Por Thiago Oliveira
Já havia escrito um texto refutando 5 argumentos daqueles que são contra as denúncias feitas aos falsos
mestres, isto é, os que são hereges (leia aqui). Geralmente, usa-se muito o “não julgueis” ou “não
toque no ungido”, todavia, há outros que também são bastante usados. Alguns
meses depois, notei que além dos que já tinha refutado, outros 5 se mostraram
recorrentes, e, a eles volto a minha atenção neste breve texto.
1) Ore ao invés de criticar
É impressionante notar que quando
confrontamos algum pastor midiático ou celebridade gospel, os fãs fazem de tudo
em defesa dos mesmos. Porém, algumas coisas se tornam muito difíceis de
defender, por isso, os fãs sabendo que algo é indefensável, usam como argumento
que deveríamos apenas orar ao invés de criticar. Ok! Nada nos impede de orar,
de pedir a Deus misericórdia por líderes que estão dando claros sinais de
apostasia. Alguns poucos homens que fizeram mal a sã doutrina acabaram sendo
tocados por Deus e se arrependeram dos caminhos tortuosos que traçaram, no
entanto, é um grupo ínfimo na história da igreja. Via de regra, um herege que
apostatou da fé, desce a sepultura como tal e por ser um “filho do Diabo”,
oração não irá resolver muita coisa.
Ademais, uma coisa não anula –
necessariamente – a outra. Podemos orar, principalmente pedindo a orientação de Deus para que nossa crítica seja feita sob o escopo da piedade. Criticar por
criticar é algo que não nos serve como modelo. Nossa crítica deve ser
alicerçada da Escritura e endereçada a todo aquele que claramente expõe (em
nome de Deus) um ensino contrário ao que a Bíblia ensina. E também, devemos
orar para que futuramente não venhamos a cometer o mesmo erro pelo qual tecemos
a nossa crítica. Logo, orar e criticar biblicamente algo heterodoxo não são
atividades excludentes.
2) O tempo que se perde criticando deveria ser gasto “ganhando almas”
Primeiro, ganhar almas é um termo
equivocado. Precisamos evangelizar o homem em sua integralidade. Mas, o foco da
crítica é que o tempo que se perde criticando algo deveria ser usado para a
evangelização. Claro que evangelizar é importante, todavia, ninguém evangeliza
24 horas por dia. Em Eclesiastes 3 já diz que há tempo para todas as coisas. Nem mesmo
o maior evangelista de todos os tempos devotou todos os minutos da sua vida
para o evangelismo. Se o crítico é alguém que não faz outra coisa além de
criticar, temos um problema, mas se o crítico é alguém engajado na obra de Deus
e que exerce o seu papel no corpo, então, novamente, temos um caso de dois
elementos não excludentes.
Muitas vezes, as pessoas que são
contrárias as denúncias endereçadas aos hereges, ficam comparando o ministério
de quem critica com o que está sendo criticado. Frases do tipo: “pelo menos ele
ganhou muitas vidas para Jesus, e você, fez o que?” são frequentemente utilizadas
para descredenciar a pessoa que critica. Mas, se a crítica tem fundamento na
Palavra, pouco, ou melhor, nada interessa quem fez mais ou menos. Afinal, as
obras podem ser realizadas com a motivação errada e desagradar a Deus.
Agostinho já dizia que todos os vícios resultam em más obras, com exceção do
orgulho e da auto complacência. Estes dois procuram produzir boas obras. O parâmetro
deve ser sempre a Escritura e não as obras (quem faz mais ou quem fez menos).
3) Um líder não deveria criticar outro líder
Há quem diga que um líder não
pode criticar outro líder. Dizem que é até falta de ética. Mas, temos exemplos
bíblicos que fazem essa afirmação cair por terra. Paulo, quando ainda não havia
se tornado o maior missionário da história da Igreja, repreendeu Pedro, um dos
mais proeminentes apóstolos, e um dos líderes principais da cristandade. Lendo
Gálatas 2.11-14 vemos que a repreensão de Paulo se deu na frente de todos. Por
que Paulo o criticou abertamente? Porque Pedro não agia conforme a verdade do
evangelho (v.14).
João tratou com Diótrefes em
carta endereçada a Igreja. Diótrefes era um líder (3 joão 9), e nem por isso
foi poupado da crítica. Em carta, o apóstolo João diz que irá mencionar aos
irmãos todas as más ações daquele homem que procedia erroneamente em sua
liderança. Além destes exemplos pontuais, temos um texto prescritivo (que nos
serve de norma) para quando um presbítero – equivalente a pastor – cometer um
delito seja ele moral ou doutrinário. Assim lemos em 1 Timóteo 5.20:
“Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos,
para que outros também tenham temor”. (grifo meu).
Mesmo sendo um texto que trata a
nível de igreja local, podemos transplantar o princípio da repreensão, pois, na
nossa era de pastores midiáticos, aquilo que é falso ou pecaminoso, e que vem a
público, seja por TV, rádio ou internet, deve ser publicamente rebatido.
4) A crítica pública é uma vergonha para o Evangelho
Talvez este seja o argumento que
mais me tire do sério. O Evangelho é vendido, vilipendiado, distorcido e etc.
Mas é a crítica a diluição da verdade bíblica que envergonha o Evangelho? As
pessoas não sentem vergonha de verem pastores fantasiados nos púlpitos, nem se
escandalizam com falsos apóstolos que fazem bazar de suas velhas roupas ditas
ungidas, todavia, ficam magoadas quando os profetas de Deus ousadamente se
levantam e dizem “Está errado!”.
Em 1 João 4 diz que os falsos
profetas falam como quem é do mundo, por isso o mundo os ouve (v.5). Mas, aqueles
que pertencem ao SENHOR Jesus, estes não se deixam enganar. E como nos diz o
apóstolo, sabemos quem tem o espírito da verdade e quem tem o espírito do erro.
Os da verdade ouvem a Deus, se firmam na Palavra, os do erro emprenham pelas
palavras enganosas dos falsos mestres e desprezam a Palavra revelada (v.6).
5) Essas críticas causam divisão no Corpo de Cristo
Esta é uma inversão diabólica. O
que divide é a falsa doutrina e não a crítica a ela. Não podemos chamar de
irmãos aqueles que pregam algo que diverge do Evangelho. Nossos irmãos que
estão em Cristo, partilham do mesmo ensinamento. A heresia é quem divide, e
quando a criticamos, é com o propósito de deixar claro onde está a verdade. Os
que são da verdade, como vimos no ponto anterior, continuarão unidos no mesmo
ensino e propósito, os que pertencem à mentira serão desmembrados, por
obstinação, preferindo seguir outro evangelho, que o apóstolo Paulo chama de
maldito (Gálatas 1.8).
A fidelidade à Palavra revelada é
evidência de pertencimento ao Corpo de Cristo. Óbvio que aqui tratamos dos
pontos principais da fé. Não podemos dizer que quem batiza por imersão está em
Cristo e quem batiza por aspersão está fora (ou vice-versa). Mas temos base
bíblica suficiente para afirmar que quem nega a Trindade ou a divindade de
Cristo, por exemplo, não pertencem a Igreja do Senhor, pois desprezam a sua
mensagem. O Evangelho é o esquadro que diz quem está alinhado e quem está
desalinhado. Ele estabelece o que é ortodoxo e o que não é.
Bem, chegamos ao fim da lista e
devemos clamar para que Deus tenha misericórdia da Igreja e levante profetas em
nossa geração que não estão dispostos a diluir a mensagem do Evangelho, a fim
de agradar aos homens, e nem para se promover à custa da religião cristã.
Soli Deo Gloria