Por Mark Jones
Há dois anos, em um
acampamento para jovens da OPC (Igreja Presbiteriana Ortodoxa), eu tive o
privilégio de abordar o tópico da masturbação, entre outros assuntos (por
exemplo, Machen, Machen e mais Machen). Como alguns de vocês podem saber, a OPC
é notória por mandar o pessoal da PCA (Igreja Presbiteriana da América,
denominação do autor) fazer o trabalho sujo teológico deles. Mas eu divago…
Então, o que você diz a
rapazes e moças que, se alcançaram a puberdade, provavelmente já se masturbaram
ou se encontram escravizados a essa prática? Você cita Gênesis 38.9 e muda de
assunto rapidamente?
Os que estão na carne têm
“olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar” (2 Pe 2.14); eles são
dados a pecar. Mas mesmo aqueles que estão no Espírito ainda pecam. E mesmo o
santo mais santificado, se há algum sangue correndo em suas veias,
provavelmente tem um problema com lascívia de alguma forma. Um antigo colega –
agora excomungado da igreja – admitiu para mim que, a cada manhã, a primeira
coisa que ele fazia era se masturbar a fim de se livrar dos seus desejos! (Não
existe isso de matar o pecado pecando). Eu queria que ficasse tão consternado
com o pecado dele como fiquei com o fato de que uma vez ele esteve hospedado em
minha casa por duas noites. Mas eu divago de novo…
Ao tratar o problema da
masturbação não podemos adotar um certo tipo de hermenêutica “batística” – isto
é, “mostre apenas um texto que diz que devemos batizar bebês ou não podemos nos
masturbar” – se queremos seguir adiante com moços e moças. Pelo contrário, a
“boa e necessária consequência” nos capacita a abordar essa questão sensível.
Uma forma de lidar com o
pecado de masturbação seria descrever o isolacionismo de um homem ou mulher se
satisfazendo como completamente ridículo. Afinal, um homem ou mulher,
escondido(a) em um banheiro/quarto, masturbando-se é uma tragédia. Um homem
casado fazendo o mesmo é uma tragédia ainda maior. Mas, tão patético quanto
essa imagem pareça, isso não impedirá uma pessoa de autogratificar-se.
Auto-gratificação normalmente vence a decência, a não ser que você seja inglês.
E, então, há o problema
inevitável de que a masturbação natural e rapidamente leva a pensamentos
impuros. Claro, esses tipos de pensamentos podem acontecer em qualquer lugar e
tempo, mas você está iludido se você pensa que pode manter sua mente moralmente
neutra enquanto se masturba.
Em termos de se
masturbação é errado ou não, nós podemos fazer as seguintes perguntas a
respeito de todas as práticas sobre as quais não temos um texto explícito:
1. Estou no controle ou ela
me controla? (para cristãos, o domínio do pecado foi quebrado; o pecado já não
tem domínio sobre nós, Rm 6)
2. Isso cria uma barreira
invisível entre Deus e eu? (i.e., impede minhas orações).
3. Você pode agradecer a Deus
depois de fazer isso ou aquilo? (nós devemos dar graças em todas as
circunstâncias, 1 Ts 5.18).
Para os cristãos, essas
são questões poderosas que exigem respostas. Eu imagino que seria muito difícil
para um cristão masturbar-se e, então, agradecer a Deus pela experiência.
Mas, tem mais. Nós
precisamos entender que isolacionismo solipsista vai direto contra a Trindade,
que é uma comunhão amorosa de pessoas. Masturbação é islâmico ou unitariano,
com certeza não é cristão.
A encarnação torna união e
comunhão com Deus possíveis. O próprio Filho deseja comunhão amorosa com sua
esposa. Onde nós estaríamos se Cristo adotasse seu próprio “isolacionismo
solipsista”? A intimidade que experimentaremos no céu nunca será desencarnada,
mas também jamais será em isolamento.
Gratificação sexual é um
dom dado por Deus para prazer mútuo de um homem e uma mulher em estado de casamento
(Cantares; Hebreus 13.4). Masturbação enfatiza tudo que há de errado com
casamentos: em vez de sacrifício pelo outro, a pessoa escolheu o caminho do eu
(cf. Lc 9.23).
Intimidade desencarnada em
forma de masturbação não prepara bem um homem ou uma mulher para a intimidade
que eles esperançosamente um dia experimentarão no casamento. Além disso, para
homens que são casados, algumas vezes eles experimentarão problemas sexuais com
suas esposas se eles têm um histórico de masturbação crônica. Mulheres, também,
podem sofrer com o fato de que seu cônjuge é incapaz de satisfazê-las.
Se eu acreditar no que
dizem alguns amigos pastores, a masturbação também pode ser um campo de treino
para homossexualidade e outras práticas aberrantes como sodomia. Afinal, uma
vez que o egoísmo se impõe, um homem fará com sua esposa todo tipo de coisa que
lhe agrada às custas dela.
Qual é a solução para o
pecado da masturbação? Bem, é aqui que nossa doutrina de Deus, justificação e
santificação entram. Uma coisa é argumentar sobre uma ordo decretorum
supralapsariana, e outra bem diferente é lidar com alguém que não consegue
parar de masturbar-se. Eu sei qual desses tópicos eu tenho considerado mais
fácil de abordar.
Deus perdoa uma pessoa que
se masturba? Somente se essa pessoa primeiro reconhecer que masturbação é
pecaminoso e, então, se arrepender. Masturbação não é um pecado imperdoável
porque é pecado. Se fosse o caso, então esse seria o pecado imperdoável.
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Fonte: Reforma21