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4 de abr. de 2016

Cosmovisão Sob Perspectiva - Criacional, Redentora e Escatológica

Por Thomas Magnum[i]


O passo mais importante para o cristão é tornar-se informado sobre a cosmovisão cristã, uma visão abrangente e sistemática da vida e do mundo como um todo. Nenhum crente hoje pode ser realmente eficaz na arena das ideias até que tenha sido treinado a pensar em termos de cosmovisão. (Ronald Nash)


Não raro, a aplicação do estudo teológico as mais variadas esferas da vida humana se limitam a comunidade cristã local e a seu calendário de programações semestrais ou anuais; com conferências, congressos, simpósios etc. Não sou contra essas programações, pelo contrário participo tanto ouvindo, como falando em eventos assim e acho benéfico, mas, o problema é que esse tipo de reflexão não pode se limitar a períodos programados.

 Ao pedir que cristãos leigos ou mesmo seminaristas apliquem o estudo teológico de forma contextual a sociedade, arte, música, família, relacionamentos, atividade profissional e atividades intelectuais ou acadêmicas deve-se saber que esbarraremos em grandes muralhas que precisam ser transpostas. A aplicação da teologia na vida prática muitas vezes é um grande dilema para muitos cristãos. Como ser um profissional para glória de Deus ou como ser um pai ou mãe par glória de Deus? Ou mesmo, como ser um pintor ou escultor ou poeta para glória de Deus? Por vivermos num contexto secularizado e como dizia Francis Schaeffer pós-cristão, temos dificuldades enormes para equiparar nossa vida de forma integral com o ensino do cristianismo. Ao falarmos da visão teológica é necessário que esclareçamos alguns pontos importantes. Todo homem possui a semen religionis (semente da religião), todo homem ou mulher tem afeições religiosas, sejam essas direcionadas corretamente ao Deus da Bíblia ou a um deus criado pela imaginação humana.

Ao tratarmos de culto e cultura estaremos em campos paralelos, à prática cultural é identificável pela prática religiosa de indivíduos, grupos sociais, cidades, países ou num contexto mundial. A visão teológica está presente em todos os contextos culturais, o missiólogo e antropólogo Ronaldo Lidório nos diz que

Observar a cultura como ela é (a partir de uma observação êmica) e estudá-la à luz de um processo bíblico (observação teológica) é um exercício válido para todos os que lidam com a exposição e a vivência do evangelho com outras culturas, a fim de entender bem como aquele valor bíblico está de fato sendo compreendido e aplicado pelo grupo receptor [ii].

A observação pelo espetro sócio-cultural como diz Lidório em seu livro Comunicação e Cultura não pode ser apenas pelos primas ético e êmico, a partir de meus valores culturais e a partir somente dos valores culturais do outro, daquele que será receptor da mensagem do evangelho, mas sim, por uma observação êmico-teológica num contexto missiológico. A cultura também é beneficiada pela graça comum de Deus em muitos aspectos, no nosso caso no Ocidente temos uma forte influência da moral cristã. O pensamento social e político em muitas esferas nacionais são fruto da cristandade. No entanto há uma dificuldade de empregabilidade dos ensinos cristãos a uma prática ética, esta prática não tem compromisso com a Escritura Sagrada. Quando um contabilista é tentado a realizar manobras ou transações que chocam com o ensino cristão? O que fazer? É evidente que a resposta a essa pergunta é a mesma para toda a ética ensinada pelo cristianismo que são fruto da lei de Deus, não furtarás. 

A Bíblia é a lente pela qual devemos ler o mundo. O cristianismo é a única forma correta de ler a sociedade em todas as suas camadas – famíliar, política, educacional, artística, relacional. Nosso grande desafio de fato é uma visão teológica teoreferente. No desenvolvimento do pensamento cristão a cristandade foi tentada a mudar sua referência teológica de Deus para uma referência antropocêntrica, houve uma convergência para o homem, centralizando a criatura. 

Precisamos ter uma visão teoreferente, Deus como referencial não só para a vida em comunidade de fé, mas, nosso papel na sociedade, na academia, na vizinhança, na família. Essa visão será fruto inicialmente de uma correta apreensão da criação descrita nas Escrituras Sagradas.

A doutrina da criação é de grande importância para uma cosmovisão teoreferente, se não houver uma correta abordagem da origem do mundo e do homem não se obterá uma completa e correta concepção do propósito para o qual o homem fora criado, para o qual o mundo fora criado. A criação ex nihilo é nosso ponto de partida para uma cosmovisão cristã bíblico-teológica tendo Deus como o ponto central de sua gênese ao seu sentido último. Franklin Ferreira nos diz que

Esse Deus criou por seu poder todas as coisas do nada, e, originalmente, toda a criação era boa. Essa noção da criação do nada é importantíssima para a fé cristã. A expressão latina é ex nihilo. Deus não precisou de nada preexistente para criar. O Deus Eterno cria tudo do nada, sem precisar de nenhuma ajuda. Portanto, não havia nenhuma matéria prévia ao lado de Deus na criação. Deus cria a matéria. Aliás, Deus cria o próprio tempo. Deus cria a história. Tudo foi criado por Ele. Deus criou toda a criação muito boa. Gênesis 1.1-31 afirma esta verdade seis vezes. Deus cria e diz: “É bom” (Gn 1.10,12,18,21,25,31). Deus cria, e é bom. E no final do relato bíblico, Deus cria e diz: “Muito bom”. E Deus cria todas as coisas para que estas anunciem sua glória, amor e bondade [iii].

Deus não precisava criar, afinal, Deus não precisa de nada, se precisasse não era Deus. Ele decidiu criar em um ato de soberania e sabedoria divina e o propósito dessa criação é sua glória. Deus criou do nada, seu eterno poder criou de forma boa, sua criação segue seu propósito, seu decreto estabelece a história da humanidade, sua providência guia o mundo a encarnação do seu eterno propósito, trazendo a cabo o que foi estabelecido por seu decreto eterno.

O estudo dos decretos leva naturalmente à consideração da sua execução, e esta começa com a obra da criação. É a primeira, não somente em ordem cronológica, mas, também como prioridade lógica. É o começo e a base de toda revelação divina e, consequentemente, é também o fundamento de toda vida ética e religiosa. A doutrina da criação não é exposta na Escritura como uma solução filosófica do problema do mundo, mas, sim, em seu significado ético e religioso, como uma revelação da relação do homem com seu Deus. Ela salienta o fato de Deus é a origem de todas as coisas, e de que todas as coisas Lhe pertencem e Lhe estão sujeitas. O conhecimento desta doutrina só se obtém da Escritura e se aceita pela fé (Hb 11.3)[iv].

Fica entendido que por nossa perspectiva teológica é incoerente interpretar a criação e seu propósito sem o decreto de Deus. Como nos disse Berkhof : o estudo dos decretos nos levam à consideração lógica da sua execução. Sem essa compreensão a partir do decreto de Deus na criação toda ordem do mundo é adulterada, somente através do que diz a Bíblia sobre o mundo e a finalidade de sua existência podemos ter um verdadeiro entendimento da criação e sua ordem missional [v]. Como dito anteriormente essa adoração do universo e toda a criação de Deus lhe é prestada como finalidade, o telos. Deus, sendo Deus não precisa de nada nem de ninguém como Hodge afirma:

[...] À luz da auto-suficiência absoluta de Deus, deduz-se que a criação não foi designada para suprir ou satisfazer qualquer necessidade de sua parte. Ele não é mais perfeito ou mais feliz por haver criado o mundo. Além disso, deduz-se da natureza de um ser infinito que a razão (ou seja, tanto o motivo quanto o fim) da criação deve estar  nele mesmo. Como todas as coisas são dele e por meio dele, assim também são para ele[vi].

O fato da criação não alterar em nada o caráter de Deus nos é um tema caro na teologia sistemática, Deus não se tornou criador, mas é o eterno criador. Deus é imutável e antes do tempo existir Deus era Deus, auto-suficiente, o Eu Sou o que Sou. Essa independência de Deus e sua suficiência nele mesmo o eleva a um Ser necessário para explicar o sentido da criação. Nos diz Bavinck que

[...] Deus é o Eterno: nele não há passado nem futuro, nem transformação e nem mudança. Tudo o que ele é, é eterno: seu pensamento, sua vontade, seu decreto. Eterna nele é a ideia do mundo, que ele pensa e expressa no Filho; eterna nele também é a decisão de criar o mundo; eterna nele é a vontade de que o mundo seja criado no tempo; eterno nele também é o ato de  criar  como um ato de Deus, uma ação tanto interna quanto imanente. Deus não se tornou Criador, de modo que, primeiro , por um longo tempo, ele não criou e depois criou. Em vez disso ele é o Criador Eterno, e, como Criador, ele era o Eterno, e como o Eterno, ele criou [vii].

A observação por meio sociocultural não é suficiente para uma conceituação antropológica.

O estudo teológico não tem por obrigação somente a instrução dos cristãos no âmbito devocional e eclesiástico. Toda construção teológica desembocará em resultados práticos na vida de um receptor, daquele que for recipiente do discurso dogmático. A teologia não serve como um depósito de debates infindáveis e sem utilidade (embora tenha sido assim em muitos casos), a teologia deve atender e responder questões ligadas a Deus, a sua igreja, ao homem como ser criado e onde ele está inserido – a sociedade – a teologia versa ou dialoga com todas as áreas do conhecimento, sobrepujando-as, a teologia é por assim dizer superior a todos os campos de conhecimento, por ter como objeto de estudo a revelação escrita de Deus. Com isso não estou invalidando a importância dos variados campos do saber, pelo contrário, Deus tem dois “livros” que o revelam, a revelação geral e a especial/histórico-redentiva. As duas, com distinta importância, mas, a última como superior a primeira conforme nos mostra o Salmo 19. 

A teologia reformada tem sido um baluarte desde a reforma protestante. Lutero, Calvino e os demais reformadores foram pensadores sociais também, sua teologia era missional, encarnacional, aplicada a realidade de sua época de forma que o Evangelho responde questões referentes ao homem e seu habitat. Toda construção da antropologia social irá versar sobre questões contingentes e não contingentes em relação à vivência humana ou a seus aspectos observacionais, psicológicos. Conquanto muitas vezes ou a maioria delas, essas observações são tomadas como axiomáticas de forma que tais observações acabam ser tornando “canônicas” na determinação de quem é o homem, o que ele faz aqui, qual é sua função no âmbito social e qual é o propósito de sua vida. Toda essa construção tem um viés ideológico e espiritual, tudo que promove exame da persona irá atrelar-se ou pelo menos tentar ligar-se a realidade, o problema é que a realidade acerca do que é o homem e seu propósito escatológico somente pode ser determinado por uma conceituação fora do homem. A forma de saber quem é o homem e porque ele está aqui é algo espiritual, nem o epicurismo, nem o marxismo, nem o freudismo, nem o psicologismo, nem o sexismo, nem o feminismo, nem socioconstrutivismo tem condições de determinar o que é o homem, a antropologia através de suas investigações observacionais pode até eximir algum raio de luz em relação ao que é o homem, mas, não pode de forma observacional apenas, dizer o que é o homem. O ser humano não pode ser apenas observado eticamente [viii], nem êmicamente [ix], mas, de forma que seja observado por um prisma maior e eficaz, em que a ética e a observação êmica serão julgados por um exame êmico-teológico.

Um arcabouço doutrinário/teológico frouxo nunca poderá produzir um pensamento social e político coerente com o Ser de Deus revelado nas Escrituras. Uma teologia que mina a soberania de Deus e a vileza e o estado caído do homem e sua total inabilidade para alcançar a Deus, produzirá um sistema de pensamento contrário ao cristianismo bíblico. Toda teologia que defende a autonomia da razão humana será um pressuposto para sistemas políticos totalitários, opressores, ímpios, e promotora de atitudes contrárias a uma ética que sobrepuje a construção ideológica.

Sem uma correta abordagem teológica viabilizada pela dogmática cristã não podemos construir ou descobrir qual é o modelo correto de sociedade, política, abordagens artísticas, métodos educacionais, crescimento dos campos do saber. A teologia irá nos mostrar através de suas abordagens do dogma cristão, como Deus deseja que sua criação funcione. É entendível que não há na Bíblia uma fórmula sagrada para a composição de sinfonias, ou uma determinação musical sagrada para a utilização de determinados compassos, ou para uma sacramentalização de determinados instrumentos musicais. Como não há uma fórmula bíblica para técnicas de artes plásticas, ou uma aprovação teológica ao impressionismo ou expressionismo quanto escolas de arte, não há uma ordenança bíblica para se tomar o cubismo ou dadaísmo como escolas de arte cristãs ou mesmo o surrealismo como algo fundamental para a cristandade. O que teremos nas Escrituras é o estabelecimento de uma cosmovisão criacional e redentora. A partir da criação e dos mandatos estabelecidos em Gênesis 1.26-30 temos todo um fundamento para a visão cristã de mundo que será desenvolvido e aplicado em todas as Escrituras.

Podemos concluir  que a cosmovisão cristã é fundamentalmente criacional e redentora. O motivo básico cristão de criação –  queda – redenção é muito importante para uma correta leitura teológica que estabelecerá a ponte para percepções cristãs de mundo. Essa percepção cristã do mundo se exalta sobre toda e qualquer cosmovisão concorrente. Como nos diz Ronald Nash:

Óculos corretos são capazes de por o mundo em foco mais claro - e a cosmovisão correta pode funcionar de um modo muito parecido. Quando alguém olha o mundo pela perspectiva da cosmovisão errada, o mundo não faz muito sentido. Ou o que a pessoa pensa fazer sentido estará, na verdade, errado em aspectos importantes. Aplicar o esquema conceitual correto, isto é, ver o mundo através da cosmovisão correta, pode ter repercussões importantes para o resto da compreensão da pessoa de acontecimentos e ideias [x].

Com essa afirmação de Nash podemos dizer que em grande medida cosmovisões não cristãs tem sua dose de niilismo. Não há propósito último. Numa cosmovisão cristã que se desenvolve a partir de uma abordagem criacional temos claramente uma ordem básica de entendimento em arche, ethos e escathon. Existe um criador de todas as coisas e esse criador estabeleceu leis para o funcionamento de todas as coisas e para suas criaturas, essas leis sejam elas as leis naturais que estarão ligadas ao uma abordagem da teologia natural ou leis preceituais ligadas a revelação especial de Deus, uma teologia redentiva, uma revelação que leva a humanidade a salvação. Essa revelação está em Jesus Cristo encarnado, verbo de Deus e nas Sagradas Escrituras. Com isso estabelecido é evidente que todo esse plano criacional tem um fim, um escathon. Aqui está a importância da progrecividade e organicidade da revelação de Deus aos homens, a Bíblia, a teologia da revelação é crescente e progressivamente dirigida ao clímax da história da redenção de toda criação, essa redenção final contempla tanto os homens como o mundo criado, a restauração de todas as coisas cumpre o escathon de Deus. Sem uma cosmovisão criacional e redentora não chegaremos a uma compreensão escatológica do plano divino.

O passo mais importante para os cristãos é tornar-se informado sobre a cosmovisão cristã, uma visão abrangente e sistemática da vida e do mundo como um todo. Nenhum crente hoje pode ser realmente eficaz na arena das ideias até que tenha sido treinado a pensar em termos de cosmovisão [xi].

Ronald Nash mais uma vez nos esclarece a importância da cosmovisão para o mundo visto por óculos redentivos. Sem essa compreensão cristãos não terão condições de cumprirem devidamente sua missão, que não é apenas evangelizar, mas, glorificar a Deus entre todas as nações. Por isso nos diz o Salmo 98:

Cantem ao Senhor um novo cântico, pois ele fez coisas maravilhosas; a sua mão direita e o seu braço santo lhe deram a vitória!
O Senhor anunciou a sua vitória e revelou a sua justiça às nações.
Ele se lembrou do seu amor leal e da sua fidelidade para com a casa de Israel; todos os confins da terra viram a vitória do nosso Deus.
Aclamem o Senhor todos os habitantes da terra! Louvem-no com cânticos de alegria e ao som de música!
Ofereçam música ao Senhor com a harpa, com a harpa e ao som de canções,
com cornetas e ao som da trombeta; exultem diante do Senhor, o Rei!
Ressoe o mar e tudo o que nele existe, o mundo e os seus habitantes!
Batam palmas os rios, e juntos, cantem de alegria os montes;
cantem diante do Senhor, porque ele vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com retidão.

Salmos 98 (NVI)


[i] O autor é bacharel em teologia pelo Centro de Estudos Teológicos Brasileiro; Bacharel em Comunicação Social pela Faculdade Joaquim Nabuco; Mestrando em Estudos Teológicos pelo Mints International Seminary, Miami. É professor de Teologia Sistemática no Seminário Congregacional do Nordeste (Campus Recife e Maceió) e no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil, campus Recife. É presbítero na Igreja Evangélica Congregacional de Casa Amarela na cidade do Recife em Pernambuco.

[ii] Ronaldo Lidório Comunicação e Cultura, Ed. Vida Nova, 2014, p.59.

[iii] Franklin Ferreira –  O Credo dos Apóstolos – As doutrinas centrais da fé cristã, p.110,111. Ed. FIEL.

[iv] Louis Berkhof - Teologia Sistemática, p.119. Ed. Cultura Cristã.

[v]  Ao tratar de ordem missional na criação ressalto que tudo que foi criado por Deus rende glória ao Criador, a criação adora ao Criador e lhe obedece às ordens que são manifestadas como obra da providência, sejam de forma ordinária ou de forma extraordinária, logo concluo que a criação também atende a um chamado missional no que se refere a proclamar a glória de Deus (Salmos 19).

[vi] Charles Hodge  Teologia Sistemática, p. 422, ed. Hagnos.

[vii] Herman Bavinck Dogmática Reformada, vol 2, p. 438 – Ed. Cultura Cristã.

[viii] Me refiro ao julgamento cultural baseado em valores culturais peculiares de um povo, ao utilizar o termo ética aqui não há ligação com o julgamento da ético-teológico, mas, a um sistema de costumes e valores de um povo sendo ou não antagônicos ao cristianismo.

[ix] Ao me referir e usar o termo êmico, bem trabalhado pelo antropólogo e missiólogo, Ronaldo Lidório, verso sobre a observação do homem pela lente dele mesmo, observando a cultura por pela ótica do nativo, isolando tal análise de um exame teológico.

[x] Ronald Nash - Cosmovisões em conflito, Editora Monergismo, p.27.

[xi] Ibdem, p.22.


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