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8 de ago. de 2015

Uma Resposta ao Ed Renné Kivitz

Por Paulo Júnior*

Querido Ed Renné Kivitz;

Sempre tive imensa admiração a sua pessoa, já cheguei a afirmar que você é um dos melhores oradores dos nossos dias. Sua capacidade de organizar e transmitir ideias, sem consultar esboço, rascunho ou resenhas, sempre foi, por mim, apreciada. Contudo, nos últimos anos tenho observado uma mudança significativa em seu discurso, sobretudo através de textos e vídeos na internet. Há tempo queria escrever-lhe, mas me sentia preocupado em você não entender minhas motivações e preferi me conter. Por isso, gostaria de iniciar essa resposta afirmando que tudo que escreverei aqui é com amor, temor e responsabilidade.

No dia 05 de agosto, o senhor publicou em sua página do Facebook uma nota denominada Divórcios, utilizando inicialmente o texto do profeta Amós: “Duas pessoas andarão juntas se não estiverem de acordo?”.

Desnecessário dizer que o texto está fora de seu contexto, pois o profeta não está falando sobre casamento e divórcio. Amós enxerga a podridão social e moral de Israel e Judá e seu relacionamento estreito com o povo pagão, mas meu objetivo, por hora, não é fazer uma exegese do texto bíblico, seria muita pretensão e arrogância de minha parte querer ensinar um Mestre em Ciências da Religião, como o Senhor. Quero me ater ao seu texto, onde você inicia dizendo que “a deterioração de um relacionamento de amor é responsabilidade do casal”.

Concordo com a frase, no entanto, devemos considerar o conceito de casamento a luz das Sagradas Escrituras. O Senhor Jesus define casamento do seguinte modo, quando diz, em Mateus 19.5-6, "Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne. Assim, não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem?”.

Como é possível observar, o casamento não é um relacionamento puramente baseado no amor, antes é um pacto entre duas partes (homem e mulher), um compromisso instituído por Deus e reconhecido legal, social e religiosamente. Em todos os textos bíblicos onde se fala a respeito do casamento, a ênfase é sempre que o casamento deve ser permanente. Ele (o casamento) deve durar até a morte de um dos cônjuges ou em caso de adultério de uma das partes, todavia, para este segundo caso recomenda-se que o perdão seja oferecido. Portanto, não é exagero dizer que o matrimônio deve ser mantido a todo custo.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje, quase 140 mil casamentos são cancelados por ano no Brasil. Em 2006, o número não chegava a 80 mil. Esse é o resultado de nossa cultura.

Ao que me parece, muitos pastores e igrejas estão se adaptando e se amoldando a essa cultura pós-moderna, contudo, o apóstolo Paulo exortando os irmãos em Roma escreveu o seguinte: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
No fim de seu texto, o Senhor diz que o divórcio é como uma amputação, mas a vida seguirá seu caminho. Parece-me que a única alternativa encontrada para a deterioração de um relacionamento de amor é a dissolução da relação de matrimônio, estabelecida uma vez, diante de si, do cônjuge, de Deus e de algumas testemunhas.

Seria mais sensato, que, como pastor, o Senhor ensinasse sobre as dificuldades que há em um casamento, e que neste compromisso, deve haver sofrimento, benignidade, não ter espaço para inveja, leviandade, soberba, indecência. Ao contrário do divórcio que é cada um buscando seus próprios interesses. No casamento deve-se antes buscar os interesses do outro. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Infelizmente Kivitz , centenas de pessoas lerão seu texto. Algumas, inclusive, passando dificuldades em seus casamentos e se sentirão encorajadas a buscar o divórcio. Espero, de coração, que você reveja seus conceitos, lembre-se de onde caiu e retorne ao primeiro amor, começando por considerar as Escrituras Sagradas como a infalível Palavra de Deus.

Em Cristo,


Paulo Júnior 
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Paulo Júnior é estudante de Teologia pelo Seminário Martin Bucer, graduado em Análise de Sistemas com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos. É casado e pai de três filhos. 

Um comentário:

Anônimo disse...
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