Por Hugo Wagner
A palavra grega traduzida por Contentamento significa “esta alegre com o que tem”.
Lembremo-nos das Palavras do apóstolo Paulo aos filipenses “... Pois aprendi está contente em
toda e qualquer situação”. (Fp
4.11). Algumas vezes, essa
palavra foi usada pelos estóicos para qualificar uma pessoa que se
mantinha sem a ajuda de ninguém, eles diziam que o verdadeiro contentamento
brota da auto-suficiência.
No caso de Paulo é diferente, ele entende que o segredo da tranquilidade e do
perfeito contentamento está em Cristo. Podemos
entender o contentamento Cristão como “estar
satisfeito em Deus”; Paulo nos ensina que a nossa satisfação virá
unicamente por meio do nosso relacionamento com Deus em Cristo; por termos
comunhão de forma pessoal e íntima com ele; tendo alegria de adorá-lo, se
deleitar em sua presença e em cumprir os seus mandamentos. O cristão encontra
satisfação hoje na alegre comunhão com Deus. Dois temas dominam a carta de
Paulo aos filipenses: A alegria do Crente e sua união com Cristo, ambas estão
interligadas.
Vemos isso quando o apóstolo exorta os filipenses dizendo “alegrai-vos no Senhor”; ele está dizendo claramente que a
união do crente com Cristo é a fonte de sua alegria e de seu contentamento.
Segundo Paulo, Cristo e o
contentamento andam juntos. Por
que em Cristo está o nosso contentamento? Claro que é por causa da nossa união
com Ele:
POR MEIO DE UMA ALIANÇA –
os crentes estão unidos com Cristo em um relacionamento de aliança. Cristo é o
representante, o mediador e a garantia dessa aliança, ele é o cabeça do pacto.
Todas as bênçãos e promessas da aliança ao seu povo se devem a Cristo, tudo
isso chega a nós, por que estamos ligados a Ele por meio da união nesta
aliança. Aliança de Deus, porém, está sempre segura, sempre firme e nisso o
crente encontra contentamento.
E POR MEIO DE RELACIONAMENTO EXISTENCIAL – aqueles que confiam em Cristo, que
estão unidos a Ele pela fé, também buscam viver uma vida de obediência aos seus
mandamentos. Agindo de conformidade com sua Palavra para viver um
relacionamento real com ele. Esse relacionamento de Cristo com a igreja, não é
um relacionamento distante, estéril, pelo contrário, nessa aliança o Senhor
Deus vem ao seu povo. A aliança da graça feita por Deus é uma promessa dupla: “Eu serei o vosso Deus, e vos
sereis o meu povo”; o Deus vivo exige por meio da sua aliança um relacionamento
vivo. A união com Cristo também se estende ao caráter de Cristo sendo formado
em nós dia-a-dia quando o buscamos. Pois ele é o nosso Alvo, Ele nos supre. Só
por meio dele conseguiremos ter um relacionamento verdadeiro com Pai e com a
sua igreja. Que entendamos que nunca seremos feliz, completo ou totalmente
satisfeito em nós mesmo ou em nossos prazeres. Só teremos o verdadeiro
contentamento, em Cristo, pois ele nos completa.
Isso não quer dizer que o contentamento significa uma
acomodação em relação aos desafios da vida, nem tampouco um desinteresse por
melhorar o crescimento. Devemos continuar a nossa caminhada, sempre na total
dependência do Senhor e com muita gratidão, pois, contentamento é o fruto
de um coração grato.
Gosto da definição de Ricardo Barbosa em seu texto “o Limite do contentamento”; Ele define contentamento como “um
estado de alma que descobriu que possui em Cristo tudo quanto lhe é necessário
para sua alegria, paz e comunhão com Deus e os homens”.
O contentamento é um dom de Deus que tem como origem a Sua
perspectiva da vida. É isso, que aprendemos com a vida de Paulo através desta
carta aos Filipenses. Desde o
início, o Apóstolo ilustra com sua própria vida o contentamento que gostaria
que os cristãos daquela igreja tivessem, assim como ele, unicamente em Cristo.
Aprendemos com Paulo através
desta carta, que o contentamento é a Confiança na providência de Deus; que o
contentamento é a Satisfação com o que Deus nos deu; Que o contentamento é a
confiança no Senhor para superar as adversidades, o contentamento é a total dependência no poder Divino; O
contentamento é entender que
Cristo lhe supre - Paulo
pôde enfrentar qualquer circunstância terrena com esta afirmação confiante: “Tudo posso naquele que me
fortalece (Cristo)” (Fp
4.13).
O contentamento também é crer no
cuidado de Deus para com os
outros – O Apóstolo não olhava só pra si; Ele orava para que Deus suprisse em
Cristo Jesus cada uma das necessidades daqueles irmãos (Fp 4.19). É a
descentralização do eu. Se
você vive para si mesmo, nunca estará totalmente contente. O que é a Cobiça? A
murmuração e a inveja? Senão, aquilo que é contrário ao contentamento. Segundo
Jean Daillé, pastor e teólogo reformado francês comentando esse texto disse: “acima de tudo, empenhemo-nos em
ajudar e instruir uns aos outros naquele excelentíssimo conhecimento de que o
apóstolo fala(contentamento). Pois a ignorância desse segredo é a mãe da
injustiça e da inveja e de todos os males que elas produzem”.
É exatamente isso que Paulo desejou
que em vez de viverem centrados em si mesmos, os filipenses deveriam
preocupa-se com o bem-estar também dos outros. O homem é um ser social, foi
feito para se relacionar com outras pessoas. O homem apresenta essas
características por ter sido criado à imagem de Deus. Deus é satisfeito em sua
relação trina: Pai, filho e Espirito Santo. Mas ele também se satisfaz em sua
relação com a sua criação.
Gostaria concluir essa reflexão citando um frase do pastor
Congregacional Inglês do Século XVII, chamado Jeremiah Burroughs, o mesmo
falando sobre contentamento disse: "Um
cristão deve estar satisfeito com o que Deus lhe concedeu como o objeto de sua
fé (isto é, Jesus Cristo). O
objeto de sua fé é alto e suficiente para satisfazer a sua alma, Agora, se você
pode ter o objeto de sua fé, você tem o suficiente para o conteúdo de sua
alma". Uma vez que Deus está contente nele mesmo, se você Ó tem, você
estará contente com Ele sozinho”.