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24 de fev. de 2015

A serpente no poste e a cruz de Cristo

Por Nick Batzig

Quando Jesus explicou a natureza de sua morte expiatória na cruz para os israelitas de seus dias, Ele apelou para o que é, indiscutivelmente, um dos símbolos redentivos mais fascinantes da história da peregrinação de Israel pelo deserto: a serpente de bronze no poste (Números 21.4-9; João 3.14).

A serpente de bronze é o tipo mais claro da obra salvífica de Jesus no Calvário. De todos os tipos e sombras, não houve outro que tenha predito melhor a grande obra do Salvador do que esse. Jesus podia ter apontado para a páscoa ou para qualquer tipo de sacrifício que demonstrasse sua futura morte expiatória. Mas ele escolheu apontar para esse tipo em sua discussão com Nicodemos.

Aqui há 14 pontos retirados do livro “The Mystical Brazen Serpent with the Magnetical Virtue Therefore, or Christ Exalted Upon the Cross”, escrito por John Brinselym; do sermão “Moses and the Bronze Serpent”, feito por Tim Keller e do livro “Brief Exposition of the Epistles to the Seven Churches in Asia”, de Robert Murray M’Cheyne. Todos eles nos ensinam como Números 21.4-9 serve para nos aprofundarmos no entendimento do Evangelho:

1. A serpente de bronze foi o meio de salvação usado por Deus para os Israelitas que foram mordidos pelas serpentes no deserto. Jesus crucificado é o meio de salvação de Deus para todos aqueles que foram infectados mortalmente pelo veneno do pecado no deserto desse mundo caído.

2. A serpente de bronze era a única forma de salvação para os Israelitas. Jesus crucificado é o único meio de salvação para o judeu e para o gentio (considere a leitura histórico-redentiva de João 3.16 à luz de João 3.15. No Antigo Testamento, os israelitas eram amados por Deus, por isso receberam uma forma tipológica de cura; no Novo Testamento nos é dito que “Deus ama o mundo”, o que inclui judeus e gentios, de tal forma que ele deu Seu Filho para a redenção do Seu povo, que inclui pessoas de toda língua, tribo, nação e linguagem).

3. A serpente de bronze era uma representação visual da ira de Deus contra o povo murmurador. Cristo crucificado é uma representação visual da ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça humana.

4. A serpente de bronze representava a propiciação da ira de Deus. Quem olhasse para a serpente saberia que a ira de Deus seria afastada. A cruz de Cristo demonstra a ira de Deus, assim como a afasta. A misericórdia e a verdade se encontram na cruz; justiça e paz se beijam na morte de Jesus.

5. A serpente de bronze era uma representação simbólica das serpentes venenosas que morderam o povo e trouxeram consequências mortais por conta do pecado. Cristo representa aqueles que foram arruinados pelo pecado, tomando para si um corpo em semelhança da carne pecaminosa – embora sem pecado – para que Ele pudesse, por meio de sua morte, salvar aqueles que foram envenenados pelos seus próprios pecados até a morte. Ele se fez maldição para que nós recebêssemos as bênçãos de Deus.

6. A serpente de bronze servia para lembrar os Israelitas da causa de seus pecados. Ela tinha por finalidade levar à memória deles para o Jardim do Éden, onde Satanás veio em forma de serpente para tentar seus primeiros pais. A punição para o pecado, trazido ao mundo por meio da tentação daquela antiga Serpente, foi colocada sobre Jesus na cruz. A penalidade do nosso pecado recaiu sobre Ele. Ele se tornou pecado por nós, para que, Nele, nos tornássemos justiça de Deus.

7. A respeito da serpente no deserto, a cura dependia da palavra de Deus a respeito de seu meio de salvação. Com Cristo crucificado, a salvação é dependente da palavra de Deus a respeito de seu meio de Salvação.

8. Assim como os israelitas envenenados foram chamados a crer no comando de Deus – e a serpente de bronze foi o objeto desse comando -, nós vemos que tanto o meio quanto o instrumento da salvação de Deus são tipificados. No relato da interação de Jesus com Nicodemos, tanto o meio quanto o instrumento de Deus para a salvação são apontados. O Salvador crucificado é o meio da salvação de Deus. A fé (ou “olhar para Ele”) é o instrumento da salvação.

9. Os israelitas infectado foram chamados externamente a olharem para a serpente de bronze para serem curados. Os pecadores são chamados externamente a olharem para o Filho de Deus crucificado para serem salvos.

10. A serpente foi levantada na frente dos Israelitas, no meio do campo, para que todos aqueles que fossem mordidos olhassem para ela e fossem curados. Cristo foi levantado – primeiro na cruz, depois em sua ressurreição, então em sua ascensão e, por fim, na pregação do Evangelho – para que os pecadores olhem para Ele e sejam salvos.

11. A serpente de bronze era o central e totalmente suficiente meio de cura dos Israelitas. A cruz é o central e totalmente suficiente meio da obra salvífica de Cristo para curar todo aquele que nele crer.

12. Assim como Deus escolheu um homem, Moisés, para levantar a serpente de bronze no poste para que as pessoas olhassem e fossem curadas, Deus escolheu ministros para proclamarem Jesus por meio da pregação de Cristo crucificado, para que todo homem possa contemplá-lo e ser salvo.

13. Assim como olhar para a serpente de bronze era um meio tolo de cura para os israelitas envenenados, olhar para o Salvador crucificado (um homem executado publicamente) é um meio tolo, aos olhos do mundo, para a salvação de pecadores condenados à morte.

14. A serpente de bronze foi levantada em favor de muitos, para a salvação da ira de Deus e das consequências mortais do pecado. Cristo foi levantado em favor de muitos, para a salvação da humanidade da ira de Deus e das consequências mortais do pecado. Somente aqueles que olham, em fé, para Cristo, são redimidos da mordida mortal do pecado.
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Fonte: Reforma21

Temos que ser Um - A importância da Unidade na Igreja

Por Thiago Oliveira

Texto Base: João 17. 20-26

20 "Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, 21 para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. 22 Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: 23 eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste. 24 "Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo. 25 "Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. 26 Eu os fiz conhecer o teu nome e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja".

O texto que lemos é a oração de Jesus em seus momentos finais. Dentro de algumas horas ele iria passar pela agonia do seu sacrifício expiatório. Na cruz ele toma para si as nossas culpas e prova do amargo cálice da Ira Divina. Só que antes disso ele ora. Jesus sempre estava orando e deixando essa prática (que negligenciamos frequentemente) como um exemplo para que assim também fizéssemos. A singularidade dessa prece do Filho Unigênito ao seu Pai é o registro de que ele orou por todos os crentes que seriam enxertados na Igreja por meio do ministério dos seus apóstolos. Não é preciso muito esforço para entender que a oração de Cristo foi por mim e por você. Isso não é maravilhoso?

De fato, saber que Jesus rogou por nós naquele momento de aflição é algo arrebatador. Mas não podemos perder de vista o motivo de sua oração por nós. O Senhor pediu ao Pai que nós fôssemos um. Unidade é o tema central de seu pedido. Mas porque devemos, como Igreja, manter a unidade? Pode parecer uma pergunta boba, pois, redunda em obviedade. No entanto, com um elevado número de dissenções que vemos por aí, acho que respondê-la não seria de todo o mal.

Primeiro ponto: Temos que ser um apenas pelo fato de Cristo ter orado por isso. Diante de tantos assuntos, tantas coisas para pedir, unidade foi o escolhido pelo nosso Salvador. Se fosse algo desimportante ele não teria feito disso o tema central de sua prece em relação a nós. Por isso, sempre que alguém promove picuinhas, partidarismo e sectarismo na congregação, esta pessoa não está alinhada com a vontade do nosso Senhor. É até irônico ver muitos de nós se perguntando como cumprir a vontade de Deus para nossas vidas. A resposta é muito simples: Obedeça aquilo que está revelado na Escritura e procure viver em plena comunhão no Corpo de Cristo. Ao invés de tentarmos adivinhar o futuro, vivamos por fé, tendo uma só mente e um só propósito como Igreja do SENHOR.

Segundo ponto: Temos que ser um porque Cristo nos outorgou o direito de participar da união que Ele tem com o Pai desde a eternidade. Pai e Filho (juntos com o Santo Espírito omitido aqui nesse texto) são desde sempre e possuem a mesma substancia. Um sem o outro não é possível. Deus só é Deus existindo em comunidade. A divindade também é uma família e se relaciona como tal. A tradição nos legou o termo Trindade para nomear essa unidade que é diversificada, porém indivisível. Cristo nos revela que da mesma forma que ele e o Pai formam uma unidade, nós como Igreja também formamos e estamos inseridos nesse vínculo de amor eterno. Leia atentamente o versículo 22: Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um”. Aqui temos base para dizer que a união da Trindade não está sendo usada como um comparativo pra falar acerca da unidade dos crentes. Pensar assim é um erro. Nessa fala de Cristo, ele nos diz que a sua união eterna é o fundamento da nossa. Só podemos viver em comunhão, amando uns aos outros, se estivermos unidos com o Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Só dessa maneira somos levados, isto é, aperfeiçoados até atingirmos à plena união (v. 23). Por isso, ser um crente ranheto e causador de discórdias diz muito mais a seu respeito do que se possa imaginar. As implicações da nossa conduta remetem aquilo que somos no plano espiritual. A glória a que Cristo se refere é a sua habitação em nós. Da forma como o Pai se manifestou nele, ele também se manifesta em e através de nós. Somos sua morada. Portanto, amemos os componentes da Igreja e tenhamos uma só fé. Isso é bem mais do que um princípio ético. É vital.

Terceiro Ponto: Temos que ser um para que o mundo reconheça o poder de Cristo. Se andarmos em unidade, não iremos ganhar os louros. O mundo irá creditar a nossa união, o nosso relacionamento pautado pelo amor, à pessoa de Jesus. Ele é a fonte de toda boa dádiva. Quando a Igreja está unida num só propósito, o impacto que ela causa no mundo é gritante. Cristo orou pela nossa unidade por saber que ela redundaria em glória para si mesmo. Este é o nosso objetivo de vida: fazer tudo para glória de Deus (1 Co 10.31)! Essa ênfase é notória na forma como Jesus ora. Nos versículos 21 e 23 o Redentor fala que a nossa união é “para que o mundo creia/saiba que tu me enviaste”. Sendo assim, é fácil concluirmos que a unidade da Igreja é a melhor ferramenta evangelística que possuímos. Se ela for evidente, pessoas serão atraídas para o convívio dos santos. Assim acontecia com a congregação de Jerusalém nos seus primeiros anos de existência (Leia At 2. 42-47). O contrário também é verdadeiro: Uma Igreja facciosa desperta a antipatia do mundo. Este não compreende o abismo entre ortodoxia e ortopraxia, isto é, ensino correto e prática correta. Logo, sejamos coerentes e vivamos em união para que esta seja a grande evidência do poder transformador de Cristo Jesus sobre nós. Isso faz com que os integrantes do mundo anelem pelo nosso SENHOR: “para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.

A forma como Jesus termina a sua oração (versículos 25 e 26) relaciona a unidade com a revelação. Ou de outro modo: O amor tem a ver com o conhecimento sobre Deus. Ora, não é isso que o apóstolo João nos diz em sua primeira carta? Claro que é: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor (1 Jo 4.8)”. Antes que existisse mundo, e tudo o que nele habite (e isso nos inclui), Deus já amava. Ele passou a ser nosso Criador e Regente quando criou todas as coisas, conforme lemos no primeiro capítulo de Gênesis. No entanto, bem antes disso, ele já era amor. Para ser mais correto: Ele é, sempre foi e sempre será amor. Aqui encerro a resposta a minha pergunta boba. Ainda nos resta dúvida sobre o porquê de sermos um? Então, mãos a obra!

23 de fev. de 2015

As Profecias Cumpridas Demonstram a Inspiração Divina das Escrituras



O Conhecimento do Deus que se Auto-Revela

Por Albert Mohler Jr.

A cosmovisão cristã se estrutura, antes de tudo, no conhecimento revelado de Deus. Não há outro ponto de partida para uma cosmovisão cristã autêntica – e não há nenhum substituto.

Um dos princípios mais importantes do pensamento cristão é o reconhecimento de que não há uma postura de neutralidade intelectual. Nenhum ser humano é capaz de atingir um processo de pensamento que não exige suposições, conjecturas ou componentes intelectuais herdados. Todo pensamento humano exige estruturas pressupostas que definem a realidade e explicam, em primeiro lugar, como é possível sabermos alguma coisa.

O processo de cogitação e atividade intelectual humana tem sido, em si mesmo, o foco de grande interesse intelectual. Na filosofia, o campo de estudo dirigido à possibilidade do conhecimento humano é a epistemologia. Os filósofos antigos se preocuparam com o problema do conhecimento, mas esse problema se torna mais complexo e agudo num mundo de diversidade intelectual. Por conseqüência do iluminismo, o problema da epistemologia se moveu para o próprio centro do pensamento filosófico.

Somos capazes de conhecer a verdade? A verdade, no sentido objetivo, está acessível a nós? Por que diferentes povos, diferentes culturas  e diferentes crenças se apegam a entendimentos tão diversos e fazem afirmações irreconciliáveis da verdade? A verdade existe realmente? Se existe, como podemos conhecê-la?

Quando a era moderna deu lugar à era pós-moderna, o problema do conhecimento se tornou mais complexo. Muitos filósofos pós-modernos rejeitam a possibilidade da verdade objetiva e sugerem que toda a verdade é nada mais do que construção social e aplicação de poder político. Entre alguns, o relativismo é o entendimento predominante quanto à verdade. Entre outros, o reconhecimento do pluralismo intelectual leva à afirmação de que todas as afirmações da verdade estão presas em conjecturas culturais e só podem ser conhecidas com as lentes de perspectiva distorcida.

Em outras palavras, o problema do conhecimento é fundamental quando pensamos sobre a responsabilidade de formar uma cosmovisão cristã e de amar a Deus com a nossa mente. As boas notícias são estas: assim como somos salvos tão-somente por graça, reconhecemos que o ponto de partida para todo pensamento cristão, na graça de Deus, é-nos demonstrado por meio da auto-revelação de Deus.

O Deus que se revela na Bíblia

O ponto de partida para todo pensamento verdadeiramente cristão é a existência do Deus que se revela na Bíblia. O fundamento da cosmovisão cristã é o conhecimento do único Deus vivo e verdadeiro. O fato de que Deus existe separa a cosmovisão cristã de todas as outras – e temos de afirmar, desde o início, que nosso conhecimento de Deus depende totalmente do dom da revelação divina.

O pensamento cristão não é redutível a mero teísmo – a crença na existência de um Deus pessoal. Ao contrário, o pensamento cristão autêntico começa com o conhecimento de que o único Deus verdadeiro é o Deus que se revelou a nós na Bíblia.

Como nos recordou o falecido Carl F. Henry: “A revelação divina é a fonte de toda a verdade, inclusive a verdade do cristianismo; a razão é o instrumento para reconhecê-la; a Escritura é o seu princípio averiguador; a consistência lógica é um teste negativo para a verdade, e a coerência, um teste subordinado. A tarefa da teologia cristã é exibir o conteúdo da revelação bíblica como um todo ordenado”.

Essa mesma afirmação é verdadeira para todo o pensamento cristão. O cristianismo afirma a razão, mas a revelação divina é a fonte de toda a verdade. Fomos dotados da capacidade de conhecer, mas somos primeiramente conhecidos por nosso criador, antes de chegarmos a conhecê-lo por meio de seu dom de auto-revelação.

A total veracidade da Bíblia

Visto que a nossa dependência da Bíblia ficou evidente, precisamos afirmar a importância da inspiração e da veracidade total da Bíblia. Afirmar a inerrância e a infalibilidade da Bíblia não é apenas uma questão de articular um ponto de vista elevado das Escrituras. A afirmação da total veracidade da Bíblia é essencial para que os crentes tenham uma confiança adequada de que podem conhecer o que Deus deseja que conheçamos. Além disso, nossa afirmação da inerrância das Escrituras se baseia não somente na afirmações internas da Escritura, mas também no próprio caráter de Deus. O Deus que nos conheceu e nos amou antes de chegarmos a conhecê-lo é o Deus que nos dá uma revelação de si mesmo totalmente confiável.

No entanto, a ignorância das verdades bíblicas elementares é abundante. Evidentemente, esse é um problema que existe dentro e fora da igreja. Muitos membros de igreja parecem tão ignorantes a respeito do Deus vivo e verdadeiro quanto as demais pessoas. Inúmeros púlpitos estão em silêncio e comprometidos. O “deus vulgar” da crença popular é o único deus conhecido por muitos.

Como Christian Smith e seus colegas pesquisadores documentaram, a fé de muitas pessoas pode ser descrita como “deísmo terapêutico e moralista” – um sistema de crença que provê a imagem de uma deidade agradável e não ameaçadora que não está preocupada com nosso comportamento, mas deseja que sejamos felizes.

A deficiência da cosmovisão cristã na era moderna pode estar diretamente relacionada a uma mudança significativa na doutrina de Deus. O Deus adorado por milhões de pessoas modernas é uma deidade reduzida ao padrão pós-moderno.

O único Deus verdadeiro

O único Deus verdadeiro, o Deus que se revela na Bíblia, é um Deus que define sua própria existência, estabelece seus próprios termos e governa a sua própria criação. A superficialidade de maior parte da “espiritualidade” moderna é um monumento à tentativa humana de roubar de Deus a sua glória. A cosmovisão cristã não pode ser resgatada sem uma profunda redescoberta do conhecimento de Deus.

Inevitavelmente, nosso conceito de Deus determina nossa cosmovisão. A questão da existência ou inexistência de Deus é fundamental, assim como o são as questões do seu caráter e do seu poder. Os teólogos falam sobre os “atributos” de Deus, significando com isso as particularidades da natureza revelada de Deus. Se começamos com o conceito correto de Deus, nossa cosmovisão será apropriadamente harmoniosa. Se nosso conceito de Deus é sub-bíblico, nossa cosmovisão também será sub-bíblica.

Os atributos de Deus revelam seu poder e seu caráter. O Deus da Bíblia é onisciente e onipotente; é também fiel, bondoso, paciente, amável, misericordioso, gracioso, magnífico e justo.

Na base de todo os atributos de Deus descritos nas Escrituras, estão duas grandes verdades que formam os pilares centrais de todo pensamento cristão. O primeira desses pilares é a soberania total, final e perfeita de Deus. A soberania de Deus é o exercício de sua autoridade legítima. Sua onipotência, sua onisciência e sua onipresença são os instrumentos de sua soberania.

O segundo desses grandes pilares é a santidade de Deus. Assim como a soberania é o grande termo que inclui todos os atributos de poder de Deus, a santidade inclui todos os atributos morais de Deus referidos nas Escrituras. Em primeiro nível, a santidade define a Deus como a fonte de tudo que é bom, verdadeiro, belo, amável, justo, reto e misericordioso. Em outras palavras, a santidade estabelece que Deus não é apenas o possuidor desses distintivos morais – ele é, também, a fonte crucial deles. Em última análise, Deus não é meramente definido por esses atributos morais; ele os define pela exibição de seu caráter na Bíblia.

Em outras palavras, dizer que Deus é justo não significa que ele é aprovado quando testado sob a luz de nosso entendimento de justiça. Ao contrário, nós obtemos entendimento adequado de justiça somente por conhecermos o Deus que se revela a si mesmo como justo. Um dos problemas centrais do pensamento moderno é a tentativa dos seres humanos de julgarem a Deus por nossas próprias categorias de perfeição moral. Nossa responsabilidade consiste em colocar nossas categorias em submissão à realidade e à revelação de Deus.

A questão da existência ou inexistência de Deus é fundamental, assim como o são as questões do seu caráter e do seu poder. A cosmovisão cristã se estrutura, antes de tudo, no conhecimento revelado de Deus.  A cosmovisão cristã se estrutura, antes de tudo, no conhecimento revelado de Deus. E isso implica o conhecimento abrangente do Deus que se auto-revela, se auto-define e não aceita rivais. Não há outro ponto de partida para uma cosmovisão cristã autêntica – e não há nenhum substituto.
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Traduzido por: Wellington Ferreira
Do original em inglês: The Knowledge of the Self-Revealing God: Starting Point for the Christian Worldview publicado no site: www.albertmohler.com
Fonte: Ministério Fiel

22 de fev. de 2015

Fazei Tudo Para Glória de Deus (Carta de Campina Grande)


Na noite de encerramento do 17º Encontro para a Consciência Cristã, nesta terça-feira (17), a VINACC, entidade organizadora do evento, lançou a “Carta de Campina Grande – Consciência Cristã 2015”. Na missiva, elaborada por uma comissão de grandes nomes da fé cristã no país, é reafirmado e reconfirmado compromisso com o genuíno Evangelho de Cristo, sua defesa e sua pregação por todo o Brasil e todo o mundo, para a glória do nome de Deus.

Confira a carta na íntegra:

Nossos dias têm sido marcados por momentos críticos. Lamentavelmente, o Brasil tem experimentado, nos últimos anos, uma curva ascendente de escândalos, que nos fazem ruborizar de vergonha. Para nossa tristeza, as primeiras páginas dos jornais têm estampado — quase que diariamente — escândalos políticos de primeira linha. Como se não bastasse isso, a corrupção dos e nos poderes da República nos mostram que a nação encontra-se em avançado estado de “metástase”.

Junta-se a tudo isso o problema da violência, que no Brasil tornou-se endêmica. Segundo a ONU, nosso país possui onze das trinta cidades mais violentas do mundo, isso sem falar no consumo de drogas, no descaso do poder público com a saúde da população, educação, transporte e bem estar social. E, para piorar essa situação, a igreja brasileira não tem cumprido o seu papel como sal da terra e luz do mundo. Pelo contrário, de norte a sul e de leste a oeste multiplicam-se os desvios teológicos e heresias hediondas de um lado, como a esterilidade de um saber teológico desvinculado da santificação e da prática de outro, coisas que, de forma acintosa, causam incontáveis males ao povo de Deus.

Ademais, nos últimos anos, ferozes “lobos” têm tido livre tráfego em nossos arraiais, promovendo dissenções mediante ensinamentos falsos que afrontam a Palavra de Deus e induzem uma parte do povo de Deus ao erro, haja vista as práticas e comportamentos sincréticos que ora são verificados em muitas igrejas, nas quais pastores desprovidos de piedade, amor e misericórdia comercializam o Evangelho, assim como alertaram os apóstolos Paulo e Pedro (cf. 2 Co 2.17; 2 Pe 2.1-3).

Diante do exposto nós, da Visão Nacional para a Consciência Cristã (VINACC), entidade organizadora do 17º Encontro para a Consciência Cristã, decide:

Lutar pela unidade da igreja brasileira através da absoluta lealdade às verdades transformadoras do evangelho, para a glória de Deus.

Cremos na santa Igreja, na existência de um só Corpo, um só Espírito, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus. Cremos na unidade da Igreja, como também na comunhão dos santos. Cremos que essa unidade é obra exclusiva de Deus, e que nós, pelos nossos próprios esforços, não podemos produzi-la. Cremos que a unidade só é possível em torno da verdade, e que uma igreja que relativiza as Escrituras, negando as verdades fundamentais da fé cristã, não pode ser considerada parte do Corpo de Cristo. Cremos que a unidade da Igreja é bíblica e deve ser desejada e vivida pelos salvos.

Cremos que somos chamados por Jesus Cristo a preservar a unidade do Corpo, não tratando como prioridade aquilo que as Escrituras consideram secundário. Pelo contrário, somos chamados por nosso Senhor para andarmos em amor, em humildade e em verdade, obedecendo à Palavra de Deus e glorificando ao Senhor através da nossa união.

Pregar exclusivamente o Evangelho, nada além do Evangelho

Reconhecemos que a Igreja foi chamada para proclamar o Evangelho em sua inteireza. Por isso, nos recusamos a vinculá-lo a ideologias políticas ou a agendas de ambições pessoais. Cremos que o Evangelho deve ser proclamado nos termos e ênfases do Evangelho, segundo a Palavra de Deus, e não de acordo com as circunstâncias mutáveis da sociedade. Proclamamos o Evangelho em sua totalidade, sem omitir seus aspectos essenciais, como a justiça e a santidade de Deus, a culpa do ser humano, a salvação somente pela fé, a ressurreição dos mortos, o julgamento final, o céu e o inferno. Proclamamos o Evangelho a todas as pessoas, independentemente de raça, nacionalidade, sexo, religião ou condição social.

Cremos que todas as pessoas precisam ouvir o Evangelho — em sua própria língua e cultura, de forma contextualizada — e ter a oportunidade de ser discipuladas, a fim de que também estejam aptas para fazer discípulos, formando igrejas locais autóctones, comprometidas com o pleno ensino do Reino de Deus, fazendo da proclamação do Evangelho um estilo de vida.

Denunciar o pecado, proclamar a justiça, lutando pela transformação de vidas, a fim de que Deus seja glorificado

Reconhecemos que somos chamados por Cristo para defender a vida, a verdade, a equidade, a família e a justiça. Acreditamos que a Igreja glorifica a Deus quando se posiciona contra o pecado — em suas mais variadas vertentes —, denunciando de forma profética as arbitrariedades cometidas por políticos, os quais, através de leis anticristãs, promovem a morte, a desconstrução da família, a miséria e relativizam o pecado.

Entendemos que é a missão bíblica da Igreja pregar o Evangelho a toda criatura, para que, no arrependimento e fé de muitos, haja inclusive um impacto social. Desse modo, a Igreja deve ser a voz da consciência da sociedade, a fim de apresentar aos que nos governam os princípios e verdades contidos nas Escrituras. Afirmamos, ainda, o nosso compromisso com a ética, com a decência.

E, por amor a Cristo, repudiamos todo e qualquer tipo manipulação religiosa e política feita em nome de Deus. Cremos ainda que é nosso dever, diante de Deus e da sociedade, exercer a nossa cidadania com responsabilidade e compromisso, convergindo a vocação que temos recebido do Senhor para colocar ordem no caos. Assim, “tudo quanto fizerdes, fazei de coração, como se fizésseis ao Senhor e não aos homens” (Cl 3:23).

Edificar e fortalecer nossas igrejas locais para que sejam exemplos vivos e concretos das verdades do evangelho do Reino em todas as suas dimensões.

Deus será glorificado quando Seus atributos forem visualizados, claramente, na vida de discípulos de Cristo que vivenciam a transformação do evangelho no meio de uma geração degradada e corrompida.

Glorificar a Deus em todas as áreas da vida

Com sincero arrependimento afirmamos, como corpo de Cristo, que rejeitamos todo tipo de idolatria, seja de práticas, pessoas ou instituições, reconhecendo que a honra pertence exclusivamente a Deus e a ninguém mais. Como discípulos de Cristo, assumimos o compromisso de honrar o nome de Deus nas esferas da ética pessoal, da família, da igreja, do trabalho, da cultura e da cidadania, refletindo a glória de Deus em tudo o que fazemos, em todo o tempo e em todos os lugares.

Portanto, confiantes na graça de Deus, assumimos este compromisso diante do Todo-poderoso e de Seu povo, a fim de vermos em nossa nação um poderoso progresso do Evangelho. Façamos, pois, a nossa parte, convictos de que, no fim, o Senhor Jesus Cristo será glorificado em nossa nação.

Pr. Euder Faber Guedes Ferreira (presidente da VINACC)

Comissão relatora:

Pr. Aurivan Marinho
Pr. Elias Medeiros
Pr. Renato Vargens
Pr. Russell Shedd
Pr. Ciro Sanches Zibordi
Prof. Adauto Lourenço
Pr. José Bernardo
Pr. Jorge Noda

21 de fev. de 2015

Aquele que não ama a seu irmão, não pode amar a Deus

Por Paul Washer
Agora, precisamos examinar nossa vida à luz dessas verdades. Amamos o povo de Deus e com isso demonstramos a realidade de nossa fé? Nosso amor é base de atitudes e emoções escondidas que não podem ser provadas ou é demonstrado por evidências reais, práticas e discerníveis, tais como palavras, atitudes e ações? Para nos auxiliar em ver onde estamos nesta questão de suma importância, as seguintes perguntas podem nos ajudar.
Primeiro, de quem é a companhia em que você tem maior prazer? Você busca comunhão com outros crentes e se deleita em conversas sobre Cristo? Ou prefere a companhia do mundo e raramente fala sobre as coisas de Deus? Quando foi a última vez em que você esteve com outros crentes com a única intenção de estar com eles e exaltar a Cristo? Devemos cuidar de como respondemos a essa pergunta, reconhecendo que muito do que se chama de comunhão cristã tem pouco a ver com Cristo.
Segundo, você se identifica publicamente com Cristo e seu povo? Ou se envergonha do escândalo envolto nos que confessam a Jesus como Senhor e procuram viver em submissão a sua Palavra? Os seus colegas descrentes identificam você como sendo um “desses cristãos”? Ou você está tão alinhado ao mundo e conformado à sua imagem que uma acusação dessas raramente, ou nunca, seria feita contra você? Você se coloca entre o povo de Deus como um espetáculo ao mundo, que se considera sofisticado demais para aceitar nossas ilusões religiosas?[1] Ou se distancia da igreja como uma pessoa se distancia do parente próximo do qual está envergonhado? Você consegue se identificar com Moisés, que “recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado” (Hebreus 11.24–25)?
Terceiro, embora esteja cônscio das muitas fraquezas e falhas morais da igreja, você tem o compromisso de promover sua melhora? Ou se alinha com o Diabo e o mundo nas acusações contra ela?[2] Temos de nos lembrar sempre de que o Diabo é o acusador de nossos irmãos, e os que estão de fora da igreja com acusações similares, estão fazendo a obra de seu pai, o Diabo.[3] Em contraste, o verdadeiro crente responde às falhas de seu irmão com um amor que encobre multidão de pecados, e se entrega à sua restauração e aperfeiçoamento.[4] Não pode abandonar a igreja nem o santo caído, não obstante as muitas vezes em que eles se desviam. Ele é compelido pelo amor de Deus a buscá-los, assim como Oseias buscou a Gomer, e labutar em seu benefício e para sua glória futura.[5]
Quarto, você é membro atuante e contribuinte de uma congregação local e visível de crentes? Temos de nos lembrar de que a espécie de amor que João escreve só seria manifestado no contexto de relacionamentos com outros crentes no corpo de Cristo. Você está morrendo para seu eu e entregando sua vida em serviço ao próximo cristão? Está labutando para a edificação da igreja através de seus diversos dons espirituais? Em termos simples, o que você faz para edificar o povo de Deus e promover a causa de Cristo entre eles?
Estas perguntas não são restritas somente aos pastores, mas pertencem a cada membro do corpo de Cristo. De fato, uma das evidências de que somos membros do corpo é que somos úteis para ele. Correspondentemente, uma das evidências de não ser convertido é a inutilidade para toda e qualquer boa obra.[6] Amor sem obras, como fé sem obras, é morto.[7] Faríamos bem em lembrar que as ovelhas e os bodes eram divididos pelo que faziam ou não faziam para o povo de Deus.
Concluindo, o amor não é apenas uma boa coisa entre muitas, mas a mais excelente, maior ainda que a fé e a esperança.[8] Sendo assim, não é incomum que João desse ao amor lugar exaltado entre as outras provas conversão. Temos de pesar nossa ortodoxia doutrinária contra o padrão da Escritura e examinar nossa piedade pessoal e vida devocional à luz dela. Porém, sobretudo, temos de provar a nós mesmos quanto ao amor. Esta virtude tem de ser encontrada em nós e manifestada em nossas obras, antes de ousarmos assegurar a nossos corações que o temos conhecido, conforme João relembra muitas vezes: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (1João 3.14). “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (1João 4.20).
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[1] 1Coríntios 4.9–13.
[2] O nome “diabo” vem da palavra grega diábolos, que pode ser traduzida “acusador”. Refere a alguém tendente a maledicência e falsas acusações.
[3] João 8.44; Apocalipse 12.10.
[4] 1Pedro 4.8.
[5] Oseias 3.1–3.
[6] Romanos 3.12.
[7] Tiago 2.17.
[8] 1Coríntios 12.31; 13.13.

Catequizando Crianças - uma prática que deve ser resgatada

Por Thomas Magnum

Os símbolos de fé são documentos confessionais de muita importância para as igrejas de herança reformada. Igrejas confessionais devem subscrever o que suas confissões e catecismos dizem, devem observar tais documentos com zelo e apreço. Mas, porque mesmo igrejas confessionais não usam mais seus catecismos para catequizar suas crianças? Claro que existem muitos motivos que podem não estar listados aqui e que você ao ler esse texto pode acrescentar em sua reflexão sobre o tema.

Em minha reflexão sobre o assunto, noto que um dos primeiros motivos para que a utilização dos catecismos com crianças e adolescentes foi esquecida são os efeitos da pós-modernidade, o pragmatismo trouxe a igreja costumes que são estranhos a sua história, com isso não quero dizer que devamos estar alienados das mudanças de nossa época, pelo contrário ao publicar esse artigo em um blog estamos na esfera tecnológica que muito nos ajuda e facilita a propagação de ideias e pode ser utilizada também como uma ferramenta para o reino de Deus, podemos glorificar a Deus com tais meios a nossa disposição.

Ao falarmos da reutilização de catecismos com nossas crianças muitas vezes poderemos ser taxados de antiquados e retrógrados, afinal isso pode ter funcionado no passado agora não funciona mais, será mesmo? Ao final de um período de estudos na escola a criança passa por um processo avaliativo que comumente é chamado de prova, lembro-me de ter feito quando criança muitas provas orais, tinha que me dedicar mais para estas e minha mãe me fazia muitas perguntas referentes ao tema para que eu pudesse memorizar o assunto e tirar uma boa nota. Semelhantemente é a utilização de catecismos, ao estudar para provas orais minha memória era mais exigida pelo momento,  lembrava quando necessário (no momento da prova) das respostas a serem ditas a minha professora. E porque então não catequizamos mais as crianças?

Devido a tantos planos e métodos de aprendizagem desenvolvidos por estudiosos da área da educação o modo de ensino foi e tem sido muito alterado e muitas vezes com boas contribuições, mas em outras nem tanto. Vejamos o que a Palavra de Deus nos diz sobre o ensino religioso que deve ser realizado com as crianças:

Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas. Deuteronômio 6:4-9

O ensino religioso deve ser algo presente e constante na vida das crianças da igreja, em muitos casos pais cristãos acham que a responsabilidade última da educação religiosa de seus filhos é dever dos professores da escola bíblia dominical ou do departamento infantil da igreja, mas, essa passagem de Deuteronômio nos diz que essa tarefa é inicialmente dos pais, é responsabilidades dos pais educarem seus filhos nos caminhos do Senhor. Lembramos de imediato das palavras da Sagrada Escritura “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” Provérbios 22:6.

Em muitos casos no momento em que chega a hora do sermão do pastor no domingo as crianças são retiradas do templo, não para ouvirem um sermão para elas, o que não sou contrário, mas, para serem entretidos com brincadeiras ou assistirem desenhos e se distraírem com brinquedos. Toda pedagogia empregada na educação cristã deve ser redentivo, ou seja, deve ter um motivo, uma finalidade, todo ensino infantil devem levar as crianças a Jesus e a salvação, devem comunicar o Evangelho para elas, deve mostrar a criança desde novinha que ela é uma pecadora e que Jesus morreu pelos pecados do seu povo. A utilização dos catecismos nesse processo educativo é muito importante, pois a criança será educada de forma sistemática, aprendendo o que a Bíblia diz sobre a Bíblia, sobre Deus, Jesus, a Trindade, o pecado, o Juízo, a igreja, a salvação. A reutilização da catequeze com crianças é saudável para uma igreja que deseja ver suas crianças crescerem na graça e conhecimento do Senhor.

Embora vivamos num tempo que as pessoas não suportem autoridade, inclusive na igreja, é com certeza previsto que existe muita resistência a utilização de catecismos com crianças, justamente por causa dos modelos pedagógicos que tem sido ditados pela academia. Diante de estudos recentes da psicopedagogia, dizer a uma criança que ela é pecadora é um ultraje. No entanto a Palavra de Deus é que rege seu povo, podemos usar as ferramentas da pedagogia a serviço do reino, e elas podem ser empregadas para uma catequeze mais dinâmica com as crianças, utilizando recursos audiovisuais e as demais ferramentas disponíveis para um aprendizado eficaz, no entanto ainda se faz necessário a utilização da catequeze com crianças. Que o Senhor nos ajude a cumprirmos nossa tarefa como educadores e não sermos negligentes no cuidado do que Ele nos confiou, não podemos tratar o ensino às crianças da igreja como secundário, eles estão debaixo da aliança de Deus com seu povo e devem ser instruídos nessa aliança.

20 de fev. de 2015

Você tem uma nova mensagem

Por Lucas Sabatier


Você tem uma nova mensagem. E é uma mensagem assinada com sangue. 

No começo desta semana, quando o noticiário publicou em todo o mundo a respeito da decapitação de 21 cristãos egípcios na Líbia, os jihadistas do ISIS pensaram que tinham cumprido sua missão. Os assassinos intitularam o vídeo de 5 minutos, produzido profissionalmente, que mostra essa matança horrenda de “Uma mensagem assinada com sangue à nação da cruz”. 

Era pra ser uma mensagem de medo e de morte vinda dos assassinos. Mas a mensagem que recebi foi de fé e de viva esperança, vinda daqueles que foram mortos. E eles a assinaram com o seu próprio sangue.

Ao invés de demonstrar desespero, os cristãos oravam e mostravam sua fé momentos antes de suas mortes. Eles sabiam o que estava por vir. Não, eu não me refiro à morte. O que estava por vir era a vida eterna com o Salvador deles, que abriu caminho ao ser assassinado e vencer a morte. Para esses 21 cristãos egípcios, “o viver [era] Cristo e o morrer [foi] lucro” (Filipenses 1:21). 

Não tenho completa certeza no que os líderes do ISIS tinham em mente ao endereçar a mensagem à “nação da cruz”. Talvez a intenção de destinatário era o Vaticano, pois eles se referem à Roma no vídeo. Mas, novamente, a mensagem que eu recebi foi endereçada para a verdadeira nação da cruz, a Igreja de Cristo. E foi uma mensagem de perseverança, extremamente encorajadora. Em suas mortes, esses cristãos proclamaram as palavras do seu Salvador: 

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” (Mateus 5:10–12) 

Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros.” (João 15:20) 

Todos esses “duplo significados” nessa mensagem me lembraram da placa colocada na cruz de Jesus (“O Rei dos Judeus”—cf. João 19:21–22). Foi uma proclamação não intencional de uma verdade maior. E algo parecido aconteceu agora com a “mensagem assinada com sangue à nação da cruz”. Era pra nos assustar e amedrontar. Mas, ao invés disso, a mensagem nos lembra de que um dia nenhum de nós da Igreja de Cristo estará vestindo laranja, mas estaremos todos em “linho finíssimo, resplandecente e puro” (Apocalipse 19:8). 

Essa é, portanto, uma mensagem de esperança. Esperança que Jesus conquistou com seu sangue na cruz a fim de nos fazer uma “nação santa” e “propriedade exclusiva do Senhor” (1Pedro 2:9). Essa foi a primeira mensagem assinada com sangue à nação da cruz: 

Porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.” (Colossenses 1:19–20) 

Agora, como imitadores do nosso Senhor e Salvador, tomemos a nossa cruz e sigamos a Ele (Lucas 14:26–35). Vamos assimilar a mensagem assinada com sangue que nos foi enviada. Vamos afirmar e viver com toda coragem e esperança que “o viver é Cristo e o morrer é lucro”.
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Fonte: Tuporém

Nada de Cinza

Por Kevin DeYoung

Não há nada de cinza a respeito de um seguidor de Cristo ver 50 Tons de Cinza. A questão é preta ou branca. Não vá. Não assista. Não leia. Não alugue.

Eu não quero sequer falar sobre isso. Outro blogueiro e eu andamos em círculos por várias semanas pensando em como poderíamos escrever uma resenha crítica satírica alfinetando aqueles que acham que precisamos ver esse filme para sermos relevantes. Não conseguimos. Não há forma de fazer um humor forte o suficiente para condenar filme tão vil.

E não, eu não fui ver o filme. Nem sequer assisti o trailer. Também não li uma única página do livro. Ler sobre a premissa na Wikipedia e no IMDb por alguns minutos me convenceu de que eu não precisava saber mais. O sexo é um presente maravilhoso de Deus mas, assim como todos os presentes de Deus ele pode ser aberto em um contexto errado e reembalado em um pacote feio. Violência contra mulheres não é aceitável só porque ela é aberta à sugestão, e o sexo não é aberto a todas as permutações, até mesmo em um relacionamento adulto. Consentimento mútuo não cria uma filosofia moral.

Sexo é um assunto privado para ser compartilhado na privacidade e santidade do leito matrimonial (Hebreus 13.4). Sexo, assim como Deus designou, não é para atores que fingem (ou não) que estão fazendo “amor”. O ato da união conjugal é o que casais casados fazem a portas fechadas, não o que discípulos de Jesus Cristo pagam dinheiro para assistir em uma tela do tamanho de suas casas.

Como já disse antes, precisamos ser criteriosos no que colocamos em frente aos nossos olhos, sendo homens e mulheres sentados em lugares celestiais (Colossenses 3.1-2). Se 50 Tons de Cinza é um problema, qual é o padrão de aceitação para o resto da sexualidade livremente consumida? Veja bem, a consciência do pecado não é por si só o problema. A Bíblia é cheia de relatos de imoralidade. Seria simplista e moralmente insustentável – até mesmo antibíblico – sugerir que você não pode assistir ou ler sobre um pecado sem pecar. Mas a Bíblia nunca se deleita em sua descrição do pecado. Ela nunca pinta o vício com as cores da virtude. Ela nunca se entretém com o mal (senão para zombá-lo). A Bíblia nunca cauteriza a consciência tornando o pecado normal e a justiça estranha.

Cristãos não deveriam tentar “redimir” 50 Tons de Cinza. Não devemos achar bonitinho e divulgar uma nova série de sermões chamada “50 Tons de Graça”. Não devemos envergonhar a arte ou a santidade ao pensarmos que, de alguma forma, algo tão escuso como 50 Tons vale a pena ser visto ou analisado. De acordo com a lógica de Paulo, é possível expor um pecado e mantê-lo escondido ao mesmo tempo (Efésios 5.11-12). “Um bom homem se envergonha ao falar do que várias pessoas não se envergonham de fazer” (Matthew Henry).

Alguns filmes não merecem uma análise sofisticada. Eles merecem um sóbrio repúdio. Se a igreja não pode estender graça a pecadores sexuais, nós perdemos o coração do evangelho. E se nós não podemos falar que as pessoas devem ficar longe de 50 Tons de Cinza, perdemos a cabeça.
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Fonte: Reforma21

19 de fev. de 2015

As orações de alguns cristãos têm mais eficácia que de outros?

Por Mark Jones

Todos os cristãos professos oram com a mesma eficácia? Nossa santidade ou a falta dela afetam nossas orações em termos da influência que elas têm sobre a resposta de Deus a elas?

Não há dúvida de que nosso pecado tem o poder de criar obstáculos para nossas orações (Sl 66.18; Pv 28.9; Is 59.2; Jo 9.31; Tg 4.3; 1 Pe 3.7).

Então, se o pecado pode criar uma barreira invisível entre Deus e o seu povo ou um indivíduo, e quanto ao contrário?

Quando falamos sobre as orações de um justo em Tiago 5.16, por exemplo, eu creio que não estamos falando necessariamente de todo cristão professo. (Embora todo cristão possa e deva aproximar-se do trono de graça em nome de Cristo). Tiago parece estar abordando algo diferente. Provavelmente, ele tem em mente a ideia de que alguns cristãos possuem uma eficácia peculiar em suas orações porque eles são peculiarmente piedosos. Essas pessoas têm grande fé e possuem um dom para orar frequente e fervorosamente. Nem todos os cristãos têm o mesmo dom de oração fervorosa no Espírito. Se ele não tinha isso em mente, ele poderia simplesmente dizer: “ore por você mesmo”.

Pense nisso a partir da perspectiva de Cristo, o homem de oração par excellence.

As orações de Cristo eram eficazes por diversas razões. Ele orava fervorosa e frequentemente, sempre em fé. Mas ele também entendia a vontade de Deus. Muito antes de Cristo, Elias orou para que a chuva fosse detida. Ele não pediu isso porque lhe pareceu uma boa ideia. Pelo contrário, sua petição se baseava nas Escrituras: Deus ameaçou várias maldições contra o povo, inclusive seca (Dt 28.22,24).

Tiago menciona a exemplar “oração feita por um justo”, Elias, para mostrar que ela “pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16). Se Elias continua sendo esse exemplo para nós, quanto mais Jesus em suas orações terrenas.

Em João 17, Jesus pediu que Deus cumprisse suas promessas feitas a ele como o Filho. Ele não era presunçoso, uma tendência particularmente abominável que aflige o povo de Deus, mas diligente em “lembrar” seu Pai de suas promessas a Jesus e seu povo. Essa persistência não parou depois que ele ofereceu sua oração sumo-sacerdotal, mas continua no céu até que tudo esteja consumado (conforme corretamente argumentou Jacob Armínio!).

Cristo foi prometido aos gentios (Is 49.1-12), então ele intercedeu por eles (Jo 17.20). A ele foi prometido glória (Dn 7.13,14), então ele a pediu (Jo 17.1-5). Nós não temos razão para duvidar que ele, durante sua vida terrena, pediu por tudo que foi legitimamente prometido a ele.

Falta de fé impediu os discípulos de conseguir expulsar um espírito imundo de um garoto (Mc 9.17-23). Cristo, o homem de oração e homem de fé, pôde fazer o que os discípulos incrédulos não poderiam. As orações e fé de Cristo foram responsáveis, juntamente com o Espírito (veja Mt 12.28), pela expulsão do demônio. Em outras palavras, Cristo não esperava uma coisa dos discípulos e algo diferente para si.

Em outro lugar, lemos sobre as orações de Cristo e a razão por que ele era ouvido: ele era ouvido por causa de sua reverência (Hb 5.7).

Esse princípio também tem relação conosco ou Tiago está simplesmente se referindo a todos os cristãos porque todos os cristãos possuem a justiça imputada de Cristo?

Considere as palavras do Apóstolo João: “… E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista” (1 Jo 3.22). Esse verso deixa claro que receber de Deus está conectado com obedecer a Deus.

Em outras palavras, ambicione as orações dos justos (Lc 1.6, 23.50). Ambicione as orações daqueles que cumprem a vontade de Deus, não daqueles que afirmam pertencer a Deus mas negligenciam sua vontade (Mt 7.21).

Deus ouve o piedoso e ele responde suas orações. Mas, quanto àqueles que não cumprem sua vontade, as Escrituras não poderiam ser mais claras.

Assim, concordo plenamente com Sinclair Ferguson, que escreve:

“É por isso que a verdadeira oração nunca pode ser divorciada de santidade real. A oração da fé somente pode ser feita pelo homem ‘justo’ cuja vida está sendo mais e mais alinha da com a graça da aliança e os propósitos de Deus. No domínio da oração também… a fé sem obras é morta”.

Portanto,

- Há alguns cujas orações são impedidas por várias razões.

- Há alguns que conhecem a vontade de Deus, oram com grande fé, guardam os mandamentos de Deus e, assim, têm orações eficazes. É por isso que o homem, Jesus Cristo, orou com tanta eficácia.

Se Satanás treme quando vê o mais fraco cristão de joelhos, imagine quando Cristo estava de joelhos.
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Fonte: Reforma 21