Por Thiago Oliveira*
Introdução
Mesmo em decorrência da
celebração do Natal, gostaria de continuar com a exposição de Filipenses que
começamos em nossa igreja, dando início ao segundo capítulo, que não por acaso
fala sobre a encarnação de Cristo, ou seja, do seu nascimento. Fiquemos atentos
à palavra que o Senhor nos entregou e que toda meditação seja orientada pelo
Santo Espírito, para que esta palavra se aplique em nossos corações.
A Deus toda glória!
Exposição (Filipenses 2.1-11)
1-4 Se por estarmos em Cristo,
nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no
Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo
o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada
façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros
superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas
também dos interesses dos outros.
O começo do capítulo 2 dá
continuidade ao que foi dito anteriormente, no final no capítulo 1. O apóstolo
Paulo continua exortando a igreja em Filipos a permanecer unida. A união
fraternal em Cristo é um indicativo de que aquela igreja goza de saúde
espiritual, pois, existe uma impossibilidade de se estar em Cristo e viver em
desunião com nossos irmãos de fé. A motivação e a exortação em amor para que
vivamos em unidade são procedentes do próprio Senhor. Ele encoraja cada crente
a viverem as benesses da vida em comunidade, exercitando conjuntamente a fé que
temos nele. E o Espírito Santo, que habita dentro de todo aquele que por Deus
foi salvo em Cristo Jesus é o condutor da comunhão entre os membros da igreja.
Notem que a Trindade é
responsável para que o amor fraterno seja vivenciado. O encorajamento que
Cristo oferece para vivermos juntos, somado ao agir do Espírito na Igreja, é o
que torna possível a comunhão, isto é, o amor de uns para com os outros. Paulo
ainda menciona que este amor deve ser experimentado em profunda afeição e
misericórdia. O termo profundo remete as entranhas, algo que os filipenses, por
terem uma cultura helênica, conheciam. Nós costumamos dizer que amamos do fundo
do coração, os gregos diziam amar do fundo de suas entranhas. Já o termo
misericórdia (ou compaixão - como traduz a NVI) remete a nos colocarmos no
lugar de outrem e sentir as suas dores e aflições como se fossem nossas dores e
nossas aflições.
Então, se estamos em Cristo, como
raciocina o apóstolo, devemos ter uma unidade de pensamento e atitude. Pois,
estamos ligados no mesmo amor e no mesmo Espírito. Na prática, isso deveria
extirpar todo egoísmo e vaidade do meio do povo de Deus. Paulo afirma que o
correto é considerar os outros acima de nós mesmos e assim, pautar a nossa vida
para não focar apenas na busca das realizações pessoais. Uma vida cristã
genuína e saudável é altruísta. O cuidado com o próximo e o interesse do seu
bem estar devem ser uma prioridade.
Mas aí vêm os queixumes: “é
difícil proceder dessa maneira. Como faremos isso?”. O modelo a quem Paulo vai
apelar é o de Cristo, e aqui veremos como que o Senhor dos Senhores se
humilhou, e o fez por amar a sua Igreja e zelar por sua unidade.
5-8 Seja a atitude de vocês a
mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a
Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser
servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana,
humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!
Paulo sempre apela para figura de
Cristo ao nos exortar sobre o que devemos fazer. E aqui ele insta para que a
nossa atitude seja a mesma do nosso Redentor. Devemos imitá-lo, não na sua
tarefa redentiva e vicária, apenas o Cristo foi imbuído com esta missão
salvadora. Todavia, devemos imitar o espírito de humildade e abnegação que
levaram o Filho de Deus a abrir mão de seu estado de glória para se fazer o
servo sofredor que pagaria pelos nossos pecados.
Cristo, nesse maravilhoso texto
doutrinário, é apresentado como Deus. Antes de sua encarnação ele já era
divino, igual ao Pai, desde a eternidade. A sua forma, isto é, a sua essência,
é de um ser não-criado. Na verdade, ele é o Criador de todas as coisas e por
meio dele e para ele, tudo subsistindo nele (Cl 1.16-17). Mas, Cristo não se
valeu desta condição de uma maneira egoísta. Ele não se apega ao fato de que
por ser Deus tinha muitos privilégios para gozar, satisfazendo a si mesmo. O
esvaziamento do Filho de Deus, termo usado por Paulo para deixar claro o grande
referencial de humildade significa que Cristo abdicou, não de sua essência, mas
da glória e dos privilégios correspondentes à sua divindade. Ele se fez servo e
assumiu uma forma humana. Não trocou a divindade pela humanidade, mas aderiu a
sua natureza divina, uma natureza humana e dentro de um útero se desenvolveu como
qualquer criança. Isto é assombrosamente lindo!
Outro fator importante é que
Jesus não veio ao mundo como alguém que pertenceu à elite de sua época. Não foi
um homem que viveu em palácios e se valeu de poder temporal. Cristo foi pobre,
sem ter onde reclinar a cabeça. Nasceu num estábulo que não era dele e nem de
sua família terrena. E assim foi até seu sepultamento, quando o túmulo que
recebeu seu corpo também era emprestado. Ele veio a este mundo para morrer na
cruz, e foi obediente a este plano.
Logo, notemos que tendo todo o
direito de desfrutar da sua majestade celestial, servido e venerado pelos anjos,
Cristo abre mão desta condição, pois não é egoísta. Para salvar os seus
eleitos, Cristo não podia salvar a si mesmo e não experimentar do cálice da ira
divina. Ele foi para cruz e se entregou sacrificialmente num ato de amor. Este
deve ser o nosso parâmetro ético. Ao invés de nos inflamarmos vaidosamente,
devemos nos despojar de tudo que nos torna orgulhosos. Devemos nos esvaziar de
nós mesmos, sacrificando o nosso ego. Viver só para si não é a vida que Cristo
viveu e nem é a que ele quer que vivamos.
9-11
Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de
todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a
glória de Deus Pai.
Após ter se
humilhado, Cristo não ficou relegado a uma posição de pobre coitado. Sua breve
vida terrena e sua morte considerada vexatória na cruz não consistiram num fim
trágico de um homem bom. Cristo não foi derrotado na cruz e o sepulcro não o
segurou. O que se seguiu após ter sido crucificado foi a demonstração da maior
de todas as vitórias e conquistas. Cristo venceu sobre os principados e potestades
e foi exaltado por Deus Pai, colocado acima de tudo e de todos. Seu nome ganha
proeminência e toda a humanidade, até mesmo os governantes desta terra, são
seus súditos, estando debaixo de seu poderio.
Quando Cristo
for visto entre as nuvens, no advento de sua vinda definitiva, todos verão um
ser distintamente glorioso. Seu aspecto será inigualavelmente majestoso e
diante de toda demonstração visível de seu estado de glória, toda a humanidade
se curvará reconhecendo que ele é o soberano Senhor. Alguns farão este
reconhecimento para sua própria condenação, pois não creram em sua mensagem e
zombaram do Evangelho. Outros - os que foram remidos - professarão com alegria
o que já diziam antes pela fé, pois, não apenas falavam, mas viviam como servos
do Senhor dos Senhores. Quem tem ouvidos ouça: em Cristo está a salvação para
vossas almas! É preciso crer e confessar que ele detém o senhorio de todas as
coisas. Se esta confissão não for feita antes de sua vinda, depois dela será
feita de todo jeito, mas a aplicação da confissão não será para a vida, será
(de maneira justa) para a morte.
Conclusão/Aplicação
Gostaria de
concluir, e ao mesmo tempo, aplicar esta mensagem elencando alguns pontos:
1. Em meio a um
estilo de vida materialista, buscamos satisfazer os apelos midiáticos e
consumistas. E nisso, a vaidade e o orgulho são fisgados pelas propagandas que
estimulam a competitividade. Mas será que esta vida esta é conformidade com o
que Cristo nos ensinou? O que você tem feito com seus dias? Tem corrido atrás
de realizar seus sonhos materiais e esqueceu de que importar-se com o próximo é
seu dever como cristão? Cuidado com a ganância, os que ambicionam riquezas caem
em muitas tentações e podem se desviar da fé (1 Tm 6.9-10).
2. Ter a
atitude de Cristo e ser humilde é algo que precisa ser demonstrado na prática.
Quando Paulo afirma que devemos considerar os outros superiores a nós mesmos,
isso remete a honrarmos essas pessoas. Ora, você não pode honrar a ninguém de
um modo secreto. Você tem demonstrado amor na prática? Tem buscado a
auto-glorificação ou busca honrar os outros? Aproveite esse tempo de festas de
fim de ano para honrar alguém fazendo-lhe uma visita especial, convidando para
cear em sua casa, dando-lhe algum singelo presente ou até mesmo um cartão, externando
o quanto essa pessoa é importante para você.
3. Considerando
que Jesus Cristo é o Senhor, que possamos conduzir as nossas vidas debaixo de
seu senhorio. Como isso pode ser feito? Buscando viver em conformidade com a
sua Palavra. E como dito pelo apóstolo Paulo, buscando a unidade fraternal da
igreja. Invista seu tempo em estudar a Bíblia, doutrina é importante e toda ela
tem sua aplicação prática. Hoje mesmo vimos que Paulo através de um tratado
teológico sobre a divindade e a encarnação de Cristo aplicou estas verdades
para exortar a igreja a viver em plena união.
4. Agora me
direciono aqueles que não professaram a fé em Cristo. Gostaria de dizer que a
mensagem foi clara o suficiente para que vocês saibam que quem não crê no Filho
de Deus está condenado (Jo 3.18). Dobrem agora, não apenas os vossos joelhos,
mas também os vossos corações para que Cristo reine e os salvem da ira
vindoura. Se hoje ele nascer dentro de vocês, confessem isso publicamente.
Saibam que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. (Ro10.13). Um
novo nascimento é uma bela forma de se celebrar o natal.
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* Esse texto foi base do sermão pregado por Thiago Oliveira na igreja em que pastoreia: Ig. Evangélica Livre em Itapuama -PE.
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* Esse texto foi base do sermão pregado por Thiago Oliveira na igreja em que pastoreia: Ig. Evangélica Livre em Itapuama -PE.