ir mais longe, como é o caso do autor Trich Nhat Hanh, um dos
maiores líderes do zen budismo, que escreveu um livro intitulado “Sócrates,
Jesus e Buda” fazendo uma aproximação das três pessoas e deixando a entender
que em algum momento se tratava das mesmas pessoas. O fato de haver coincidências
entre a vida de algumas personagens históricas não nos concede o direito de
afirmar serem as mesmas pessoas em épocas distintas. Parece que esta personagem
histórica – Jesus –, que conseguiu juntar o histórico com o divino, é mesmo desejado
das nações, pois, muitos em suas respectivas filosofias realizam vários
encaixes com seu nome: Jesus já foi intitulado como uma espécie de comunista
pela famigerada teologia da libertação, como pornofônico na pútrida paráfrase
freestyle, como um polígamo e pai de muitos filhos segundo alguns que estudam
os livros apócrifos etc. Jesus já foi colocado até como filho de um soldado
Romano chamado Julius Tiber Panter, com quem Maria teve uma relação afetiva. Porém a versão da fonte mais segura que temos
da pessoa de Cristo – A Bíblia – nos mostra outro Jesus, diferente de todos
estes.
O
malabarismo hermenêutico que é feito para se chegar a estas conclusões – extra
bíblicas – da pessoa de Cristo, precisa de uma fé acima da fé conhecida
revelada na Bíblia, pois são conclusões pautadas em puras especulações sem
nenhum dado bibliográfico que seja. Pelo contrário, os únicos registros
bibliográficos que estão à disposição, os mais seguros em confiabilidade – que
são os textos bíblicos – são desprezados. Nisto, se enfatiza a capacidade
intelectual humana, que consegue dar explicação "autossuficiente" a um período de pouquíssimas
informações literárias (dos 13 aos 29 anos de Jesus). Existem muito mais características de mitologia no produto deste exercício hermenêutico que em qualquer outro lugar. A Bíblia em muito fora acusada
por conter mitos, o que não procede. Porém, uma nova mitologia foi criada em
torno da interpretação da Bíblia e do Cristo histórico-divino, pelos próprios
críticos. E o mais engraçado é que estes reivindicam crença nas suas teses e
desprezo à Bíblia.
Como
já se falou antes, a fonte mais segura que se tem do Jesus histórico-divino é a
Escritura. A Bíblia é o único livro da antiguidade que possui o maior acervo
documental-manuscrito disponível. Se alguém diz que a bíblia não merece prestígio,
nenhum outro livro da antiguidade merece. Pois, nenhum outro livro da
antiguidade, possui uma quantidade vasta de documentos e manuscritos como a
bíblia possui. Existem mais de 24.000 cópias de manuscritos
completos e parciais do Novo Testamento. Também há cerca de 86.000 citações dos
antigos pais da igreja e diversos outros milhares de Lecionários (livros usados
nos cultos da igreja que contém citações Bíblicas usadas nos primeiros séculos
do Cristianismo). Seria possível construir uma Bíblia só a partir de citações
feitas pelos pais da igreja. No que concerne ao Antigo Testamento a recíproca é
verdadeira; Códice Alef, Códice A, Códice B, Códice C, estes possuindo
todo o antigo testamento em grego, os Rolos de Qumran em hebraico,
datados do século III a.C., e os Códices Leningrado e Aleppo mais tardios e com
sinais massoréticos, são alguns dos manuscritos do livro sagrado que contém ou
todo, ou parte do Antigo Testamento. Uma boa parte disponibilizados na forma digital em vários sites na
rede. Com isso, entendo que Deus por sua soberania preservou estes textos ao
longo dos séculos permitindo o estudo dos mesmos, até por parte daqueles que
criticam e tentam descredibilizar o caráter autoritativo e inspiracional inerente
às escrituras. A Bíblia é o livro que mais forneceu material para a ciência da
crítica textual e temos bases seguras para afirmar que este ramo do saber
proveio pioneiramente dos estudos do material documental bíblico. É este
próprio material que possibilita aos críticos colocarem em xeque a
confiabilidade bíblica, pena que a grande maioria ou o despreza e preferem dar
crédito à imaginação fértil, ou submetem esses textos a uma hermenêutica
própria e tendenciosa. O caráter divino na pessoa de Cristo é rejeitado não por
falta documentária, mas por outros motivos que veremos mais adiante.
O
caráter preditivo em torno do messias prometido e de diversos outros assuntos é
mais que convincente e demonstram o caráter autoritativo da Escritura. A Bíblia
possui 8.352 versículos preditivos, 1.817 predições específicas, sobre 737
assuntos distintos, entre eles, o próprio cristianismo ainda quando este não
existia. No que diz respeito às profecias messiânicas, os estudiosos enumeram
em torno de aproximadamente 400 promessas específicas. Para que a autoridade bíblica
não caísse por terra seria necessário que todo este arcabouço profético se
concretizasse, mas foi justamente isso que aconteceu. Isso é algo que foge a
qualquer capacidade humana – a própria Bíblia é um milagre divino. Não há uma
única promessa contida no Antigo Testamento que não tenha se cumprido. O Novo Testamento
é a confirmação de todas as profecias que foram feitas na antiguidade. A
comparação da antiga aliança com a nova aliança mostra-nos mais um caráter que
aponta para esta autenticidade. Para os Judeus só havia salvação mediante a Lei,
no cristianismo a salvação é mediante o Cristo. Para o Judeu só havia a
concepção do Deus sem o caráter trinitariano, o cristianismo enfatiza esta
unidade trina. Para o judeu o animal sacrificado era a aproximação do homem com
Deus em busca de um favor divino, e mesmo neste contexto, já se tinha a
esperança preditiva de um único-futuro-mais importante sacrifício (Genesis
22:1-14). Logo, a própria existência do cristianismo e a sua concretude refuta
a crítica que é feita a este, pois, se se tratasse de uma mentira ou uma
fantasia grupal como muitos críticos alegam, ou uma espécie de metafísica de
verdugos, não haveria se concretizado e substituído um antigo sistema tão forte
e sólido como o sistema judaico. Ou seja, todo este antigo sistema fora reformulado
com base neste segundo (cristianismo) e esta reformulação pautada na principal
doutrina cristã – a morte e ressurreição de Cristo. Se se tratasse de uma
mentira, se não houvesse testemunhas oculares dos fatos, se não houvesse um
arcabouço documental seguro e confiante, com certeza nada teria sido alterado.
Isso se torna real quando sabemos que os primeiros cristãos se tratavam de
judeus. Estes aceitaram tais reformulações do sistema antigo.
Outro
ponto interessante é que se o cristianismo tivesse alguma falha em seu sistema
não seria privilégio dos modernos descobrirem, mas sim dos próprios antigos.
Cristo por muito fora colocado em xeque por grupos rabínicos extremistas, os
fariseus são um bom exemplo. Porém, nunca nem sequer uma falha ou tropeço de
Cristo ficou registrado. Podemos lembrar a questão do divórcio pelo qual este
grupo abordou Jesus, o questionando (Mateus 19). Na realidade, havia uma
questão histórica muito influente por de trás de tudo. Na antiguidade do povo
judeu havia duas escolas rabínicas extremistas, chamavam-se Shamai e Hilel.
Cada escola tinha uma opinião distinta acerca do divórcio. A primeira era mais
maleável e a segunda mais rígida no que concernia ao divórcio. Assim, na
perspectiva de Shamai, o divórcio só seria legitimo em caso de fornicação. Mas,
na perspectiva de Hilel, por qualquer motivo se poderia conceder, bastava o
marido ter uma raiva da mulher. Quando os fariseus interrogam Cristo, eles esperavam
uma resposta que se encaixasse com a tradição farisaica, com a escola mais
legalista, a escola de Hilel. Assim, poderiam classificá-lo como legalista.
Porém, a resposta de Cristo foi justamente igual à resposta que Moisés concedeu
na antiguidade e favorável à escola de Shamai (ver versículos 1 ao 9). O
divórcio foi dado pela dureza do coração do homem. Com isso entendemos que
Jesus legitima o Antigo Testamento em suas palavras enfatizando a unidade das Escrituras
Sagradas, pois reforça o que Moisés ensinou. Mas não só isso, reconhecemos
também que se de fato houvesse uma falha ou farsa no sistema cristão, na pessoa
de Cristo, com toda convicção, os antigos já teriam descoberto, e não os
modernos, pois, estes viviam no contexto do cristianismo primitivo, e não a
séculos de distancia. É como alguém que estuda um idioma estrangeiro, a pessoa
que se desloca até o respectivo país para se inserir naquele contexto e cultura
para estudar o referido idioma, possuirá
mais êxito do que quem estuda de longe. Se os próprios fariseus não encontraram
falhas no cristianismo, uma vez estando inserido naquele ambiente, será meio
difícil crer que os modernos consigam achar. Eles, os modernos, estão dentro de
um quarto escuro procurando um gato preto que não está lá dentro.
Por
fim, nas palavras de John Ankerberg, John Weldon e Dillon Burroughs no livro já
citado anteriormente, fica mais compreensível o epicentro do problema:
Parece que toda e qualquer imagem de
Jesus é atualmente aceitável para os críticos – exceto a do novo testamento.
Considerando o alvo declarado de se desacreditar o cristianismo ortodoxo, tal
desesperança não é de surpreender. Os motivos para as conclusões críticas são
óbvios: se aceitarmos o Jesus atual da história, o Jesus do novo testamento,
então Ele não é nosso Senhor e Salvador, mas será o juiz ao final da História,
também. Ele não é alguém com Quem podemos brincar, mas Aquele a Quem devemos
nos prostrar como nosso soberano. Podemos assumir a posição de julgá-Lo agora,
mas se não nos arrependermos, será Ele Quem nos julgará no futuro. Já que o
coração humano, em sua rebeldia, prefere qualquer pensamento a este, a natureza
quase desesperada da erudição para se formular um novo Jesus é compreensível.
Afinal, uma vez que o Jesus bíblico for devidamente descartado, não
precisaremos nos preocupar com o presente nem com o futuro (Ankerberg, Weldon, Burroughs,
2011, pp. 61-62)
Conclui-se
que, como visto acima, as rejeições do caráter divino do Cristo não são
fundamentadas em hipótese documentárias que demonstram esta possibilidade. Mas
sim, em outras razões claras e distintas que constam no texto supracitado. Conclui-se também que o Jesus mais verdadeiro
de todos é justamente aquele que é apresentado na Escritura judaico-cristã. Um
Jesus santo, Divino e salvador do mundo. Um Jesus Cristo que fora anunciado
profeticamente e confirmado concretamente na sua encarnação e obra. Uma
história conduzida pela mente divina, revelada com riquezas de detalhes
necessários que se cumpriram minuciosamente no decorrer do tempo. Um Cristo co-eterno
com o Pai e que se revelou na porção necessária ao nosso conhecimento, que por
sinal, é limitado. Tentar explorar um assunto aonde o próprio Deus não
concedeu-nos explicação plena é uma atividade perigosa e inútil. A razão humana
tenta cada vez mais dar respostas convincentes a estes temas, mesmo sem
fundamentos, sem fontes, sem material comprobatório. O salmista no Salmo 139:6
já nos aconselhava como agir nessa hora: “Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão
alta que não a posso atingir” (Grifo
nosso). Esta humildade está em falta em tempos atuais, onde cada vez mais,
eruditos para não reconhecem suas limitações, preferem emitir todo tipo de parecer
desprestigiando a Bíblia. Afinal, para que atacar um oponente poderoso se se
pode criar um espantalho e atacá-lo? Já dizia Isaac Newton: “Há
mais marcas indeléveis de autenticidade na Bíblia que em qualquer história
profana” (Hutchinson, 2012, p. 81). O Jesus verdadeiro se encontra em cada
página da Bíblia Sagrada, o que se fala em outro lugar, ou o que visa destruir
esta realidade, trata-se de mera especulação!
___________
Referências:
ANGLADA, Paulo Roberto Batista. Manuscritologia do Novo Testamento –
História, Correntes textuais e o Final do Evangelho de Marcos. Ananindeua:
Knox, 2014
ANKERSBERG, John.,
Weldon John., Burroughs, Dillon. Os fatos sobre a
Bíblia.
Porto Alegra: Actual, 2011
ALAND, Kurt., Aland, Barbara. O texto do Novo Testamento – introdução às
edições científicas do Novo Testamento
Grego, bem como à teoria e prática da moderna crítica textual. Barueri:
SBB, 2013
BRUCE
F.F. Merece Confiança o Novo Testamento?
São Paulo: Vida Nova, 2010
COLLINS, John C.,
SCHREINER, R, Thomas., GRUDEM, Wayne. Origem,
Confiabilidade e Significado da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2013
HARRIS, R. Laird. Inspiração e Canonicidade da Bíblia. São Paulo: Cultura Cristã,
2004
HUTCHINSON,
Robert J. Uma História Politicamente
Incorreta da Bíblia. Agir, 2012
KAISER,
Jr, Walter C. Documentos do Antigo
Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2007
MIRANDA,
Valtair A. Fundamentos da Teologia
Bíblica. São Paulo: Mundo Cristão, 2011
PAROSCHI, Wilson. Origem e Transmissão do texto do Novo Testamento. Barueri, São Paulo: SBB, 2012.
SOARES, Esequias. Septuaginta: Guia histórico e literário. São Paulo: Hagnos, 2009
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