Como reformados, cremos naquilo que é costumeiramente chamado de TULIP ou 5 Pontos do Calvinismo, a saber: Depravação Total; Eleição Incondicional; Expiação Limitada; Graça Irresistível e Perseverança dos Santos. Também professamos os 5 "Solas" da Reforma, que são: 
1. Sola Fide (Somente a fé).
2. Sola Spriptura (Somente as Escrituras).
3. Solus Christus (Somente Cristo).
4. Sola Gratia (Somente a Graça).
5. Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus).
A Confissão de Fé que escolhemos para nos representar pode ser lida na íntegra logo abaixo:
CONFISSÃO DE FÉ DA GUANABARA*
Segundo a doutrina 
        de S. Pedro Apóstolo, em sua primeira epístola, todos 
        os cristãos devem estar sempre prontos para dar razão da 
        esperança que neles há, e isso com toda a doçura 
        e benignidade, nós abaixo assinados, Senhor de Villegaignon, unanimemente 
        (segundo a medida de graça que o Senhor nos tem concedido) damos 
        razão, a cada ponto, como nos haveis apontado e ordenado, e começando 
        no primeiro artigo: 
I. Cremos em um só 
        Deus, imortal, invisível, criador do céu e da terra, 
        e de todas as coisas, tanto visíveis como invisíveis, o 
        qual é distinto em três pessoas: o Pai, o Filho e o Santo 
        Espírito, que não constituem senão uma mesma substância 
        em essência eterna e uma mesma vontade; o Pai, fonte e começo 
        de todo o bem; o Filho, eternamente gerado do Pai, o qual, cumprida a 
        plenitude do tempo, se manifestou em carne ao mundo, sendo concebido do 
        Santo Espírito, nasceu da virgem Maria, feito sob a lei para resgatar 
        os que sob ela estavam, a fim de que recebêssemos a adoção 
        de próprios filhos; o Santo Espírito, procedente do Pai 
        e do Filho, mestre de toda a verdade, falando pela boca dos profetas, 
        sugerindo as coisas que foram ditas por nosso Senhor Jesus Cristo aos 
        apóstolos. Este é o único Consolador em aflição, 
        dando constância e perseverança em todo bem. 
Cremos que é mister 
        somente adorar e perfeitamente amar, rogar e invocar a majestade de Deus 
        em fé ou particularmente. 
II. Adorando nosso 
        Senhor Jesus Cristo, não separamos uma natureza da outra, 
        confessando as duas naturezas, a saber, divina e humana nele inseparáveis. 
III. Cremos, quanto 
        ao Filho de Deus e ao Santo Espírito, o que a Palavra de Deus 
        e a doutrina apostólica, e o símbolo,[1] nos ensinam. 
IV. Cremos que nosso 
        Senhor Jesus Cristo virá julgar os vivos e os mortos, em forma 
        visível e humana como subiu ao céu, executando tal juízo 
        na forma em que nos predisse no capítulo vinte e cinco de Mateus, 
        tendo todo o poder de julgar, a Ele dado pelo Pai, sendo homem. 
E, quanto ao que dizemos 
        em nossas orações, que o Pai aparecerá enfim na pessoa 
        do Filho, entendemos por isso que o poder do Pai, dado ao Filho, será 
        manifestado no dito juízo, não todavia que queiramos confundir 
        as pessoas, sabendo que elas são realmente distintas uma da outra. 
V. Cremos que no santíssimo 
        sacramento da ceia, com as figuras corporais do pão e do vinho, 
        as almas fiéis são realmente e de fato alimentadas com a 
        própria substância do nosso Senhor Jesus, como nossos corpos 
        são alimentados de alimentos, e assim não entendemos dizer 
        que o pão e o vinho sejam transformados ou transubstanciados no 
        seu corpo, porque o pão continua em sua natureza e substância, 
        semelhantemente ao vinho, e não há mudança ou alteração. 
Distinguimos todavia este 
        pão e vinho do outro pão que é dedicado ao uso comum, 
        sendo que este nos é um sinal sacramental, sob o qual a verdade 
        é infalivelmente recebida. Ora, esta recepção não 
        se faz senão por meio da fé e nela não convém 
        imaginar nada de carnal, nem preparar os dentes para comer, como santo 
        Agostinho nos ensina, dizendo: “Porque preparas tu os dentes e o 
        ventre? Crê, e tu o comeste.” 
O sinal, pois, nem nos 
        dá a verdade, nem a coisa significada; mas Nosso Senhor Jesus Cristo, 
        por seu poder, virtude e bondade, alimenta e preserva nossas almas, e 
        as faz participantes da sua carne, e de seu sangue, e de todos os seus 
        benefícios. 
Vejamos a interpretação 
        das palavras de Jesus Cristo: “Este pão é meu corpo.” 
        Tertuliano, no livro quarto contra Marcião, explica estas palavras 
        assim: “este é o sinal e a figura do meu corpo.” 
S. Agostinho diz: “O 
        Senhor não evitou dizer: — Este é o meu corpo, quando 
        dava apenas o sinal de seu corpo.” 
Portanto (como é 
        ordenado no primeiro cânon do Concílio de Nicéia), 
        neste santo sacramento não devemos imaginar nada de carnal e nem 
        nos distrair no pão e no vinho, que nos são neles propostos 
        por sinais, mas levantar nossos espíritos ao céu para contemplar 
        pela fé o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus, sentado à destra 
        de Deus, seu Pai. 
Neste sentido podíamos 
        jurar o artigo da Ascensão, com muitas outras sentenças 
        de Santo Agostinho, que omitimos, temendo ser longas. 
VI. Cremos que, se 
        fosse necessário pôr água no vinho, os evangelistas 
        e São Paulo não teriam omitido uma coisa de tão grande 
        conseqüência. 
E quanto ao que os doutores 
        antigos têm observado (fundamentando-se sobre o sangue misturado 
        com água que saiu do lado de Jesus Cristo, desde que tal observância 
        não tem fundamento na Palavra de Deus, visto mesmo que depois da 
        instituição da Santa Ceia isso aconteceu), nós não 
        podemos hoje admitir necessariamente. 
VII. Cremos que não 
        há outra consagração senão a que se faz pelo 
        ministro, quando se celebra a ceia, recitando o ministro ao povo, 
        em linguagem conhecida, a instituição desta ceia literalmente, 
        segundo a forma que nosso Senhor Jesus Cristo nos prescreveu, admoestando 
        o povo quanto à morte e paixão do nosso Senhor. E mesmo, 
        como diz santo Agostinho, a consagração é a palavra 
        de fé que é pregada e recebida em fé. Pelo que, segue-se 
        que as palavras secretamente pronunciadas sobre os sinais não podem 
        ser a consagração como aparece da instituição 
        que nosso Senhor Jesus Cristo deixou aos seus apóstolos, dirigindo 
        suas palavras aos seus discípulos presentes, aos quais ordenou 
        tomar e comer. 
VIII. O santo sacramento 
        da ceia não é alimento para o corpo como para as almas 
        (porque nós não imaginamos nada de carnal, como declaramos 
        no artigo quinto) recebendo-o por fé, a qual não é 
        carnal. 
IX. Cremos que o batismo 
        é sacramento de penitência, e como uma entrada na igreja 
        de Deus, para sermos incorporados em Jesus Cristo. Representa-nos 
        a remissão de nossos pecados passados e futuros, a qual é 
        adquirida plenamente, só pela morte de nosso Senhor Jesus. 
De mais, a mortificação 
        de nossa carne aí nos é representada, e a lavagem, representada 
        pela água lançada sobre a criança, é sinal 
        e selo do sangue de nosso Senhor Jesus, que é a verdadeira purificação 
        de nossas almas. A sua instituição nos é ensinada 
        na Palavra de Deus, a qual os santos apóstolos observaram, usando 
        de água em nome do Pai, do Filho e do Santo Espírito. Quanto 
        aos exorcismos, abjurações de Satanás, crisma, saliva 
        e sal, nós os registramos como tradições dos homens, 
        contentando-nos só com a forma e instituição deixada 
        por nosso Senhor Jesus. 
X. Quanto ao livre 
        arbítrio, cremos que, se o primeiro homem, criado à 
        imagem de Deus, teve liberdade e vontade, tanto para bem como para mal, 
        só ele conheceu o que era livre arbítrio, estando em sua 
        integridade. Ora, ele nem apenas guardou este dom de Deus, assim como 
        dele foi privado por seu pecado, e todos os que descendem dele, de sorte 
        que nenhum da semente de Adão tem uma centelha do bem. 
Por esta causa, diz São 
        Paulo, o homem natural não entende as coisas que são de 
        Deus. E Oséias clama aos filho de Israel: “Tua perdição 
        é de ti, ó Israel.” Ora isto entendemos do homem que 
        não é regenerado pelo Santo Espírito. 
Quanto ao homem cristão, batizado no sangue de Jesus Cristo, o qual caminha em novidade de vida, nosso Senhor Jesus Cristo restitui nele o livre arbítrio, e reforma a vontade para todas as boas obras, não todavia em perfeição, porque a execução de boa vontade não está em seu poder, mas vem de Deus, como amplamente este santo apóstolo declara, no sétimo capítulo aos Romanos, dizendo: “Tenho o querer, mas em mim não acho o realizar.”
Quanto ao homem cristão, batizado no sangue de Jesus Cristo, o qual caminha em novidade de vida, nosso Senhor Jesus Cristo restitui nele o livre arbítrio, e reforma a vontade para todas as boas obras, não todavia em perfeição, porque a execução de boa vontade não está em seu poder, mas vem de Deus, como amplamente este santo apóstolo declara, no sétimo capítulo aos Romanos, dizendo: “Tenho o querer, mas em mim não acho o realizar.”
O homem predestinado para 
        a vida eterna, embora peque por fragilidade humana, todavia não 
        pode cair em impenitência. 
A este propósito, 
        S. João diz que ele não peca, porque a eleição 
        permanece nele. 
XI. Cremos que pertence 
        só à Palavra de Deus perdoar os pecados, da qual, como 
        diz santo Ambrósio, o homem é apenas o ministro; portanto, 
        se ele condena ou absolve, não é ele, mas a Palavra de Deus 
        que ele anuncia. 
Santo Agostinho, neste lugar diz que não é pelo mérito dos homens que os pecados são perdoados, mas pela virtude do Santo Espírito. Porque o Senhor dissera aos seus apóstolos: “recebei o Santo Espírito;” depois acrescenta: “Se perdoardes a alguém os seus pecados,” etc.
Santo Agostinho, neste lugar diz que não é pelo mérito dos homens que os pecados são perdoados, mas pela virtude do Santo Espírito. Porque o Senhor dissera aos seus apóstolos: “recebei o Santo Espírito;” depois acrescenta: “Se perdoardes a alguém os seus pecados,” etc.
Cipriano diz que o servo 
        não pode perdoar a ofensa contra o Senhor. 
XII. Quanto à 
        imposição das mãos, essa serviu em seu tempo, 
        e não há necessidade de conservá-la agora, porque 
        pela imposição das mãos não se pode dar o 
        Santo Espírito, porquanto isto só a Deus pertence. 
No tocante à ordem 
        eclesiástica, cremos no que S. Paulo dela escreveu na primeira 
        epístola a Timóteo, e em outros lugares. 
XIII. A separação 
        entre o homem e a mulher legitimamente unidos por casamento não 
        se pode fazer senão por causa de adultério, como nosso 
        Senhor ensina (Mateus 19:5). E não somente se pode fazer a separação 
        por essa causa, mas também, bem examinada a causa perante o magistrado, 
        a parte não culpada, se não podendo conter-se, deve casar-se, 
        como São Ambrósio diz sobre o capítulo sete da Primeira 
        Epístola aos Coríntios. O magistrado, todavia, deve nisso 
        proceder com madureza de conselho. 
XIV. São Paulo, 
        ensinando que o bispo deve ser marido de uma só mulher, não 
        diz que não lhe seja lícito tornar a casar, mas o santo 
        apóstolo condena a bigamia a que os homens daqueles tempos eram 
        muito afeitos; todavia, nisso deixamos o julgamento aos mais versados 
        nas Santas Escrituras, não se fundando a nossa fé sobre 
        esse ponto. 
XV. Não é 
        lícito votar a Deus, senão o que ele aprova. Ora, é 
        assim que os votos monásticos só tendem à corrupção 
        do verdadeiro serviço de Deus. É também grande temeridade 
        e presunção do homem fazer votos além da medida de 
        sua vocação, visto que a santa Escritura nos ensina que 
        a continência é um dom especial (Mateus 15 e 1 Coríntios 
        7). Portanto, segue-se que os que se impõem esta necessidade, renunciando 
        ao matrimônio toda a sua vida, não podem ser desculpados 
        de extrema temeridade e confiança excessiva e insolente em si mesmos. 
E por este meio tentam 
        a Deus, visto que o dom da continência é em alguns apenas 
        temporal, e o que o teve por algum tempo não o terá pelo 
        resto da vida. Por isso, pois, os monges, padres e outros tais que se 
        obrigam e prometem viver em castidade, tentam contra Deus, por isso que 
        não está neles o cumprir o que prometem. São Cipriano, 
        no capítulo onze, diz assim: “Se as virgens se dedicam de 
        boa vontade a Cristo, perseverem em castidade sem defeito; sendo assim 
        fortes e constantes, esperem o galardão preparado para a sua virgindade; 
        se não querem ou não podem perseverar nos votos, é 
        melhor que se casem do que serem precipitadas no fogo da lascívia 
        por seus prazeres e delícias.” Quanto à passagem do 
        apóstolo S. Paulo, é verdade que as viúvas tomadas 
        para servir à igreja, se submetiam a não mais casar, enquanto 
        estivessem sujeitas ao dito cargo, não que por isso se lhes reputasse 
        ou atribuísse alguma santidade, mas porque não podiam bem 
        desempenhar os deveres, sendo casadas; e, querendo casar, renunciassem 
        à vocação para a qual Deus as tinha chamado, contudo 
        que cumprissem as promessas feitas na igreja, sem violar a promessa feita 
        no batismo, na qual está contido este ponto: “Que cada um 
        deve servir a Deus na vocação em que foi chamado.” 
        As viúvas, pois, não faziam voto de continência, senão 
        porque o casamento não convinha ao ofício para que se apresentavam, 
        e não tinha outra consideração que cumpri-lo. Não 
        eram tão constrangidas que não lhes fosse antes permitido 
        casar que se abrasar e cair em alguma infâmia ou desonestidade. 
Mas, para evitar tal inconveniência, 
        o apóstolo São Paulo, no capítulo citado, proíbe 
        que sejam recebidas para fazer tais votos sem que tenham a idade de sessenta 
        anos, que é uma idade normalmente fora da incontinência. 
        Acrescenta que os eleitos só devem ter sido casados uma vez, a 
        fim de que por essa forma, tenham já uma aprovação 
        de continência. 
XVI. Cremos que Jesus 
        Cristo é o nosso único Mediador, intercessor e advogado, 
        pelo qual temos acesso ao Pai, e que, justificados no seu sangue, seremos 
        livres da morte, e por ele já reconciliados teremos plena vitória 
        contra a morte. 
Quanto aos santos mortos, 
        dizemos que desejam a nossa salvação e o cumprimento do 
        Reino de Deus, e que o número dos eleitos se complete; todavia, 
        não nos devemos dirigir a eles como intercessores para obterem 
        alguma coisa, porque desobedeceríamos o mandamento de Deus. Quanto 
        a nós, ainda vivos, enquanto estamos unidos como membros de um 
        corpo, devemos orar uns pelos outros, como nos ensinam muitas passagens 
        das Santas Escrituras. 
XVII. Quanto aos mortos, 
        São Paulo, na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, no 
        capítulo quatro, nos proíbe entristecer-nos por eles, porque 
        isto convém aos pagãos, que não têm esperança 
        alguma de ressuscitar. O apóstolo não manda e nem ensina 
        orar por eles, o que não teria esquecido se fosse conveniente. 
        S. Agostinho, sobre o Salmo 48, diz que os espíritos dos mortos 
        recebem conforme o que tiverem feito durante a vida; que se nada fizeram, 
        estando vivos, nada recebem, estando mortos. 
Esta é a resposta 
        que damos aos artigos por vós enviados, segundo a medida e 
        porção da fé, que Deus nos deu, suplicando que lhe 
        praza fazer que em nós não seja morta, antes produza frutos 
        dignos de seus filhos, e assim, fazendo-nos crescer e perseverar nela, 
        lhe rendamos graças e louvores para sempre. Assim seja. 
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* Extraído de Paulo 
        R. B. Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras 
        (São Paulo: Editora 
        Os Puritanos, 1998), 190-197. Escolhemos essa confissão dentre as várias  que herdamos da Reforma por ter sido escrita em solo brasileiro por huguenotes que fugiram da perseguição aos calvinistas que se instaurou em território francês. Estes homens se instalaram no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, no ano de 1557, mas aqui foram perseguidos por Villegaignon e condenados a morte. Esta que é a primeira confissão de fé das Américas foi uma resposta a uma série de perguntas na qual deveriam responder em 12 horas, para que a sua crença fosse registrada e assim recebessem a sua punição. Ou seja, esta confissão representou a sentença de morte para aqueles homens.