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27 de out. de 2015

Um grito por uma Reforma não só de palavras

Por Thomas Magnum

Todos os anos nós publicamos alguns textos comemorativos sobre a Reforma Protestante. Acreditamos que o dia 31 de Outubro é uma data que deve ser celebrada pelos cristãos evangélicos - principalmente por nós que professamos a fé reformada. A reforma foi sem dúvida um divisor de águas na história da Igreja e da humanidade. Sendo então um movimento de reforma eclesiológica seus princípios não morreram e permanecem a nos ensinar em pleno século 21.

Temos hoje milhares de mídias que são utilizadas como ferramentas como transmissão da fé reformada. Os cinco pontos do calvinismo são quase que comuns diariamente nas redes sociais. Documentos antes somente estudados para quem ia a um seminário teológico agora são acessíveis a qualquer pessoa na internet. É claro que essa efervescência da teologia reformada no Brasil tem causas e efeitos: incomodo com o conformismo evangélico, a desvalorização da doutrina e da pregação, a secularização, o pós-modernismo, a “mundanidade” de muitas igrejas ditas protestantes causou e tem causado inconformismo em muitas pessoas e um misticismo sincrético que tem sido comum nas igrejas históricas - e isso como consequência do pentecostalismo e do neopentecostalismo. Alguns pontos interessantes nos chamam atenção: a tecnologia como meio de difusão da teologia reformada, o inconformismo religioso como combustível para um posicionamento de protesto contra a heresia, contra uma ortodoxia morta e contra o liberalismo teológico e moral nas igrejas. 

Vemos na história da reforma como a tecnologia foi importante para a proclamação da fé nos escritos dos reformadores. Posteriormente lemos que já na era dos puritanos o inconformismo com o cerimonialismo anglicano levou a uma reforma na igreja inglesa com pensadores e pregadores de peso e também o surgimento de denominações e grupos reformados como os não-conformistas ou independentes - que hoje formam os Congregacionais assim como seus descendentes diretos.  

Todo esse sentimento de santa revolta com uma ortodoxia morta e a teologia cristã sendo substituída por vários outros fatores levaram sempre a um posicionamento de reforma na igreja. Mas, existe algo que permaneceu também e não foi diferente nos anais das reformas eclesiológicas e teológicas na história da igreja – O discurso divorciado da prática.

Sim, isso ainda permanece. Reformados de internet e de redes sociais que são críticos ferrenhos da igreja, mas, não fazem nada por ela. Teólogos de Facebook que se acham os donos da dogmática reformada, jovens que nunca nem leram Calvino ou Lutero e se acham autoridades em teologia. Seminaristas que mal leram uma teologia sistemática e se acham peritos em exegese bíblica. E o que tem feito pela igreja? Como se tem contribuído para com a igreja local? Quem são seus pastores? Essas são perguntas que dever ser feitas não de forma retórica, mas, respondidas. Um protestantismo que não preza nem ama a igreja não é sadio nem recomendável. Reforma deve vir acompanhada de piedade. Vemos comumente reformados mais preocupados com se podem fumar ou não, beber ou não, cair na gandaia ou não. O secularismo está à espreita querendo engolir aqueles que se acham muito maduros e que tem sido imaturos e prejudicado a igreja de Deus. Temos liberdade cristã, mas, não devemos esquecer que minha liberdade não pode ferir a consciência fraca do meu irmão. Em nome de uma imprecação reformada, o amor cristão tem sido relegado à sarjeta por um tipo de ortodoxia estranha aos ensinos da Escritura principalmente no Novo Testamento.

Qual o motivo da reforma? Para que reforma? Que consequências uma reforma deve trazer a igreja? Atentemos para os seguintes pontos:

1- Uma reforma que não se preocupa com a obra evangelizadora da igreja não é reforma;

2- Uma reforma que não demonstra santidade de vida e retidão de caráter não é reforma;

3- Uma reforma em que Deus não é o centro do culto cristão não é reforma;

4- Uma reforma que não se limita ao sola scriptura e que se enlaça de tradições claramente contra a Palavra de Deus não é reforma;

5- Uma reforma sem oração e zelo pela doutrina bíblica não é reforma;

6- Reforma sempre é acompanhada de avivamento;

7- Uma reforma em que a Bíblia não é a suficiente Palavra de Deus não é reforma.

A reforma só acontece quando a igreja retorna a Palavra, não somente de forma intelectual, mas prática. Uma reforma nunca dissociará a piedade com o preparo dos seus obreiros, nunca divorciará a vida cristã da exatidão bíblica e da pregação poderosa das Escrituras. Uma verdadeira reforma que tem base na verdade de Deus promoverá unidade na verdade. Por isso precisamos de reforma, sempre. Precisamos entender que a reforma não é dos presbiterianos, nem congregacionais, nem batistas. A reforma é do povo eleito de Deus, por isso precisamos andar juntos com um propósito maior: O Reino de Deus. Lutero, Calvino e Zwinglio tinham diferenças teológicas, mas, isso não impossibilitou o grande trabalho feito no século 16. Ainda precisamos ser libertos de um egocentrismo denominacional que se torna pecaminoso em muitas camadas. Devemos amar nossas denominações, contudo, devemos entender que o Reino de Deus não é minha denominação. Precisamos gritar por reforma não só de Palavras, mas, de vida, para Glória de Deus.

3 comentários:

  1. Excelente artigo e um alerta extremamente necessário, principalmente no contexto protestante brasileiro atual. Faço parte de uma denominação pentecostal e mesmo tendo sido edificado pelo trabalho de muitos irmãos piedosos e compromissados com a Palavra de Deus, também tenho sofrido ao longo dos anos ao presenciar práticas estranhas à sã doutrina. Precisamos sim, de um avivamento real que tenha como foco primordial as Sagradas Escrituras(Até porque não existe avivamento que não comece pela Palavra). Que o Senhor se apiede de nós. Gostaria de parabenizar a equipe responsável pelo site, tenho sido enriquecido pelo trabalho dos irmãos. Estarei orando por vocês!

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  2. Muito bom texto, precisamos que o povo que se denomina de Deus saibam qual o verdadeiro sentido da reforma.

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