Por Thiago Oliveira
"Alguns se desviaram dessas coisas e se
entregaram a discussões sem propósito algum, querendo ser mestres da lei,
embora não entendam nem o que dizem nem o que afirmam com tanta
confiança."
I Timóteo 1:6-7
Tem crescido na internet o
interesse pela teologia reformada e todo o arcabouço prático-doutrinário que
corresponde à mesma. É legal ver que mais pessoas estão buscando uma sólida
compreensão das Escrituras através de uma tradição que nos legou excelentes
expositores. Mas existe um lado não muito legal: são os Reformimions. Não sabe
do que se trata? São seres bastante chatos que se acham os baluartes do
calvinismo e que possuem a pretensão de anunciar quem merece ou não receber a
alcunha de reformado. Geralmente, tais seres são prejudiciais à propagação da
ortodoxia, pois, eles a divorciam da ortopraxia e da ortopatia, isto é, advogam
a doutrina correta, porém estão longe da prática e das afeições corretas.
Como o evangelho não é um
caminho de apontamento alheio, e sim de autoexame e constante vigilância de si
mesmo, vamos fazer um teste rápido para saber se você pode ser considerado um
Reformimion. Podemos começar?
Pergunta
1: Você já leu a Bíblia toda?
Esta é uma pergunta
importante, pois, reformimions gostam de ensinar teologia através das redes
sociais. Mas a teologia tem por base o livro da revelação, isto é, a Bíblia.
Para estar apto a ensinar doutrinas bíblicas, o mais prudente seria ler a
Bíblia com frequência e em sua totalidade. Logo, se você anda “teologando por
aí”, mas a sua Bíblia anda empoeirada, possa ser um forte indício de que você
pertence a categoria dos reformimions.
Pergunta
2: Qual a motivação do seu coração ao entrar em debates?
Seja sincero ao responder,
pois, se a tua motivação for a de querer demonstrar conhecimento, e assim
ganhar likes e mais likes, isso é típico de reformimions,
que buscam a autoglorificação ao invés de glorificar ao Senhor e buscar a
edificação - em unidade - da Igreja. Debates podem nos enriquecer em
conhecimento, mas há uma linha muito tênue entre o enriquecer-se e o
embriagar-se. O primeiro visa crescimento que pode ser aplicado no Reino, o
segundo é vaidoso e ególatra.
Pergunta
3: Quando e onde você se converteu?
Esta pergunta é importante
por dois motivos: Se tratando de tempo, neófitos não são as pessoas indicadas
para distribuírem conteúdo doutrinário. Logo, se sua conversão é bem recente,
você deve buscar aprender, aprender e aprender. Ensinar, talvez mais para
frente, também vai depender se tiver vocação para o ensino. A questão do local importa
pelo fato de muitos terem se convertido em igrejas pentecostais, e atualmente
falam horrores das mesmas, chegando ao cúmulo de dizer que não existe nada de
bom nesse meio. Uma coisa é reconhecer equívocos e evidenciar determinados
desvios doutrinários de uma corrente, outra bem diferente é achincalhar com ela.
Reformimions - via de regra - possuem linguagem grosseira e venenosa, pois,
estão longe da piedade.
Pergunta
4: Qual o seu envolvimento com a igreja local?
Muitos reformimions que
moderam grupos e páginas do Facebook não são envolvidos em igrejas locais, são
desigrejados. E os que são membros de alguma congregação não costumam se
envolver nos ministérios locais, limitando-se ao papel de expectadores (e
avaliadores) de sermões. Este é um grande problema!
Pergunta
5: Quem te pastoreia?
Se há pouco ou nenhum
envolvimento com a igreja local, então como é a relação de um reformimion com
um pastor? Ora, Deus deu pastores a sua igreja e devemos nos submeter a tais
líderes, com disposição para sermos pastoreados. Logo, se você não tem sido
apascentado, você anda distante do plano que Deus traçou para seu povo. Você
acha que é mais sábio do que o próprio Senhor para recusar o pastoreio em sua
vida?
Pergunta
6: Qual o seu conhecimento da História eclesiástica?
Ler a História da Igreja e
o desenvolvimento da doutrina cristã nesses dois milênios é um forte indício de
que você não é um reformimion ou está deixando de ser, pois estes geralmente
desconhecem os pais da Igreja, os credos e confissões, é por isso que muitas
vezes passam vergonha ao chamar de hereges pessoas que estão bem fundamentadas
na tradição. Por desconhecerem a tradição e terem um reduzido conhecimento das
doutrinas da graça, acabam produzindo uma cristologia e uma eclesiologia equivocada.
Pergunta
7: Já leu Calvino ou algum reformador?
A maioria dos reformimions
se diz calvinista sem sequer terem lido um capítulo das Institutas ou outra
obra do reformador de Genebra. Lutero então?Xiiiiiiii...Vai entender essa turma!
...
Pronto, chegamos ao fim do
nosso teste. Se você chegou a conclusão de que age de acordo com o modus operandi dos reformimions, não
perca as esperanças. Muitos conseguiram deixar para trás esse passado obscuro e
hoje são pessoas mais lúcidas, mais conhecedoras do pensamento reformado e mais
úteis para edificação do corpo de Cristo. Você também pode sair dessa furada,
basta se arrepender desse mau caminho e pedir ao Senhor Jesus sabedoria e domínio próprio. Siga estudando, congregue numa igreja biblicamente
saudável e tenha disposição para ser pastoreado e prestar conta pelos seus
atos.
P.S. O nome reformimions faz alusão aos Minions, todavia, repeti o "M" duas vezes remetendo ao "mimimi" destes personagens denunciados no texto. Ok?