Por Thiago Oliveira
Texto Base: 1 João 3:11-24
11. Esta é a mensagem que
vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. 12. Não sejamos
como Caim, que pertencia ao Maligno e matou seu irmão. E por que o matou?
Porque suas obras eram más e as de seu irmão eram justas. 13. Meus irmãos, não
se admirem se o mundo os odeia. 14. Sabemos que já passamos da morte para a
vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15. Quem
odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna
em si mesmo. 16. Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida
por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. 17. Se alguém tiver
recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele,
como pode permanecer nele o amor de Deus? 18. Filhinhos, não amemos de palavra
nem de boca, mas em ação e em verdade. 19. Assim saberemos que somos da
verdade; e tranquilizaremos o nosso coração diante dele 20. quando o nosso
coração nos condenar. Porque Deus é maior do que o nosso coração e sabe todas
as coisas. 21. Amados, se o nosso coração não nos condenar, temos confiança
diante de Deus 22. e recebemos dele tudo o que pedimos, porque obedecemos aos
seus mandamentos e fazemos o que lhe agrada. 23. E este é o seu mandamento: que
creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros,
como ele nos ordenou. 24. Os que obedecem aos seus mandamentos permanecem nele,
e ele neles. Deste modo sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos
deu.
Introdução
Após falar sobre as
bênçãos e os deveres dos filhos de Deus para com o seu Senhor, o apóstolo João
fala acerca do amor para com o próximo. Isso nos remete aos dois maiores
mandamentos, ensinados por Cristo (Mt 22:36-40), que por sua vez, remetem as
duas tábuas da lei, uma que representa nosso dever para com Deus e a outra o
nosso dever para com os nossos semelhantes.
Passaremos então a focalizar o amor ao próximo e deste tema discorreremos
cientes de que é um assunto que não pode ser fixado em nossas mentes sem que
desça até o coração e do coração faça com que as nossas mãos se disponham a
auxiliar nossos irmãos.
O
Amor e a Vida (11-15)
João relata que a mensagem
do amor é antiga, sendo revelada desde o princípio. O próprio já havia tocado
na questão e parece querer que seus leitores se lembrem disso (ver cap. 2. V
7). Em seguida, passa a comparar os que não amam com aquele que foi o primeiro
assassino na história humana, a saber, Caim, que matou seu próprio irmão. Este
homicídio, retratado logo após o relato da Queda, demonstra que o ódio que Caim
sentiu por seu irmão o levou a cometer uma violência que ceifou a vida de Abel.
João interpreta a motivação do crime: Caim odiou a Abel porque o segundo era
justo, i. é., reto. A retidão do seu irmão lhe causava um sentimento
repugnante, pois, ela desvelava toda a perversidade que Caim não queria que
ficasse tão nítida. Vem então o verso 13 e diz que os crentes não devem se
surpreender se o mundo também os odiar, pois, os santos deste mundo se
assemelham a Abel e chamam para si as atenções do mundo que é mau e jaz em
trevas, e por isso deseja eliminar os que iluminam e deixam à mostra sua
podridão. A palavra epistolar está de acordo com o evangelho de mesma autoria:
“Quem pratica o mal odeia a luz e não se
aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas”. João 3:20
Os portadores do ódio, que
contrasta com o amor, estão mortos espiritualmente. Logo, quem ama tem vida. O
cristão não pode pagar mal com mal. Está escrito: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” Romanos
12:21. João chama todo aquele que não ama o seu próximo de assassino e lembra
que este que tira a vida, também não a tem. São verdadeiras as palavras do
escritor Mark Twain: “O homem não morre
quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar”. Por isso que o amor e
a vida andam de mãos dadas e não podem se divorciar. Como legítimos filhos de
Deus, precisamos ter amor perante os nossos semelhantes.
O
Amor e a Verdade (16-20)
Estamos acostumados a
lidar com o amor de maneira romântica, sentimentalista, talvez isto seja
resultado dos artefatos culturais tais como livros, filmes, novelas. Mas, para
o Cristianismo o amor ultrapassa a esfera sentimental. O amor bíblico não é
abstrato, mas sim, concreto. Foi o amor que fez com que Cristo se entregasse na
cruz pelos que são seus. O amor deriva em ação. Por isso o exemplo é acerca do
irmão que está passando por necessidade. Ora, se temos recursos para prover o
próximo e não o disponibilizamos, não podemos ser hipócritas e dizer que o
amamos, pois, se amássemos, agiríamos de uma forma que supriria as suas
necessidades.
Amar de verdade é
permanecer na presença da Verdade, e sabemos que Jesus Cristo é a verdade (Jo
14.6). O trecho que diz para nós tranquilizarmos o coração diante dEle é uma
referência ao divino. A frase quer dizer que se nós amamos verdadeiramente,
estaremos conectados a Cristo e isso tranquiliza o coração pelo fato de que
essa conexão nos garante a vida eterna. Quando nosso coração nos acusa, isso
revela mudança que advém do Santo Espírito. Deus sonda corações e sabe o que se
passa em nosso íntimo. Logo, ele saberá distinguir quando o amor é da boca para
fora de quando o amor flui do mais fundo recôndito do coração humano, seguindo
o altruísmo encarnado de Cristo, que amava por meio de ações concretas.
O
Amor e as Bênçãos (21-24)
Ainda tratando sobre a
consciência, João demonstra o alento dos que possuem a consciência tranquila, e
por isso, podem desfrutar de bênçãos que advém do próprio Deus. O apóstolo
estimula a nos aproximarmos do SENHOR com confiança. Simon Kistemaker ao
comentar o verso 21 deste texto diz o seguinte: “Se sua consciência está tranquila, a avenida para o trono da graça
está aberta”. E por isso João nos brinda com a preciosa promessa de termos
as nossas orações respondidas. Atentemos que aqui não há uma doutrina que
estabelece que Deus nos dará tudo aquilo que pedimos. De maneira alguma Ele
faria isso, pois, como nosso Pai, e nosso Senhor, sabe que nem tudo o que
pedimos é bom, tanto na essência quanto na motivação. João diz que “já
recebemos” e não que “receberemos”. Aquele que está em conformidade com a
Palavra do Senhor é por Ele abençoado com toda sorte de bênçãos espirituais nas
regiões celestiais (Ef 1.3).
Obedecer aos mandamentos
não faz com que tenhamos acesso as bênçãos celestiais como se as alcançássemos
por mérito. A obediência é resultante do amor e da gratidão que temos para com
Deus. Dos mandamentos que devemos observar, o apóstolo João frisa duas coisas
essenciais que são marcas indeléveis dos cristãos: Fé em Cristo e amor o
próximo. Sem fé, é impossível agradar a Deus (Hb 11.6), mas não é apenas isso.
Paulo em I Coríntios (Cap. 13) nos lembra também que sem amor, a fé não tem
valor. Que cumpramos os seus estatutos sem peso, mas com júbilo. Assim
procedendo, temos uma certeza: “sabemos
que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu”. E não existe benção
maior que esta!
Aplicações
Exerço uma fé vívida que
me faz amar ao meu próximo, ao ponto de sacrificar-me em prol dele?
E o meu amor tem saído da
esfera abstrata, tomando forma e resultando em fazer o bem para o meu
semelhante?
Tenho desfrutado do amor e
da bondade do Pai celestial, ciente de que sou muito abençoado por tê-lo comigo
e obedecer aos seus mandamentos?