Por Thiago Oliveira
Texto
base
1
João 2:7-11
7.
Amados, não lhes escrevo um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que
vocês têm desde o princípio: a mensagem que ouviram.
8.
No entanto, eu lhes escrevo um mandamento novo, o qual é verdadeiro nele e em
vocês, pois as trevas estão se dissipando e já brilha a verdadeira luz.
9.
Quem afirma estar na luz mas odeia seu irmão, continua nas trevas.
10.
Quem ama seu irmão permanece na luz, e nele não há causa de tropeço.
11.
Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas; não sabe para onde
vai, porque as trevas o cegaram.
Introdução
Uma pessoa santa é aquela
que tem uma busca incansável por agradar a Deus, servindo-O diligentemente. Daí
a importância de guardar os preceitos divinos. Quem é santificado ama a Lei do
Senhor, anela e suspira ao ouvir a Palavra de Deus. Quem é santificado não
busca cumprir os mandamentos para obter a salvação, esta já foi alcançada.
Cumprir os mandamentos, para o santo, é uma doxologia. Louvamos a Cristo quando
cumprimos com a Palavra de sua graça. A partir de agora, veremos que o apóstolo
João irá tratar sobre aquilo que chamamos de o resumo da lei, os dois
mandamentos mais importantes.
O
Velho e o Novo (7-8)
João ao dirigir-se a
igreja enfatiza que suas palavras não constituem em um novo mandamento, pois, o
que fala já está registrado na Escritura. Um mandamento que era transmitido
também via tradição oral. Todavia, um
pouco mais adiante, ele fala que sim, o mandamento é novo. O porquê disso?
Aqui é interessante frisarmos
que a Bíblia é um livro que apresenta unidade de conteúdo entre o velho e o
novo testamento. Muitas vezes é dito que o novo fez do velho algo sem valor
doutrinário ou prático para a igreja. Isto é um equívoco. João começa a tratar
do resumo da Lei, que é o mandamento do amor. Em Levítico 19.18, ou seja, na
lei mosaica, já temos este mandamento. Logo, desde o princípio da igreja
(entendamos que Israel era a congregação do SENHOR no Antigo Testamento), amar
ao próximo estava entre os deveres do povo de Deus como sendo um povo santo.
Então porque em seguida
João trata este mandamento como novo? O apóstolo faz isso por entender que
embora exista uma continuidade entre os testamentos que não podemos desprezar,
pois, o novo é gerado pelo que o precede, existe um alargamento do mandamento
na administração da nova aliança. No contexto do Antigo Testamento, havia a lei
escrita externamente. Na nova aliança o Senhor faz o seguinte, conforme
Jeremias 31.33: Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações.
Este é um texto que fala sobre o novo pacto que Deus faria com Israel. Sabemos
que tal pacto se aplica a igreja e que Cristo é o seu mediador, selando a aliança
com seu próprio sangue (Lucas 22.20). Assim, o mandamento, conforme o apóstolo João
nos fala é verdadeiro em nós, “pois as
trevas estão se dissipando”. Ele enfatiza que aqueles irmãos estavam
cumprindo tal mandamento ao ponto de evidenciar que andavam como Jesus andou.
Isto era um indício de que eles estavam saindo das trevas, ou seja, um indício
da sua salvação e santificação.
Para finalizar esta parte,
vale lembrar que o próprio Cristo fez com que o amor tivesse um novo
significado. O mandamento diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Na
última ceia com os doze, Jesus diz o seguinte: "Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei,
vocês devem amar-se uns aos outros” João 13:34. Aqui vemos que devemos amar
tendo como referência o amor de Cristo e não o amor-próprio. Eis um grande
desafio para igreja, amar de maneira sacrificial e incondicional. Todavia,
sabemos que não estamos sozinhos, o nosso consolador nos auxilia e gera em
nosso íntimo tal amor. E precisamos dele, pois, “todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos
outros” João 13:35. Obviamente, queremos ser reconhecidos como discípulos
fieis de nosso amado Mestre e Senhor.
As
Trevas do Desamor (9-11)
Nos versos que se seguem,
novamente encontramos uma linguagem de contrastes. Luz e trevas são lados
antagônicos onde não existe neutralidade. Ou estamos numa, ou estamos noutra.
Iluminados ou obscurecidos. Para saber onde nos enquadramos, devemos analisar
se estamos amando ou não o nosso próximo. O desamor é descrito aqui como ódio.
Esta palavra parece ser muito forte, mas João a usa para demonstrar que a falta
de amor é o mesmo que odiar alguém. Por isso, se alguém, mesmo no seio da
igreja, não ama o próximo, está mergulhado em trevas, mesmo quando afirma que
anda na luz.
Para permanecer na luz, o
amor é condição sine qua non. Quem permanece na luz está firme e não serve
de escândalo, ou melhor, tropeço. Tropeça e cai quem está nas trevas do
desamor, pois, sua visão não pode livrá-lo dos perigos a sua frente, afinal,
nada consegue enxergar.
Amar é o âmago da vida
cristã. Quando falta amor, falta o essencial para termos uma identificação com
o Deus de amor a quem servimos. Infelizmente, no seio da igreja, existem irmãos
que não se toleram. A questão é: são servos de Cristo? Nasceram de novo? Pois,
todo aquele que é nascido de novo deve amar e perdoar qualquer ofensa. Amar
custa um preço, às vezes, nos deixa no prejuízo, mas devemos amar, isso
independe de ter razão ou não ter. O samaritano da parábola de Jesus amou o seu
próximo (um inimigo étnico) e pagou uma estalagem até que aquele judeu ferido
fosse sarado e pudesse voltar para a sua família.
Uma igreja que não ama não
pode nem ser chamada de igreja. Um cristão que não ama também não pode se
apropriar do formoso nome de Jesus. Quem odeia seu irmão está cego e não sabe
para onde vai, assim diz a Palavra no verso 11. Diferente destes, o crente teve
as escamas dos seus olhos removidas e sabe muito bem qual é o seu destino
final.
Aplicações
1. Será que tenho amado o
meu próximo como Cristo demonstra o seu amor por mim? Não devo esquecer que o
Seu amor é o padrão que devo imitar.
2. Tenho consciência de
que amar é manifestar o caráter de Cristo? Será que tenho exalado o bom perfume
do Senhor entre aqueles que me cercam?
3. Preciso estar alerta
que não é o tempo de igreja que faz de mim um cristão. Posso ter anos de congregado
e até batizado, mas se não tenho amado o meu irmão, a Palavra é categórica em
afirmar que estou em trevas. Logo, se existe ódio ou rancor no meu coração,
preciso pedir a Deus que arranque-o para fora de mim e me ensine a amar como Ele
ama.