Por Morgana Mendonça dos Santos
No livro Apologética Cristã do
Cornelius Van Til, traduzido pelo Dr. Davi Charles Gomes, tem um capítulo
específico sobre a questão do método. Esse pequeno texto é um resumo do
capítulo. Devo dizer que tudo escrito aqui é apenas uma pequena repetição do
texto do Van Til. O autor nesse capítulo leva o leitor a investigar a forma
pela qual devemos levar alguém ao conhecimento da verdade. Indicar a natureza
de uma apologética verdadeiramente protestante, isto é, uma apologética
reformada, com a busca para a defesa de uma cosmovisão reformada de acordo como
o cristianismo é. O autor afirma que a visão do católico romano e do arminiano
sobre a questão do método e ponto de partida é um assunto neutro, a fim de
juntar-se legitimamente ao cientista ou filósofo incrédulo, quando, através de
seus métodos reconhecidos, investiga certas dimensões da realidade.
O apologeta reformado acredita que
toda realidade criada, incluindo os campos da pesquisa com a qual as várias
ciências lidam, revela o mesmo Deus acerca do qual as Escrituras falam. A
própria essência da realidade criada é seu caráter revelacional. Já os
apologetas católicos e arminianos acreditam que devem usar o método do homem
natural, crendo até certo ponto na autonomia e supremacia da personalidade
humana. O arminianismo pode, de certa forma, concordar, na questão do ponto de
partida, com aqueles que consideram o homem o ponto de referência final de toda
predicação humana. Assim também, crendo até certo ponto na existência de fatos
que não são totalmente controlados e dirigidos pelo conselho de Deus, é
possível ao arminianismo concordar, na questão do método, com aqueles para quem
o objeto do conhecimento não tem ligação alguma com o plano de Deus.
Em contraste com católicos
romanos e arminianos, entretanto, o apologeta reformado, de forma nenhuma, pode
concordar com a metodologia do homem natural. O apologeta reformado deve buscar
seu ponto de contato com o homem natural naquilo que está abaixo do limiar de
sua consciência ativa, isto é, no senso de divindade que ele busca suprimir,
discordando assim da ideia que o homem natural faz de si mesmo, como ponto de
referência último. A forma como o apologeta reformado faz isso é conforme uma
busca do ponto de contato com os sistemas construídos pelo homem natural. Deve
haver uma colisão frontal com os sistemas do homem natural, para que exista o
ponto de contato por meio do senso de divindade no homem natural.
Van Til entende que de acordo com
a doutrina da fé reformada, todos os fatos da natureza e da história são o que
são, fazem o que fazem e sofrem o que sofrem em conformidade com o conselho
único e abrangente de Deus. Tudo o que deve ser conhecido pelo homem já é
conhecido por Deus. E já é conhecido por Deus porque é controlado por Deus,
chama-se isso de antítese.
1. Argumentando por pressuposição
O método vantiliano significa
unificar a cosmovisão e o método, pois são intercambiáveis. Argumentar por
pressuposições é ressaltar os princípios epistemológicos e metafísicos que
sustentam e controlam cada método. Não pode deixar sua cosmovisão cristã de
lado a fim de ganhar credibilidade com um incrédulo. A metodologia do apologeta
reformado tem como pressuposição a verdade do teísmo cristão. Os apologistas
reformados irão apelar para o conhecimento do verdadeiro Deus que o homem
natural conhece porém suprime. Em seu âmago o homem natural sabe que é criatura
de Deus, sabe também que é responsável diante de Deus, como sabe que deve viver
para a Sua glória. Contudo, ele suprime o conhecimento de si mesmo, tal como
ele é. Ele é o homem da máscara de ferro, um método verdadeiro deverá ser
aplicado para buscar destruir essa máscara.
2. Escrituras
Assim, a Bíblia, como revelação
inspirada infalível de Deus ao homem pecador, figura diante de nós como aquela
luz pela qual todos os fatos do universo criado devem ser interpretados.
Devemos afirmar que um protestante aceita a Escritura como o que a própria
Escritura diz ser, em sua própria autoridade. A Escritura se apresenta como a
única luz através da qual a verdade sobre os fatos e suas relações podem ser
descobertas. Não podemos sujeitar os pronunciamentos normativos da Escritura
sobre a realidade ao escrutínio da razão, pois é a própria razão que descobre
sua função a partir da Escritura. O método com respeito à Escritura
(cristianismo) e com respeito à existência de Deus (teísmo) deve ser o método
indireto de raciocínio por pressuposição.
3. Metodologia de Blocos
Tendo em vista que o método
apropriado para a apologética protestante é o método pressuposicional, em vez
do método da aproximação direta, discordando assim a teologia arminiana e
católica romana, podemos entender que: o método pressuposicional requer
apresentar o teísmo cristão como uma unidade. Sem a pressuposição da verdade do
teísmo cristão, nenhum fato pode ser distinguido de qualquer outro fato.
Associando o princípio cristão de continuidade com o princípio cristão de
descontinuidade, obtemos o princípio cristão de argumentação por
pressuposições. A existência real do Deus do teísmo cristão e a autoridade
infalível da Escritura que fala aos pecadores acerca deste Deus, é o que deve
ser tomado como pressuposto para inteligibilidade de qualquer fato no mundo.
É parte da essência do método de
argumentação tanto romanista como arminiana concordar com o incrédulo que
proposições individuais acerca de diversas dimensões da realidade sejam
verdadeiras, independentemente da veracidade do cristianismo. Nem o apologeta
católico romano nem o arminiano se encontram em posição adequada para desafiar
o procedimento atomista do homem natural. Suas próprias teológias são
atomistas; não são construídas de forma consistente com o sistema cristão. Suas
doutrinas individuais não, são, portanto, apresentadas como sendo aquilo que
são, exclusivamente em virtude de sua relação com os princípios centrais da
posição cristã.
O argumento do apologeta católico
romano e do arminiano de que a fé reformada esteja errada em considerar todas
as coisas no mundo como sendo o que são, basicamente em virtude do plano de
Deus com respeito a elas, os compele a admitir a precisão essencial do atomismo
não cristão. Com isso, eles perdem todo poder de desafiar a metodologia não
cristã desde o início de sua jornada.
Recomendo a leitura do livro
todo, pois o que foi escrito aqui são apenas partes pequenas do que a obra tem
a dizer e ensinar. Nenhum mérito tenho aqui, pois lendo o livro fiz minhas
anotações e organizei nesse simples resumo. Concordo com esse método pois
entendo que seja o mais apropriado, qualquer discordância, será Van Til o
questionado e nesse livro você pode encontrar quem sabe, as respostas.
"O pregador reformado descansa no poder do Espírito Santo quando fala
aos homens que eles estão perdidos em pecado e necessitam de um Salvador. O
pregador reformado não reduz sua mensagem para que ela tenha a aceitação do
homem natural. Ele não diz que sua mensagem é menos verdadeira por ser
rejeitada pelo homem natural. O homem natural está, em virtude de ter sido
criado à imagem de Deus, sempre acessível à verdade; acessível à penetração da
verdade pelo Espírito Santo"
Apologética Cristã, Van Til,
p.102.