Por Thiago Oliveira
Introdução
Vivemos em um tempo onde a
afetividade é a lei que rege os nossos relacionamentos. Afetividade seria o ato
de se relacionar com algo ou alguém baseado em sentimentos, tais como o prazer.
Se determinado relacionamento provoca uma sensação de bem-estar, segurança e
deleite, então as pessoas se jogam nesses relacionamentos. Caso esses sentimentos não estejam presentes,
então não existe interação. Abandona-se o compromisso da relação. Assim vive o
mundo.
Mas, seria a afetividade o
princípio que pauta os relacionamentos dos cristãos? Ou melhor: Deveria ser?
Esse texto visa dar uma resposta para esses questionamentos. Como povo de Deus,
precisamos ter a resposta correta, pois relacionar-se com o Divino é coisa
muito séria. Para que a resposta seja
convincente, precisamos consultar a Bíblia, pois ela é o nosso parâmetro.
Afetividade X Ética
No Antigo Testamento, Deus se
relacionou com a nação de Israel de uma maneira especial. Aquele povo foi graciosamente incluído no
Pacto. O relacionamento tinha o próprio Deus como parâmetro, que exigia
obediência aos seus mandamentos, pois o Santo dos Santos havia separado para si
um povo santo. Assim lemos em Levítico 20. 7-8:
"Consagrem-se, porém, e
sejam santos, porque eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Obedeçam aos meus
decretos e pratiquem-nos. Eu sou o Senhor que os santifica.”
Fica claro que o princípio da
relação estava ligado ao dever dos israelitas cumprirem os preceitos divinos.
Desobedecer levaria Israel à expulsão das terras que o Senhor lhes havia
presenteado: "Obedeçam a todos os
meus decretos e leis e pratiquem-nos, para que a terra para onde os estou
levando para habitarem não os vomite”. Levítico 20:22.
Obedecer é condição sine qua non para desfrutarmos da benção
de um relacionamento com o Senhor. Portanto, é uma relação que tem como
princípio a Ética. Isso quer dizer que temos o dever de andarmos segundo aquilo
que está prescrito na Palavra, pois o autor da Palavra é Deus, e Ele zela pelo
cumprimento dela. Muitas vezes, obedecer aos mandamentos divinos não nos dará
uma sensação de bem-estar, muito pelo contrário. Em diversas ocasiões a
obediência nos fará rejeitarmos muitos dos prazeres que o mundo nos oferece.
Nossa sociedade tem um lema: “Faça aquilo que seu coração mandar e seja
feliz”. Mas, sabemos que o coração do homem é enganoso (Jeremias 17.9).
Felicidade não é fazer o que se quer, passando por cima dos mandamentos. Já
imaginou o apóstolo Paulo fazendo apenas o que lhe dava prazer e bem-estar? Ele
nunca teria sido o homem que foi. Para se colocar no centro da vontade de Deus
o apóstolo enfrentou perseguição, injúrias, foi açoitado, preso diversas vezes,
viajou em precárias condições de higiene e passou por perigos, chegando a
naufragar. Tudo isso para pregar o Evangelho e cumprir com o seu dever, pois
havia sido comissionado por Deus para desempenhar tal função.
Já imaginou Paulo cantando: “Deus realiza meus sonhos”? Não, ele não
correu atrás de seus sonhos e nem quis uma felicidade hedonista - pautada no
prazer. Paulo era um judeu de estirpe. Tinha uma carreira brilhante como
fariseu, podendo ser o grande expoente daquele grupo religioso-político que
crescia em notabilidade dentre a comunidade judaica. Mas o apóstolo não se
vangloriou disso. Ele assim escreve:
“Mas o que para mim era lucro,
passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero
tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo
Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como
esterco para poder ganhar a Cristo”.
Filipenses 3:7-8
Infelizmente a afetividade tem
norteado muitos dos que se dizem cristãos. Eles querem servir a Deus tendo algo
em troca. Eles querem comodidade. Querem sentir bem-estar através de
experiências místicas. O sentir-se bem virou parâmetro. Lamentável! Agir assim
é mudar aquilo que Deus estabeleceu como base para nos relacionarmos com Ele.
Não nego que exista afeto quando
estamos envolvidos com o Senhor. É uma relação que também engloba a área
sentimental. Existe amor nisso, todavia, a definição bíblica para o amor não é
mero sentimentalismo, é atitude. Fazer o que é certo, o que está prescrito na
Bíblia, mesmo que não nos cause deleite é amar ao Senhor. Em João 14:15 Cristo
fala aos seus discípulos: "Se vocês
me amam, obedecerão aos meus mandamentos”.
Os Relacionamentos Humanos
Em Levítico 20 existe uma lista
de pecados envolvendo relações íntimas. O adultério, o incesto, a sodomia, relações
sexuais com parentes de primeiro grau e zoofilia são atos pecaminosos que
desagradam a Deus. E aqui temos o mesmo parâmetro para os relacionarmos entre
si: obediência a Palavra.
A sexualidade foi algo criado por
Deus para o deleite do casamento. Adão e Eva foram criados para formar uma
família, dando origem a outras famílias. Por isso que o sexo, algo que provoca
prazer, não pode ser praticado como bem se quer em nome da felicidade. Pode ser
bom como for, o sexo fora do casamento é pecaminoso e afronta a Deus.
Precisamos entender o que é o
casamento. Ele é uma instituição moral, e não afetiva. Novamente ressalto que
pode ter afeto, mas a sua base está no dever. Por isso que existe o juramento.
Um casal diante do altar geralmente diz que vai ficar junto: na saúde, na
doença, na alegria, na tristeza, na riqueza ou na pobreza, até que a morte os
separe. Isso é dever e não mera afetividade.
O casamento, conforme o Senhor
instituiu, é heterossexual, monogâmico e indissolúvel (leia Gênesis 1: 27-28 e
2: 21-25). O escritor de Gênesis vai dizer que o motivo dos homens deixarem pai
e mãe para formarem novas famílias está atrelado ao fato de Deus ter criado
homem e mulher e dando-lhes a ordem de serem fecundos e povoarem a terra. O
sexo, abençoado por Deus, no casamento, faz com que o casal se torne uma só
carne. Cristo corrobora esse texto ao ser indagado sobre o divórcio:
“Mas no princípio da criação Deus
‘os fez homem e mulher’.‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à
sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’. Assim, eles já não são dois,
mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe”.
Marcos 10:6-9
Hoje o casamento vem sendo
diluído. A desculpa de que o amor acabou é a principal razão para se pedir o
divórcio. Isso fere os padrões bíblicos. Além da morte, apenas o adultério pode
levar um casal a se separar, assim diz a Escritura (Mateus 5:32). Todavia, o
melhor caminho nesses casos é o perdão. O
divórcio foi concedido devido à dureza do coração humano, mas não deve ser a
primeira solução. Mas alguém indaga: “não
estou feliz com meu cônjuge, não posso me separar? Deus não quer minha
felicidade?”. Se a felicidade quebra o dever matrimonial, então Deus não a
quer. Felicidade, conforme a Bíblia está lá em provérbios 8:32: "Ouçam-me agora, meus filhos: Como são
felizes os que guardam os meus caminhos”!
Por isso que a homossexualidade
não pode ser defendida por cristãos. Ela muda o curso natural da sexualidade,
criada para o usufruto de um homem com sua mulher. Não interessa se duas
pessoas do mesmo sexo sentem afinidade e atração sexual uma pela outra. É
moralmente errado. Diante disso, o conceito de “casamento homossexual” não tem
nenhum respaldo bíblico. Nem mesmo a afetividade pode ser usada como argumento
favorável.
Conclusão
Como cristãos, somos o povo de
Deus: “Vocês, porém, são geração eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as
grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” 1
Pedro 2:9. A obediência é o princípio que regula nosso relacionamento com o
SENHOR e com as demais pessoas. Precisamos fazer o que é certo, independente do
que sentiremos.
Para chamarmos Deus de “nosso”,
precisamos seguir seus estatutos. Que o Senhor nos ajude a fazer a Sua vontade.
Que nossas vidas glorifiquem o Criador que nos fez para termos intimidade com
Ele.
Ao SENHOR toda a glória!