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16 de jan. de 2015

Crítica do Filme Êxodo - Deuses e Reis

Por Thiago Azevedo

Em primeiro lugar gostaríamos de deixar claro que o conteúdo trará nuances do filme em questão, ou seja, se alguém ainda não contemplou suas cenas, terá uma noção do que de fato o filme foi ao ler este texto. Este aviso visa não frustrar aqueles que pensam em assistir o filme, e sim mostrar algumas incoerências da obra em relação à bíblia – de onde, supostamente, foi extraída a história. Não classificaria o filme como uma adaptação da história bíblica ao ambiente cinematográfico, o classificaria como uma desadaptação dos relatos bíblicos lançados neste ambiente. Poucas coisas de fato podemos destacar como sendo fiéis às Escrituras, e isso mostra a carência latente de produtores cristãos neste ambiente – cristãos que leiam a bíblia. Fica aqui como crítica inicial deste conteúdo ao próprio público cristão que só está preocupado em discutir se é permitido ou não a mulher cortar o cabelo, se a mulher pode ou não usar calça ou se pode ou não bater palmas na hora do culto. É por essas e outras que os cristãos são taxados de ignorantes e com isso o evangelho perde espaço nos mais diversos círculos – onde estão os produtores cristãos?

Até pouco tempo se ensinou que cinema era coisa do diabo. Logo, qual cristão – BITOLADO – iria se aperfeiçoar no assunto, na cinematografia como estudo? Portanto, como já foi dito alhures, a primeira crítica existente neste conteúdo é destinada aos próprios cristãos e suas imperdoáveis ignorâncias. Em segundo lugar, o filme em questão traz cenas que podem ter sido extraídas de quaisquer outros lugares, menos da Bíblia. Por exemplo, uma praga de Jacarés que assola o antigo Egito, onde se encontra isso na Bíblia? Deus como uma criança falando com Moisés, onde se encontra isso na Bíblia? Moises não sabia que era Hebreu e só depois toma conhecimento do fato. As Escrituras nos mostram logo em Êxodo 2:11 que Moises contende com um egípcio por este ferir um hebreu, de seus irmãos. Logo Moisés conhecia sua origem. O filme traz uma cena em que Moisés contempla a sarça ardente, mas soterrado por uma porção de pedras, o que causou a quebra de sua perna. Onde está isso na Bíblia? Outro fato curioso foi faraó passar o filme todo com o rosto marcado pelos efeitos da praga das úlceras, mas o relato bíblico mostra que as pragas, a pedido do próprio faraó, eram revertidas após a oração de Moisés, fato esse não visto no filme. Talvez alguém me critique pelo fato de haver a necessidade de adaptações de fato em produções que visam retratar o ambiente bíblico, isso por conta da carência de informações nos textos. Até certo ponto isso é compreensível, por exemplo, quando lemos a bíblia, muitas vezes, perdemos a noção de que entre um versículo e outro, grandes porções de tempo e de acontecimentos ocorreram. No que tange a Cristo, por exemplo, sabemos que seus feitos não foram computados e registrados de forma plena, Ele fez muito mais do que está relatado na Bíblia conforme João 21:25. Mas sabemos o necessário que fora revelado por permissão divina e é a este necessário que devemos nos ater.

Tentar acrescentar de forma imaginária feitos ou obras, fatos ou relatos, ou até mesmo subtraí-los da narrativa bíblica é perigoso. Vejamos o que diz em Apocalípse 22, 18-19:

“ Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer cousa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa das cousas que se acham escritas neste livro”.

Mas, de tudo que foi visto no filme, nada nos chamou mais atenção do que a passagem do povo israelita pelo Mar Vermelho. O texto de Êxodo 14:16 traz as seguintes informações: Deus disse a Moisés que a passagem seria no meio do mar EM SECO, PISANDO EM TERRE SECA, A PÉS ENXUTO, EM TERRA SECA Ou seja, o mar secaria para Israel passar. A palavra utilizada no original hebraico é yabbashah que significa terra seca, porção de terra seca (DITAT - 837b). No mesmo capítulo versículo 21 a expressão aparece novamente, o texto nos mostra que o mar se tornou em SECO – charabah – que quer dizer terra seca, solo seco (DITAT - 731e) e as águas do mar foram partidas. No versículo 22 a expressão aparece novamente – yabbashah – terra seca, solo seco, e as águas foram como muros de um lado e de outro. Os relatos continuam e agora surge uma informação de que Deus ordena Moisés estender a mão para fechar o mar (versículo 26 e 27) cena não vista no filme. A expressão solo seco, terra seca é retomada no versículo 29, este texto traz ainda a informação que as águas eram como muros às suas mãos. O filme mostra esta passagem pelo mar do povo israelita aproveitando uma maré baixa, e todos passam com água na cintura aproveitando a ocasião. Onde viram isso na Bíblia? Outra incoerência fica por conta do mar desabando na cabeça de Moisés. O texto em nenhum momento traz a informação de que o mar se fechou sobre Moisés, cena esta vista no filme aonde Moisés e Faraó iriam se digladiar no meio do mar se não fossem cobertos pela montanha d’água. Após isso, tanto Moisés quanto faraó saem do mar cansados e feridos. Onde estão estes fatos nos textos? Nem nos textos apócrifos há fundamentos para tais cenas.

Concluímos, portanto, que o filme Êxodo - Deuses e Reis sofreu um enxerto grandioso do que conhecemos por liberalismo teológico, ou seja, linha de pensamento que visa desconstruir os relatos bíblicos, sobre tudo os fatos milagrosos. Visa explicar de forma racional tudo aquilo em que a Bíblia enfatiza a fé. O filme possui muito mais incoerência do que coerência com as Escrituras Sagradas. Prefiro recomendar o filme de animação “O Príncipe do Egito”, de 1998. Bem menos moderno, em termos de efeitos, produção e tecnologia, porém, mais fiel às Escrituras. Isso é o que de fato importa!
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* Outro articulista nosso, também chamado Thiago, fez uma crítica do mesmo filme, disponível na fanpage Teologia Reformada, e você pode ler aqui.

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