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2 de mar. de 2015

As Lições Teológicas de um Vestido azul e preto

Por Thiago Oliveira

Sim, o vestido é azul e preto. Não importa se você - assim como eu - enxerga-o branco e dourado. A polêmica que quase parou a internet sobre as cores de um vestido postado numa rede social por uma escocesa de 21 anos, serviu para divertir, mas também instruir. Enquanto milhares de pessoas brigavam sobre quem teria razão sobre as cores, descobrimos que, na verdade, uma leve variação nos receptores de cor provocou este rebuliço. Quem distingue a cor não são os olhos, mas sim o cérebro. É o córtex cerebral que distingue a pigmentação a partir das frequências de luz capitadas pelas células do olho. Nem todos tem a mesma quantidade de células receptoras e isso faz com que enxerguemos as cores de maneira diferenciada. Algo Normal. Vale lembrar que a foto do vestido estava num ambiente em que a luminosidade provocou uma espécie de filtro que deixou o fundo saturado, por conta disso, foi maior a “ilusão de ótica”.

Passado o caso, o meu lado “teólogo” começou a fervilhar. Tive uma sacada e relacionei a polêmica das cores com o conhecimento sobre Deus. Parece bobagem, mas acredite: há uma correlação. Assim como o vestido é preto e azul e alguns enxergavam de outra forma, de igual modo, Deus é de determinada maneira, só que muitos O enxergam com outro viés. Embora alguns tenham dito que quem vê branco e dourado não estaria vendo errado, eu discordo veementemente. Se foi provado que o vestido é azul e preto, e uma outra publicação da escocesa fez todos verem as cores originais, logo, bater o pé e defender uma outra coloração que não seja a do vestido, é um erro. Semelhantemente, enxergar Deus de uma forma que Ele não é, ou seja, como Ele não se revelou a nós, é ilusório e compromete a realidade dos fatos.

De todo esse escarcéu, tirei algumas lições acerca de como Deus é, queria você pense, sinta ou enxergue diferente, nada pode mudar os fatos que estão registrados na Escritura, a principal fonte revelacional. Quer conhecer a Deus? Leia a Bíblia. É cristão? Tenha a Bíblia como verdade e autoridade final. Não temos permissão para editar a mensagem que Deus nos legou sobre Si mesmo, temos que ser fieis e repassar com exatidão aquilo que diz o Texto Sagrado. Vamos às lições:

1. Deus é soberano e governa tudo e todos

Alguns teimam em aceitar isso como verdade. Que tipo de crentes estas pessoas são? Bem, são crentes que querem suavizar a mensagem cristã para que essa soe mais atrativa para este mundo pós-moderno. Para elas, é inadmissível que Deus possa matar, ferir, mandar pessoas para o inferno e etc. Deus é amor gritam aos quatro ventos. Mas não negamos que Ele é amor, assim também como não negamos que ele é justo e bom. Mesmo quando Deus faz coisas que nos parecem cruéis ou até mesmo injustas, precisamos lembrar que Ele é SENHOR e não possui sombra de variação. Volúveis somos nós, humanos caídos.

O governo de Deus abarca todas as coisas, tudo foi decretado segundo o propósito de Sua vontade, até mesmo o ímpio para o dia do juízo (Pv 16.4). O Senhor tem contados todos os nossos dias (Sl 39.4). O profeta Isaías falando da parte do SENHOR não nos deixa dúvida de que Deus é soberano: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Is 45.7). Se lermos passagens como Números 14.11-12, I Samuel 16.14 e 1 Crônicas 21.14, veremos que Deus utiliza-se de calamidades quando bem lhe aprouver. Aceitar isso e continuar crendo que o nosso SENHOR é reto em todos os seus caminhos é a Fé que precisamos e que evidencia o nossa regeneração em Cristo.

2. Deus escolhe os que são salvos e não o contrário     

Enquanto tem gente cantando “Eu escolho Deus, eu escolho ser amigo de Deus, eu escolho Cristo todo dia”, a Bíblia nos ensina o oposto. O próprio Jesus disse aos doze: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” (Jo 15.16). Em outro dito seu, também registrado por João, Jesus arremata: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6.44).

A dificuldade em aceitarmos a Predestinação é a nossa natureza caída e totalmente inflada. Queremos porque queremos ter algum mérito, todavia a Palavra nos diz que só vão até a Cristo aqueles a quem o Espírito Santo revelar. Muitos vão objetar dizendo que seria injusto da parte de Deus e que a própria bíblia ensina que ele não faz acepção de pessoas (At 10.34). Primeiro: Não é injusto, pois, Deus não escolhe dentre inocentes, mas dentre pecadores culpados e indesculpáveis. E não é uma acepção, pois esta prática se baseia em qualidades, ou melhor, atratividade, e em nós não havia nada que pudesse chamar a atenção do SENHOR de uma forma positiva. Queira você ou não, a salvação não tem mérito nenhum da sua parte. Deus está do começo aos fim gerenciando esse processo. Negar a doutrina da Eleição e apelar para o livre-arbítrio é permanecer vendo “branco e dourado”, sendo que a realidade já constatada “azul e preto”.

3. Deus faz tudo para Seu louvor

No mundo humanista em que vivemos, há uma exaltação da figura humana presente em quase tudo. Esse humanismo adentrou sutilmente na Igreja. Há quem exalte a “raridade” do homem. Todavia, o Cristianismo humilha o homem e glorifica a Deus. Ele faz todas as coisas para Sua glória. Até mesmo a nossa salvação foi postulada para o louvor da divindade (leia Ef 1.11-14). Aos colossenses, o apóstolo Paulo diz que: “nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele”. (Cl 1.16).

Tudo procede dEle, por meio dEle e para Ele (Rm 11.36). Ei, Deus é um egocêntrico? Não! Ele é a medida de todas as coisas. Se você e eu, ou qualquer outro ser humano, buscarmos a glória pessoal, estamos arruinados. Com Deus é diferente, pois Ele é. Ponto. Não é mentira que Ele está acima de toda a criação. Quem o aconselhou na hora de criar? Ninguém! Por isso Ele pode e deve ter toda a honraria e majestade que nós devemos ofertar. Ser glorificado é o mote que torna esse mundo um lugar que, apesar de toda maldade, continua nos abençoando e permitindo que a vida aconteça.

Se você não acredita que Deus é soberano, até na hora de salvar, e que tudo nesse mundo é para exaltá-lO como aquele que era, que é e que sempre a de ser, então repense seu cristianismo, pois ele não coaduna com a Bíblia. Não confie em sentimentos, nem na sua percepção. Só o que está relevado na Escritura nos elucida de que as cores são “preta e azul” ao invés de “dourado e branco”.

Soli Deo Gloria

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