Por Thiago Oliveira
E lá vamos nós outra vez. Um texto
escrito por mim, criticando o Lucinho Barreto... Já fiz isso antes, mas torno a
fazer por motivos óbvios: alertar jovens para que não caiam nas loucuras que
esse sujeito propõe. A mais nova está bem aqui. Assista ao vídeo e depois volte
a ler este pequeno artigo.
Presumindo que você tenha assistido a “loucura
de maio”, vamos ao cerne da questão: Esse dito cujo propõe que uma dupla de
jovens use o artifício da mentira para obter “conversões” dentro do transporte
coletivo. Isso mesmo. Dois jovens entram, enquanto um distribui panfletos
evangélicos, outro finge que se opõe ao evangelismo, ambos entram numa
discussão teológica/apologética e por fim, o que já é crente, fingindo não ser,
dirá que se convenceu e “aceitará” a Jesus após um apelo. EVANGELISMO MENTIROSO
É DOSE!
Algumas pessoas - advogando em prol do
Lucinho - argumentam que isso é um teatro. Mas daí me vem algumas questões: i) o Lucinho em nenhum momento diz que
aquilo é uma peça teatral e nem orienta que os jovens digam isso ao público
ouvinte. ii) as pessoas quando
assistem a uma peça teatral estão ali conscientes de que estão vendo atores em
cena. O método que o Lucinho propõe faz com que as pessoas acreditem que os
dois jovens não se conhecem e discutem de verdade. A finalidade também é que o
povo acredite que a conversão ocorreu. Logo, definitivamente não é teatro. Está
mais para “pegadinha do Malandro”, só falta o “glu, glu, ié-ié”.
A tal “loucura de maio” consiste na
quebra do 9º mandamento. O Catecismo Maior de Westminster esclarece. Na
pergunta 145 lemos: “Quais são os pecados
proibidos no nono mandamento?”. Eis uma parte da resposta: “falar inverdades, mentir”. Mentira é
algo repugnante para Deus (Pv 12.22), por isso que os mentirosos são expulsos
da Sua presença (Sl 101.7 e Ap 22.15). Quem mente é filho do Diabo, pois é ele
o pai da mentira (Jo 8.44). O apóstolo Paulo ensina aos colossenses que a
partir do momento em que nos despimos do velho homem e passamos a ser nova
criação, moldados a imagem do próprio Deus, devemos abandonar a mentira (Cl
3.9-10). Repito: o cristão deve abandonar a mentira (Ef 4.25). Logo, o que faz
uma pessoa em sã consciência faltar com a verdade e simular uma conversão? Há
alguém que pode elucidar a questão.
Mark Dever, pastor e diretor do
Ministério 9Marcas, escreveu sobre o que caracteriza uma igreja saudável, que
por tabela vai diagnosticar também igrejas doentes. Uma das marcas para que a
igreja goze de boa saúde é a compreensão exata do que vem a ser evangelização.
E por exata, ele quer dizer bíblica. Observem um trecho de sua fala no livro O que
é uma Igreja Saudável? : “(...)
se em nossas igrejas deixamos de lado o
que a Bíblia diz a respeito da obra de Deus na conversão, a evangelização se
torna uma obra nossa em que fazemos o que for possível para obter uma confissão
verbal”.
Dever continua:
“De
acordo com as Escrituras, os cristãos são chamados a cuidar, exortar e
persuadir os não-cristãos (2Co 5.11). Mas devemos fazer isso por meio da plena ‘manifestação da verdade’,
que significa rejeitar ‘as coisas que, por vergonhosas se ocultam’ (2Co
4.2)”.
Quando a igreja entende que deve fazer
o trabalho do Senhor do jeito do Senhor, e atentar para a Sua divina soberania
em converter os pecadores de maneira sobrenatural através da simples exposição
do evangelho, então ela irá parar de confiar em metodologias baratas e não
ficará nessa fissura por apresentar números elevados. Isso que o Lucinho propôs
retrata a enfermidade da igreja brasileira, que não tem uma compreensão bíblica
da evangelização por falta de ensinamento. E como vem o ensinamento? No caso da
igreja não há nada melhor que a pregação expositiva das Escrituras. Ela é
alimento robusto, pois traz em seu bojo a centralidade do evangelho e busca esclarecer
o conteúdo bíblico para os fiéis trazendo aplicações que servem para o
dia-a-dia.
Não é coincidência que esse método espúrio
de evangelizar venha de um “pastor” que se fantasiou de Superman e de Chapolim.
Pastor de uma igreja que em seu púlpito já rolou de tudo: de stund-up até dicas
de maquiagem. Igreja que ao invés de se ater ao Ensino da Palavra, enfatiza a
adoração por meio de música e realiza “atos proféticos” sem nenhuma
fundamentação bíblica. Está tudo entrelaçado meus irmãos. Se falta boa
doutrina, a evangelização é comprometida, pois, quem evangeliza desconhece o
conteúdo do evangelho. Por isso vemos tantas abordagens evangelísticas que
falam sobre obter paz, amor e felicidade em Jesus, mas que não falam o mais
importante: Jesus veio para livrar do jugo do pecado e da condenação ao inferno
todo aquele que nEle crê. O perdão dos pecados é o centro da boa-nova. O resto
até pode vir agregado, mas não é promessa para este mundo.
Finalizo ciente de que vão me acusar de
ter inveja do Lucinho e criticá-lo por má fé, na tentativa de me promover em
suas costas. Nem precisa ser profeta para saber que em alguns comentários
alguém falará (fora de contexto): “não julgueis”. Mas eu teimo em escrever, e
teimo na esperança de que jovens que estavam prestes a cometer tal loucura,
parem para refletir, dando atenção aos versículos aqui mencionados, e não
utilizem este método infame para evangelizar. Se querem compartilhar do
evangelho para obter conversões genuínas, gastem tempo estudando a fundo a
Bíblia, gastem tempo expondo o que aprenderam através de uma sequência de estudos
com algum não-crente e gastem tempo orando para que o Senhor converta o coração
daquele que você tem investido em discipular. E no tempo certo, tempo de Deus,
os frutos que demonstram conversão irão aparecer.
Oro para que Deus desperte a nossa
juventude para o ensino da Palavra.