Por Thiago Oliveira
*Texto Base: Salmo 96
INTRODUÇÃO
Soli
Deo Gloria, que quer dizer: Somente a Deus glória, é um dos lemas
da Reforma Protestante. O intuito dos
reformadores com este lema foi endossar que apenas o SENHOR deve ser exaltado
em tudo o que fizermos. Como nos diz o apóstolo Paulo “Assim, quer vocês comam,
bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”. (1
Coríntios 10:31).
O pastor norte-americano
John Piper costuma abordar o tema de quanto Deus ama a sua glória e de que nós
também devemos amá-la e exaltá-la. Uma de suas frases mais famosas e mais
repetidas é “Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos
nele”. Por isso, devemos desejar Deus e fazer desse desejo o nosso estilo de
vida. Nascemos para adorá-lo e devemos fazer isso em Espírito e em verdade. Se
não glorificamos o Deus bendito com palavras e ações, logo, nos alienamos de
nós mesmos e não viveremos uma vida plena. Não encontraremos satisfação em nada
se não nos satisfizermos com a gloriosa presença do Deus trino.
Todavia, muitos se questionam
se Deus não é egoísta ou narcisista ao querer ser glorificado e adorado entre
os homens. Obviamente, Deus não é uma coisa e nem outra. Expondo o Salmo 96,
que parece ser um resumo de um cântico de Davi (1 Crônicas 16) para alguma
festa solene em celebração ao SENHOR no período pós-exílico, veremos o porque
Devemos dar a Deus somente toda honra e toda glória.
EXPOSIÇÃO
1.Cantem
ao Senhor um novo cântico; cantem ao Senhor, todos os habitantes da terra! 2. Cantem
ao Senhor, bendigam o seu nome; cada dia proclamem a sua salvação! 3. Anunciem
a sua glória entre as nações, seus feitos maravilhosos entre todos os povos!
Os versículos iniciais reforçam o louvor a Deus dando ênfase para que
se cante em adoração ao SENHOR. Percebam que “cantai” aparece três vezes nos
versículos iniciais do salmo. Um cântico novo não necessariamente seria uma
música inédita. O próprio salmo é uma compilação de um texto composto por Davi
para que os levitas entoassem no tabernáculo. Aqui, segundo a tradição rabínica
e muitos comentaristas bíblicos, o cântico seria usado na inauguração do
segundo templo, construído após um remanescente migrar do cativeiro babilônico
para reconstruir Jerusalém. Mas então porque o canto se faz novo? Ora, ele se
torna novo na disposição de nosso coração, quando cantamos com disposição e
alegria para o enaltecimento do nome do Altíssimo. A novidade está na dinâmica
de nossa adoração, que não pode ser mecânica, como se estivéssemos no “piloto
automático”. E é justamente essa dinâmica que move o adorador a proclamar as
maravilhas que vem de Deus. Observem que o canto não fica estático, ele vai se
propagando por toda a terra na medida em que o nome do Senhor se torna bendito
entre as nações e a sua salvação é proclamada. Isso é apregoar boas novas, o
que nos remete a evangelização, termo que os tradutores gregos da Septuaginta
usaram e que em nosso idioma foi traduzido por “proclamação”.
Anunciar a sua glória e a
sua maravilha é compartilhar de quem Deus é e o que Ele faz para os que são
seus. Este anúncio é o que cumprimos na grande comissão, quando pregamos a
todos os homens sobre o que Deus Pai fez através de seu filho Jesus Cristo. A
dinâmica da evangelização faz com que os adoradores aumentem e isso redunda em
mais glória para Deus. Por isso que a adoração não pode ficar confinada ao
culto, mas deve mover-se para fora, em busca de aumentar o coro que em muitas
vozes cantará a majestade do Deus Todo-Poderoso.
4.
Porque o Senhor é grande e digno de todo louvor, mais temível do que todos os
deuses! 5. Todos os deuses das nações não passam de ídolos, mas o Senhor fez os
céus. 6. Majestade e esplendor estão diante dele, poder e dignidade, no seu
santuário.
E porque louvar ao Senhor?
Seria Ele um egoísta? Como dito na introdução desta mensagem, a resposta é não.
A tentativa de alguns ateus e inimigos da fé de pintar Deus com traços de
Narciso é patética, pois, eles partem de um referencial humano para atribuir a
Deus o sentimento egoísta. Deus é desde a eternidade, o que significa que não
teve começo e não terá fim. Ninguém o criou e ninguém está acima do SENHOR. Ele
é autossuficiente e seu deleite se encontra em seus próprios atributos. Ele é
grande, maior do que a criação, que já imensa. Paremos para pensar na dimensão
do planeta Terra e nos deparemos com o fato de que diante do vasto universo,
nosso planeta é um pontinho azul entre bilhões de galáxias. Isso é a grandeza
da coisa criada. Imaginemos então quão grande é o Criador. Só este fato deveria
ser suficiente para reverentemente glorificarmos ao Deus dos céus e da terra.
O que você faria ao
encontrar algo belo e grandioso que lhe conferisse um sentido de propósito? Com
toda certeza você amaria tal coisa, a enalteceria com todas as suas forças e se
entregaria por completo. Este algo existe e é o Criador que nos criou para si.
Deus não pode se deleitar em nada fora dele mesmo, pois nada se equipara a sua
grandeza. Por ser autossuficiente, tem paixão pela sua glória, que é a
manifestação de seus santos atributos. Assim, pequeno e limitado que é o homem,
necessita se conectar com Aquele que lhe confere um sentido para sua
existência. O homem precisa de Deus, pois é Deus quem o confere a verdadeira
humanidade. Por isso que C.S. Lewis nos diz que “em mandar-nos glorificá-lo,
Deus está nos convidando a gozá-lo”. Portanto, quando adoramos a Deus e lhes
rendemos glória, estamos fazendo aquilo que nos foi impresso na criação. Todo
homem é um adorador por carregar dentro de si a imagem do Criador. Ao nos
ordenar que lhe rendamos graças e louvor, Deus está nos dando o privilégio de
sermos inteiramente satisfeitos e felizes, e a fonte que nos sacia por completo
não é outra senão o próprio Iavé.
Por não glorificar a Deus,
o homem sempre arruma um substituto para exercer veneração. Este é o cerne da
idolatria, e o salmo deixa claro que todos os deuses não passam de ídolos
criados. Eles são vazios e não possuem a majestade e o esplendor do Deus vivo,
ao invés disso, são desprovidos de valor. Ao adentrar o santuário, o judeu
deveria se deslumbrar não com a prata, não com o ouro e não com as pedras
polidas e cravadas. O deslumbramento devia ocorrer diante da gloriosa presença
do Deus que é santo. Sendo assim, que nós ao nos reunirmos com Igreja, sabendo
que o SENHOR se faz presete, sejamos maravilhados com a beleza e com o esplendor
de sua glória em nosso meio.
7.
Dêem ao Senhor, ó famílias das nações, dêem ao Senhor glória e força. 8. Dêem
ao Senhor a glória devida ao seu nome, e entrem nos seus átrios trazendo
ofertas.
9.
Adorem ao Senhor no esplendor da sua santidade; tremam diante dele todos os
habitantes da terra. 10. Digam entre as nações: "O Senhor reina!" Por
isso firme está o mundo, e não se abalará, e ele julgará os povos com justiça.
11. Regozijem-se os céus e exulte a terra! Ressoe o mar e tudo o que nele
existe! 12. Regozijem-se os campos e tudo o que neles há! Cantem de alegria
todas as árvores da floresta, 13. cantem diante do Senhor, porque ele vem, vem
julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com a sua fidelidade!
O salmo vai se
encaminhando para o fim sem perder de vista a conclamação a adoração ao Divino.
O verso 9 enaltece a santidade do SENHOR, o que é visto como motivo para
reverentemente tremermos diante do Santo dos Santos. Todos os que estão na
presença de Deus devem reverência pelo fato dEle ser santo e sua santidade
contrastar com a nossa pecaminosidade. O profeta Isaías se encheu de temor ao
se deparar com a santidade divina (vide Isaías 6). Ele não ficou com vontade de
pular ou dançar, mas automaticamente se prostou. Essa é a reverência que cabe
ao Rei dos reis e Senhor dos Senhores.
Deus reina e o mundo é
sustentado pelo cetro de seu poderio. Isso precisa ser dito entre as nações. Os
governantes do mundo precisam saber que estão debaixo do poder dAquele que tudo
governa. O mundo é dEle, criado por Ele e para Ele mesmo se deleitar. Por isso
que a conclamação para o regozijo é geral, englobando todos os seres criados.
De uma forma hiperbólica, até mesmo seres inanimados são convocados para
enaltecerem o Criador. O louvor aqui é oferecido a um Rei que governará com
justiça. Juíz, no texto, é aquele que governa, e seu governo será justo, pois a
sua base está na fidelidade de quem não é homem para que minta e nem filho do
homem para que se arrependa (Números 23.19).
CONCLUSÃO/APLICAÇÃO
Para que essa palavra seja
aplicada em nossa vida, podemos responder a nós mesmos a algumas perguntas:
1. Se eu preciso
glorificar ao Senhor em todas as coisas, em que área eu tenho sido negligente e
não a vivo para o louvor do meu Deus?
2. A quem tenho proclamado
sobre a grandeza do meu Deus? Estaria a minha adoração se restringindo apenas
aos momentos de culto congregacional ou privado?
3. Diante do governo dos
homens e de tanta instabilidade política e financeira, estamos louvando ao Rei
dos reis na expectativa de participarmos de seu reino de justiça?
Que o Senhor nos ache no
meio de seus adoradores. A Ele a glória, pra sempre e amém!