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2 de jul. de 2015

Antítese ou Síntese: O Evangelho e as demais filosofias

Por Thiago Oliveira

O Monopólio da Verdade

Antes de mais nada, não se espante com o fato do Evangelho ser definido no texto como sendo uma filosofia. O uso do termo remete, grosso modo, a um sistema que se preocupa em responder as questões fundamentais da vida, que envolvem a existência, o conhecimento, a linguajem, a verdade e a ética. Sabemos que encontramos a resposta para cada uma dessas questões quando mergulhamos nas Sagradas Escrituras. Falando nisso, a Bíblia é a fonte autoritativa do cristão e dela extraímos a nossa cosmovisão, ou seja, a nossa filosofia, e aqui filosofia alude a uma diretriz para determinada conduta.

O diferencial do Evangelho para as demais  filosofias é que ele reclama para si o monopólio da verdade e não negocia de maneira alguma esse ponto, pois é o seu cerne. Como cristãos, é importante que sustentemos este ponto, caso contrário, as bases do Cristianismo histórico não se sustentarão e serão tragadas por toda a sorte de pensamentos que não coadunam com seu bojo doutrinário. Quando sintetizamos a verdade revelada na Escritura com correntes filosóficas - que muitas vezes são oriundas de uma disposição anti-cristã - estamos maculando o Evangelho em nome de uma relevância pós-moderna. Quem faz esse tipo de síntese, geralmente, diz que devemos dialogar com tais correntes de pensamento para que o Cristianismo não se torne obsoleto.

Sim, defendo que esse diálogo aconteça, todavia, ele se dá por meio da antítese e não da síntese. O Evangelho sempre será relevante e atemporal justamente por conta de seu caráter antitético. O Evangelho não será obsoleto pelo simples fato de ser a verdade revelada por Deus. A verdade não morre, ela liberta! O diálogo deve acontecer para que fique evidente o quanto que o Evangelho não se assemelha com todo o tipo de sistema filosófico que não seja oriundo dos pressupostos bíblicos. E caso encontre-se alguma familiaridade conceitual, o diálogo deve mostrar que o determinado conceito originou-se da Escritura, sendo usurpado/enxertado pelo outro sistema. 

Por isso, quando sintetizamos o cristianismo com o marxismo, com o liberalismo, ou com qualquer outro "ismo", estamos criando um outro Evangelho, com acréscimos não escriturísticos, mas sim humanistas, pagãos. É sabido que todo Evangelho adulterado é maldito. Toda Palavra que sofre acréscimo remeterá a um culto idólatra, desembocando em apostasia. Por conta disso devemos fugir da síntese, tal como José fugiu da mulher de Potifar. 

O Evangelho precisa ser supra, isto é, acima de todos os "ismos". Ele deve ser destacado, devido a sua já citada singularidade. Caso seja equiparado a outra corrente de pensamento, o Evangelho deixa de ser o "Poder de Deus para a salvação daquele que crê". Não nos compete transformá-lo em mais um discurso. Todo e qualquer cristão tem o dever de, com sua vida, defender a exclusividade do Evangelho como sendo a verdade e não uma dentre outras verdades.  


Os Falsos Cristos

Recentemente, um texto assinado por Gregório Duvivier na Folha de S. Paulo, diz que Jesus é esquerdista, muito mais que Marx e Bakunin. Uma verdadeira forçação de barra para fazer apologia a determinada ideologia política. Quantos não se utilizam do nome de Jesus para levantar uma bandeira? Jesus não foi socialista e nem capitalista (isso é anacronismo até). O que ele pregou foi a salvação que seria possível através da sua morte na cruz. Jesus desde o começo de seu ministério colocou a sua morte como o centro de sua mensagem. E também exigiu que seus seguidores mortificassem suas vontades e se rendessem ao seu senhorio.

O Cristo anunciou o Reino de Deus, operou milagres em certas ocasiões e deu ênfase aos pobres em alguns momentos. No entanto, o que ele mais fez foi pregar. E pregou a todos, até para o rico Zaqueu, transformando aquele homem através de sua mensagem. Não havia sectarismo social, étnico ou de gênero. As boas novas foram transmitidas para todos, indiscriminadamente. "Quem tem ouvidos ouça...".

Hoje, há quem queira puxar sardinha para o seu lado e se utiliza da figura de Jesus como se este fosse garoto propaganda de determinada ideologia. Uns vão dizem que ele foi da esquerda, outros rebaterão. Para uns Jesus é um pacificador boa praça ao estilo dos hippies dos anos 1960. Outros o veem como um filósofo popular e sincrético.

O próprio Cristo falou que no fim dos tempos haveriam falsos cristos. Talvez estes não sejam sempre homens (como o patético Inri), mas sim conceitos distorcidos de quem ele realmente é. A resposta de Pedro, relevada pelo Espírito Santo, é a de que ele é o Filho do Deus vivo. E João Batista deu a definição que devemos sempre professar e proclamar: Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Essa confissão de fé é uma antítese e não uma síntese. Toda vez que sintetizamos o Evangelho, é como se diluíssemos o vinho com água antes de oferecê-lo, ou seja, uma fraude. Permaneceremos na verdade, pregando exatamente aquilo que está revelado na Escritura. 

"E Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

João 8.32

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