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14 de mar. de 2016

Luz ou Trevas: O Amor é quem Indica Onde Estamos (1 João 2. 7-11)

Por Thiago Oliveira

Texto base

1 João 2:7-11

7. Amados, não lhes escrevo um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que vocês têm desde o princípio: a mensagem que ouviram.

8. No entanto, eu lhes escrevo um mandamento novo, o qual é verdadeiro nele e em vocês, pois as trevas estão se dissipando e já brilha a verdadeira luz.

9. Quem afirma estar na luz mas odeia seu irmão, continua nas trevas.

10. Quem ama seu irmão permanece na luz, e nele não há causa de tropeço.

11. Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas; não sabe para onde vai, porque as trevas o cegaram.

Introdução

Na exposição anterior ficou claro que Cristo opera em nós a santificação. Ser santificado é ter a imagem moldada à imagem do nosso Senhor e Salvador. É um processo que evolui de degrau em degrau até que na Glória possamos desfrutar de uma vida integralmente santa, ao ponto de não mais haver uma possibilidade de pecarmos.

Uma pessoa santa é aquela que tem uma busca incansável por agradar a Deus, servindo-O diligentemente. Daí a importância de guardar os preceitos divinos. Quem é santificado ama a Lei do Senhor, anela e suspira ao ouvir a Palavra de Deus. Quem é santificado não busca cumprir os mandamentos para obter a salvação, esta já foi alcançada. Cumprir os mandamentos, para o santo, é uma doxologia. Louvamos a Cristo quando cumprimos com a Palavra de sua graça. A partir de agora, veremos que o apóstolo João irá tratar sobre aquilo que chamamos de o resumo da lei, os dois mandamentos mais importantes.

O Velho e o Novo (7-8)

João ao dirigir-se a igreja enfatiza que suas palavras não constituem em um novo mandamento, pois, o que fala já está registrado na Escritura. Um mandamento que era transmitido também via tradição oral.  Todavia, um pouco mais adiante, ele fala que sim, o mandamento é novo. O porquê disso?

Aqui é interessante frisarmos que a Bíblia é um livro que apresenta unidade de conteúdo entre o velho e o novo testamento. Muitas vezes é dito que o novo fez do velho algo sem valor doutrinário ou prático para a igreja. Isto é um equívoco. João começa a tratar do resumo da Lei, que é o mandamento do amor. Em Levítico 19.18, ou seja, na lei mosaica, já temos este mandamento. Logo, desde o princípio da igreja (entendamos que Israel era a congregação do SENHOR no Antigo Testamento), amar ao próximo estava entre os deveres do povo de Deus como sendo um povo santo.

Então porque em seguida João trata este mandamento como novo? O apóstolo faz isso por entender que embora exista uma continuidade entre os testamentos que não podemos desprezar, pois, o novo é gerado pelo que o precede, existe um alargamento do mandamento na administração da nova aliança. No contexto do Antigo Testamento, havia a lei escrita externamente. Na nova aliança o Senhor faz o seguinte, conforme Jeremias 31.33: Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Este é um texto que fala sobre o novo pacto que Deus faria com Israel. Sabemos que tal pacto se aplica a igreja e que Cristo é o seu mediador, selando a aliança com seu próprio sangue (Lucas 22.20). Assim, o mandamento, conforme o apóstolo João nos fala é verdadeiro em nós, “pois as trevas estão se dissipando”. Ele enfatiza que aqueles irmãos estavam cumprindo tal mandamento ao ponto de evidenciar que andavam como Jesus andou. Isto era um indício de que eles estavam saindo das trevas, ou seja, um indício da sua salvação e santificação.

Para finalizar esta parte, vale lembrar que o próprio Cristo fez com que o amor tivesse um novo significado. O mandamento diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Na última ceia com os doze, Jesus diz o seguinte: "Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” João 13:34. Aqui vemos que devemos amar tendo como referência o amor de Cristo e não o amor-próprio. Eis um grande desafio para igreja, amar de maneira sacrificial e incondicional. Todavia, sabemos que não estamos sozinhos, o nosso consolador nos auxilia e gera em nosso íntimo tal amor. E precisamos dele, pois, “todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” João 13:35. Obviamente, queremos ser reconhecidos como discípulos fieis de nosso amado Mestre e Senhor.

As Trevas do Desamor (9-11)

Nos versos que se seguem, novamente encontramos uma linguagem de contrastes. Luz e trevas são lados antagônicos onde não existe neutralidade. Ou estamos numa, ou estamos noutra. Iluminados ou obscurecidos. Para saber onde nos enquadramos, devemos analisar se estamos amando ou não o nosso próximo. O desamor é descrito aqui como ódio. Esta palavra parece ser muito forte, mas João a usa para demonstrar que a falta de amor é o mesmo que odiar alguém. Por isso, se alguém, mesmo no seio da igreja, não ama o próximo, está mergulhado em trevas, mesmo quando afirma que anda na luz.

Para permanecer na luz, o amor é condição sine qua non.  Quem permanece na luz está firme e não serve de escândalo, ou melhor, tropeço. Tropeça e cai quem está nas trevas do desamor, pois, sua visão não pode livrá-lo dos perigos a sua frente, afinal, nada consegue enxergar.

Amar é o âmago da vida cristã. Quando falta amor, falta o essencial para termos uma identificação com o Deus de amor a quem servimos. Infelizmente, no seio da igreja, existem irmãos que não se toleram. A questão é: são servos de Cristo? Nasceram de novo? Pois, todo aquele que é nascido de novo deve amar e perdoar qualquer ofensa. Amar custa um preço, às vezes, nos deixa no prejuízo, mas devemos amar, isso independe de ter razão ou não ter. O samaritano da parábola de Jesus amou o seu próximo (um inimigo étnico) e pagou uma estalagem até que aquele judeu ferido fosse sarado e pudesse voltar para a sua família.

Uma igreja que não ama não pode nem ser chamada de igreja. Um cristão que não ama também não pode se apropriar do formoso nome de Jesus. Quem odeia seu irmão está cego e não sabe para onde vai, assim diz a Palavra no verso 11. Diferente destes, o crente teve as escamas dos seus olhos removidas e sabe muito bem qual é o seu destino final.

Aplicações

1. Será que tenho amado o meu próximo como Cristo demonstra o seu amor por mim? Não devo esquecer que o Seu amor é o padrão que devo imitar.

2. Tenho consciência de que amar é manifestar o caráter de Cristo? Será que tenho exalado o bom perfume do Senhor entre aqueles que me cercam?

3. Preciso estar alerta que não é o tempo de igreja que faz de mim um cristão. Posso ter anos de congregado e até batizado, mas se não tenho amado o meu irmão, a Palavra é categórica em afirmar que estou em trevas. Logo, se existe ódio ou rancor no meu coração, preciso pedir a Deus que arranque-o para fora de mim e me ensine a amar como Ele ama.

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