Por Samuel Alves
A
igreja local tem sua tarefa militante, que defender e recomendar o evangelho. Judas
escreve sua carta alertando aos crentes para que defendam a fé que nos foi dada. Esta
defesa é um processo de demolição; uma demolição de argumentos contra a verdade
bíblica. Precisamos refutar todas as heresias que circundam à igreja. Ao falar
deste combate, Oliphint[1]
afirma:
“Devemos,
no entanto, reconhecer duas coisas. Em primeiro lugar, devemos entender a
seriedade dos argumentos em si. Se eles são levantados contra o conhecimento de
Deus, podem ser destrutivos a quem quer que os adote. Em segundo lugar, devemos
entender que o cristianismo tem de fato respostas para esses argumentos. Ainda
que estejamos familiarizados com a técnica e a terminologia precisa dos
argumentos, uma vez que consigamos compreender a questão que se destinam a
responder, nosso entendimento das Escrituras poderá começar a fornecer
resposta.”
Sendo
assim, percebemos o contraste da realidade bíblica em que a igreja se encontra
nos nossos dias. Estamos inseridos em um contexto pós-moderno, teremos pouco
sentido enquanto não entendermos o significado da palavra cristão e
compreendermos o que constitui uma comunidade cristã. O cristianismo é a única
verdade e é fiel a realidade, explica a criação, o universo e toda a sua
complexidade. Portanto, o que a igreja precisa não é de novos métodos, ela precisa
de homens que lutem pela fé que foi dada aos santos. A Bíblia é a palavra de
Deus! Ela é nosso guia de fé e pratica. Sem a palavra de Deus a igreja fica
raquítica, morta e não consegue desenvolver uma ortodoxia[2]
saudável. Hoje no nosso contexto brasileiro, sofremos pelas influências das
heresias. Os crentes precisam ser doutrinados através das Escrituras e só assim
viverão uma vida de riqueza espiritual, serão sábios e relevantes nesta
sociedade secularizada que a cada dia nega todos os pressupostos bíblicos.
Temos
a Bíblia como nossa regra de fé e prática e ela nos mostra quem são os hereges
e como combater suas heresias que tanto ameaçam a sã doutrina. Só que neste
universo que envolve teólogos ortodoxos e os hereges, temos as pessoas que são
novas na fé, irmãos que são de outra linha doutrinária e que muitas vezes
aprenderam tudo errado e estão abraçando a fé reformada trazendo toda bagagem e
influencia de onde vieram. Assim como Cristo foi misericordioso conosco,
devemos tem compaixão daqueles que tem dúvidas e até aqueles que estão no
caminho errado! É triste olhar alguns comentários no Facebook e artigos de
alguns blogs cristãos e ver muitas pessoas que repreendem como Jesus, mas não
amam como Jesus. Em algumas oportunidades somos rudes e arrogantes quando
expomos a doutrina, perdendo a oportunidade de compartilhar algum ensinamento
ou até mesmo exortar em amor um irmão que está no caminho errado. O apóstolo
Paulo encoraja o jovem pastor Timóteo dizendo:
“Retenha, com fé e amor em
Cristo Jesus, o modelo da sã doutrina que você ouviu de mim. Quanto ao bom
depósito, guarde-o por meio do Espírito Santo que habita em nós”.
2 Timóteo
1:13,14.
Ortodoxia e ortopraxia andam juntas, como fé e amor! Outrora eu era um
neo-pentecostal, tive encontro com pessoas que me ajudaram a conhecer e abraçar
a fé reformada, pessoas que tiveram a paciência de caminhar junto comigo e me
apresentar as doutrinas da graça. Temos uma missão! A cada dia que passa muitas
pessoas estão lendo e bebendo das fontes da reforma. Estive, há pouco, num simpósio onde o
salão estava repleto de jovens ansiosos para aprender o que é o evangelho da
graça. Oro para que Senhor possa conduzir esses jovens a crescerem na graça e
no conhecimento da verdade. Oro para que Deus me dê oportunidade de ajudar pessoas
a caminhar e viverem uma vida segura e alicerçadas em Cristo. O apóstolo Paulo foi
alvo da graça e fez por outros o mesmo, importou-se genuinamente com as pessoas
que discordaram dele, pensando em sã doutrina e piedade Joshua Harris faz o
seguinte comentário em seu livro[3]:
A
Sã doutrina é vital. Uma vida piedosa é essencial. Mas não são suficientes. Sem
humildade no coração, seremos como fariseus e usaremos a verdade como uma vara
para açoitar os outros. E Deus será desonrado nisso. Se queremos honrar a Deus,
devemos representar a verdade humildemente em nossas palavras, conduta e atitude.
Portanto,
precisamos atravessar as fronteiras e estender a mão ao próximo, precisamos ter
compaixão daqueles que duvidam, precisamos amá-los e expor todo o conselho de
Deus. Ter compaixão é se colocar no lugar do outro. Se olharmos pra nossa vida
perceberemos que muitas pessoas nos ajudaram, seja direta ou indiretamente.
Assim precisamos por em prática o grande mandamento: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu
coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas
forças’. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe
mandamento maior do que estes" Marcos 12:30,31. Todavia, Tenham compaixão
daqueles que duvidam...
Soli
Deo Gloria
* Judas
1.22 (NVI)
[2]. Palavra que vem do grego
"orthós" e "dóxa", Corrente que surgiu imediatamente depois
da Reforma. É a sistematização e a consolidação das idéias da Reforma,
desenvolvidas em contraste com Contra-Reforma.
[3]
Harris, Joshua. Ortodoxia humilde: Defendendo as verdades bíblicas sem ferir as
pessoas; tradução de Caio Peres. São Paulo: Vida Nova, 2013. p.40.