Por Thomas Magnum
Estamos
diante de uma guerra. Não é um esforço armamentista somente. Não estamos
empunhando metralhadoras ou granadas, mas, sem dúvida estamos diante de um
campo minado. A investida para um ataque contra a moral e os bons costumes - a
era pós-cristã - é somada a ideologias anticristãs que tem um subsídio
historicista que visa o aniquilamento de toda tradição cristã e pretende
sepultar de uma vez por todas as máximas do cristianismo. A guerra está alocada
no campo das ideias, da intelectualidade, visando à aniquilação de todo padrão
sustentador da ordem moral do país. Projetos como a ideologia de gênero, e
incitação à vida sexual precoce de crianças, luta de classes, feminismo e outros
mais, fazem parte da guerra cultural. Ligados principalmente ao discurso
sexista emergem de um fosso fétido e calamitoso provindos de raízes ideológicas
do marxismo cultural, herdado da escola de Frankfurt e de Antonio Gramsci que é
a maior autoridade no discurso revolucionário culturalista. Chegando a um campo
contemporâneo não posso deixar de citar um dos gurus de jovens universitários e
professores comprometidos com a revolução cultural: Michel Foucault.
Marxismo
Cultural
O
quartel general do inimigo ideológico não é uma fortaleza e nem se inicia no
planalto, mas, está nas escolas de ensino médio e fundamental, universidades,
na imprensa e na cultura artística. O pretenso imperialismo do pensamento
marxista começa nas bancas escolares e vai até as PECs (Projetos de Emendas
Constitucionais) e ao poder bicameral e estende-se ao executivo. O poder
bicameral também é instrumento do marxismo cultural.
Verdade
seja dita que a doutrinação política no Brasil não começa em anos recentes,
mas, faz parte do ideário positivista herdado de Auguste Comte que foi comprado
pelo sistema educacional brasileiro[i] desde o período colonial. No entanto,
vamos por partes: Começaremos pela mídia, conhecida como o quarto poder, depois
trataremos da educação e por fim da cultura artística e política em artigos
subsequentes.
A
Instrumentalização da Mídia
A
Escola de Frakfurt
Para
muitos a escola de Frankfurt é completamente desconhecida, essa vertente
intelectualizante é uma das bases para o agendamento setting-esse agendamento é uma pretensa pauta de discussão que se
dá após a exibição ou veiculação de conteúdo
cultural/jornalísticonoveleiro/entretenimento em geral. Um exemplo claro disso
é um episódio de uma novela em que se sugere um assassino de um dos personagens
e naquele capítulo o autor indica vários fatores que apontam para um culpado. O
resultado disso é uma propagação do conteúdo no dia seguinte, um merchan. Gera comentários e conversas
entre telespectadores que visam à venda dos
próximos capítulos. As novelas são produtos comerciais que quanto maior
audiência tiverem, mais patrocínio terão em seu conteúdo programático. Quanto maior
a audiência da novela, maior a visualização dos comerciais e consequentemente
maior publicidade para os patrocinadores. Mas afinal, o que foi a escola de
Frankfurt?
Número
26 da Senckenberganlage – A Casa da Teoria Crítica
A casa fica próxima a das estações da linha 4 do metrô local, um
prédio de três andares com uma placa na frente: Institut für Sozialforschung,
Instituto de pesquisa social.
O Instituto de Pesquisa Social foi fundado em 1923 por Carl Grünberg,
e tinha como objetivo fazer um levantamento histórico das lutas do movimento
operário alemão. Reunia pensadores marxistas e era ligado à Universidade de
Frankfurt, mas com ampla independência. Em 1929 Grünberg foi substituído por um
jovem filósofo, Max Horkheimer, que alterou a linha de pesquisa e dirigiu o
Instituto para compreender melhor as relações entre a Modernidade e os
problemas sociais. Fundou a Revista de Pesquisa Social, onde divulgava os
trabalhos dos pesquisadores, e reuniu ao redor de si o primeiro time de
intelectuais alemães – Enerst Bloch, Theodor Adorno, Walter Benjameim, Leo
Lowenthal, Wilhelm Reich e vários outros.[ii]
A
primeira vez que é usada a expressão Indústria Cultural em 1940 no ensaio A Arte
e a Cultura de Massa de Horkheimer, o autor dizia que a cultura era criada conforme as exigências de um modelo
comercial, empresarial, havia uma proposta pela indústria e essa proposta era
absorvida e daí surgia a cultura de massa. Um sistema comunicacional baseado em
emissor, veículo e receptor. Claro que tal meio comunicacional devia promover o
consumo, e o produto gerado e comercializado e consumido era fruto desse
agendamento do empresariado. É na escola de Frankfurt que também se desenvolve
o conceito da arte como mercadoria e a fortificação da indústria artística.
Com
Habermas temos o ideário lançando os fundamentos para o que temos hoje na
imprensa que é a instrumentalização da mídia como impulsionadora da mudança
estrutural da sociedade e de suas traduções, costumes e religião. Habermas
escreveu Mudança estrutural da esfera
pública que foi um dos seus primeiros trabalhos tendo na imprensa um dos
seus pontos mais importantes. Sobre as abordagens de Habermas, Martino nos diz
que:
A partir dos estudos que culminam na monumental Teoria da ação
comunicativa, Habermas mostra uma preocupação com o que chama de “pragmática
universal da comunicação”.
Toda relação comunicativa se insere em um contexto de normas sociais,
interage com a vontade do indivíduo e refere-se a um terceiro elemento externo.
A racionalidade da comunicação está na pratica que, por sua vez, tem efeitos.
Comunicar não é apenas trocar informações. É agir, interferir na ação e
modificar atitudes em diferentes escalas. A racionalidade do mundo ocidental,
levada a efeito a partir do século
18 baseia-se sobretudo em um uso racional da comunicação em varias
escalas.[iii]
Logo,
o papel da imprensa não era somente descrever acontecimentos, ou noticiar
fatos, era mostrar a notícia e conduzir a uma postura ideológica, o que é isso?
Manipulação da informação. Que, diga-se de passagem, até hoje é presente no
jornalismo, principalmente no Brasil que conduz os fatos ao berço esplendido de
sua satisfação politiqueira e corrupta, visto que pela quantidade de concessões
públicas dirigidas aos grandes veículos a imprensa come na mão de partidos e
políticos que muitas vezes são donos ou sócios de grandes emissoras no Brasil.
No Brasil temos grandes conglomerados de comunicação como a Rede Globo que
dominam grande parte do sistema comunicacional do país, tendo o maior ibope da
nação, arrasta mais patrocinadores e com isso detém o maior poder publicitário
do país. Como naturalizar ao país o ideário de gênero ou o casamento gay?
Através da mídia, das novelas, dos programas de debates (com debatedores que
defendam é claro), com artistas que fazem apologia as causas LGBT, com
políticos que defendem a causa. Com isso temos então uma engenharia social e um
construtivismo da opinião popular sobre diversos assuntos.
Com
esse alicerce lançado para a instrumentalização da mídia, para a causa e
ideologia marxista, que opera nesse caso, na esfera cultural do ponto de vista
estrutural da comunicação de massa. Temos vários expoentes que devem ser
considerados e sua influência tem sido consideravelmente importante para o
estudo do marxismo cultural, que em nosso recorte aqui, referindo-se a mídia,
nos dizem muito. São eles: Theodor Adorno, Louis Althusser, Walter Benjamim e
um dos mais celebrados no Brasil até hoje, Antonio Gramsci.
Ao
pesquisarmos sobre a Escola de Frankfurt temos que apontar alguns fatores
básicos para o ideário dessa vertente marxista de pensamento que propõe
adentrar marginalmente na sociedade e no pensamento e culturas populares, com
um único objetivo: Destruir todo pensamento conservador, seja ele político,
artístico ou religioso; e então construir com bases em conceitos marxistas.
Assim temos:
A
Teoria Crítica – Visa atacar todas as instituições em suas
bases, em seus alicerces para desmontar sua estrutura e então com uma visão
historicista construir com base na sua construção social um novo fundamento e
edifício social. A teoria crítica visa desmoralizar a massa, para impor então
sua governabilidade esquerdista.
O
Politicamente Correto – Expande a guerra de classes da economia
para a guerra cultural, ideológica. Exemplo claro é a doutrinação marxista nas
faculdades e universidades brasileiras. Em meu curso de jornalismo não me
lembro de ter lido nenhum autor liberal ou conservador como indicação
bibliográfica das matérias estudadas. A ideologia de gênero também é um exemplo
claro do politicamente correto que de correto só tem o nome, pois, é uma
estratégia imoral e abjeta da esquerda marxista para manipular incautos e
estruturar suas bases governamentais no país.
Com
essa base temos uma “imposição” multicultural, a relativização dos fatores
morais que predominam na sociedade. Uma afronta a o ethos judaico-cristão. Uma
imposição
canalha de um pensamento maligno contra o bem comum e contra os princípios que
a Bíblia estabelece para a igreja.
Gramsci:
mídia, hegemonia e cultura popular
Antonio
Gramsci foi um dos fundadores do partido comunista italiano. Nascido em 22 de
Janeiro de 1891, em Ales, Sardenha. Estudou filosofia na Universidade de Turim.
Gramsci foi preso em 1926 e enviado pelo governo fascista para um campo de
prisioneiros políticos em Ustica. Em 1927 foi condenado a vinte anos de prisão.
Durante esse tempo escreveu extensamente sobre temas políticos e filosóficos,
preenchendo 32 cadernos que deram em média três mil páginas.[iv] A influência
de Gramsci na ideologia de esquerda brasileira é muito grande, a presença do
nome dele em monografias e tratados sobre filosofia política com o viés de
esquerda é enorme, Gramsci é um dos maiores gurus do pensamento marxista
cultural. As teorias de Gramsci promovem uma inversão de valores.
Essa
inversão é, de fato, um dos objetivos prioritários da revolução gramsciana, na
fase da luta pela hegemonia. Mas Gramsci é, nesse ponto, bastante exigente: não
basta derrotar a ideologia expressa da burguesia; é preciso extirpar, junto com
ela, todos os valores e princípios herdados de civilizações anteriores, que de
algum modo incorporou e que se encontra hoje no fundo do senso comum. Trata-se
enfim de uma gigantesca operação de lavagem cerebral, que deve apagar da
mentalidade popular, e, sobretudo do fundo inconsciente do senso comum, toda a
herança moral e cultural da humanidade, para substituí-la por princípios
radicalmente novos, fundados no primado da revolução e no que Gramsci denomina
de “historicismo absoluto”.[v]
Fica
claro ao examinarmos a literatura de Gramsci que o processo de controle mental
e de implementação de um historicismo que ignora todo passado de tradições e
costumes para impregnação de um novo pensamento, uma nova era intelectual e
social. As obras de Gramsci que foram publicadas no Brasil: A Concepção
Dialética da História; Maquiavel, a
Política e o Estado Moderno; Os
Intelectuais e a organização da Cultura;
Literatura e vida nacional e Cartas do Cárcere, foram e tem sido
responsáveis pela implantação do pensamento e filosofia política de Gramsci em varias esferas sociais, sem citar nem mesmo
seu nome. Sobre o seu poder de atuação na política Olavo de Carvalho diz o
seguinte:
[...] A Imprensa brasileira acaba de descobrir, com atraso de dez anos
que o programa do PT é gramsciano. Mas além de tardia, esta descoberta é
inexata; não é só o PT que segue Gramsci; todos os homens de esquerda nesse
país o fazem há uma década sem se dar conta. O gramscismo domina a atmosfera
por simples ausência de outras propostas e também por uma razão especial;
atuando menos no campo do combate ideológico expresso do que no da conquista do
subconsciente, ele se propaga por contágio de modas e cacoetes mentais, de
maneira que põe a seu serviço informal uma legião de pessoas que nunca ouviram
falar de Antonio Gramsci. O gramscismo conta menos com a adesão formal de
militantes do que com a propagação epidêmica de um novo “senso comum”. Sua
facilidade de arregimentar colaboradores
mais ou menos inconsistentes é, por isso, simplesmente prodigiosa.[vi]
E
fica clarividente que a melhor forma de se propagar tal ideário é a mídia. Os
programas de TV, as novelas e todo tipo de programações da grande mídia. Lembro
que algumas vezes na faculdade não tive uma boa receptividade por parte dos
professores porque questionava a raiz marxista do currículo do curso de
jornalismo, e questionava a escravização dos grandes conglomerados de comunicação
do país por estarem a serviço da esquerda, por receberem altos valores do
governo - sim o governo financia a mídia e é aí que muitos esquerdopatas se
embananam porque não sabem desse obvia informação. Por isso é comum ouvir de
defensores da esquerda que a mídia é manipulada, mas que mídia ele está
falando? Tenha certeza que não é a Carta Capital ou a grupos que tem
compromissos partidários, o governo é o maior sócio das grandes empresas de
comunicação. Quem se der o trabalho de ler um pouco sobre a história da
imprensa no Brasil vai ver que muitos jornalistas tiveram e tem matérias
vetadas nas editorias porque vão de encontro aos interesses do governo. Muita
coisa vai pra mídia, mas, muito mais fica por baixo do tapete, tenha certeza
disso. Todo meu currículo do curso da faculdade foi de cunho marxista. Os
autores marxistas eram as bases teóricas, nenhum, pelo menos um que fosse
liberal ou conservador estavam na lista. Isso era intencional? Sim era. A
maioria das Universidades e Faculdades seguem um cronograma curricular
marxista, os curso de pós-graduações seguem o mesmo, as linhas de pesquisa em
cursos de mestrado o mesmo, doutorado nem se fala. Há um desprezo por posições
políticas diferentes do ideário marxista e como foi mostrado acima, sem nem citar
Marx. Lembro que em meu primeiro ano da faculdade de jornalismo num curso sobre
teoria da comunicação foi a única vez que ouvi o nome de Marx e Gramsci no
curso todo, mas, a ideologia de ambos regava todo discurso dos professores. O
que seria isso senão revolução cultural?
É
necessário que se entenda que isso é uma implementação da ideologia
esquerdista, propriamente petista, existe uma engenharia social, isso não pode
ser negado. Na obra de seis volumes Cadernos
do cárcere, de Gramsci, existem
centenas de trechos sobre comunicação e cultura. Observa o teórico Luiz Mauro
de Sá Martino:
Em sua cela, formulou toda uma teoria política de ação para
compreender as ações do Estado e pensar em estratégias para conquistar o poder.
O sentido da luta política ia por outros domínios além do confronto entre
partidos e das ações revolucionárias, acreditava. O conflito pelo poder, em sua
visão, passava por uma disputa pelas mentalidades. Não era possível exercer o
poder sem a cumplicidade, mesmo despercebida, de largas partes da população. E
essa articulação acontecia na esfera cultural.[vii]
É
nítido que há uma contraposição no pensamento de Gramsci que contrasta a
política com a cultura numa ação revolucionária. Qual é o perigo disso? Numa
revolução politica se pode promover uma mudança estamental, mas, numa revolução
cultural se muda às mentalidades. A lógica da operação era simples: se imensas
parcelas da população leem um livro, é evidente que a mensagem desse livro seja
incluída, com mais ou menos impacto, ao repertório de referências culturais das
pessoas. Não adianta negar o fato, criticá-lo ou rejeitá-lo por se tratar de
cultura de massa. Essa produção é parte do senso comum.
A
cultura de massa tende a se articular com outros significados já existentes na cultura
popular. Essa articulação é a dinâmica do senso comum, sempre em construção
nessa negociação de sentidos. Ao invés da relação direta, cultura dominante –
cultura dominada, que para alguns pensadores significaria cultura de massa X
cultura de massa popular, Gramsci contrapõe a ideia de uma contínua articulação
de sentido na construção de uma visão de mundo.
Dai que, pensando em termos atuais, se milhões de pessoas assistem ao
mesmo programa, ao conhecer esse programa é possível entender alguns elementos
da mentalidade dessas pessoas. Os componentes do senso comum não existem por si
só, e seu sentido não é imposto aos telespectadores. A apropriação dessas
mensagens é um dos centros de preocupação de Gramsci.[viii]
Segue-se
então uma proposta de utilização do “senso comum” para a difusão e imposição “amigável”
de uma ideologia marxista que, como acreditava Gramsci, já estava na mente das
pessoas. Esse gancho dará pano para manga no pensamento gramsciniano. Ao
aproveitar-se dessa suposta concordata introduz-se a revolução cultural para a
alteração de valores, religião, sexualidade, moralidade, ética, conhecimento.
Ao que parece os defensores da nova esquerda no Brasil não conhecem isso não é?
Acredito que muitos estudantes entusiasmados não conhecem esse ideário, esse
agendamento maléfico revolucionário, mas a alta patente conhece e conhece bem.
E é com base nessa ideologia que a alta cultura tem sido mudada.
A “práxis
revolucionária” confina-se, então à obra de destruição, não tendo nem o poder,
nem o desejo de perceber, em termos concretos, o fim em busca do qual ela
trabalha.[ix]
Roger Scruton
_________
[i] Recomendo
em larga escala a leitura do livro Pare
de Acreditar no Governo de Bruno Garschagen, publicado pela editora Record.
Referente à doutrinação pelas ideias de Comte o leitor pode encontrar no livro
na página 132.
[ii] MAURO
SÁ MARTINO, LUIZ. Teorias da Comunicação, p.46. 2ª Ed. Petrópolis. Editora
Vozes.
[iii] Ibid,
p.57
[iv] SCRUTON,
ROGER. Pensadores da nova esquerda, pp.321,322. Rio de Janeiro. É Realizações
Editora.
[v] CARVALHO,
OLAVO. A Nova Era e a Revolução Cultural, p.63. Campinas, SP. Vide Editorial.
[vi] Ibid,
p.77.
[vii] MAURO
SÁ MARTINO, LUIZ. Teorias da Comunicação, p.69. 2ª Ed. Petrópolis. Editora
Vozes.
[viii] Ibid,
p.71
[ix] SCRUTON,
ROGER. Pensadores da nova esquerda, pp.313. Rio de Janeiro. É Realizações
Editora.