Por Thiago Oliveira
“Love wins!” e avatares
coloridos. Foi assim que se manifestaram milhões de pessoas quando a Suprema
Corte dos EUA aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em meio aos que
comemoraram a decisão estavam aqueles que se dizem cristãos e que são heterossexuais.
Para tais, o amor é o que deve prevalecer, e como diria a velha música,
utilizada num polêmico e recente comercial de cosméticos: “consideramos justa
toda forma de amor”. Mas será que o casamento gay é uma questão meramente
afetiva? Será que nesse angu não tem caroço? A resposta mais esclarecedora pode
estar com os próprios militantes LGBT. Vamos analisar o cerne da coisa no contexto brasileiro. Ok?
No artigo intitulado A luta LGBT como estratégia para a construção de uma sociedade socialista,
assinado por Rodrigo Cruz e Thais Dourado, publicado no site Insurgência, que
pertence ao PSOL, os autores falam, de uma maneira que mais clara impossível, quais
sãos os objetivos que desejam alcançar com a defesa do casamento entre pessoas
do mesmo sexo/gênero. Só o título do artigo já diz muita coisa. Faço aqui alguns
recortes e comento em seguida:
“É
por isso que nós, LGBT socialistas e revolucionários, precisamos reivindicar,
antes de tudo, o feminismo marxista. Sem a luta das mulheres, nunca teria sido
possível questionar a natureza das relações de gênero, a finalidade das
práticas sexuais na sociedade capitalista e a supremacia do masculino na esfera
pública. Podemos dizer ainda que a base da opressão machista e homofóbica é a
mesma: o patriarcado enquanto modelo de organização social centrado na figura
do homem cisgênero, que tem como objetivo garantir a manutenção da sociedade de
classes por meio da transferência de herança (propriedade privada), processo
diretamente responsável pela normatização das relações heterossexuais (visto
que só a partir delas são gerados herdeiros legítimos)”.
Aqui está a visão marxista
de que as relações de gênero são construções sociais que visam à opressão das mulheres
e dos homoafetivos para manter a sociedade de classes, a propriedade privada e
etc. Para os autores do artigo, o Capitalismo triunfa sob a égide do
patriarcado e do que convencionalmente tem sido chamado de heteronormatividade - a imposição/construção de gênero. O argumento deles é algo mais ou menos assim: ninguém nasce menino
ou menina, isso é imposto desde a tenra infância. Tem pênis? Então é menino,
tem que vestir azul e brincar de bola. Tem vagina? Então é menina, tem que
vestir rosa e brincar de boneca (já representando a condição subalterna da
maternidade e dos afazeres domésticos). Seria cômico se não fosse trágico.
Há um ramo da psicologia,
e uma série de outras disciplinas que estudam o comportamento sexual dissidente
– teoria Queer[1]
– que dizem que a questão de gênero não está ligada a biologia. Dessa forma, um
macho – biologicamente falando – pode ser uma mulher e vice-versa. A questão de
gênero é então auto-declarativa. Um exemplo que temos no Brasil é o do
cartunista Laerte, que agora se identifica como mulher, vestindo-se como tal e sendo
chamado de “a Laerte” e não “o Laerte”. Para os adeptos da teoria Queer, não há
naturalidade nas questões de gênero e sexualidade, é tudo uma construção
historicista. Por repetição teria se definido os comportamentos hetero e
homossexuais. A crueldade por trás desse tipo de teoria é vista no famoso caso John/Joan.
Mas, continuemos com o artigo dos militantes socialistas:
“O
casamento civil igualitário é outro bom exemplo de como a luta democrática,
embora cheia de armadilhas, pode ser tática para a verdadeira emancipação LGBT.
Vivemos em uma democracia burguesa, na qual reivindicar o casamento entre
pessoas do mesmo sexo significa basicamente explorar a contradição liberal (a
sociedade da igualdade e da liberdade não oferece de fato liberdade e igualdade
a todos). E o casamento entre pessoas do mesmo sexo, por si só, representa
algum tipo de avanço dentro desse regime (no caso de um casal do sexo
masculino, por exemplo, a divisão sexual do trabalho doméstico será uma
experiência inovadora, visto que se dará, à primeira vista, sem a exploração do
trabalho feminino). Basicamente, muda a função do casamento na sociedade
burguesa.
Entretanto,
não podemos cair no erro de tornar essa uma pauta com um fim em si mesma. O
reconhecimento legal do casamento gay implica, por exemplo, que a aquisição de
benefícios da assistência social para essa população se dará principalmente a
partir da adesão à instituição do casamento. Entretanto, as LGBT não pretendem
casar também precisam ter esses benefícios garantidos. Por isso, a nossa luta
pelo casamento igualitário precisa ter como norte a superação da instituição
casamento, que lembremos, sempre foi uma instituição responsável por oprimir as
LGBT e as mulheres. “É preciso ter clareza de que não podemos cair no erro de
usar, com a melhor das intenções libertadoras, exatamente os mecanismos que nos
oprimiram e que continuam nos oprimindo” (COLLING, L.2010).”
Bem, chegamos ao ponto nevrálgico
da coisa. O casamento homoafetivo é uma bandeira estratégica para o rompimento
daquilo que os socialistas chamam instituições burguesas e opressoras. Dentre
essas instituições, está o casamento. O propósito é mudar toda a estrutura do
matrimônio, que sempre foi heterossexual, para que no futuro, o casamento seja
superado. E assim, rompe-se a estrutura máxima da sociedade burguesa e
dominante. Assim anseiam os adeptos do movimento LGBT. O casamento homoafetivo
não tem nada a ver com amor. Não é romance, é desconstrução. E, uma vez que se
muda a configuração do gênero matrimonial, futuramente pode mudar também suas
outras características, tal como a monogamia. Não estranhem quando o movimento “poliamor”
começar a exigir que o Estado assegure os direitos de quem quer casar com mais
de uma pessoa. Um abismo chama outro abismo, já dizia o salmista.
Diante desse plano
maléfico, como cristãos, precisamos nos opor a tal deturpação daquilo que foi
criado por Deus. Será que diante de um texto tão claro como este, os pastores cult’s que deram entrevista a Carta
Capital continuarão se posicionando de maneira acovardada em nome de uma
aceitação social mais abrangente? Será que o pastor liberal que criou a
campanha “Jesus cura a homofobia” continuará defendendo um grupo que
abertamente declara guerra contra os padrões estabelecidos por Deus?
Pois é meus irmãos, o
casamento é uma estrutura criada pelo SENHOR, por isso é natural. Ele fez macho e
fêmea e ordenou que povoassem a Terra através da relação sexual entre
diferentes e não entre iguais. Gênesis 1 e 2 não nos dá margem para pensar numa
abordagem historicista e nem construtivista. A homossexualidade não pode ser
defendida por cristãos. Ela muda o curso natural da sexualidade, criada para o
usufruto de um homem com sua mulher. Não interessa se duas pessoas do mesmo
sexo sentem afinidade e atração sexual uma pela outra. É moralmente errado, e
pecaminoso por ser uma deturpação da criação. Diante disso, o conceito de
“casamento homossexual” não tem nenhum respaldo bíblico. Nem mesmo a
afetividade pode ser usada como argumento favorável.
Devemos peitar toda e
qualquer teoria que vai de encontro ao que a revelação escritural diz. O que os
grupos LGBT’s querem é destruir toda e qualquer instituição cristã, pois, para
eles, tais instituições são burguesas. O amor entre iguais é apenas uma máscara
para que se construa uma sociedade pós-cristã regida pelo “deus Estado” que
regulamentaria - em definitivo - o que é e o que não é bom para a população. Se nos EUA a questão é mercado, aqui é ideológica. Obviamente, devemos
amar essas pessoas e orar para que Jesus tenha misericórdia de tais. Por outro
lado, o amor não significa se omitir. Precisamos dizer não ao casamento
homoafetivo. Dizer "não!" as ideologias de gênero e "não!" a teoria Queer. Ou é isso, ou
nosso silêncio será um sonoro “não!” ao cristianismo histórico.