Por Richardson Gomes
Falhamos.
Estou certo de que erramos. É provável que daqui a poucas horas, ou minutos, ou
segundos eu e você iremos falhar. Sim, é o que melhor sabermos fazer: errar.
Acertamos somente em errar e, até quando acertamos, erramos. Amamos e abraçamos
todos os dias o erro, pois não há um dia em que conseguimos fugir deles.
Falhamos em amar, falhamos em ser amados. Vivemos errando, erramos na vida. Eu
estava tentando me lembrar de quantas vezes eu falhei, e falhei por não
conseguir.
Quando
acordamos, nem sempre é na hora certa. Ao andarmos, tropeçamos. Nem sempre
acertamos o caminho para onde ir. Nem sempre acertamos o alvo. Mesmo os
melhores esportistas do mundo erram mais do que acertam. Acertar sempre é um
desafio. E parece que, muitas vezes, temos prazer em cometer erros. Falhamos em
casar, falhamos ao separar. Falhamos ao presentear, falhamos em não presentear.
Falhamos sempre, falhamos até ao falhar. Quando estudamos, facilmente erramos.
Precisamos de professores – que também erram - para nos ajudarem a falhar
menos. Mesmo quando tiramos nota máxima em uma prova, foi preciso falhar muito
antes. Até pra acertar, precisamos errar. Do contrário, erraríamos.
Nossa
memória sempre erra, nossa mente nos engana, os sentidos nos confundem, temos
falsas certezas, nosso corpo cansa, somos assim. Seria tão difícil
lembrarmo-nos de alguma vez em que nos arrependemos por escolhas que fizemos?
Por algo que compramos? Por algo que falamos? Sem querer, falhamos. Sem
perceber, erramos. Lidamos desde criança com nossos erramos, mas ainda falhamos
em não admiti-los. Falhamos em festejar, falhamos em nos alegrar, falhamos em
chorar, falhamos em beber, falhamos em fumar, falhamos até em comer. Ao brigar,
erramos. Ao não perdoar, erramos. Mentimos quase sempre que erramos e sempre que
mentimos, erramos.
Talvez
um dia pudéssemos não falhar, mas preferimos falhar. Talvez não fomos feitos
para falhar, mas mesmo assim falhamos. Encontramos erros nos livros, erros em
revistas e é só abrir o jornal para lermos erros e mais erros de gente como
nós. Podemos falhar até em desejar nunca falhar. O governo que nos representa é
falho. Talvez porque represente gente que é falha. Erramos quando lideramos,
erramos quando somos liderados. Falhamos no amor ao próximo, falhamos no amor a
Deus.
E
mesmo que muitos leiam este texto, poucos reconhecerão suas falhas. Pois há uma
grande falha em nós em odiarmos o que é não é falho. Sim, é o nosso pior erro.
Erramos em odiar o perfeito, por sermos imperfeitos. Somos tão falhos que
falhamos em amar a um Deus perfeito. Falhamos em não reconhecer que Deus deve
reinar em nossas vidas. Erramos em não reconhecer que “Não há nenhum justo, nem
um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se
desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não
há nem um sequer.” (Rm 3:10-12). Esse é o retrato da humanidade: “O Senhor viu
que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação
dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal.” (Gn 6:5).
Falhamos tanto que um Deus perfeito, querendo nos fazer acertar,
enviou seu próprio filho, a saber, Jesus Cristo, para que morresse na cruz pela
nossas falhas e vencer a morte por ser o próprio Deus. Somente por meio de
Jesus é que todo esse quadro pode ser diferente. Nossos acertos dependem de
Deus. É Ele quem faz com que creiamos em Cristo. Do contrário, falharíamos. E
deste modo, garante-nos o maior acerto de todos: podermos amar a Deus. Se eu
continuasse a listar todos os nossos erros, este texto não haveria fim e, com
certeza, eu erraria esquecendo-me de muitos. Mas posso garantir que todos estes
nossos erros provém da verdade que Jesus afirmou a nós: “Errais, não conhecendo
as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mt 22:29).