Por Luciana Barbosa
A confissão de fé de Westminster, a declaração de Savoy e a confissão de fé da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil respectivamente falam no capítulo sobre ressurreição o seguinte:
DO ESTADO DOS HOMENS DEPOIS DA MORTE E DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
II - No último dia, os que se encontrarem ainda vivos não morrerão, mas serão transformados; e todos os mortos ressuscitarão com seus mesmos corpos, e não outros, ainda que com propriedades diferentes, os quais se unirão novamente às suas almas, para sempre. 1 ICo 15. 51-54; ITs. 4.15-17. ICo 15:35-49; ITs 4.16.
III - Os corpos dos injustos, pelo poder de Cristo, ressuscitarão para desonra; os corpos dos justos, pelo Seu Espírito, ressuscitarão para honra e para serem feitos semelhantes ao próprio corpo glorioso de Cristo. Dn 12.2; Jo 5. 28-29; At 24.15; Ap 20. 12-15. Fp. 3.20-21; IJo 3. 2-3.
Quando falamos em ressurreição somos levados a observar algumas interpretações errôneas que algumas pessoas fazem. Todos esses questionamentos tratam de algumas dúvidas quanto a garantia que nós temos que iremos ressuscitar. E principalmente a dúvida: teremos corpo ou não? Vamos tentar responder todos esses questionamentos tendo por base as Escrituras.
Que garantia nós temos que iremos ressuscitar?
O apóstolo Paulo escrevendo a igreja de coríntios nos diz que se os mortos não ressuscitarem todo o evangelho é sem valor. “ E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé”. (1Co.15.14). A nossa maior garantia está na pessoa de Cristo que é o centro da nossa ressurreição, isto é, se Cristo ressuscitou, assim nós ressuscitaremos. As Escrituras nos mostram duas certezas para tal afirmação: A semelhança da ressurreição de Cristo e a onipotência de Deus. Textos que nos mostram isso: 1Co.15:51-54; 1Co.15:35-49; 1Co.15:14-19. Uma vez ressuscitados, vemos outra questão.
Como será nosso corpo?
Aqui temos outras dúvidas, tais como: Teremos um corpo? Ou seremos “Gasparzinhos”, uma alma flutuante? Desde já afirmo que muitos cristãos creem dessa forma. No entanto, teremos um corpo e Calvino vai dizer que “o corpo que morre é semente do corpo da ressurreição” ( capitulo XXV das institutas, livro 3). Isto quer dizer que seremos ressuscitados com os mesmos corpos e não outros, como também afirmam as confissões de fé citadas no início.
Tendo Jesus como exemplo e garantia da nossa ressurreição, observamos nas Escrituras que Cristo ressuscitara com o mesmo corpo. No entanto, glorificado, que podia ser tocado e ao mesmo tempo podia atravessar paredes e, aqui abro um parênteses: essa parte é mistério, como ele atravessava parede não sei, porém, ele atravessava. Será o mesmo corpo e, aqui encontra-se outra dificuldade, pois, alguns cristãos esperam ter um outro corpo, outro cabelo, outra cor, ser mais alto, mais magro, mais gordo e por aí vai... Sinto muito ser estraga prazeres lhe dizendo que a Bíblia não nos da base para tais aspirações.
Da mesma forma que o corpo de Cristo era um corpo literal, real (Lucas 24.39), físico ou reconhecível (Lucas 24.31; João 20.16) e poderoso (João 20.19), assim será o nosso corpo. Os dez discípulos também reconheceram a Jesus quando Tomé estava ausente, reconheceram por suas feridas, nas mãos e nos pés. Também Ele comeu na presença deles provando ter verdadeiramente um corpo glorificado que era real, físico e literal. Sim, teremos um corpo!
“E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele
lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos ao
vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e
vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E,
dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por
causa da alegria e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa
que comer? Então, eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado e um favo de
mel, o que ele tomou e comeu diante deles”
Lucas 24.37-43.
“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas
onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e
pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E, dizendo isto, mostrou-lhes
as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o
Senhor”.
João 20.19-20.
“E não há por que espantar-se; pois seria a coisa mais absurda que os corpos
que Deus consagrou como um templo seu perecessem na putrefação sem esperança
alguma de ressurreição. Ora, se o juiz celestial de tal maneira dignifica com
preclara honra essa nossa parte, que loucura leva o homem mortal a
transformá-la em pó, sem qualquer esperança de restauração? E Paulo escrevendo
aos coríntios nos exorta a levar o Senhor tanto no nosso corpo como em nossa
alma, porque um e outro são de Deus” (João Calvino).
Diante dessas passagens e como vimos que nossa ressurreição é a semelhança a de Cristo, afirmamos categoricamente que iremos ressuscitar no mesmo corpo, entretanto, corpo este incorruptível, sem pecado, glorioso, em suma, com propriedades diferentes.