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8 de mar. de 2015

A comodidade que corrompe a Fé

Por Thiago Azevedo

Frequentemente se tem visto pessoas proferirem os seguintes relatos: “Faço parte desta igreja por que fica próxima da minha residência”. “ Congrego aqui por que meu pai é pastor”. “ Faço parte da família que fundou a igreja e por isso não posso sair!”. “Não posso sair desta igreja por ser obreiro remunerado”. “Minha namorada frequenta esta igreja e por isso não saio”. Entre outros. Percebe-se que o congregar nas instituições religiosas, atualmente, se dá por conta de uma comodidade e não por conta da doutrina ensinada. Ou seja, funciona mais ou menos da seguinte forma: O líder da instituição religiosa pode até negar a Trindade ou confundir Jesus com Genésio, o que importa de fato é se a instituição religiosa é próximo da residência ou qualquer outra coisa que seja cômoda. Na realidade, estas pessoas, os ditos cômodos, estão presentes nestas instituições fisicamente, mas no que tange ao âmbito espiritual, já estão ausentes há tempo. Todo o problema de quem age desta forma é que na realidade não consegue interpretar que está comprometendo sua fé em nome de uma comodidade fútil.


O que há na atualidade é o que denomino de Matrix Litúrgica, duas realidades – se dá quando o culto público é aparentemente perfeito, mas a verdade de seus bastidores é conhecida verdadeiramente por poucos. É justamente este quantitativo que se faz conhecedor dos bastidores de tal instituição religiosa que não consegue cultuar de forma pura, plena e sincera a Deus, e mesmo em meio a este contexto, entendem que o frequentar esta instituição religiosa deva se pautar pela comodidade que lhe convém. É aqui que começa o ato de corrupção da fé. Com a fé corrompida o cristão não é mais o mesmo. Com a fé corrompida o cristão vai perdendo o senso da importância de estar aos pés de Cristo. Com a fé corrompida o cristão não olha mais para o alvo. Com a fé corrompida o cristão passa a descredibilizar o que é importante. Com a fé corrompida Deus começa a ser questionado. Com a fé corrompida o cristão passa a não acreditar na seriedade das pessoas (generaliza tudo). E, por fim, com a fé corrompida, o cristão anda as mínguas.

O estágio de corrupção da fé é muito perigoso, pois a percepção de que a fé está sendo corrompida só é possível com muita sensibilidade e se alguém de fora o percebe, geralmente, é descredibilizado também. Quando uma pessoa fica presa a frequentar uma instituição religiosa apenas pela comodidade disponível que lhe atrai, geralmente começa-se a surgir atitudes antes não vistas, a saber:  não se tem mais vontade de frequentar os cultos, não se tem mais vontade de dizimar, não se tem mais vontade de se envolver nas programações eclesiásticas, não se tem mais vontade de orar, de ler a bíblia, etc., aqui a luz de perigo já acendeu, mas o indivíduo mal percebe. Nesta fase a comodidade deve ser superada e a busca de um novo horizonte litúrgico deve ser almejado. 

Por fim, Hebreus 11:1 define fé como o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. Se tirarmos a fé do cristianismo tiramos a respiração da vida biológica, tiramos algo que é vital e logo as consequências serão percebidas. Um cristão com a fé corrompida - ou se corrompendo - não terá mais a esperança da vinda de Cristo e dos efeitos de sua morte e ressurreição no nosso meio. A tendência de quem vem sofrendo uma corrupção da fé é chegar há um estágio de escassez total desta. Nesta situação agradar a Deus se torna impossível (Hebreus 11:6). Talvez encontremos nesta comodidade grande parte dos males que o evangelho na atualidade vem sofrendo, a saber, competição, busca por notoriedade, disputas midiáticas, desprezo às escrituras, falta de temor e tremor a Deus, ênfase financeira etc. Tudo isso são indícios de cristãos que adentraram no processo de corrupção da fé, em muito por uma comodidade fútil, e não se deram conta e talvez nunca deem.

Conclui-se que crivo correto para se avaliar se uma instituição religiosa é ou não de procedência não é, e nem nunca pode ser, a comodidade que lhe envolve, mas sim seu envolvimento e sua dedicação com o ensino das Escrituras Sagradas. O perigo está exposto e denunciado, é sutil e em muito assintomático, mas possui um poder de devastação elevado – a comodidade que corrompe a fé. Fiquemos atentos a mais este mal.

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